domingo, 26 de maio de 2013

Uma vida oferecida a Deus, independentemente de qual seja o papel que nos inspira desempenhar, é a nossa esperança



Uma vida oferecida a Deus, independentemente de qual seja o papel que nos inspira desempenhar, é a nossa esperança



“Tudo o que está oferecido a Krishna é purificador, mas cuidado, não interpretemos mal isto como desculpa para fazer coisas ruins. A Deus não podemos oferecer coisas pervertidas ou que provenham de algum nível de exploração. Tudo o que está oferecido a Krishna é lindo por natureza, é artístico e satisfaz o coração por completo.”


            Queridos devotos. A degradação de Kali Yuga está impregnada em tudo o que nos rodeia, até o ponto em que as expressões mais lindas, como a arte, se contaminam com isso. O tema da arte é algo que deve ser analisado cuidadosamente. Arte e beleza sempre andam de mãos dadas, mas como no mundo material da confusão e da exploração tudo é distorcido, todo o “bom e bonito” pode se degradar.
            A essência da arte é que está relacionada com o Divino, qualquer expressão artística tem sua origem em Deus, que é o Artista Supremo. Então, tomando a arte como orientação de uma cultura ou civilização com o sagrado, podemos ver que tudo isso está se perdendo.
            Hoje em dia os diferentes meios “artísticos” são vistos degradados ao mais grosseiro. A pintura, a fotografia, a música, o cinema, entre outros, estão cheios de sexo, guerras, consumismo e exploração. Claro, não se pode negar que sempre há iniciativas que utilizam a arte como uma manifestação contra todo o materialismo, mas em sua maioria, tudo está cruzado pelo egoísmo.
            É muito comum que tudo o que recebemos esteja carregado de violência e essa é a mensagem que não só chega aos adultos, senão que às crianças que agora estão aprendendo. Sendo assim difícil que com tanto bombardeio de informações sem valores alguém possa entender a diferença entre o belo e o degradável; ainda mais se for uma criança.
            Essa filosofia de libertinagem onde as pessoas pedem por “diversão” é a causa de muitos males na sociedade atual. Isto faz com que as pessoas percam o critério real, pois somos totalmente moldáveis e vulneráveis. Logo, todos os casos de violações, maltratos, divórcios, enganos, estão baseados nessa libertinagem e nessa má concepção de arte e diversão. Assim, o mundo se degrada de forma muito horrível. As igrejas se tornaram corruptas, a política é corrupta, até os espiritualistas se corrompem. Maya está em todos os lugares e a cada momento, por isso devemos orar muito profundamente para que o Senhor nos proteja de explorar aos outros.
            O canto dos Santos Nomes é a nossa única esperança. Cantar o Santo Nome com o mais profundo do coração e aceitar e glorificar a Deus que é a fonte de todo o prazer e toda a felicidade. Isso é o que justifica nossa existência, e ter uma vida dedicada a Deus é o sentido de nossa vida, mesmo que continuemos vivendo no mundo material onde tudo se corrompe mais e mais.
            Tudo o que está oferecido a Krishna é purificador, mas cuidado, não interpretemos mal isto como desculpa para fazer coisas ruins. A Deus não podemos oferecer coisas pervertidas ou que provenham de algum nível de exploração. Tudo o que está oferecido a Krishna é lindo por natureza, é artístico e satisfaz o coração por completo.
            O ser humano da Consciência de Krishna é de grande importância, porque pode transformar tudo por completo. Inclusive se no serviço a Krishna fizermos algo imperfeito pode ser aceito se tiver uma intenção positiva por trás. Quem é que marca a linha para definir o que é positivo e o que não é? Esse é o mestre espiritual, por isso precisamos de sua guia constante em cada passo de nossa vida.
            É muito importante semear a semente da Consciência de Krishna nos corações de todos aqueles que conhecemos ou que encontramos no caminho. Esse é o nosso serviço e isso foi o que Srila Prabhupada fez conosco. Poderíamos viver tranquilos em um lugar isolado, desvinculados da sociedade, mas não é real, pois o mundo está sofrendo porque tem sede pela Consciência de Krishna sem saber.
            Sri Krishna é muito misericordioso conosco, porque se aplicássemos a lei “olho por olho, dente por dente”, imediatamente sofreríamos todo o mal que causamos aos demais. Ainda assim, o Senhor permite nos vincularmos com o Seu Santo Nome e com os Seus devotos de forma que possamos nos arrepender de tudo o que fizemos e inclusive nos purificarmos disso.
            Krishna e Seus devotos são a nossa esperança. Uma vida oferecida a Deus, independentemente de qual seja o papel que nos inspira desempenhar, é a nossa esperança. A arte consciente é a nossa esperança e ao mesmo tempo nossa satisfação.
            Meus queridos, essa é a minha mensagem para vocês neste dia. Espero que possam inspirar cada vez mais e mais pessoas para se tornarem conscientes de Deus e a transformarem suas vidas em uma oferenda permanente.
            Deixo-lhes todo o meu afeto do aeroporto de Cucutá.
            Acabamos de chegar depois de uns dias muito lindos em Varsana.
            Jay Srila Prabhupada.

            Seu sempre bem-querente,
            Swami B. A. Paramadvaiti.


domingo, 19 de maio de 2013

Bem-querentes


Bem-querentes



“Nós não somos veganos estritamente, mas amamos todos os veganos, mais ainda os que são ativistas pela proteção dos animais. Não podemos nos tornar veganos porque pertencemos a uma cultura que adora às vacas, que se consome produtos lácteos e se oferecem a Deus. Sem dúvidas, há uma coisa que devemos ter clara, é que devemos ser muito conscientes a evitar o máximo consumir produto lácteo que provenha do sofrimento aos animais e o que dizer de oferecê-lo a Krishna no altar. Não somos veganos, mas tampouco podemos ser cúmplices do maltrato aos animais, porque consumimos produtos do mercado que estão marcados com sofrimento.”



