“As crianças são realmente incríveis,
porque elas vêm para nos ajudar, elas vêm porque são presentes de Krishna,
porque através deste presente podemos entender que temos que mudar, através
deste presente deveríamos recapacitar nossa posição neste mundo, porque nós
mesmos somos como crianças que também necessitam ser protegidos, também
necessitamos ser iluminados, também necessitamos ser aceitos e cuidados com
ternura, isso é o que necessitamos, e justamente isso é o que dá o mestre
espiritual, nos dá ternura, amor e cuidado.”
Queridos devotos. Hoje quero dizer a vocês algo muito
importante, e isso é a alegria das crianças. As crianças são o maior presente
de Deus, porque elas são indefesas e dependem de sua plena sinceridade e
iluminação. Se você mesmo andar na escuridão, qual luz vai oferecer?
Eu sei que todos somos muito envolvidos no tema das
crianças, porque todos somos crianças. A verdade é que nós nunca deixamos de
ser crianças, somos crianças diante de Deus, sempre somos crianças. Ser criança
significa estar disposto a aceitar que eu dependo da rendição, porque nos seis
princípios da rendição é que tomo a atitude de “Krishna, Você tem que me
proteger.”
Ser criança é muito bonito, porque se atira nos braços
das mães, fisicamente, mentalmente em todo sentido se faz dependente do que
você der. Tão grandioso e tão bonito que é o homem que em sua psicologia
natural se chama “o instinto de se sentir protegido” e é incentivado através de
um certo grito. Mas o dinheiro sempre está ao nosso redor e em nossa mente, 30
milhões de dólares por todos os lados, essas são as coisas que regem e governam
nossos conceitos educativos. Somente quando a pessoa seja agradecida,
compassiva e disposta a compartilhar, somente nesse tipo de mentalidade que é
um tipo de espiritualidade, pode entrar em sua cabeça outro tipo de conceito,
porque na mentalidade absorta, segundo a Oída Terapia, a única coisa que
entraria na cabeça seria quanto tenho que pagar para chegar ao céu. Mas em uma
mentalidade espiritualista tão calculada que praticamente carece de
sensibilidade, as crianças são nossos exemplos de agradecimento e compaixão. As
crianças são realmente nossos mestres de sacrifício.
Se nós estivermos dispostos a seguir estes mestres na
forma de crianças, então seremos sacrificados, bem animados, compreenderemos
que a vida espiritual é um remédio da alma, simplesmente um presente onde
podemos apreciar as crianças encarnadas com a nossa mentalidade. E é aí onde
entra a grande necessidade da fé na educação, se nós não fornecermos às
crianças um tipo de educação que faça a elas potencialmente místicas,
agradecidas e compassivas; se não fizermos isso, então nós somos cruéis com
nossas crianças. Isso garante, infelizmente, que a maioria das crianças não é
educada.
Nossa cultura humana está falhando com as crianças, devemos
nos dar conta deste conceito, a este agradecimento. As crianças são realmente
incríveis, porque elas vêm para nos ajudar, elas vêm porque são presentes de
Krishna, porque através deste presente podemos entender que temos que mudar,
através deste presente deveríamos recapacitar nossa posição neste mundo, porque
nós mesmos somos como crianças que também necessitam ser protegidos, também
necessitamos ser iluminados, também necessitamos ser aceitos e cuidados com
ternura, isso é o que necessitamos, e justamente isso é o que dá o mestre
espiritual, nos dá ternura, amor e cuidado.
Por isso podemos dizer com o fato de alimentar bem as
crianças, vesti-las bem, não significa nada, isso é o básico, comum e atual.
Obviamente o pai tem que alimentar aos seus filhos, a pessoa que nem sequer
ajuda para que os seus filhos tenham comida já que a sua presença neste mundo
não é essencial. Já se pode ver encaminhado a destinos piores para haver a
reação por suas ações, assim como dizem no Equador: “Se não vive para servir,
não serve para viver”, e se alguém não está disposto a servir aos seus próprios
filhos, se não se esforça por eles, já é descartável, é material que sobra. É
pesado dizer isso, mas essa é a mina opinião sobre isso. Porém, o dever dos
pais não é só o de dar comida, o dever dos pais é que deem amor aos filhos,
deem espiritualidade, deem rendição, deem fé, deem coisas importantes.
Praticamente, o que dão os devotos aos seus filhos é algo
de muito valor, é tão incrível que nem se pode imaginar, porque se você der
amor a alguém, esse amor se reproduz e multiplica, e é por esse lado do amor
que nós vamos crescer espiritualmente. Se você quiser crescer, cresça com os
seus filhos, cresça com o amor por seus filhos, cresça com o seu papel no mundo
como um grande servo, porque para um devoto, todos são como filhos, o devoto
não tem preconceito com a raça, por se tem dinheiro, pela cor da pele, mas
todas essas diferenças que se faz a um nível chamado “novidade”, são totalmente
ignorância, e quando se quer avançar espiritualmente deve fazer tudo possível
para que todos possam alcançar o máximo benefício, porque na realidade, todo
tipo de mentalidade de discriminação é exatamente a causa da nossa ignorância.
Krishna ama a todos e isso é a primeira coisa que tem que entender.
No Bhagavad Gita, Krishna diz:
“Krishna ama a todos, Krishna Se vê em todos, e desta
forma, você pode ver que todos somos uma grande família, o que em todos Me vê,
nunca estará perdido.”
