domingo, 16 de abril de 2017

O futuro da Missão Vrinda




“Confiemos, o amor e a confiança são a oportunidade”


Conferência de Srila Guru Maharaj Paramadvaiti Swami do dia 16 de abril de 2017 no Mela da Alemanha. Vídeo disponível em inglês no YouTube. Texto traduzido do espanhol.


Há muitas coisas que quero dizer. Alguém me perguntou: “Por que você está cantando tão poucos estes dias?”, a razão é que quero escutá-los cantar, e também porque vocês cantam mais bonito que eu. Creio que não é justo. Eu sei que por sua bondade não são de acordo, mas não podemos argumentar as opiniões sobre os gostos e a arte, e ao mesmo tempo eu tenho que confessar que gosto de cantar, e segundo, gosto de falar de Krishna e me sinto culpado porque sei que há muitos outros bons conferencistas aqui, há presidentes de templo e tantos jovens capacitados e eu sigo falando.

Sendo assim, minha mente também está muito ativa, estive trabalhando em muitas questões. Durante os últimos dois dias trabalhei na questão do futuro da Missão Vrinda, por isso, vou compartilhar. Não é o fim, há muito o que pensar e falar com todos os devotos. Mas, como veem, o destino básico é assim, estou seguindo o princípio de Srila Bhakti Raksak Sridhar Maharaj, que era muito inflexível que novos Gurus começassem novos templos, se houver mais mestres espirituais no futuro, isso quer dizer que teremos mais templos, segundo esta projeção. Não queremos pessoas sensatas brigando como ladrões, dizendo: “Isso é meu, ladrão, eu que trouxe” ou algo assim.

Srila Sridhar Maharaj nos contou sobre Yogapith e também sobre lugares como Radha Govindaji Mandir de Srila Rupa Goswami, e eles são parte de nossa sampradaya, mas é uma perturbação se alguém disser: “Este é o templo e eu sou o pujari e tem que ser meu discípulo, porque eu estou sentado neste templo.” Isso é algo que logo se chamaria de “Zona do Guru”, nós não acreditamos nisto.

A relação de Guru e discípulo é algo muito transcendental e ninguém deveria interferir nisso, praticamente. Há lugares como o Yogapith onde apareceu o Senhor Caitanya, este é um santuário para cada Gaudiya Vaishnava. E logo que Srila Prabhupada partiu deste mundo, Srila Sridhar Maharaj disse o mesmo: “Seus templos principais como Krsna Balaram e Mayapur não deveriam estar dominados por nenhum mestre espiritual em particular, deixe que os mestres visitem com seus discípulos e que contribuam, mas que ninguém se sente ali e diga ‘Este é o meu lugar agora’”.

Temos visto muita política deste tipo, até lugares grandes como Mayapur, lugares grandes. Porque um grupo diz “Ah, tem que ser discípulo de Bhakti Charu” e o outro diz “Tem que ser discípulo de Jayapataka Maharaj”, desta maneira, há uma rivalidade. Isso não encaixa nos lugares que Prabhupada abriu com muitos de seus discípulos. Até quando eu estive na Suécia, doamos para se fazer quartos lá em Vrindavan e em Mayapur, assim que quando muitas pessoas fazem algo juntas, não é justo que depois que o Guru desapareça alguém tente reclamar e dizer “Agora isso é meu e você pode gostar ou pode ir embora”.

Então, diante disso, tenho pensado muito, porque tenho muita experiência em ver missões Vaishnavas depois da desaparição do mestre. Vi que eu poderia escrever uma tese universitária sobre isso, pois vi o caso com Srila Puri Maharaj, meu próprio Gurudeva, meu próprio sannyas Guru, eu vi isso muitas vezes, então tenho uma ideia muito clara do que pode e não ser. Claro que eu estou percorrendo um caminho muito arriscado, o caminho arriscado é que eu confio em vocês para fazerem um bom trabalho, e se não fizerem, está bem, outra pessoa fará. Ninguém poderá restringir aos demais para que se desenrolem, é um sistema baseado no amor e confiança.

Eu estive na Suécia e Srila Prabhupada me escreveu uma carta em 1974, ele disse: “Você tem que decidir quem será iniciado, você me enviará nada mais que os nomes eu os enviarei e você dirigirá tudo por aí”. Eu era um jovem de 22 anos e eu tinha que decidir quem se iniciaria para recomendá-los a Srila Prabhupada, porque Prabhupada não esteve lá e assim era o sistema nessa época. Então, Srila Prabhupada fez muitas declarações revolucionárias, mas a essência de tudo é que necessitamos de pessoas que estejam tomando responsabilidades. Agora, o que isso significa? É a responsabilidade espiritual quando se dá uma aula, a responsabilidade espiritual é quando se adora a deidade, a responsabilidade espiritual é quando se recebe aos convidados na entrada do templo,  é quando dirige o ishtagosthi, é a responsabilidade espiritual e material quando for um tesoureiro e um contador, quando administrar dinheiro do templo. Sendo assim, há diferentes pessoas importantes na administração de um lugar consciente de Krishna.

