domingo, 19 de maio de 2013

Bem-querentes


Bem-querentes



“Nós não somos veganos estritamente, mas amamos todos os veganos, mais ainda os que são ativistas pela proteção dos animais. Não podemos nos tornar veganos porque pertencemos a uma cultura que adora às vacas, que se consome produtos lácteos e se oferecem a Deus. Sem dúvidas, há uma coisa que devemos ter clara, é que devemos ser muito conscientes a evitar o máximo consumir produto lácteo que provenha do sofrimento aos animais e o que dizer de oferecê-lo a Krishna no altar. Não somos veganos, mas tampouco podemos ser cúmplices do maltrato aos animais, porque consumimos produtos do mercado que estão marcados com sofrimento.”



            Queridos devotos. Envio a vocês todo o meu afeto da Costa da Colômbia, onde passamos uns dias de muita meditação junto aos nossos irmãos nativos de diferentes povos.
            Quando estive no último Mela da Alemanha, fiquei surpreso com uma receita de prasada vegana que fizeram os devotos da Itália. A partir disso, eu pedi à minha oficina que distribuíssem essa receita, porque faz um tempo que decidimos com Gurudeva Atulananda que nossos restaurantes Govinda deveriam oferecer opções veganas, pois o mais importante é a distribuição de prasadam a todos.
            Nós sabemos que a cultura védica não é vegana, mas sim é um cultura de total compromisso com a proteção aos animais, sobretudo com as vacas. Vedicamente não é pensado que um vaishnava poderia estar envolvido no sofrimento dos animais e isso não mudou, os devotos possuem um amor incondicional com todos os seus irmãos no corpo de animal, pois compreendem a lei do karma em sua totalidade. A diferença é que o mundo moderno, influenciado pelos avanços da Era de Kali, apresenta aos devotos diferentes circunstâncias que antes não existiam. Hoje em dia os animais são explorados e maltratados em sua maioria, principalmente nas indústrias relacionadas com a carne e lácteos. Por isso, qualquer atitude e decisão que se tome à respeito deve ser completamente humilde e respeitosa para os que tenham tomado outro caminho, pois o tema do vegetarianismo e veganismo tem sido muito específico entre os protetores dos animais. Essa é uma lei geral, não somente neste caso senão que em qualquer aspecto da vida de um devoto, que nunca se deve apresentar ante outros como se a sua filosofia de vida fosse a mais elevada e tudo aquilo que os demais fazem é algo sem sentido.
            Nós não somos veganos estritamente, mas amamos todos os veganos, mais ainda os que são ativistas pela proteção dos animais. Não podemos nos tornar veganos porque pertencemos a uma cultura que adora às vacas, que se consome produtos lácteos e se oferecem a Deus. Sem dúvidas, há uma coisa que devemos ter clara, é que devemos ser muito conscientes a evitar o máximo consumir produto lácteo que provenha do sofrimento aos animais e o que dizer de oferecê-lo a Krishna no altar. Não somos veganos, mas tampouco podemos ser cúmplices do maltrato aos animais, porque consumimos produtos do mercado que estão marcados com sofrimento. Devemos buscar conseguir leite de vaca natural para nossas fazendas e templos dentro do possível e fazer ricas preparações caseiras para oferecer às deidades.
            Em nossa família temos dois goshalas, que são lugares para a proteção das vacas: um na Índia, encarregado pela Lalita Madhava, onde cuidam de mais de 200 vacas; e outro na Itália, na fazenda, onde temos 5 vacas. É um esforço em pequena escala, por isso também temos que nos comprometer para que o nosso consumo de lácteos seja o menos prejudicial possível. Há outro ponto muito importante que é o ato da oferenda; uma vaquinha cujo leite é oferecido a Deus, se purifica imediatamente só por se conectar com a divindade dessa forma. Assim, a vida de um animal, de uma fruta ou de um vegetal passa a ter sentido por completo porque adquire o significado que sua vida foi para Deus. Assim, os vaishnavas tentam aplicar critérios completos às situações, não só dizer: “Não coma nada que provenha dos animais”, pois nesse caso poderíamos nos questionar até o ponto de dizer: “De onde vem o abandono dos vegetais que você come?”, se a resposta for “da vaca”, então tem origem animal e se a resposta for “dos químicos”, então não consome nada animal, mas está prejudicando a Mãe Terra com os químicos.
            A solução a tudo isso é fazer o melhor que puder, da forma mais consciente e oferecer tudo a Krishna, pois Ele é o desfrutador e o controlador último das coisas. Se houver algo que não funcione com perfeição, Krishna se encarrega de harmonizar e ajudar às almas em seu crescimento espiritual. O mais importante de tudo isso é o amor, o amor para com todas as entidades vivas; isso significa atuar como um bem-querente dos demais e o matar a alguém que é totalmente contrário à postura de um bem-querente. A conclusão desta reflexão é que devemos entregar tudo o que fazemos a Deus e ter fé de que sempre nos mantermos conectados com Ele, seja direta ou indiretamente.
            Tudo o que se faz em conexão com Deus e com Seu Santo Nome é completamente benéfico para quem o realiza e para quem está ao redor. Está é a minha mensagem de hoje, palavras breves que espero que ajudem a tirar as dúvidas de todos os que estão confusos com estes temas.
            Um grande abraço.

            Seu sempre bem-querente,
            Swami B. A. Paramadvaiti.

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