domingo, 30 de dezembro de 2012


Despedida de 2012
Yamuna Kuñja


“Estes são tempos de purificação, sem dúvidas... E os problemas são todos elementos para nos purificar.”


Queridos devotos, recebam meu afeto de Yamuna Kuñja. Estamos quase terminando 2012. Hoje quero dizer que me sinto muito próximo de vocês, para não dizer que vocês são a minha vida. Isso é graças ao meu Mestre Espiritual. Vocês são os meus salvadores, porque me fazem sentir a cada momento que meu Mestre Espiritual está cuidando de mim com muito carinho. Graças a ele e graças a todos vocês não me sinto tão só neste mundo. Não me sinto só acompanhado, senão que acompanhado pelas pessoas mais incríveis que nunca havia imaginado.
Todos vocês que estão presentes agora em Yamuna Kuñja são pessoas com quem estamos compartilhando sacrifícios. Vocês coletaram forte para ter uma passagem e estar hoje aqui tentando fazer um serviço ao Dham. Vocês vieram aqui para recolher lixo como um serviço, e não estamos falando de qualquer lixo, senão que do lixo que está contaminando o Dham (mesmo que o Dham seja puro por natureza). Assim, estamos buscando seguir os passos dos 6 Goswamis de Vrindavan e de meu Gurudeva, claro. Tivemos também a misericórdia de fazer alguns jardins em templos importantes, como Radha Gopinath Mandir ou Vamsivat.
Hoje na nossa peregrinação da tarde pudemos ver todas estas maravilhas e sentir que Vrindavan é um lugar incrível, sem falar que recebemos lindos templos, como Vrinda Kuñja que é o oásis praticamente, um verdadeiro privilégio. E estes privilégios vêm a nós para que possamos servir com ânimo e lutar para que Sri Vrindavan seja respeitada e apreciada no mundo como deve ser. Porque Vrindavan mandou o seu devoto puro, Srila Prabhupada, para nos salvar. Ele esteve em Radha Damodara e podia ter ficado ali, terminando sua vida fazendo um bhajan, mas impulsionado por seu infinito amor e pela vontade de Sri Caitanya, veio repartir o amor para todo o mundo e convidar todas as pessoas a Vrindavan.
Quando chegamos em Vrindavan, ficamos maravilhados por tudo o que se pode encontrar aqui. O “problema” é que Srila Prabhupada fez Vrindavan muito famosa, como hoje nos dizia um vrajavasi, que muitas pessoas só vinham aqui “ver” com olhos materiais e comer umas pakoras na rua e não para ouvir verdadeiramente as orações dos devotos e se purificar. Assim, ele se queixava da modernização e propunha que todos aqueles que não vinham para orar e servir, era melhor manda-los de volta para suas casas.
O ano que vem é a nossa grande chance para corrigir qualquer erro que já existiu nas relações que temos com os Vaishnavas. Para isso existe a Associação Mundial Vaishnava. Quando falamos de tecnicismo e entendimento filosófico, podemos encontrar muitas divergências. Mas, quando consideramos a necessidade real do planeta, nos damos conta que tem que atender os problemas de forma unida, e parecia que as próprias misérias do mundo material vão nos unir. Porque, por exemplo, quando esgotar a água potável do mundo, todos estarão afetados: cristãos, muçulmanos, ricos ou pobres. Assim, há muitos exemplos que podemos dar nesta conexão.
Estes são tempos de purificação, sem dúvidas... E os problemas são todos elementos para nos purificar. Eu oro a Krishna para que vocês sempre tenham entusiasmo e boa saúde, que Krishna satisfaça todos os seus desejos que não impedem o seu progresso espiritual, pois Ele sabe melhor que nós o que devemos fazer.
Com estas palavras quero terminar o chat. Amanhã vamos fazer uma despedida do ano onde cada um vai fazer uma autoavaliação de seu ano. Deixo todo o meu afeto e carinho.
Jay Srila Prabhupada.