            Queridos devotos. Envio a vocês todo o meu afeto da Costa da Colômbia, onde passamos uns dias de muita meditação junto aos nossos irmãos nativos de diferentes povos.
            Quando estive no último Mela da Alemanha, fiquei surpreso com uma receita de prasada vegana que fizeram os devotos da Itália. A partir disso, eu pedi à minha oficina que distribuíssem essa receita, porque faz um tempo que decidimos com Gurudeva Atulananda que nossos restaurantes Govinda deveriam oferecer opções veganas, pois o mais importante é a distribuição de prasadam a todos.
            Nós sabemos que a cultura védica não é vegana, mas sim é um cultura de total compromisso com a proteção aos animais, sobretudo com as vacas. Vedicamente não é pensado que um vaishnava poderia estar envolvido no sofrimento dos animais e isso não mudou, os devotos possuem um amor incondicional com todos os seus irmãos no corpo de animal, pois compreendem a lei do karma em sua totalidade. A diferença é que o mundo moderno, influenciado pelos avanços da Era de Kali, apresenta aos devotos diferentes circunstâncias que antes não existiam. Hoje em dia os animais são explorados e maltratados em sua maioria, principalmente nas indústrias relacionadas com a carne e lácteos. Por isso, qualquer atitude e decisão que se tome à respeito deve ser completamente humilde e respeitosa para os que tenham tomado outro caminho, pois o tema do vegetarianismo e veganismo tem sido muito específico entre os protetores dos animais. Essa é uma lei geral, não somente neste caso senão que em qualquer aspecto da vida de um devoto, que nunca se deve apresentar ante outros como se a sua filosofia de vida fosse a mais elevada e tudo aquilo que os demais fazem é algo sem sentido.
            Nós não somos veganos estritamente, mas amamos todos os veganos, mais ainda os que são ativistas pela proteção dos animais. Não podemos nos tornar veganos porque pertencemos a uma cultura que adora às vacas, que se consome produtos lácteos e se oferecem a Deus. Sem dúvidas, há uma coisa que devemos ter clara, é que devemos ser muito conscientes a evitar o máximo consumir produto lácteo que provenha do sofrimento aos animais e o que dizer de oferecê-lo a Krishna no altar. Não somos veganos, mas tampouco podemos ser cúmplices do maltrato aos animais, porque consumimos produtos do mercado que estão marcados com sofrimento. Devemos buscar conseguir leite de vaca natural para nossas fazendas e templos dentro do possível e fazer ricas preparações caseiras para oferecer às deidades.
            Em nossa família temos dois goshalas, que são lugares para a proteção das vacas: um na Índia, encarregado pela Lalita Madhava, onde cuidam de mais de 200 vacas; e outro na Itália, na fazenda, onde temos 5 vacas. É um esforço em pequena escala, por isso também temos que nos comprometer para que o nosso consumo de lácteos seja o menos prejudicial possível. Há outro ponto muito importante que é o ato da oferenda; uma vaquinha cujo leite é oferecido a Deus, se purifica imediatamente só por se conectar com a divindade dessa forma. Assim, a vida de um animal, de uma fruta ou de um vegetal passa a ter sentido por completo porque adquire o significado que sua vida foi para Deus. Assim, os vaishnavas tentam aplicar critérios completos às situações, não só dizer: “Não coma nada que provenha dos animais”, pois nesse caso poderíamos nos questionar até o ponto de dizer: “De onde vem o abandono dos vegetais que você come?”, se a resposta for “da vaca”, então tem origem animal e se a resposta for “dos químicos”, então não consome nada animal, mas está prejudicando a Mãe Terra com os químicos.
            A solução a tudo isso é fazer o melhor que puder, da forma mais consciente e oferecer tudo a Krishna, pois Ele é o desfrutador e o controlador último das coisas. Se houver algo que não funcione com perfeição, Krishna se encarrega de harmonizar e ajudar às almas em seu crescimento espiritual. O mais importante de tudo isso é o amor, o amor para com todas as entidades vivas; isso significa atuar como um bem-querente dos demais e o matar a alguém que é totalmente contrário à postura de um bem-querente. A conclusão desta reflexão é que devemos entregar tudo o que fazemos a Deus e ter fé de que sempre nos mantermos conectados com Ele, seja direta ou indiretamente.
            Tudo o que se faz em conexão com Deus e com Seu Santo Nome é completamente benéfico para quem o realiza e para quem está ao redor. Está é a minha mensagem de hoje, palavras breves que espero que ajudem a tirar as dúvidas de todos os que estão confusos com estes temas.
            Um grande abraço.

            Seu sempre bem-querente,
            Swami B. A. Paramadvaiti.

domingo, 12 de maio de 2013

A Consciência de Krishna é o compromisso com o amor ilimitado


A Consciência de Krishna é o compromisso com o amor ilimitado



Devemos ver a divindade em todos os seres, pois Krishna disse no Bhagavad Gita: “Quem Me vê em todos os lugares e vê tudo em Mim, Eu nunca Me separo dele e ele nunca está perdido para Mim.” Krishna está conectado com cada um de nós, porque Krishna nos ama, porque reside em nosso coração. Não é possível estar separado dEle e Ele nunca se separa de nós. Krishna disse: “Eu te amo e quero te dar conhecimento, lembrança, esquecimento, mas a Mim só pode conhecer com o teu amor, com tua rendição, não com desconfiança ou especulação intelectual. Sou acessível somente com as lágrimas sinceras do teu coração.”


            Queridos devotos, recebam todo o meu afeto de Miami Mandir. Hoje quero falar sobre o maior amor que conheci. Para começar, quero oferecer minhas sinceras reverências ao meu Mestre Espiritual Srila Prabhupada, que é o salvador da minha vida. Antes de conhecê-lo, não sabia nada sobre o amor, só tinha a experiência do maravilhoso amor que recebi da minha mãe. Mas, mesmo o amor de uma mãe que é uma das representações de maior amor desinteressado que podemos conhecer, não se compara ao verdadeiro amor, que está por cima de qualquer concepção material. Isto é algo importante de entender. Se ainda assim queremos saber sobre o amor divino, devemos buscar identificar quais são os exemplos mais próximo a isso, por exemplo: o amor de uma mãe, o amor de um casal e o amor espiritual transcendental. O amor de mãe é elevadíssimo, porque está preenchido de abnegação e serviço comprometido, isto é o que faz com que uma mãe seja muito famosa no âmbito do amor. Enquanto o amor de casal está baseado no modelo original recebido do casal divino, formado pela divindade masculina original e a divindade feminina original, Sri Sri Radha Govinda.
            Sobre o amor do casal divino foi escrito muitos textos. Um dos livros mais importantes à respeito do amor divino é o Gita Govinda de Srila Jayadeva Goswami que vai muito além da nossa concepção de amor. Sri Isopanisad é outro livro que revela que a origem suprema de tudo é o amor por Sri Radha; esse tópico também tem sido mencionado no Bhagavad Gita onde Sri Krishna disse que ao se refugiar nEle, podemos alcançar o nível mais elevado da consciência de Vraja, o amor de Vraja, que é o amor de Radha e das Gopis por Krishna, além disso, Sri Krishna acrescenta: “Não temas, Eu vou te proteger, apenas se refugie.”

sarva-dharman parityajya
mam ekam saranam vraja
aham tvam sarva-papebhyo
moksayisyami ma sucah