Prabhupada mostrou que ele confiava em todos nós, e como confiava em todos nós, e como confiava tanto em nós, seu movimento cresceu de maneira muito incrível. Claro que também às vezes as coisas foram mal porque alguém não se comportou digno de confiança, mas Prabhupada não disse: “Alguém não foi digno de confiança, agora não confiarei mais em nenhum de vocês”, não, Prabhupada nunca tomou esta atitude, apesar de que poderia ter feito, mas ele sabia o que estava fazendo, ele dizia “Confiemos, o amor e a confiança são a oportunidade.” Há de tentar, até onde se pode chegar? O que conquistará? Então, estas são muitas coisas.

Eu me dou conta de que estou dizendo muitas coisas que para vocês são temas cujos nunca têm pensado, porque nunca estiveram nesta posição de ter que pensá-lo, pois quando uma Missão está funcionando de forma bonita, o Guru está presente. O discípulo nunca pensa duas vezes, só diz “Jay, Gurudeva! Jay, Gurudeva! O que quer que me diga, Jay, Gurudeva!” então, não há muito conflito nesta área, mas quando o Guru não está, e todo Guru se vai do mundo, isso sabemos, então a quem vai obedecer? Só alguém a quem ame e confie. Por isso deve encontrar essa pessoa que ama e confia e com a qual queira praticar Consciência de Krishna e é com isso que conseguiremos alguns ajudantes.

Agora, deve ter escutado em algum momento as famosas letras GBC, que significa Governing Body Commission, isso de fato vem de Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur e hoje há GBCs na ISKCON, em muitas Gaudiya Maths também há isso. Em nossa Missão o chamamos de CBA, Centro Brahmínico de Apoio, mas na verdade significa Centro Brahmínico de Proteção, de proteção da sanidade, de fato assim o traduzi aqui. Assim que, o que fazemos e temos começado é designarmos certos CBAs, todos os presidentes de templo e ex-presidentes de templo, também são CBAs, os sannyasis e as maharanis também são CBAs naturais, isso quer dizer que sua voz e sua votação sempre se considerará. Mas também temos alguns CBAs administrativos e estes CBAs administrativos são pessoas que sabem da contabilidade, administração legal, como fazer algo corretamente para que uma Missão não se prejudique por uns erros administrativos.

Durante os anos, tive muitos desafios administrativos e para fazê-lo bem, tem que ser muito envolvido e muito inteligente. Assim, que estes protetores brahmínicos poderão dar bons conselhos sobre a administração e também são dignos de confiança. Então, poderia-se dizer, se eu olhar por aqui, por exemplo, quantos presidentes de templo há? Levantem a mão – isso quer dizer que já são CBAs. Quantos ex-presidentes de templo há? Aí há mais CBAs. Estas são as pessoas que de fato estão prontas para tomar responsabilidades, estão cuidando da Missão e querem que funcione.

Temos todas estas pessoas, mas não precisamos de todas elas para tomar uma decisão, isso é o que mata o GBC na ISKCON. Eles têm muitos casos para atender e há poucos GBCs, só 24, e nunca têm tempo de escutar todos os casos. Então, quando tomam decisões, não estão baseadas em haver avaliado todas as circunstâncias, eu tenho uma experiência primária com isso. Assim, que nossos CBAs possam trabalhar entre 5 em situações normais. Em situações especiais, como comprar um edifício para Krishna, devem ter 9. Nove deles poderiam aprová-lo para que seja um consenso sério. Enquanto sobre vender, não queremos vender nada que pertence Krishna, a menos que haja um caso muito forte e todos automaticamente estejam de acordo, isso estaria em outro nível.