Seu sempre bem-querente,
Swami B. A. Paramadvaiti.

domingo, 23 de dezembro de 2012


Consciência de Krishna é um assunto de amor

Índia


 “O amor dos devotos é algo tão grande e tão transcendental que realmente nos mostra que Krishna é puro amor. Ele criou tudo a partir do amor. Tudo o que os devotos fazem está baseado no amor. Se não estivermos centrados no amor, significa que só está distraído.”


Queridos devotos. O amor dos devotos é algo tão grande e tão transcendental que realmente nos mostra que Krishna é puro amor. Ele criou tudo a partir do amor. Tudo o que os devotos fazem está baseado no amor. Se não estivermos centrados no amor, significa que só está distraído. Essa é a mensagem que quero compartilhar hoje com vocês: que tudo na Consciência de Krishna é um assunto de amor.
            Temos apenas que controlar os sentidos, porque amor não significa que temos que deixar de controlar a mente. Por isso mesmo, Prabhupada sendo um homem tão grande, pôde nos atrair quando jovens, às vezes um pouco rebeldes e com muita carência de autoridade. Assim, muitos sannyasis, acaryas, têm se esforçado para continuar a Missão de Srila Prabhupada. Há uma coisa rara, mas muito terrível, que é mesmo quando a gente se torna velho, continuamos interessados pelo sexo oposto, na fama e no dinheiro. Isso sabemos, são perigos que nos atrapalham vida após vida... vida após vida.
            Em quantas vidas já nascemos. Eu mesmo tive esta impressão na minha vida pessoal, já que na vida passada fui um monge, mas para nascer outra vez seguramente cometi um grande erro, ou bom, misericórdia de Prabhupada. Não sei. Eu me lembro de quando era criança e via uma foto de um monge que caminhava por montanhas e quando eu a olhava, acreditava que era eu andando pelas mesmas montanhas, e sempre pensava nas montanhas. Nasci em um lugar onde tudo era planície, nenhuma montanha, mas assim, sempre pensava em montanhas.
            Agora eu penso nos Andes, onde pregamos muito pesado dos picos de Bolívar, passando pelas terras altas de Cuzco, Puno, Juliaca. Assim, os Andes nos deram muito serviço, somos muito afortunados em poder pregar as glórias de Sri Caitanya ali e sempre buscando produzir mais materiais para aumentar a pregação.
            Agora, já que estamos distribuindo e pregando com os OKis e OMis para difundir vegetarianismo, vamos começar com outro material chamado “mensagens de coração a coração”, que são muito devocionais. Estas mensagens são para flechar corações, para levar as pessoas ao templo, a viver em associação com os devotos. Eu fico muito feliz quando alguém me diz que quer vir e ficar na Índia, mas na verdade, a batata esta na América do Sul e a pregação também.
            Para os devotos não há uma situação tão terrível que não possam aguentar, porque qualquer coisa que aconteça, um devoto vai continuar pregando, vai continuar imprimindo livros para distribuí-los, porque aos devotos nada lhes faz falta. Sempre há uma forma ou outra de fazer serviço, os devotos são muito flexíveis para tudo.
            A todos os devotos que estão lutando na maratona de dezembro e que estão dando muitos presentes divinos a todas as pessoas, a todos eles mando meus respeitos e abraços. E conto que aqui estamos lutando e querendo fazer algo para satisfazer aos devotos na intenção de servir o melhor possível.
            Cuidem-se muito entre vocês, porque os queremos muito daqui, todos vocês.
            Jay Srila Prabhupada.
            Maratona de dezembro ki jay!
            Sri Vrindavan Dham ki jay!
            Goura Haribol!
            Seu sempre bem-querente,
            Swami B. A. Paramadvaiti.

domingo, 16 de dezembro de 2012


Srila Prabhupada Bhaktisiddhanta

Vrinda Kuñja, Índia


“Srila Prabhupada Bhaktisiddhanta é um purificador que insiste que a Verdade é o mais importante, que ensina e obedece a Lei Divina e que dá o Amor Espiritual a todos.
Ao confrontar quem tinha uma mentalidade demoníaca, era forte como um raio, mas em suas relações pessoais afetivas, seu coração era mais suave que uma flor.