            O conceito de se refugiar no amor divino me faz recordar do ditado que fala: “Sem risco, não há ganhos”, pois rendição, disse Srila Prabhupada, é o único jogo de azar autorizado. Na rendição a Deus, tomamos todos os riscos para o maior dos benefícios. De todas as maneiras, na vida diária tomamos muitos riscos não muito espirituais, então por que não nos arriscarmos pelo amor divino? Só o fato de comer é um risco, pois não sabemos se algo do que está comendo te pode cair mal; caminhar também é um risco, porque a qualquer momento um carro pode vir e ser atropelado; se casar também é um risco, porque não sabe o que vai acontecer no futuro com a sua família. Estamos rodeados pelos riscos. A rendição ao amor divino é um risco onde devemos oferecer o coração por completo. Como não podemos servir diretamente a todas as pessoas e entidades vivas, então oferecemos o coração a Deus que é a fonte de tudo isso e dessa forma serve a toda Sua criação.
            Esse aspecto da espiritualidade onde o serviço rendido a Deus e aos Seus servos beneficia a toda humanidade, se vê refletido na vida monástica. Isso foi o que mais gostei desta forma de vida, porque permite se entregar a Deus por completo e fazer serviço para todo o mundo sem o limite de uma só família. Hoje em dia me sinto feliz por ter sido inspirado em tomar essa decisão que me permitiu conhecer a tantas pessoas maravilhosas que posso servir. Atrevo-me a dizer que não existe uma vida mais maravilhosa que a vida de renúncia e mais maravilhosa ainda é a vida de renúncia em serviço do movimento de harinama-sankirtan de Sri Caitanya Mahaprabhu, onde podemos oferecer todo nosso amor e serviço ao mundo inteiro.
            Uma vez, os devotos chegaram muito entusiasmados para me mostrarem um filme consciente chamado “A Corrente do Bem” (“Cadena de favores” ou “Pay It Forward”) onde uma criança pregava que nós deveríamos fazer um favor a três pessoas desconhecidas e quando elas perguntassem por que o fazia, se respondia: “Para que você faça o mesmo”, e assim se criava uma corrente de pessoas amáveis fazendo favores a outras pessoas. Mas o meu Mestre Espiritual deu uma instrução ainda mais potente, disse que do momento em que levantar até o quando deite, devemos fazer favores desinteressados a todas as pessoas que encontrar e não favores para o seu benefício material, senão que favores para o bem-estar de sua alma.
            Assim é a vida de sankirtan, um exemplo constante de sacrifício e serviço desinteressado que dificilmente pode ser comparado; especialmente no ashram monástico, pois dedicamos toda nossa energia para levar o processo espiritual com muita dedicação porque não temos mais expectativas: não precisamos de uma casa, nem uma cama, nem uma cadeira, muito menos uma televisão, só precisamos de tempo para servir, servir e servir. Tudo isso na própria prática, porque a vida de renúncia é só prática, nada de teoria. Há uma frase que me identifica muito: “Tudo o que não der é o que vai perder”, essa afirmação me faz pensar que devo entregar tudo o que tenho em forma de serviço sempre e o mais rápido possível, senão vou perdê-lo. Como monge, não tenho muito, materialmente falando, mas sim tenho meu amor, meu coração, minha palavra e o conhecimento recebido do meu Mestre Espiritual, tudo isso já é muito para entregar.
            O mundo material, em troca, nos leva ao egoísmo mais profundo, a tocar fundo guiado pela autossatisfação. No mundo material não existe a palavra “amor” ou “serviço desinteressado”, tudo está baseado no interesse pessoal. Se quiser aprender o significado real da palavra “amor”, deve fazer o bem a todos e começar por você mesmo; não tem sentido dizer que ama a sua mãe enquanto se droga ou intoxica. Não podemos falar de amor enquanto prejudicamos aos outros, ou pior ainda, enquanto somos responsáveis pela morte de milhares de animais nas indústrias de carne. Isso não é mais do que choro de crocodilo que mata sua presa  e “chora” enquanto a come. Em outras palavras, o  amor que buscamos com o coração, esse amor divino, tem um preço que não é só teoria, não é só apreciação intelectual, é um sacrifício concreto e constante; são os passos para a conduta do sanatan-dharma. O Srimad Bhagavatam declara que o verdadeiro dever do ser humano é fazer aquilo que desperta nele um desejo intenso de render serviço ininterrupto e imotivado para Deus.
            Se meditarmos no casal divino, podemos confirmar que não há nem o mínimo sintoma de competição entres eles, ou se houvesse seria apenas competição por satisfazer e servir de melhor maneira o outro. Onde cada um deles deseja se situar aos pés do outro, servir de todo o coração em um espírito de escravidão divina. Esse mesmo sintoma experimentam as Gopis, as melhores servas do casal divino. Em uma ocasião, Sri Krishna disse que tinha uma grande dor de cabeça e só o pó dos pés de Seus devotos poderia salvá-Lo de tal dor. Assim, mandou Narada Muni buscar a medicina tão especial, mas cada pessoa que ele perguntava, respondia que não podia lhe dar o pó de seus pés, porque era muito caído e se esse pó tocasse a cabeça de Sri Krishna ela iria diretamente ao inferno, pois é a maior ofensa que se poderia considerar. Narada Muni ficou muito frustrado, buscava e buscava, mas não encontrava ninguém que desse o que o Senho precisava. Até que lhe sugeriram que fosse a Vrindavan e falasse com as Gopis. Narada chegou até elas e pediu o pó de seus pés para levar a Sri Krishna, as Gopis imediatamente juntaram todo o pó que havia no chão e o entregou a Narada sem o mínimo temor. Narada perguntou se não acreditavam que haveria alguma reação por este ato, mas elas disseram: “Não faça perguntas tontas, corra logo porque Krishna está sofrendo. Se tivermos que ir ao inferno para que Krishna se alivie, então iremos.” Desta forma, Narada Muni viu a natureza do amor das Gopis.
            Poderíamos pensar: Que tipo de história é essa onde Deus chora pelo amor de Seus devotos? Na verdade, não podemos compreender, está muito além dos limites do nosso pequeno entendimento. Isso que é fascinante do bhakti-yoga, tudo o que um devoto faz está na linha de satisfazer ao centro divino, ao mais querido Senhor Krishna e tudo o que Sri Krishna faz é satisfazer a joia de Seu amor, Sua mais querida. Por isso oramos para servir à divindade feminina, enquanto no mundo material as pessoas brigam para serem o controlador masculino de tudo. A natureza do mundo espiritual é o oposto: todos se subjugam ao Controlador Supremo.

            Assim, cantamos:

“Óh, a mais querida do encanto infinito! Teu serviço anseia este pecador, Só de Krishna , de Teu amado Krishna, Podes dar-me Seu amor. Rainha de Vrindavana, tanto Te ama Rama, Tua graça venho a implorar, Por tanto amar-te, Ele não te nega nada, Tua é minha alma pela eternidade.”