Desta maneira, as crianças são uma experiência muito
grata e muito bonita, porque são como nós ante Deus, ante o Senhor Supremo. Quem
somos nós? Nada conhecemos, nada sabemos, somo todos muito dependentes e muito
pequeninos, e se formos com o Senhor Supremo, receberemos uma grande
misericórdia, sempre teremos este dever espiritual, onde temos que dar às
nossas crianças o melhor e temos que dar a todo mundo o melhor, temos que dar
amor, amor, amor, amor, amor, amor por Krishna, amor pelos devotos, amor por
Radha, amor pelas Deidades, sempre amor, isso é o que temos que fazer, não há
nada mais importante que isso.
Então, isso são as crianças, nossos mestres espirituais
que nos exigem qualidade, as crianças não estão para que nós demos coisas de
segunda qualidade, de segunda consideração, todas as crianças automaticamente
merecem de seus pais o melhor que eles têm. E o que é o melhor que você tem?
Srila Prabhupada é a melhor coisa que temos, Sri Krishna é a melhor coisa que
temos, nós temos muitos tesouros recebidos de Prabhupada, isto é o que se deve
dar às crianças, se você não der às crianças os livros de Prabhupada, não terá
lhes dado nada. Possivelmente quer mandá-las a Oxford, mas se não tiver lhes
dado os livros de Prabhupada e conhecimento, então não terá dado nada. Por isso,
o Ashram é uma grande escola, porque o templo é muito lindo. Tem que lhes dar
maturidade na vida e tem que acompanhá-las com a maturidade que for adquirindo
e o manejo apropriado de sua vida, caso contrário, elas vão dizer: “Você como
pai não pratica o que prega, você está desqualificado.”
Eu conto minha experiência pessoal, eu efetivamente rejeitei
o meu pai por sua incongruência entre palavra e ação. Isso para mim era
inaceitável e eu disse que se ele fosse tão incongruente em relação aos
cigarros, com o restante tampouco eu acreditaria. O meu pobre pai perdeu o seu
aluno, eu nunca mais, dali em diante, lhe dei mais atenção, internamente ele já
não era o meu mestre e ele se deu conta disso um pouco antes de falecer. Se isso
acontece com você como pai, pode-se dizer que é o pior fracasso da vida, se o
pai deixa de ser o mestre de coração de seu filho, é a pior das coisas. É como
se o seu filho dissesse: “Tudo o que me deu até agora é muito interessante, mas
agora devo buscar um mestre que saiba bem das coisas, porque você nem sequer
sabe bem o que está dizendo.” Que insulto. O pai ficou mais desmoralizado, eu
agradeço ao meu mestre espiritual, porque eu estava sem pai, depois que isso me
aconteceu, eu tinha alguns professores na escola e eu os levava a sério, até
que via suas falhas e os perdia também, um após o outro se desqualificava. Aos sacerdotes
também os desqualificava, no fical eu não tinha mestre, eu andava pelo mundo
decepcionado com todos, eu dizia: “O que querem me dizer? Querem me contar suas
mentiras, mas ainda bem que não preciso delas.” Estava deseperado, triste e
orava, porque não podia encontrar um pai de verdade, e por isso eu sou
propriedade dele (Srila Prabhupada), porque ao ter mestre, nos tornamos
propriedade dele. Porque o conceito da verdade não perde impacto, não sai da
moda, quando algo é verdade, quando algo é importante, tem que aceitar e pedir
ao mestre espiritual para que seja o seu guia por toda a vida.
Se eu comparar Srila Bhaktisiddhanta Saraswati com Srila
Prabhupada, é uma comparação muito interessante, de certa forma. Srila
Bhaktisiddhanta Saraswati tinha um certo estilo mais eloquente do que
Prabhupada, sem dúvidas, na prática, o que Srila Prabhupada explicava estava
próximo e incrível para o homem ocidental. Conhecia tudo sobre o mundo
ocidental e enquanto Srila Bhaktisiddhanta Saraswati explica as coisas muito
abstratas, simplesmente não entendia, eu me atrevia a ler os livros de Srila
Bhaktisiddhanta Saraswati porque, já que eram temas elevados, então isso não
era para o mundo ocidental, isso sim tem que entender com os pés no chão, mãos
no coração e disposto à ação.
Nós não somos capazes de entender coisas mais elevadas,
talvez em algum momento Prabhupada nos revelará algo, mas melhor não se sentir
muito avançado, sinta-se neófito e siga estudando o Bhagavad Gita, Srimad
Bhagavatam, faça muitos serviço, e em uns 30 ou 40 anos espero te ver com a japa
na mão e ainda servindo aos devotos e não em um café bohemio com os seus longos
cabelos e especulando sobre Bhakti confidencial. Por isso, nunca diga: “Por
favor, eu não quero viver com os devotos”, e nunca diga que não quer cantar
Hare Krishna, é possível que às vezes você não possa por causas justificáveis,
mas efetivamente o destino dos devotos está nos Ashrams, as madres e os
sannyasis são peregrinos no templo, não somos indivíduos em mansões, isso é uma
farsa da vida onde queremos nos sentir bem. Se no final da vida não nos
lembrarmos do Maha Mantra, isso seria a coisa mais grave de tudo, por isso
Krishna fez por misericórdia o Maha Mantra curtinho, se fosse algo muito longo
haveria muito pouca chance de sair do mundo material.
Esse é um encontro com a essência, mas obviamente o
encontro com a vida espiritual não está resumida no cantar do Maha Mantra, por
isso me animo em compartilhar com vocês a educação com nossos filhos. Aqui a própria
psicologia de como cuidar das crianças é a mesma de cuidar dos homens e todos
devemos cuidar desta bela flor que está dentro de nós. Com estas palavras me
despeço.
Um abraço de coração a todos.
Jay Prabhupada.
Hari bol.
Seu sempre bem-querente,
Swami B. A.
Paramadvaiti.