           
Srila Prabhupada Bhaktisiddhanta não é nem sequer mencionado nos livros das escolas de Bengal, sua terra natal, principalmente porque o governo comunista de Bengal não queria animar ninguém à espiritualidade, só dão reconhecimento aos trabalhadores sociais e cientistas. Mas o trabalho de Prabhupada Bhaktisiddhanta foi muito transcendental, exatamente o que o mundo necessita nesta situação atacada pelo materialismo. Srila Prabhupada Bhaktisiddhanta é um purificador que insiste que a Verdade é o mais importante, que ensina e obedece a Lei Divina e que dá o Amor Espiritual a todos.
            Já pode imaginar que entre os políticos e comerciantes sua contribuição não é muito conhecida, de fato, quando Subhal Candra Bose, o revolucionário de Bengal, falou com Prabhupada Bhaktisiddhanta, lhe propôs a mandar seus brahmacaris à guerra contra os britânicos e a isso Prabhupada respondeu que seus discípulos eram todos “muito fracos e não seriam capazes de fazer nada”, assim, seria melhor deixá-los no monastério. Mas Prabhupada Bhaksiddhanta mandou estes “fraquinhos” para pregar no planeta inteiro e abrir 64 Gaudiya Maths na Índia, ele promoveu a ideia que a independência não era de um sistema político, senão que melhor, significa deixar de servir Maya. Isto também se expressou quando Srila Bhaktivedanta Prabhupada “alegou” ao seu Guru perguntando quem escutaria a mensagem de Sri Caitanya enquanto a Índia continuasse sendo uma nação colonizada. A isto Prabhupada Bhaktisiddhanta respondeu que no momento de um incêndio ninguém dá atenção se o que traz a água para apagar o incêndio está vestido ou não. Assim, Srila Bhaktivedanta Prabhupada aceitou as palavras de seu Guru e mudou de ideia.
            Esta grandiosa personalidade está permitindo a nós, almas comuns e correntes, em poder servir em memória a importância deste grande devoto puro de Krishna. Claro, um estudo sobre sua vida é algo muito auspicioso, porque no leva para passar pela doçura de seus passatempos. Sua mensagem foi muito intensa, porque assim era sua vida e sua personalidade.     Em 1898 Srila Prabhupada teve o seu primeiro darshan de Srila Goura Kishor das Babaji em Svananda Kuñja, em Godrum. Imediatamente ficou extasiado ao escutar uma canção de Babaji, a que havia sido composta por ele mesmo e possuía intensos sentimentos de amor. Mais tarde, Srila Prabhupada Bhaktisiddhanta escreveu esta canção e a distribuiu aos demais. Esta canção estava dirigida a Srimati Radharani e dedicada a Srila Radhunath das Goswami.
            Em sua visita a Sri Vrindavan Dham, em 1935, Srila Bhaktisiddhanta Prabhupada foi a Radha Kunda. Nesse tempo, para servir apropriadamente a Sri Vraja Mandal, começou uma reunião para pregar as glórias de Sri Vraja Dham, chamada Sri Vraja Dham Pracarini Sabha. Inspirados nesta associação e considerando o estado calamitoso do Dham (especialmente o Rio Yamuna), nós participamos na fundação da Vraj Vrindavan Heritage Alliance buscando envolver muito cidadãos.
            Srila Prabhupada era muito afetivo com seus discípulos e se soubesse que algum deles estivesse aflito por Maya, derramava muitas lágrimas. Ao confrontar quem tinha uma mentalidade demoníaca, era forte como um raio, mas em suas relações pessoais afetivas, seu coração era mais suave que uma flor. Se em qualquer um de seus maths algum de seus serventes tivesse que enfrentar alguma dificuldade devido à falta de dinheiro, Srila Bhaktisiddhanta Prabhupada se preocupava em solucionar este problema. Seu afeto não podia ser comparado nem ao de milhões de pais ou mães, se alguma vez seus discípulos se sentissem tristes ou miseráveis, logo que se sentasse próximo dele, desaparecia toda a tristeza graças à chuva de seu afeto ilimitado. Como descrever uma semelhante personalidade de forma apropriada? Pois vendo a seus devotos puros e sua conduta, podemos compreender que ele era um “raio de Vishnu” mesmo, capaz de nos salvar dos repetidos nascimentos e mortes.
            Assim, nos sentimos muito afortunados nesta revista e neste museu, e oramos a Srila Bhaktisiddhanta Prabhupada para encontrar as palavras adequadas para que as pessoas se apaixonem por ele e que possam apoiar a campanha para se alcançar algo para ele com pleno reconhecimento: um parque ou qualquer lugar em um espaço público que dê reconhecimento a sua contribuição neste mundo.