            Isto quer dizer, orar pela entrega completa ao casal divino, se situando no lado feminino como um assistente. Na linguagem do bhakti-yoga isto se chama: meditação sobre a posição constitucional da alma. Em outras palavras, trata-se de se lembrar que temos um corpo eterno que não deixará de existir quando este corpo material seja comido pelos vermes, e tal corpo eterno tem uma função eterna, uma ocupação perene que está baseada no sacrifício em busca do amor mais elevado.
            Devemos ver a divindade em todos os seres, pois Krishna disse no Bhagavad Gita: “Quem Me vê em todos os lugares e vê tudo em Mim, Eu nunca Me separo dele e ele nunca está perdido para Mim.” Krishna está conectado com cada um de nós, porque Krishna nos ama, porque reside em nosso coração. Não é possível estar separado dEle e Ele nunca se separa de nós. Krishna disse: “Eu te amo e quero te dar conhecimento, lembrança, esquecimento, mas a Mim só pode conhecer com o teu amor, com tua rendição, não com desconfiança ou especulação intelectual. Sou acessível somente com as lágrimas sinceras do teu coração.”
            Sri Krishna também é chamado de Rama ou Radha Ramana, que significa “O que quer satisfazer a Radha”, assim, nossa meditação deve ser uma súplica, uma oração à terra sagrada de Vraja; a terra de Vrindavan onde todos cantam “Jay Radhe, jay Radhe” que quer dizer: “todas as glórias à divina companheira do Senhor Supremo.” Srimati Radharani domina o coração de Vraja Mandal. Isto continua sendo difícil de compreender, trata-se de uma história de amor que pode cativar nosso coração cheio se compreender e servir. Sri Radha-Krishna são o modelo do amor divino, são o maior amor que podemos aspirar a conhecer e servir.
            O dever de qualquer pessoa é servir este amor divino, seja você um monge ou chefe de família. Se alguém decide se casar, então o seu dever se transforma em se tornar fiel ao seu par para compreenderem juntos o amor divino e levar aos seus filhos e aos que te rodeiam para essa compreensão. A Consciência de Krishna é o compromisso com o amor ilimitado. Sri Krishna é totalmente místico e possui diversos aspectos confidenciais que vão muito além deste mundo temporal e nas nas quais nos imerge dependendo do nosso grau de rendição. É só o poder da rendição e da entrega incondicional do coração que nos leva ao ponto máximo do amor, até não sentir nenhuma atração pelo mundo material. Krishna disse no Bhagavad Gita que por pensar nEle no momento da morte, nós iremos a Ele.
            Mas, o que acha de no momento da morte estar prestes a chegar ao mundo espiritual e te oferecerem a ser o rei da Terra? Decide voltar outra vez? Devemos estar dispostos a superar todo tipo de tentações que nos afastem do amor divino. Estamos em análise constante para provar nossa determinação e sinceridade no processo da rendição. Quanto vale o amor? Voltaria a comer carne por um milhão de dólares? Claro, se for um aspirante a devoto que anseia servir ao seu mestre espiritual, você responderia “não”, porque a relação que tem com Deus e com Seu devoto está por cima de qualquer outra conquista, prazer ou posição no mundo material, pois de que serve possuir o mundo inteiro se perderá a sua alma? O mundo está cheio de amor, de oportunidades para se render ao amor divino, mas se não se determinar em sacrifício para isso, as influências externas virão te testar e começará a ansiedade, a tristeza, a frustração, a desilusão, a intoxicação, a fraude, a traição e assim ficará doente ao não poder apreciar o amor verdadeiro.
            A vida no mundo material é uma universidade dirigida por Maya Devi, onde as provas à sinceridade estão à ordem do dia, onde a cobiça faz com que as pessoas anseiem por realizações materiais que não têm nenhuma relação com o verdadeiro amor, pelo contrário, os devotos consagrados lutam para não se identificarem com o temporal e não se apegam a nada mais do que seu serviço aos pés de seu mestre espiritual, se mantendo sempre satisfeitos e dispostos a servir.
            Talvez tudo isso lhes soe muito utópico, ou parecerá que sou um mentiroso fazendo propaganda à vida de renunciante; devo admitir que esta vida não é fácil, que é uma provca contínua. Sem dúvidas é uma realidade e a mim a tem. Há muitos devotos e devotas, no passado e no presente, que se dedicam por completo ao serviço a Deus; que não recebem nada mais que o próprio benefício de seus sacrifícios e, além disso, são felizes e todos que se encontram com eles se tornam felizes.
            Assim, os seguidores de Srila Prabhupada e de seu movimento de sankirtan-yoga têm as portas aberas para se tornarem verdadeiros servos da humanidade onde quem não pode viver como monge também tem todas as oportunidades para se consagrar cheio de seu dever familiar e fazer serviço devocional. Tudo o que o aspirante sincero busque, poderá encontrar nos ashrams de Srila Prabhupada à serviço da humanidade. Ele nos convidou a sermos parte desta escola e formou em toda parte ao redor do mundo, inclusive em sua própria casa.
            Se buscar a luz, comece acendendo a luz do seu coração e a leve a sua casa, ao seu trabalho, a todos os lugares que for. Leve a prasada do Senhor a todos, pois a comida santificada por Deus tem a potência de despertar o amor no coração pela fato de estar saturada da energia da mais profunda oferenda em meditação; a prasada é um alimento que cura o coração aflito e que tem que tomar com agradecimento e entregar com compaixão.
            Agradeço por compartilhar os ensinamentos de Srila Prabhupada mais um dia, obrigado por me permitirem falar sobre o amor mais importante que recebi e que tenho tentado apresentar da melhor forma que posso, mesmo que seja só um extrato do amor divino que está preenchido de muitos mais detalhes.
            Com todo o meu afeto.

            Seu sempre bem-querente,
            Swami B. A. Paramadvaiti.

domingo, 5 de maio de 2013

O tesouro da Consciência de Krishna em nossas mãos


O tesouro da Consciência de Krishna em nossas mãos



“Nas cartas que Srila Prabhupada me escreveu, ele era completamente amoroso e confiava plenamente em mim serviço, sendo eu mais um dos seus milhares de discípulos que nem sequer falava bem inglês. Mesmo assim, ele me deu toda a confiança, permitiu uma relação de coração e me deu todo o apoio. Como na última carta que ele me escreveu onde dizia que me daria 99% da responsabilidade sobre a pregação no Brasil e o 1% era dele. Com essa frase, Srila Prabhupada me comprou para toda a vida.”



Queridos devotos. Recebam o meu afeto de Nova York.
O Vaishnavismo tem uma função universal e nesse nível cada templo em cada país cumpre um papel muito importante. Assim, esperamos que nossa família Vrinda siga crescendo para servir ao mundo com tudo o que temos, e é para servir ao mundo que necessitamos nos manter unidos de coração, unidos na diversidade com tantas variações e projetos existentes. O incluir a todos nesta tarefa leva mais tempo, mas é muito importante porque assim nos asseguramos que há dinamismo e variedade.
A natureza dos Vaishnavas é que são Nirupadis, é dizer que não desejam tomar nenhuma posição de destaque, mas às vezes, no desempenho de um serviço é necessário tomar, mesmo que não se queira. Por exemplo, talvez ninguém queira manusear um carro, mas cedo ou tarde alguém em que fazê-lo, senão não seria possível se transportar. Da mesma forma, os vaishnavas que estão em uma posição de liderança, talvez gostariam de não estar, mas faz parte do seu serviço e compromisso de cumprir com isso. E é graças a estes vaishnavas que tomaram liderança em nossa família que eu tenho muita esperança em fazer serviço na América do Sul, na Europa, na Índia...
E com todo o coração eu agradeço a Srila Prabhupada por nos abrir a porta de entrada a Sri Vrindavan Dham, de onde se iniciou a expansão do movimento da Consciência de Krishna no Ocidente. Assim, do seu pequeno quarto no templo de Radha Damodar, Srila Prabhupada planejou todo o seu projeto de pregação que logo tomaria dimensões surpreendentes, e Srila Prabhupada fez tudo isso sozinho, sem o apoio de sua família. Logo ele renunciou a vida familiar na qual havia sido muito responsável e se dedicou por completo à vida monástica. E que vida monástica mais dedicada. Prabhupada tentou por muitos lugares antes de viajar ao Ocidente, inclusive participando com os seus irmão espirituais, sempre entusiasta por fazer coisas grandes, mas não encontrava o seu lugar.
Ele encontrou o seu próprio serviço ao seu Mestre Espiritual na geração de um movimento que mudaria a história do Vaishnavismo no mundo. Há uns dias escutei uma conversa de Prabhupada em audio, na quela meu Gurudeva dizia que teve muitas oportunidades de se tornar milhonário com a empresa química na qual trabalhava, mas, por uma razão ou outra, Krishna não permitiu e perdeu muitas oportunidades neste nível. Desta forma, não sabemos qual é o plano de Deus para nós mesmo. É realmente uma incógnita.
Os planos que Krishna tinha para Srila Prabhupada, Seu devoto puro, foram realmente impactantes. Foi um novo capítulo para a milenar história do Vaishnavismo. Srila Prabhupada deu página completa ao movimento para a Consciência de Krishna no Ocidente, e nessa página também vivemos nós, que somos parte direta do legado transcendental de Srila Prabhupada. Graças a esta página, nós recebemos prasada e podemos nos vincular com todas as relíquias desta cultura tão maravilhosa. É muito bonito de se ver como se manifestam os planos de Krishna na família de Srila Prabhupada, pelos devotos do Ocidente na Índia e pelos devotos da Índia no Ocidente.
É tanta a variedade na pregação do movimento de Sri Caitanya Mahaprabhu que ansiamos em difundir tudo isso sem limites, para que todas as pessoas possam conhecer o maravilhoso presente de Prabhupada. Por isso, é tão importante que cada um de vocês tome liderança nesta missão, que se sintam responsáveis por tudo o que tem que fazer neste esforço de expansão da pregação, pois todas as pessoas que vão chegando aos diferentes templos graças ao Harinama Sankirtana devem ser atendidas e guiadas à perfeição em seu processo espiritual. Isso não pode depender só do Guru, senão que depende de todos os representantes rendidos ao Mestre Espiritual. Essa é a linha de Srila Prabhupada. Pare um minuto e se pergunte: “O que distinguia Srila Prabhupada?” A confiança que entregou a todas as pessoas que estavam ao se redor, sem importar se fossem aparentemente qualificados ou não para isso, Prabhupada investiu em confiança.
Por exemplo, nas cartas que Srila Prabhupada me escreveu, ele era completamente amoroso e confiava plenamente em mim serviço, sendo eu mais um dos seus milhares de discípulos que nem sequer falava bem inglês. Mesmo assim, ele me deu toda a confiança, permitiu uma relação de coração e me deu todo o apoio. Como na última carta que ele me escreveu onde dizia que me daria 99% da responsabilidade sobre a pregação no Brasil e o 1% era dele. Com essa frase, Srila Prabhupada me comprou para toda a vida. Essa é a linha que devemos seguir: a de confiança e de responsabilidade. Dar plena confiança aos que querem se comprometer em serviço e abraçar com o coração as responsabildades que chegam a nós. Tem que transmitir essa confiança, esse carinho aos demais. É o meu desejo que tanto os meus filhos como filhas tomem à peito este chamado para se tornarem verdadeiros líderes responsáveis de seu serviço. Dependo de vocês para executar o meu pequeno serviço aos Pés de Srila Prabhupada, e são vocês quem pode levar a missão de Srila Prabhupada a ser algo glorioso em cada canto onde estiverem pregando.
Assim, unidos no espírito de amor de Srila Prabhupada, de seus gloriosos irmãos espirituais, de Srila Bhaktisiddhanta e de todo o guruvarga, devemos fazer nosso serviço com humildade e respeito, apreciando o lindo trabalho que fazem os vaihnavas ao redor do mundo e entregando plena confiança a todos aqueles que se sentem inspirados em servir em nossa companhia. Essa é a minha vida. Agora o mais importante é para que tudo isso se realize, não dependa de mim, senão que de todos vocês. Eu talvez possa ser um pequeno instrumento pela misericórdia de Srila Prabhupada, mas os executadores são vocês. Os líderes do futuro são vocês.
Temos o tesouro da Consciência de Krishna em nossas mãos, é a coisa mais valiosa que recebemos, agora só resta compartilhá-la com todos. Sempre se lembrem que pela misericórdia de Srila Prabhupada somos parte desta grande e linda família, e que esse é um compromisso para toda a vida.
Agradeço por terem compartilhado seu tempo durante o Chat de hoje. Alegra-me muito vê-los conectados semana após semana. Espero que possam transmitir esta humilde mensagem a todos que estejam ao seu redor e que sigam muito entusiastas em seus serviços.
Despeço-me de Nova York.
Jay Srila Prabhupada!

