domingo, 31 de maio de 2009

Chat de Domingo - 31 de maio de 2009

Queridos devotos, saudações desde La Paz, Bolivia. Ontem inauguramos o Shanti Dwip com a visita auspiciosa de suas Senhorias Sri, Sri Radha Raman. Ironicamente esta cidade se chama La Paz.
Shanti Dwipa se chama a Ilha de La Paz. O lema da entrada, quando se chega a nosso santuário, Shanti Dwip, Ilha de La Paz, é não retroceder nunca.
O panorama de Shanti Dwip é impossível de descrever com palavras simples. A Cordilheira de Hachatatas, ou Grandes Padres é tão impressionante e ficou muito aumentada devido ao reflexo que tem no Lago Titicaca. É relativamente fácil chegar a Shanti Dwip de La Paz: é só dirigir-se até o Estreito de Tekina aonde carros, ônibus e pessoas são levadas. Os ônibus e pessoas atravessam por um método artesanal, manejado por pessoas locais.
Essa área também é muito conhecida pelo junco que se produz no Lago Titicaca, conhecido como “totora”.
A totora é tão impressionante que os indígenas chamados Urus, construíram povoados inteiros com totora e vivem praticamente flutuando sobre a água. Isso tudo está próximo de Puno, no lado peruano do Titicaca.
Aqui do lado boliviano, fazem artesanato com totora, inclusive barcos que já cruzaram o Oceano Pacífico. Contiki tornou-se mundialmente famoso.
 Shanti Dwip é uma ilha de aproximadamente 8.000 metros quadrados, que pode ser visitada tomando-se um barco no Estreito de Tekina, ou cruzando-se até a mesma península. Dali se caminha durante 30 minutos pela riviera do Titicaca, até chegar ao pequeno povoado de Camachachi, aonde se pode embarcar com Ernesto, que tem uma pequena casa em frente ao porto. Ou se tiver sorte, poderá encontrar com algum residente do Lago com um barco de totora.
Cruzar o dique de Camacachi até o dique em Shanti Dwip leva remando, 15 minutos. Em Shanti Dwip tudo é feito de totora. Os trulys, a cozinha, os banheiros, a decoração, o altar, os móveis e até se come a totora. Shanti Dwip é um lugar para meditações profundas. Aqui se pode sentir como um pequeno filho da Terra Mãe, totalmente dependente de sua bondade e abundância. Esta pequena ilha também deu fama ao Lago Titicaca.
A ilha do Sol, aonde se diz ter aparecido o primeiro Inca, Manco Cápac e a Ilha da Lua, são muito conhecidas e visitadas por pessoas do mundo inteiro. Também nossa pequena Shanti Dwip tem muros que contam sua história incaica. Ainda que ultimamente não tenha sido habitado e por sua escassa opção agrícola, a ilha é formada por bonitas rochas, muitas plantas medicinais e várias planícies de onde se pode ter um panorama de 360 graus, coroados pelos picos nevados, de Limani até o Illampu, todos coroas dos Andes, que chegam a quase 6.000 metros de altura.
O programa dos devotos de La Paz, Bolívia é receber os tours de Yoga Inbound e os renunciantes sannyasis que viajam pelo caminho dos Incas, de Cuzco até La Paz, para compartilhar com todos eles uma experiência definitivamente única em seu gênero. Shanti Dwip é um santuário para meditar, estudar, purificar o corpo com jejuns e dietas cruas e para o futuro, planeja-se fazer um Temascal, para aproveitar os extremos do frio e do calor, par nossa purificação.
O banho no Titicaca é bem refrescante. Depois de um banho, é possível sentir-se como se tivesse renascido. A ilha oferece bom acesso para realizar todas essas atividades. Atualmente Bhaktivedanta Kesava Maharaj, com seu entusiasmo de sempre, construiu dois trulys de totora, que oferecem um maravilhoso refúgio e são o início de um complexo de cinco trulys. Obviamente não há eletricidade na ilha, mas a ilha está rodeada de água potável o suficiente. As facilidades para banheiro são ao estilo seco, para servir nossa Mãe Terra.
Foi uma grande alegria receber Tapasvi Maharaj e Sraman Maharaj na inauguração. O panorama desta área do mundo dos vaishnavas é muito bonito. O último destino que visitamos, Cuzco, também estava cheio de atividades de serviços dos vaishnavas para o crescimento das pessoas. Atreveria dizer que quem ainda não viu esta parte do mundo, quem não viu as belas pessoas que aqui vivem, é como alguém que durante toda a vida ingeriu alimento químico com pesticidas e não saboreou a comida orgânica, natural, saborosa, deliciosa e saudável da Mãe Terra.
Uma certa inocência foi preservada. Um entusiasmo e um respeito que seguramente, com a receita de Srila Prabhupada de Maha Prasadam e do cantar dos Santos Nomes, aumenta ainda mais. Aqui se encontram diferentes culturas, a vaishnava da Índia, a mestiça, subproduto da colonização e a autóctone local ou o que restou dela. Mas nós não queremos viver no passado. Queremos viver na realidade, em nossa identidade como dependentes da Mãe Terra e aspirantes servidores de Sri, Sri Radha Raman, o benquerente de todas as entidades vivas.