            Como estamos neste mês de maratona, também mandamos nosso abraço a todos os grandes servidores de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur que estão espalhados pelo planeta. Srila Prabhupada Bhaktisiddhanta ficava extremamente feliz quando um brahmacari distribuía uma ou duas revistas das que produziam nas impressoras. O que dizer de como ficaria feliz sabendo das imensas quantidades de livros que têm sido distribuídas por todos estes anos no planeta. Um processo que ainda não terminou e não vai terminar, porque seus livros são espetaculares para despertar as almas dormidas. Sendo assim, mando a vocês esta carinhosa bênção por parte de seu bisavô Srila Bhaktisiddhanta Prabhupada para seguirem estudando a filosofia e praticando a pregação e, por favor, não a deixem nunca em sua vida, a não se se encontrarem algo mais importante e se isso ocorrer, não sejam mesquinhos e avisem, por favor.
            Hoje estivemos em uma reunião da BVHA sobre o tema da limpeza e pudemos ver que os trabalhos de Vrindavan são bonitos e complicados. Esperamos que vocês possam ler este livro de Srila Prabhupada e logo a revista, e se apaixonem o suficiente pelo seu bisavô e também de seu avô, Srila Bhaktivedanta Prabhupada. Eu, pessoalmente, escuto o meu Gurudeva todas as noites e quando desperto e ele está ali pregando, me sinto a pessoa mais afortunada na Terra.
            Que Krishna os acompanhe sempre e me permita vê-los muito em breve para lhes entregar tudo o que temos recebido neste tempo. Em conexão com isso, quero oferecer meu carinho e agradecimento ao p. Vaishnava e ao p. Vidya Tirtha que têm produzido os “Sons que curam”, uma pequena tentativa de dar conselhos de alívio às pessoas em apuros, intercalando com música de diferentes tradições místicas que levantam o espírito. Todo este material está à disposição da Casa da Sabedoria, doentes, Oidaterapia, presos, ou quem que goste de escutar. São produções de 6 horas que podem manter em um só CD que também é um bom presente. Também se pode por em um memory stick e as pessoas podem escutar diretamente. A m. Vraja Bhumi, mãe de Caitanya dd do México, escutou estas meditações sem parar durante os últimos dias de sua vida. Agora chega a hora de experimentar em muitas oportunidades e acumular testemunhos das pessoas sobre o que aconteceu com elas.
            Por outro lado, quero contar sobre a experiência linda do primeiro encontro nativo, de muitas diferentes tribos da Colômbia e de outros países que tiveram lugar em Varsana Dham junto com os que construíram uma KIVA, um círculo de 13 metros de diâmetro ao lado do templo de Suas Senhorias Sri Sri Guru Gouranga Radha Vrajesvara. Este círculo tem 13 metros, está ao lado do nosso círculo dos trulys, o Santuário Vaishnava ao lado do Santuário Cósmico da Mãe Terra. Este grupo de nativos nomeou aos devotos de Krishna como uma das tribos originárias nativas devido a sua contribuição à Consciência Ancestral. Essa foi uma honra inesperada de receber tanto carinho e respeito por parte das comunidades nativas da América do Sul que nos dão uma grande boas vindas à comunidade e seu trabalho da proteção de mais de 100 etnias na Colômbia e América do Sul.
            Até agora nós pregamos principalmente aos “colonos”, os homens brancos que não luzem muito simpáticos aos nativos (porque são os descendentes de seus opressores e ainda os tem afastados). Assim, sua aceitação é um fato histórico e espero que possamos aceitar de uma boa forma, da mesma maneira em que se deu este evento, onde todos eles receberam toda a misericórdia do prasadam. Muitos deles admitiram que seus antepassados eram praticamente vegetarianos, logo, o prasadam conquistou a todos por igual. Uma coisa que me contou o p. Jayati é que todos os nativos circundaram Suas Senhorias Radha Vrajesvara e declaram Varsana como um santuário da terra, e não só isso, a KIVA está ativada para fazer cerimônias durante 4 anos.
            Por fim, desejo que tenham uma linda e saudável maratona para que as pessoas recebam suficiente amor por parte dos vaishnavas. Com estas palavras me despeço de vocês hoje da oficina de Vrinda Kuñja onde estamos muito animados nos preparando para a pregação que se iniciará logo quando as costureiras terminarem as vestimentas do “Maior drama da história”: um Kumba Mela Verde revolucionariamente consciente.
            Jay Srila Prabhupada.
            Seu sempre bem-querente,
            Swami B. A. Paramadvaiti.