Seu sempre bem-querente,
Swami B. A. Paramadvaiti.

domingo, 28 de abril de 2013

O desenvolvimento da fé é um elemento fundamental


O desenvolvimento da fé é um elemento fundamental



“É muito importante que existam perguntas, pois a nossa natureza é inquisitiva, e mediante o questionamento correto, mediante as perguntas corretas, podemos nos aproximar deste mundo onde tudo é música e dança, onde ninguém se esquece da irmandade de todos os seres vivos, onde podemos nos apaixonar por Deus e viver sem cometer pecados.”


            Queridos devotos, recebam todo o meu afeto de Berlim.
            Já nos dias finais da Europa para começar uma nova aventura pelas terras da América do Sul. Sinto-me muito feliz em saber que vou me encontrar como todos vocês muito em breve. Nesta viagem pela Europa e também na Índia pudemos avançar bastante o nosso trabalho em Oida Terapia para fortalecer a apresentação da Fé em todo o nível. Com isso queremos derrotar qualquer posição ateia e re-estabelecer a importância da fé na vida humana. Podemos nos perguntar se o ateísmo é algo novo ou é algo que sempre acompanhou os seres humanos. A resposta é que o ateísmo está relacionado com a inveja por Deus, cujo é mais velho que a humanidade. A inveja por Deus é a razão pela qual estamos neste mundo material, só que tem tomado formas muito modernas, mas os asuras (demônios) da literatura védica são um exemplo claro deste ateísmo, pois seu comportamento contrário a Deus na forma de inimigo não é mais que ateísmo. Mesmo que, de uma maneira ou outra, acabavam adorando a Deus ao estarem tão pendentes com Ele mesmo. Assim, é como confirmarmos que o ateísmo não tem sentido. E para aprofundar mais nisso, podemos nos perguntar:
            “Existe alguém que escuta minhas orações quando estou em apuros? Existe alguém que pode corrigir os meus erros quando tenho desejos equivocados? Existe alguém que pode me guiar ao Destino Supremo? Existem revelações de Divindade aqui na Terra para saber qual é o caminho para a transcendência? Existe uma lei fixa que no final das contas é protetora de cada ser vivo? Existe uma verdade que possamos compreender? Existe alguém que me dá o Sol e a Terra diariamente? Existe alguém que deu minha consciência individual e minha sede de amar? Existe alguém que realmente se preocupa com o meu bem-estar? Foram todas as maravilhas que existem criadas para nos fazer felizes? Existem provas que tenhamos que passar para compreender este infinito? Existe um destino e uma utilização de minha capacidade de ter fé em algo invisível? Existe uma lei que nos ensina a nos tornarmos responsáveis de toda a ação ao ter que experimentar a reação do bom ou do mau que fazemos? Existe uma luz mais além da luz do Sol ou dos sóis? Existe um mundo dominado pelo amor? Existe um mundo sem ansiedade? A criação perfeita que nos rodeia não tem uma Inteligência Suprema por trás dela?”
            Todas as perguntas anteriores são questões que temos tocando na porta da fé. Se a conclusão depois de responder a todas essas perguntas é que sim existe uma realidade divina mais além, então tenho que mudar o meu modo de vida sem sentido e me adaptar a essa existência transcendental. É muito importante que existam perguntas, pois a nossa natureza é inquisitiva, e mediante o questionamento correto, mediante as perguntas corretas, podemos nos aproximar deste mundo onde tudo é música e dança, onde ninguém se esquece da irmandade de todos os seres vivos, onde podemos nos apaixonar por Deus e viver sem cometer pecados. Há tantos pontos de vista e inquietudes e o interessante é que para todas essas perguntas, a ciência não tem resposta. A única coisa que a ciência responde nesse nível é que isso não está dentro de suas áreas de investigação, inclusive quando a ciência diz que algo não existe, é apenas falta de fé nisso.
            Por isso nos fazemos a pergunta: “Ter fé é positivo?” E claro, é positivo, pois o desenvolvimento da fé nos humanos só gera bem-estar nos demais. O ser humano está inclinado pela busca da verdade, por isso existe a tendência de proteger os valores e a honestidade, mas, devido à influência de Kali Yuga, isso se tornou algo totalmente superficial. Hoje em dia as pessoas só se preocupam em manter uma aparência de honestidade, mas na vida privada perderam todos os seus valores. Mostram uma cara ao público, mas no particular se degradam e perdem todo o respeito de si mesmos e com os demais. Isso pode ser visto na prática dos políticos, famosos, homens ricos, comerciantes, etc. Em público dizem proteger a vida e na vida particular se intoxicam ou comercializam produtos que acabam com as vidas dos outros ou com a vida do próprio planeta. Isso é ateísmo puro. Isso é inveja por Deus. Isso é falta de fé e de consciência.
            O detalhe que eles esquecem é que por muito privada que suas vidas aparentem, Deus sempre está atento de tudo isso. Não é possível manter segredos com Deus. Por isso, o desenvolvimento da fé é um elemento fundamental em todos os níveis para enfrentar uma sociedade retorcida, se permitindo dar conta dos seus problemas e condicionamentos, além de entregar uma oportunidade consciente para tornar o caminho saudável para o ser. Por isso, o mais importante é a sinceridade. A pessoa sincera faz com que a sua vida privada seja pública, pois busca a transparência e não quer esconder nada. Claro, pública, mas real, não um show de publicidade para o mundo. Isso no Vaishnavismo é conhecido como rendição. E a lei é que se não somos sinceros pelas boas, será motivado pelas más, porque o karma vai se encarregar de mostrar tudo o que queremos ocultar só para guardar as aparências.
            Por isso, meus queridos, continuamos orando para levar uma vida sincera e transparente para entrar em conexão com a fé mais elevada e entregarmos em serviço aos Pés de Lótus de Srila Prabhupada. Oramos para poder transmitir a beleza da fé a outros e assim ajudá-los a encontrar um sentido em suas vidas.
            Com essas palavras me despeço por hoje. Agradeço a todos vocês por me acompanharem mais um domingo.
            Jay Srila Prabhupada!
           