Como conseguir que as pessoas possam descobrir a superioridade de viver sem violência? Descobrir que as antigas tradições védicas, muito semelhantes às tradições incaicas, a propósito, costumes aimarás e quéchuas, têm muito a oferecer ao padrão da vida atual e solucionar os problemas que o mundo enfrenta atualmente.
Que feliz nos sentimos no caminho quando encontramos próximo a Águas Calientes – que são uns incríveis banhos termais à 4.000 metros de altura– um grupo de centenas de mulheres indígenas com sacos nas mãos. Ao perguntar-lhes por que estavam reunidas, disseram que era uma iniciativa das mulheres de fazer a limpeza e que estavam recolhendo todo o lixo que os turistas atiravam dos carros. A modernidade e a cultura campestre antiga estão em contínuo conflito. Na realidade, o que Srila Prabhupada nos trouxe é um tesouro extraordinário: descobrir a alegria de viver de maneira muito simples. Chamamos isso de gozo superior. Um prazer que não exige nem álcool nem drogas para sentir o êxtase.
Devemos ser agradecidos com o que temos e aceitar-se exatamente como somos. Essa opulência de sentir-se feliz sem recursos e sem sofisticações vem da consciência transcendental. E essa aprendizagem é a principal mensagem de Shanti Dwip. Viver sem televisão e sem a busca desesperada por se divertir no mundo sensual e carnal. Através da Mãe Natureza podemos sentir aqui uma amostra gratuita do infinito.
Shanti Dwip é um lugar de preparo e obviamente não é um lugar que queremos povoar, mas sim para uma experiência privilegiada. Somente de ter estado lá por alguns dias para encontrar-se consigo próprio, com o propósito de sua vida, apreciando os presentes do infinito. Por natureza, somos seres sociais e formamos famílias e comunidades, justamente algo que se torna difícil pela competência egoísta do mundo moderno. E esta Ilha Shanti Dwip cumpre uma função como também os ashrams, os santuários que não estão contaminados pela noção da propriedade privada. Podemos recordar aqui que tudo pertence a Deus. E somos recipientes de Sua Graça. E que mais vale aprender a comportar-se bem, harmonizar com o meio em que vivemos, os animais e a vontade de Radha-Raman. E logo saímos dos santuários para levar seu espírito a outros lugares e a outras pessoas para criar novos santuários.
No devemos ser consumidores, mas devemos aprender a tornar-se nossos contribuintes.
Se nossas comunidades têm um propósito primordial que é ensinar às pessoas do mundo que tudo pertence à Narayan, o legítimo esposo de Lakshmi Devi, a deusa da fortuna, e que todas as belas mulheres pertencem ao infinito encantador das almas e a nós pertence escassamente o dever sagrado de proteger nossas esposas e nossos filhinhos com o suor de nossas frontes. E que aí termina nosso direito de ter algum tipo de desfrute sexual, a menos que desejemos novamente aprofundar nosso endividamento com o mundo carnal que nos levará a nascer em múltiplas formas mais adequadas para uma sensualidade irresponsável ou sem consciência superior. Pense nos sapinhos, amigo. Eles desfrutam a vida sexual e podem ter anualmente milhares de filhos. Qual ser humano poderia comparar-se a eles?
Mas o ensinamento mais profundo de todo o Shanti Dwip, da Ilha de La Paz, é a futilidade de nossos egos tontos, que nos mostra o quão pequeninos somos olhando o céu à noite, co seus milhares de estrelas. O reflexo da lua na cordilheira. Esse ego que sempre trata de nos fazer sentir que somos superiores aos demais e com o direito de fazer o que queremos, ou pensando que somos criadores com os pequenos talentos que se manifestaram em cada um de nós.
No santuário aprendemos o quão gloriosos são os preceptores do amor e que o mestre original supremo do amor é o único que dá sentido à nossa existência. Amá-lo em tudo e em todos é algo que sua forma universal de Shanti Dwip reforça em cada alma meditativa. Uma experiência inesquecível, curativa. E esses preceptores do amor sempre estão dispostos a entregar-lhe o presente de tornar-se mensageiro Shasqui para correr e levar a mensagem aonde quiser e que necessite ser recebida.
Os grandes professores, mestres, gurus, servidores da verdade chamados entre os Incas de Amautas, são aqueles que convidam a agradecer pelo seu grau máximo de evolução. Esse convite perene se repete de tempos em tempos e deve ser hoje repetido pelo testemunho de sua língua, se quiser cumprir com o convite. O coração que abraça a mensagem de Shanti Dwip se torna outro Shanti Dwip.
Om Shanti Om, não pode haver paz sem a verdade. Om Hari Om, a verdade é a encantadora infinita, o ladrão de corações, Hari. Somos definitivamente pequenos e sempre o seremos com submissão e devoção, até o infinito este pequeno e insignificante ser pode tornar-se de importância máxima. Quem anuncia a verdade torna-se importante de verdade. Quem renuncia ao capricho, à especulação e à frivolidade pode tornar-se um mensageiro da verdade.