domingo, 9 de dezembro de 2012


O que você quiser ter de verdade, terá com muito sacrifício

Vrindavan, Índia


“Pode-se dizer que a maldição da modernização nos colocou em uma vida muito artificial e que apesar das facilidades que nos oferecem, como por exemplo a deste chat pela internet, não podemos ignorar as precauções e contrariar muitos dos elementos horrorosos da nossa suposta civilização. O tema do chat é uma conferência que tenho dado estes dias e que gostaria de explicar por boas experiências e entendimentos que necessitamos nos acudir quando nossa autoridade espiritual se ausenta do mundo.”

            Muito queridos devotos, hoje estamos no chat da oficina de Sri Vrindavan Kuñja, esta oficina me traz muitas lembranças. O primeiro quarto onde se podia viver depois do quarto do pujari, este quarto recebeu sua Divina Graça Srila B. P. Puri Maharaj e Srila Babaji Maharaj, dois presidentes da Associação Mundial Vaishnava, dois devotos puros próximos de minha sannyas com Srila Sridhar Maharaj. Eles deram sua misericórdia a Vrinda Kuñja e ficaram 4 ou 5 dias aqui.
            Nesse tempo, Vrinda Kuñja se tornou um lugar de peregrinação por ter a presença destes dois devotos puros nesta oficina. Eu ainda preservo sua cama aqui, mesmo que eu não tenha usado o colchão que ele usou. Os anos são surpreendentes, pois Srila Puri Maharaj tinha 96 anos nesse momento e já faz 20 anos que ele deixou este planeta na idade de 101 anos. Assim, já somos veteranos, já ficamos um bom tempo por estas terras sagradas e a cada ano atraímos diferentes almas afortunadas para que conheçam o Santo Dham e quem sabe percam seus corações em Vrindavan.
            Chegar a Vrindavan sem dúvida é eternamente a meta, porque não queremos ficar eternamente na Colômbia, em Krankfurt, Buenos Aires nem na selva do Equador, apesar de neste mundo material haver alguns lugares muito bonitos. Imaginem então a beleza de Goloka Vrindavan, caso possam imaginar a beleza que deve ser um lugar sem perversão. Lembro de quando estávamos limpando as cachoeiras de Prabhupada no México, as mais lindas que eu já conheci perto de um templo, a cachoeira que está perto dos Vedas em Santa Marta é muito superior, principalmente os saltos que se pode dar de um nível ao outro. Mas lembro que no México nos dedicamos limpando estas cachoeiras e tiramos uma grande quantidade de lixo, isso me fez lembrar que este mundo não é o lugar eterno da nossa alma em nenhuma circunstância.
Pode-se dizer que a maldição da modernização nos colocou em uma vida muito artificial e que apesar das facilidades que nos oferecem, como por exemplo a deste chat pela internet, não podemos ignorar as precauções e contrariar muitos dos elementos horrorosos da nossa suposta civilização. O tema do chat é uma conferência que tenho dado estes dias e que gostaria de explicar por boas experiências e entendimentos que necessitamos nos acudir quando nossa autoridade espiritual se ausenta do mundo.