            Seu sempre bem-querente,
            B. A. Paramadvaiti Swami.

domingo, 21 de abril de 2013

Ciência e espiritualidade


Ciência e espiritualidade


“Este é o momento de reviver o espírito original da verdadeira espiritualidade. Esse é um assunto urgente, observar qual foi o tesouro que perdemos em nosso processo de secularização. Isto não vem de nenhuma religião, não é manipulação de uma religião, é a necessidade original do ser humano para encontrar o sentido da sua existência, para encontrar de onde vem minha vida e para encontrar o que fazer com o meu amor, porque todo mundo tem muito amor e senão soubermos a quem dar este amor, não nos sentiremos felizes.”


            Meus queridos devotos. Primeiro quero oferecer minhas respeitosas reverências ao meu mestre espiritual Srila Prabhupada.
            Hoje quero falar um pouco sobre o tema “Ciência e espiritualidade”. Este é um tema que frequentemente é tratado. Ciência e espiritualidade é um ponto muito importante, porque hoje em dia estamos nas garras do movimento de liberação do século. Este movimento sempre se apresenta razoável, porque desenvolve suas verdades destruindo o sentido comum, criticando a violência que cometeu em nome da religião. Mas as pessoas religiosas não são defensoras cegas, elas defendem a justiça. Se alguém atacar os filhos de uma pessoa, ainda que seja religiosa, ela não vai dizer cegamente: “Sim, continue a atacá-los!”, não, ela também vai defender, mas não vai cometer uma injustiça ou produzir nenhum tipo de exploração a ninguém.
Como sabem, a história da humanidade tem sido cheia de guerras, então, seria uma boa pergunta: “Por que isso aconteceu? Quem está fazendo essas guerras? Quem está por trás de tudo isso?”, considerando que a guerra é a pior coisa que se pode fazer.
Estamos desfrutando da companhia de outros, como agora eu estou desfrutando da companhia de vocês nesta manhã, mas há lados na guerra e em cada lado tratam de matar um ao outro, é uma situação muito esquisita. A gente se pergunta como está, várias coisas podem acontecer no mundo. Existe um documentário que se chama “Por que brigamos?” (Why we fight?), analisa as 30 guerras passadas e mostra a evidência que pior acontece para se ganhar dinheiro. As pessoas são instigadas, as guerras são como uma trapaça, porque as pessoas não querem uma guerra, mas quando as circunstâncias supostamente se mostram como se fosse inevistável, então as pessoas participam. A motivação para fazer uma guerra é o materialismo, não a espiritualidade. Até as cristãos participantes das cruzadas iam roubar as pessoas e se supunha que iam liberá-las. É um bando de assaltantes. Vemos a história cheia de guerras, que muitas vezes foi creditada por motivos religiosos. Então a sociedade secular veio e disse que as religiões eram uma besteira; ''Se fazem guerras, nós não queremos ter nada a ver como elas.'' Então, todos estiveram de acordo com isso. “A religião não deve influenciar as escolas, as universidades, a política, o comércio, e este foi o início da nossa era secular”, então se não houver religião, no que vamos acreditar? Agora acreditamos na ciência, nos descobrimentos científicos, cremos no QI (Quoeficiente intelectual). Quem é inteligente aqui? Quem pode acreditar que é mais pronto que os demais? Então ele pode ter autoridade.
Estas são as situações que ficaram muito fortes na forma moderna de pensar, especialmente nos países comunistas, porque eles acabaram com a religião até na constituição, então eles não têm ninguém ou nada superior a obedecer. Então, dão todo o crédito para a ciência e assim se deriva uma famoso ditado: “Não acredito em nada que eu não possa ver”. Cada um tem a sua própria verdade, então dizem: “Faça o que quiser, não se restrinja por nenhuma imposição de moralidade ou promessas espirituais”, este era o cenário do século XIX, mas a revolução industrial e a revolução da informática têm uma incrível mudança que está acontecendo de maneira muito rápida, isso é impressionante. Kali Yuga é impressionante, a chamamos de Era de Ferro, mas o ferro não é nada, é a Era de Plástico, a Era da Digitalização, a tecnologia à laser, a comunicação dos celulares que fazem ver ao ferro ordinário. Claro, com o ferro fazem as armas, mas até pelo computador podem matar alguém. Existem muitas formas de torturar as pessoas, então, Srila Prabhupada veio para nos salvar dessa confusão. O que acontece com o materialismo através do sistema secular é que se tornaram muito poderosos. Quando usavam a religião, ao menos interatuavam com algum tipo de chamado pela paz, valores religiosos, como o perdão, a caridade, elementos como estes. Mas no materialismo, a filosofia é que sobrevive o mais forte, eles dizem que a caridade começa em casa, eu tenho que fazer com que as coisas sejam de minha propriedade, não importa o que tenho de fazer. Agregado a isto, existe outro fenômeno, a sociedade secular põe muito poder na mão dos bancos, por exemplo, e supostamente nas dos militares.
A humildade atualmente está sofrendo outro tipo de guerra, a guerra pelo controle da comida e do dinheiro e está sendo motivada pela cobiça, portanto, não existe muito respeito pela Mãe Terra e pelos consumidores, mas o materialismo justifica tudo isso dizendo: “O mundo da oferta e da demanda”, esse é o mundo de mercado aberto, e eles dizem no sentido material que está controlando tudo através das regulações, então eles têm muitas hipóteses, agências de regulação, mas na verdade só há uma regulação que está funcionando que é a que o rico fica mais rico e o pobre fica mais pobre. Essa é a regulação que faz com que todos os recursos vão em uma só direção, assim, hoje em dia as pessoas que odeiam a religião pelas guerras que causou deveriam odiar os bancos por toda a manipulação que estão fazendo através da sociedade materialista.
Este é o momento de reviver o espírito original da verdadeira espiritualidade. Esse é um assunto urgente, observar qual foi o tesouro que perdemos em nosso processo de secularização. Isto não vem de nenhuma religião, não é manipulação de uma religião, é a necessidade original do ser humano para encontrar o sentido da sua existência, para encontrar de onde vem minha vida e para encontrar o que fazer com o meu amor, porque todo mundo tem muito amor e senão soubermos a quem dar este amor, não nos sentiremos felizes. Então, a pergunta da ciência e da espiritualidade se torna muito popular.
Meu irmão espiritual Svarup Damodhar foi um grande cientista e um grande devoto. Ele teve contatos em conferências internacionais, convidado por ganhadores de prêmios Nobel para que ele desse a sua opinião em temas espirituais. Ele acumulou o apoio de cientistas felizes e espiritualizados, ele era muito exitoso, ele era um representante de Srila Prabhupada, ele estava manuseando a verdade. Depois dele, Michael Cremo, Druta Karma, investigou nos arquivos arqueológicos. Ele escreveu o famoso livro “A escondida e proibida arqueologia”, aqui escreveu em muitos artigos que a informação que nos davam na escola sobre a origem da humanidade não é apropriada e é falsa. Então, todos os que vão para a escola que estudam arqueologia, antropologia, história, todos são sistematicamente enganados. Em outras palavras, o mundo está sendo enganado que a humanidade veio da África. Darwin disse que a baleia vem do urso. Ele disse que primeiro vieram as espécies do oceano, depois fora do oceano vieram os mamíferos, mais por que a baleia tem um sistema respiratório como o nosso? Então, disse que os ursos gostavam tanto de peixe foram ao oceano e se tornaram baleias. Que grande especulação. Somente especulação. As pessoas gostam dessa especulação porque sustenta o princípio de que nós não temos de buscar nada espiritual, só desfrutar.