Então, aqui pensamos que os templos principais devem estar protegidos, devem estar protegidos para que não haja ninguém declarando que tem mais direito que outro. E como se faz isso? Como se conquista isso? Tenho uma lista de templos que estamos chamando de Ishtadevas da família Vrinda, que devem estar abertos para a adoração, a administração e o seva por todos os que não iniciam novos discípulos. Só quando nenhum discípulo capaz que seja iniciado pelo acarya fundador e seus sucessores se voluntariar, e que são submissos à opinião dos conselheiro do CBA, algum guru iniciador da linha se pode encarregar com seus discípulos. Pode haver algum lugar onde um Guru que esteja encarregado e há um templo onde é o único que está trabalhando nessa área, e esse templo se abriu há muito tempo, e dirão “Bom, você se encarrega disso, porque não há nenhum grupo se apresentando”, porque um grupo que se apresente também tem que ser o grupo que está dando doações para mantê-lo. Então, é algo assim.

Novamente, tudo o que estou dizendo é algo que escutei de Srila Sridhar Maharaj. Ele aconselhou isso a nossos irmãos espirituais da ISKCON, ele aconselhou que os templos principais devem-se manter abertos para todos, mas não seguiram seus conselhos e distribuíram os templos grandes entre eles, um com New York, outro com Mumbai, um com Vrindavan e então começou o problema. Logo tentaram mudar isso, mas nunca puderam corrigir a situação, logo, queremos evitar isso.
Radha Vraja Mohan em Vrindavan é um templo que tem que estar aberto para todos. Gouranga Radha Vrajesvara Ishtadev Mula Math da missão Vrinda, Radha Govinda Math no Chile, Radha Madan Mohan Math na Argentina, Radha Damodar Math no Peru, Radha Raman Math na Bolívia, Radha Vinod Math na Venezuela, Radha Syamasundar Math no Uruguai, Mahaprabhu Gandharvika Giridhari no Brasil, Radha Gopivallabha na Hungria e Gandharvika Govinda Sundaram em Berlim, estes templos estão na lista de não pertencer a nenhum acarya em particular. Isso quer dizer que estes templos, depois de minha partida, devem ter alguns acaryas que iniciem na região, ou qualquer solução que Krishna nos der. Todos podem vir e todos podem participar, e os que não estão iniciando podem ficar em Berlim e administrar como CBAs e fazer que este templo floresça.

Agora temos pequenas recomendações, isso levará um tempo para estudar. Eu vou ler só um  pouco:

·         Outras deidades podem ser adoradas e administradas por novos acaryas;
·         O ishtagosthi do templo e os CBAs podem eleger tal acarya que esteja de acordo em tomar a responsabilidade – no caso de minha partida. Depois eles poderão eleger o devoto local que esteja aí para cuidar das coisas;

Talvez eu já tenha dado indicações anteriormente, talvez não, assim, é essa a decisão. Mas não se pode designar a alguém como um acarya, os acaryas são autorrevelados. Pode dar uma indicação, mas quando alguém está se convertendo em acarya, primeiro, ele tem que aceitar este serviço e depois, outros têm que aceitá-lo como Guru. Isto é completamente voluntário, não se aplica nenhuma legislação a isso, senão acabaria com tudo. É algo que tem que nascer no mundo de Saranagati unicamente.

·         A adoração à Deidade deve seguir arcana. Com Deidades instaladas, pelo menos 5 pessoas deveriam se envolver voluntariamente na puja.

Como em Berlim, já temos um problema. Precisamos de mais pessoas para participar voluntariamente na puja. Essa foi minha condição há muito tempo para instalar Deidades em Berlim. Eu quero ver mais participação da comunidade, senão não é um standard muito alto, porque uma pessoa simplesmente não pode fazer algo sozinha. Acaryas, sannyasis, maharanis e presidentes, além dos administradores CBA, tomam decisões importantes que requer uma maioria singular de sete CBAs. E dos 7, pelo menos 5 devem ser protetores ativos da família. Preferimos ter pessoas que estão ativamente envolvidas como Radha Vrindavan Chandra, ela é uma protetora ativa, ela se encarregou da administração em Berlim, o que anteriormente era algo muito desorganizado, ela converteu em algo no qual temos números claros e sabemos o que está acontecendo em Berlim. Ela e Satyavati têm feito um bom trabalho.

Em nossa Missão temos muitos CBAs estabelecidos anteriormente, eles são Krishnananda Acarya Mrganath Acarya, Atulananda Acarya Maharaj e também há muitos sannyasis que são ativos e também são CBAs e as maharanis. Temos também alguns pilares especiais, como Pancatattwa Prabhu que tem administrado nossa oficina nos últimos 30 anos sem parar. Não sei como mereci um secretário assim, que nunca deixou de fazer seu seva, apesar de muitos desafios.

Então, temos algumas novas missões que estão saindo. Novas missões significa meus sannyasis que receberam as bênçãos para começar novas ramas da família Vrinda, como Giri Maharaj que começou a missão Bhaktialok na Argentina. Pertence a Vrinda, mas simultaneamente é igual e diferente. Isso significa que ele também está dando Harinam.