            Hoje mesmo fui ver a Sriji Maharaj, um venerável santo, acarya da Nimbarka Sampradaya que estava rodeado por uma grande multidão de devotos e seu rosto bondoso luzia uma gigante quantidade de anos que ele já viveu neste mundo. Eu lhe dei o chat da conscientização do meio ambiente em Vrindavan e parei para pensar que ele também não estaria para sempre neste mundo e que seus discípulos terão que viver em algum momento sem sua presença física. Nossa vida passa como um relâmpago e se pudermos fazer algo para cumprir com um serviço ao nosso Guru, seria uma maravilha, pois apenas com os anos não se resolve nada.
            Espero que este documento lhes sirva muito, pois de certa forma não podemos estar muito próximos ao mestre espiritual durante muitos momentos da vida e como estamos produzindo neste momento uma revista em honra a Srila Bhakitisiddhanta Sarasvati Thakur Prabhupada e também estamos produzindo um museu virtual e físico para apresentar melhor o nosso avô ao mundo. Realizamos que a presença de um vaishnava mais que tudo é no anseio de ter sua companhia, pois quantos discípulos não teve, que apesar de serem iniciados não se deram o tempo para ler a mensagem semanal de seu mestre espiritual ou estão pendentes para se renderem a algum serviço na verdade, melhor dizendo, não estão muito ansiosos para estarem com a gente, mesmo que estejamos no mesmo planeta, os que aceitaram o guru em algum momento porque pensaram que era alguma moda ou entusiasmo pelo prasadam e não pelos quatro princípios regulativos, nem por servir realmente um ideal com sacrifício pessoal. Claro, nós já somos muito felizes quando uma alma se torna vegetariana ou aceita responsabilidade para as suas atividades, ou o que dizer de quando um discípulo extático se dedica a propagar a mensagem do Senhor Caitanya e Seus Santos Nomes.
Como já disse, tudo isso depende do anseio que cada um sente individualmente, mas eu sim anseio pela segurança de levar todos a Vrindavan para que suas almas sejam refugiadas no amor eterno e não tenham que seguir vagando pelos mundos doentios, mas se nosso Senhor quer que sigamos aqui pregando, porque tudo o que Ele quer sempre é prazeroso. Em essência, a mensagem deste chat é: o que você quiser ter de verdade, terá com muito sacrifício.
Um abraço especial a todos os sankirtaneiros neste mês de dezembro. De Vrindavan com muito amor para todos aqueles guerreiros que saem para pregar dia a dia.
Uma nota importante, não se esqueçam do evento do dia 21, tem que fazer uma grande festa, com muitos tambores, um dia de kirtan e relatar seu kirtan. Esta parte é muito importante, tanto como o próprio kirtan, divulga-lo na página do kirtan com um vídeo. Vejam com os devotos para que filmem seu kirtan e o divulgue na página.
Srila Prabhupada ki jay.
Seu sempre bem-querente,
Swami B. A. Paramadvaiti.

domingo, 2 de dezembro de 2012


Ser agradecidos e aceitar
Vrindavan, Índia



“Separando-se pelas forças da grande mãe natureza como as ondas no mar que se unem e se separam para nunca mais se encontrarem com as outras, as almas no oceano turbulento das ações e reações se encontram, se apegam, se rejeitam e se distanciam.”