            Então, a ideia de que viemos aqui só para desfrutar é um conceito materialista. Precisa de uma filosofía muito poderosa se quiser ensinar às pessoas a servirem. Aqueles são servos. Sempre temos a competição entre querer ser servos e querer ser servidos. Às vezes os cientistas dizem que estamos aqui para servir, mas quando vem a ciência e a espiritualidade temos que reavaliar a terminologia da ciência, o que é a ciência realmente? O que é progresso de verdade? O progresso é o dinheiro que se move nos bancos? Ou, o progresso é a felicidade nas pessoas? A pergunta da felicidade é muito importante. As pessoas são felizes quando trabalham toda sua vida? Quando trabalharam em uma fábrica? As pessoas são felizes quando celebram o fim de semana com álcool e drogas? Isto tem que ser definido. A Oida Terapia, por exemplo, procura apontar a inteligência espiritual que surge quando a pessoa desenvolve uma atitude de agradecimento e compaixão com os outros. Você seria capaz de fazer coisas boas pelos outros?
Todos somos muito orgulhosos de ser inteligentes, sempre pensei na minha vida que eu era muito inteligente, afortunadamente nunca fiz o exame de QI porque talvez estivesse deprimido. Algumas pessoas poderiam te dizer para fazer o exame e supostamente te darão o seu valor. Em um império materialista nunca vamos ter o conhecimento completo. Adoração, esta é a pergunta: A quem vamos adorar? Para quem vamos baixar a cabeça? Quando vai abaixar a sua cabeça e dizer “ki jay”? A quem vai oferecer flores e incensos? A Consciência de Krishna é muito simples, você só tem que dizer uma coisa do fundo do coração: “Oh meu senhor, me deixe ser um instrumento do Seu amor.” Uma oração e tudo muda. Orar, honrar a prasadam e assim tudo vai mudando. E por ter um pouco de fé, tem um pouco de alegria, e tem uma responsabilidade por essa alegria. Adorar a natureza, ao paramatma ou a Krishna, adorar a Sita Ram ou a Gouranga, mas adore, adore! Agradeça e cante as glórias da criação, agradeça a tudo e não lamente, não se aborreça pelo que não tem. Agradeça o que tem e cuide disso.
Esta adoração nunca termina, adore ao Senhor com todo o seu coração, mente e corpo e use tudo para Sua adoração, e faça dessa adoração um lindo festival. Eu parabenizo aos devotos que fizeram um lindo centro para Radha Gopinath e o decoraram tão belamente. Eu só posso parabenizá-los, eu sei que não tem sido fácil, e as provas vieram e virão mais. Mas pela misericórdia de nossos mestres espirituais podemos continuar fazendo e não podemos nos apegar aos resultados.

Um abraço de coração a todos.
Seu sempre bem-querente,
B. A. Paramadvaiti Swami.


domingo, 14 de abril de 2013

É nossa filosofia, nossa forma de chegar aos outros, nosso carinho a tudo


É nossa filosofia, nossa forma de chegar aos outros, nosso carinho a tudo



“O assunto referente à boa surpresa é que todos somos uma família, e quando chega um novo devoto, sentimos que realmente chegamos um passo mais próximo de nossa gigante família espiritual, já que com Krishna a família é muito grande e cada devoto é uma conexão com Ele. Não importa se for um devoto novo ou um com muito mais tempo, ambos podem nos guiar.”