Novos membros do CBA recebem um treinamento e têm que passar 3 anos neste treinamento para estarem aceitos como membros completos do CBA. Queremos ver como trabalham, se confia neles. E algo muito importante, o membro do CBA não entra ao templo como uma autoridade, entra como um amigo, um amigo do presidente do templo. Mas tem permissão de entrar em cada departamento, assistir todas as reuniões, falar com todos os devotos, não há segredos diante dele, mas ele ou ela entra como um amigo e pode ver se o templo está bem administrado ou não. Se vir que não está bem administrado, eles ajudarão a que se administre bem através de dar sugestões e adotar serviços que são requeridos. Os CBAs são almas muito rendidas que realmente estão se preocupando pela pureza da missão. Mas como disse, eles não entram como uma autoridade, entram como um amigo, essa é a grande diferença com o GBC da ISKCON.

Os GBCs da ISKCON entravam como a máxima autoridade, muitas vezes nem conheciam os devotos que estavam ali, não conheciam a comunidade local, mas era a autoridade maior e tomavam umas decisões esquisitas e iam embora. Assim, que o CBA devem ser pessoas que estão vivendo ali e têm alguma ideia do que está acontecendo. Também são retificados, em outras palavras, o presidente e os devotos locais podem eleger quem quer ter como CBA em sua área. Não é imposto, é um amoroso e transparente trabalho em equipe. O grupo CBA são conselheiros da administração, centro de retificações brahmínicas. Todos os ritvik gurus que são exitosamente queridos, podem se converter em diksa gurus e abrir novos projetos. Eles têm que saber a filosofia vaishnava.

Gurudeva Atulananda e eu temos nos perguntado qual é o futuro desta missão, apesar de que nossa missão não é muito grande, é muito ampla. Parece maior do que é, mas como damos tanta liberdade aos devotos, não é um exagero que tenhamos 200 centros onde está sendo realizado algum tipo de pregação. Agora, 200 centros às vezes saem de nossa visão, sobretudo quando falam diferentes idiomas e estão em diferentes países ao redor do mundo.

Portanto, Gurudeva e eu decidimos nomear ritivik acaryas que possam realizar iniciações de nossa parte quando falta muito tempo para nossa chegada. Quem são estas pessoas? Pois nós as elegeremos, elegeremos segundo onde tenhamos a maior confiança que possam fazer. Eu nomearei alguns deles agora mesmo, Krishna Vilas é um deles, ele pode eleger se alguém está pronto para a iniciação, e se quiser dar iniciação de minha parte, poderá fazê-lo. Este é um exemplo. Os sannysasis podem fazer isso, pessoas que estão conscientes e que estão participando da missão, e que têm ganhado a confiança. Pati em Munique (Patita Pavana Das), ele pode fazer isso. Não tem que aplaudir agora, só estou dando uma ideia, certo? Estou dando uma estrutura e do que está acontecendo. É nomear pessoas poderosas em diferentes partes, que também têm que ser reconhecidas como especiais. Porque se não se reconhece ao ritvik acarya como alguém especial tampouco estará muito feliz.

Então aqui, Krishnananda Acarya é um acarya, mas também de minha parte, Svarup pode fazer isso. Ele está muito estabelecido em sua forma de ser, assim que, para que alguém possa fazer isso, não é só que eu o nomeie, ele também tem que estar de acordo. Além disso, também elegerei algumas madres para fazer esse seva em nossa família, porque eu sigo o princípio de que não somos este corpo, e sigo o princípio de que em nossa linha, grandes mulheres têm feito grandes sevas. Elas têm demonstrado tal critério que muitas vezes têm salvado a missão.

Isso é algo muito importante para decidir, quem pode fazer tal coisa, que possa ter esse sentimento e também quem está dedicado sem parar à comunidade local, esse é outro critério. Tem que fazer uma grande quantidade de dedicação e critério. Penso em alguém como Lalita Madhava, ela é uma pessoa muito apta, sobretudo para dar refúgio às mulheres quando vêm. Isso se tem que administrar pessoalmente dentro da comunidade, mas enquanto eu viva, vou estar pendente e vou ver como funciona. Só estou explicando este sistema. Durante uma de nossas viagens, Gurudeva Atulananda e eu elegemos 60 pessoas entre madres e devotos para fazer este seva. Oficialmente não lançamos esta lista para todos, é um trabalho que fiz nos últimos dias e vocês são os primeiros a escutar isso.


Seu sempre bem-querente,
Swami B. A. Paramadvaiti.