            Queridos devotos, recebam meu afeto de Vrindavan.
            Chegou a hora de pensarmos o que devemos fazer com nossa vida, porque esta vida está passando rapidamente, como a água de um rio turbulento que não descansa em nenhum lado, corre e corre até chegar ao mar; a água que flui em nossa vida é a água de nossas emoções e relações. Tantas relações tivemos nessa vida e tantas relações teremos, mas em um momento não poderá levar o melhor amigo, a mais linda mãe, a mais linda esposa, e as crianças não vão ficar. Separando-se pelas forças da grande mãe natureza como as ondas no mar que se unem e se separam para nunca mais se encontrarem com as outras, as almas no oceano turbulento das ações e reações se encontram, se apegam, se rejeitam e se distanciam. Há uma relação que transcende esta dualidade: “Existe algo que permita nos atar a uma realidade eterna e agradável?” Todos fazem esta pergunta mais de uma vez na vida. O que é seguro é o que você não tem, mas não é seguro o que se tem.
            Apesar de você ter uma existência segura, porque está se dando conta de sua existência tanto de dia como à noite, o grande sábio e devoto puro de Krishna, Srila Prabhupada, meu amado, respeitado mestre e Gurudeva, nos explicou com todo o seu carinho que todos nós somos filhos do mesmo pai eterno. Este pai eterno amoroso é o único que pode oferecer à nossa alma uma relação eterna dentro de Sua vontade e dentro de Sua morada. Ele deixou bem claro desde o início que nem sequer o melhor amigo que tenha pode ter quando partir.
Muito atados somos pelas relações de sangue que nos fazem sentir que há uma relação permanente, mas na verdade, o pai de sangue nem sequer é de sangue, porque no espermatozóide não há sangue. Nossa existência e nossa linhagem é uma linhagem de consciências intercaladas, uma com a outra pelo karma, não por sangue nem por espermatozóides que são apenas veículos, como sua alimentação. Ao comer uma batata ou uma couve-flor, não se torna uma batata nem uma couve-flor. Há muitos veículos neste mundo: veículos para receber imagens, veículos para perceber o tato, veículos do olhar de uma pessoa à outra, mas em todos os casos são veículos materiais, mas o que verdadeiramente nos conecta com as causas de todas as causas é que somos parte da causa, e estamos unidos a esta consciência pela consciência desta consciência.
Poderíamos dizer que nascemos pela graça de nossos pais, porque decidiram ter um filho e assim nascemos nós como receptores dessa vontade, e logo eles se sacrificaram para que pudéssemos ter fraldas, meias, sapatos, vestes, comida e muitas coisas físicas, mas o que me vinculou com meus pais foi seu desejo de ter um filho que me fez à imagem e semelhança deles. Por isso, quando se diz que estamos feitos à imagem e semelhança de Deus, é muito sensato. Não podemos gerar nem leões nem girafas, mas para o Criador produzir elefantes, leões e girafas não é difícil, Ele pode fazer o que Lhe der vontade, e Lhe deu vontade de que os filhos nascessem à imagem e semelhança de seus pais. Nossa relação com Deus e com nossos pais é que somos unidades individuais de consciência, e estas estão muito afim de se unirem, se unirem com o Senhor que não nos deixará abandonados nunca, porque a experiência do abandono e da separação, sim, dói muito... Dói e dói muito, mas sendo almas condicionadas, temos algo grande que não nos dá alívio na separação: que somos muito exigentes, pedimos mais dos demais do que queremos dar. Quando temos uma relação, sempre queremos tirar do outro de qualquer forma para se aproveitar da outra pessoa, por isso quando há uma separação forçada, as pessoas dizem que foi errada, preguiçosa e mentirosa, e se foi é porque tinha que ir. Conformamo-nos muito rápido com a partida de alguém, mesmo que em alguns momentos haja lágrimas de crocodilo ou de pena pelo morto.