            Queridos devotos, desta vez mando minha mensagem da Itália.
            A viagem de um peregrino sempre está cheia de lindas surpresas. Claro, não faltam as dificuldades, porque elas também são parte da vida, pois quem nasce, também envelhece, adoece e morre. Assim que, quem espera uma vida sem problemas, tem uma venda nos olhos. O assunto referente à boa surpresa é que todos somos uma família, e quando chega um novo devoto, sentimos que realmente chegamos um passo mais próximo de nossa gigante família espiritual, já que com Krishna a família é muito grande e cada devoto é uma conexão com Ele. Não importa se for um devoto novo ou um com muito mais tempo, ambos podem nos guiar. Certamente os mais velhos nos ajudam mais, e mais ainda os grandes Bhagavata Paramparam Gurus, como Srila Prabhupada. Atrevo-me a dizer que a maioria dos pregadores, tanto siksa quanto diksa gurus são pancaratrikas paramparam gurus. Eles são gurus que fielmente seguem ao nosso Bhagavata paramparam gurus, e quando fazem o seu serviço bem, são vistos com os mesmo olhos como se fossem Bhagavata paramparam gurus também.
            Justamente nesta manhã, tive uma longa conversa com Mahapurusha Das e Ramananda Prabhu sobre os gurus e sannyasis que falharam com os seus votos ou não quiseram continuar lutando como sannyasis. Isto, por um lado, parece muito escandaloso, e sem dúvida alguma é muito triste, porém, honestamente, seria ainda mais triste se nunca tivessem tentado. Como exemplo de Srila Prabhupada, quando lhe perguntaram por que existe tanta Maya nos templos e ele respondeu que esta era uma pergunta equivocada, que deveríamos perguntar como é possível que existam tantos templos no reino de Maya em plena Kali Yuga.
            Estes devotos, sobretudo os siksa gurus, que abrem templos e viajam pelo mundo para distribuírem a mensagem dos gloriosos vaishnavas estão fazendo um gigante serviço. Se em algum momento sentem que não podem continuar, certamente haveria alguma razão, como alguma ofensa que cometeram, porém, isso não quer dizer que seu serviço foi em vão, principalmente se o seu serviço foi respaldado por um poderoso Bhagavata paramparam guru como Srila Prabhupada. Ele está por trás de todos os que pregaram em seu nome, e diante de Krishna tomam responsabilidade.
Eu já vi de tudo, vi sannyasis que se confundiram com o seu voto, e depois de contemplar de tudo um pouco, retomaram os seus votos. Enfim, minha missão é fazer com que as pessoas sejam felizes, não pessoas uniformizadas e desesperadas, ou pior, mal humoradas que maltratam os outros. Em Consciência de Krishna temos as duas opções, pravriti marga e nivriti marga; servir renunciando a muitos caprichos e à vida familiar ou servir tendo certas facilidades no mundo com uma vida familiar. Certamente os devotos em nivriti marga são mais respeitados porque têm mais tempo para os demais, porém isso não quer dizer que sejam mais exitosos em serviço já que muitos grihastas pregadores já fizeram maravilhas.
A sagrada ordem de sannyas existe e tem como propósito levar a abnegação que foi vista nas Gopis, que até ofereceram o pó de seus pés para salvar a Krishna de uma dor de cabeça. Em nossa família Vrinda, me sinto muito endividado com os sannyasis, brahmacarys, visnupriyas, maharanis, grihastas, presidentes de templo e com todos em geral, também contando com todos que apoiam do lado de fora, e o que dizer daqueles que lutam para se manterem desde o início da missão. Sinto-me constantemente agradecido com todos, além do mais, quero dizer que, por favor, não se assustem, porém, é o meu desejo que muitos de meus discípulos se tornem mestres espirituais e entendam a necessidade das almas condicionadas por todas as partes do mundo. Eu não tenho dúvidas de que dentro da família haja muitas almas fiéis e sinceras a Srila Pabhupada e que vão representá-lo bem, e permitirão que mais almas tenham acesso pleno às divinas instruções dos devotos puros, mesmo existindo risco de que um ou outro deles falhará, e os devotos que se conectaram com essa pessoa terão que procurar a conexão com outro vaishnava para que possam continuar com o serviço bem acompanhado.
O mesmo fenômeno acontece quando um presidente de templo abandona o serviço e temos de buscar outra alma sincera que está disposta a continuar com este cargo de responsabilidade, como disse Srila Prabhupada citando o slogan da empresa ferroviária da Índia: “As rodas têm que continuar se movimentando.” Este é um movimento onde se movem as rodas de Gouranga, não sejam superficiais, não sejam libertinos, porém, tampouco se escandalizem ou se decepcionem pelas falhas dos outros, porque isso também leva às pessoas a serem fofoqueiras, enfim, a recomendação de Srila Prabhupada é a de ser estrito consigo mesmo e misericordioso com os demais.
Concluindo, me ajudem com todo o seu poder a expandir a mensagem amorosa de Srila Prabhupada. Estou fazendo uma compilação de informações dos projetos que já foram feitos pela família Vrinda em qualquer parte do mundo, que tenham algo para oferecer a outros pregadores, me refiro a materiais para imprimir, materiais de publicidade excelentes, gravações de música, documentários e eu também gostaria de saber sobre a história de cada projeto em um estilo telegrama, como por exemplo, quem teve a ideia, quem executou, quem cooperou, qual material do projeto está disponível e até hoje pode ser conseguido, com quem pode ser conseguido, se existe algum valor para consegui-lo e qual é o valor. São mais de 30 anos de criatividade que eu tenho por trás de mim, e já me esqueci de muitas coisas, ou pelo menos não tenho nenhuma documentação, mas alguns devotos podem ter. Isto pode incluir fotos antigas das primeiras etapas.
Eu quero que vocês revisem os seus arquivos e olhem bem quais coisas do passado foram esquecidas, por exemplo, faz muitos anos do teatro “O pesadelo de Seu José, o açougueiro” que um devoto de Miami Jaya Ram fez as primeiras gravações para a proteção dos animais, me lembro que uma delas era a canção “Tenho uma vaca leiteira” que foi usada na apresentação da obra no palco Media Torta de Bogotá. Muitas obras teatrais foram perdidas simplesmente porque não guardamos bem os materiais. Cada obra teatral é um destes projetos que seria muito triste de perder. Lembro-me que uma vez com as madres Laksmi e Vrinda fizemos uma magnífica obra teatral da mulher liberada, da libertação feminina. Eu encarreguei a madre Ramesvari em Miami de fazer uma compilação de Arte Consciente Imortal e muitas das coisas que vocês me informam foram qualificadas para serem apresentadas. Por favor, me ajudem com esta compilação, principalmente os devotos antigos que devem ter fotos ou boa memória. Claro, principalmente se trata de coisas que podem ser revividas, já que os nossos templos precisam de muita cultura e beleza. Inclusive, existem livros que foram impressos e que foram perdidos os arquivos. Por exemplo, agora que estive na Índia, procuramos um livro de vegetarianismo em híndi publicado pelo Ganga Action Parivar, porém não encontramos os arquivos para imprimi-lo novamente.
Assim também na Missão Vrinda, temos muitos arquivos que se perderam, porém que podem ter uma versão impressa digitalizada. Para mim, a internet é mais que um arquivo de coisas valiosas do passado, imagine como estaríamos sofrendo se as coisas de Srila Prabhupada não tivessem sido gravadas e preservadas para que até hoje possamos escutar o néctar de suas conversas. Por essa razão, quero começar esta busca pelas coisas do passado e protegê-las melhor, muitas vezes as pessoas pensam que as coisas da atualidade não tem muito valor, mas e se o artista se tornar famoso futuramente? Ai até os detalhes do passado serão levados em conta. E ainda não os mereceremos, somos parte de um aspecto histórico que se chama: “O início” no ocidente, da missão de Sri Caitanya Mahaprabhu e os inícios de, por exemplo, Associação Mundial Vaishnava. Assim como as restaurações dos primeiros templos na Índia, por exemplo, creio que não existam fotos de como era Vrinda Kunja quando chegamos lá.
O que os olhos não veem o coração não sente, claro, sempre pode haver saturação visual ou alguém que não tem tempo, porém esta não é a razão de não preservar os tesouros do passado. Também sei que alguns devotos têm antigas coleções de cassetes que nem sequer foram passados para formato digital. Isso também é uma razão para revisar, por exemplo, Madhava Prakash Maharaj escreveu e gravou muitas canções, mas não em estúdio, eu creio que Vaishnava Prabhu deva ter estes cassetes. O que estou aqui pedindo é um pouco de trabalho arqueológico. Claro, com o tempo a qualidade das gravações melhorou muito.
Uma das coisas que sempre deixaram para depois é guardar todos os recortes de jornal nos quais escreveram sobre nós, ou onde aconteceram entrevistas em rádio e televisão. Por exemplo, quando Srila Harijan Maharaj se foi, de uma maneira ou outra já não me lembro como chegou a televisão colombiana e fizeram uma tremenda reportagem sobre sua partida. E quando tratamos de material de pregação, não me refiro a coisas somente feita pela Vrinda, também gosto de preservar tesouros de outras missões. Dos projetos atuais, quero ter informação básica que possa identificar do que se trata e quem o faz. Se vocês conhecem devotos antigos que possivelmente não estão conectados com a internet e nem vão ler o chat, podem visitá-los e fazer uma entrevista pedindo para que mostrem suas fotografias antigas. Todo este material por favor mandem uma cópia a mim e ao prabhu Panca Tattwa para sabermos que essas coisas foram resgatadas.
Estamos no caminho de Terni a Rimini, ontem foi um dia histórico porque fizemos uma bela cerimônia de fogo na montanha conhecida como San Erasmo onde está o templo de Surya Narayan, contruída a 7.000 anos. Antes disso fizemos uma entrevista na rádio e fomos à cachoeira de Mármore fazer um Harinam, depois tivemos um programa pela Mãe Terra no nosso Centro Vrinda em Terni e fomos a uma apresentação do Radha Dub System onde cantamos com o grupo alguns bhajans em uma velha igreja.
Hoje pela manhã descobrimos perto do templo de Imlitala um belíssimo caminho ecológico que os devotos não conheciam, apesar de estarem lá há mais de 10 anos. Prabhu Hriday Caitanya quem é o construtor do centro de Imlitala de Terni situado há alguns passos do templo de Sringabath do prabhu Ramananda e Sanatani, fizeram um novo espaço na mata atrás de sua casa, que praticamente serve como um teatro de concha acústica na mata.
É muito notável na Itália que os devotos têm uma grande tradição de fazerem altares em suas casas tão belos que ficam mais bonitos que os altares que vemos nos templos, têm muito amor pelos detalhes. Essa é a essência da vida espiritual: muito amor pelos detalhes. É nossa filosofia, nossa forma de chegar aos outros, nosso carinho a todos. Espero que todos tomem com carinho este meu desejo de preservar o carinho do passado. É o carinho para os que vêm no futuro.
Com esta mensagem me despeço por hoje.

Seu sempre bem-querente.
Um grande abraço para todos,
          Swami B. A. Paramadvaiti.