            O metal fecha os olhos com inveja e cobiça, e nos faz esquecer do que não está, e que ele não gostaria que brigássemos. Somos maus companheiros porque não demos Krishna, o que ele merece, como o esposo que não dá à esposa o que ela merece, e a esposa que não dá ao marido o que ele merece, talvez façam uma troca, fazem um acordo na troca, mas o que merece o seu esposo, ou sua esposa, é ter um grande devoto dedicado, compassivo e que não peça o que não mereça. Como diz o Isopanisad, o Senhor Supremo está nos dando e nos recomenda a não ter o que não necessitamos, mas não é que pedimos mais do que necessitamos, mas muitas vezes pegamos sem pedir permissão.
Quando queremos dividir 100 entre 200 é difícil, pois só há um pouco para cada um, e um pouco não funciona e temos que aceitar. Tem que aceitar que cada unidade funcional é uma unidade abençoada, como o ditado: “Neste mundo há o suficiente para a necessidade de todos, mas não para sua cobiça.” Então, você vê que os ricos não se cansam da riqueza, sempre querem aumentar, e pior, quanto mais têm, mais medo eles têm de perder. O que não se tem não é assim, o que tem guardado para 100 dias de comida, quando chegam 40 dias e tem que trabalhar para repor, fica em ansiedade, então, os que mais têm, mais ansiedade têm. Há um ditado muito sábio que sempre me lembro quando penso em Srila Bhakti Raksaka Sridhara Deva Goswami: “Preocupe-se com o seu próprio negócio e se renda.” Minha rendição é me entregar à sua companhia, querido vaishnava, que o teu bhajan cuide de mim, harikhata e prasada que nos  mantêm apegados à grata companhia dos devotos, especialmente aqui em Yamuna Kuñja, onde o meu coração se estremece pela graciosidade de estar em frente a Yamuna Devi, onde muitos mendigos foram inspiradores do planeta inteiro sem se importarem com a mínima opulência deste mundo e dos prazeres ilusórios. Um deles cantava: “Sou pecador, luxurioso e não há em mim nada bom. Gopinath, que a presença de Seus pés de lótus descenda a esta alma. Talvez Você queira me dar maço se vir algo que não goste, assim este poderá ser meu último nascimento. Não quero por condições ao Meu Senhor, o que decida, eu aceitarei.”
O mundo material é muito forte. Encantaria-me encontrar com Seus pés de lótus para satisfazê-Lo inteiramente em uma relação eterna, porque sinto que o mundo material é uma grande fraude, não a muitos níveis, porque há almas muito fiéis, mas a fraude é exagerada, por isso eu decido que não quero nada mais por aqui e é algo que presenteio ao meu Senhor para que Ele disponha.
Todos estes anos em Consciência de Krishna têm sido uma grande misericórdia, mesmo os momentos de sofrimento, todos eles foram momentos de ensinamento importantes e bonitos, e de agora em diante lhes peço, queridos vaishnavas, que me permitam continuar cantando e lendo o Srimad Bhagavatam em suas companhias, levando o movimento de sakirtan, assim como vocês fazem, como estes grandes acaryas têm feito serviço para a salvação do mundo. Quem sabe quantas vezes passaram os santos por esta porta, pelo menos Sripad Damodar Maharaj e Srimati Pisima Mataji passaram por aqui. Por isso, fizemos suas Pushpa Samadhis aqui, porque eu os conhecia e sabia que eram muito queridos por Srimati Radharani. Tudo isso não é mais que misericórdia para aprendermos a ser agradecidos.
Muito obrigado, queridos sankirtaneiros, por nos acompanhar nesta bela viagem. Nos próximos dias faremos cerimônias de despedida para aqueles que partiram deste mundo durante este ano. Aqueles que desejam que seu ser querido participe desta cerimônia, mandem a foto ao email de Vrinda Kuñja com o nome e o detalhe da relação que teve com você – vrindakunja@gmail.com.

Muito afeto daqui com vocês em maratona de trabalho para participar desta maratona de dezembro da Índia.

Jay Srila Prabhupada!

Seu sempre bem-querente,
Swami B. A. Paramavaiti.