Você não pode especular em Shanti Dwip porque o impacto do que você percebe por teus próprios olhos, a energia que pode sentir em teu coração, deixa uma mensagem fora de dúvidas: somos muito pequenos e somente por graça do infinito podemos cumprir com nossas tarefas. Sankirtaneros, mensageiros de sabedoria védica, levem estas mensagens com toda a humildade e jamais se sintam donos da verdade. Esta é a mensagem de Vilcanota, do rio sagrado dos Incas. Do vale sagrado aonde Sradhavan te espera. E Shanti Dwip do lago sagrado Titicaca e do yoga monastério da montanha sagrada Ushumashi, de Coroico, Bolívia e de todas as almas que abraçam esta mensagem de amor.
Claro que aqui não termina nossa peregrinagem, mas bem ali nos inspiramos para continuar e logo chegar pelo caminho do Inca pelas mais belas montanhas e lagos até que descendemos a Goura Mandala, o santuário do Vale Del Lluta, na fronteira do Chile com Peru, aonde, em circunstâncias adversas no cenário desértico, um santuário de amor aguarda para nos receber. E logo ao sul do Chile até a Argentina, Nova Vrindavana e até Vrinda Bhumi no Brasil, em todos os lugares a formação de comunidades espirituais é a tarefa que Srila Prabhupada nos deixou. Formar comunidades sem engano, sem hostilidades nem egoísmos. Comunidades de amor, o yoga do encontro com Deus em serviço desinteressado, a revolução naturista, a revolução do amor, a revolução da colher e os ensinamentos dos mestres que nos acompanham a cada passo e o alimento abençoado que nos nutre diariamente dando-nos força para continuar. Alimento do sagrado compartilhar de nossos irmãos do resto do mundo.
 Prema Ananda, Eka Chakra, Sarangati em La Serena e o Yoga Monastério Imli Tala aos pés da montanha sagrada no Vale de Elki, Mamayuca. O vishnu priya ashram Krisna Gopal, todos esperam que você, peregrino, passe por lá para compartilhar sua energia para fazer os santuários ainda melhor com sua participação. Os santuários não são museus para contemplas fósseis com mentes fossilizadas. São centros dinâmicos de rendição da vontade e passes de nossa identidade verdadeira para a realidade que clama por nossa participação. Mas finalmente chega nosso caminho nesta trajetória ao templo de Radha Damodar no Eco Truly Park, aonde a arquitetura orgânica e as mil maravilhas da comunidade espiritual, alcançaram uma bela contribuição – estilo piloto – para a comunidade que deseja preservar e cultivar tesouros dos sábios. Lá, em poucos dias vamos nos reunir novamente para tratar de colocar mais um granito, mais uma pedrinha nos cimentos de uma nova esperança para as pessoas cansadas da luta desleal, projetado a todos pela luxúria e inveja do mundo.
Rapidamente nos veremos, irmãos peregrinos, pelos caminhos do Senhor. Vrindavan, o jardim ecológico em Ecuador Baños, ou os múltiplos santuários da Colômbia. Verdadeiro crescer significa isso: lutar pela causa do bem estar comum e não pegar um pedaço de terra e reclamar falsamente que é meu, mas ao contrário, é criar esses espaços sagrados aonde todos serão bem-vindos para chegar e treinar para levar amor.
Agradeço muito aos peregrinos que se apóiam na pureza deste santuário e àqueles que levam sua mensagem sem fanatismo nem sectarismo até as escolas e universidades, ou visitando cada povoado e aldeia do mundo, como Chaitanya Mahaprabhu havia prognosticado, para que este baile amoroso, este mantra salvador de nossas almas Oh meu Senhor deixe-me ser um instrumento de Seu Amor, jamais seja ofuscado pelo clamor de nossos egos envaidecidos pela má companhia daqueles que ainda tratam de ser felizes desafiando as leis da natureza material e vivendo a ridícula existência da competição por aquilo que nunca foi nosso e que nunca será. Aqueles que são torturados pelos insaciáveis desejos de ter o que não lhes pertence e que não conhecem nem sequer o que significa a palavra Shanti, ou paz. É para eles que prescrevemos uma visita de cura a Shanti Dwip, a Ilha de La Paz, no Lago Titicaca, na companhia dos peregrinos ou da energia da Mãe de Deus.
Vrindavan é um estado de consciência. Mas a Virat Swarupa, a forma universal do Senhor é uma representação palpável do infinito poder de Deus. E o lago sagrado e os santuários sagrados nos permitem sentir a ilimitada misericórdia que existe para cada um de nós quando somente queremos abrir nossos corações a ela, dispostos a deixar de ser exploradores e indiferentes, mas sim dedicados com tudo o que podemos e tornar-nos parte da solução. Neste caso, a solução de como manifestar exemplos intactos, limpos e bem administrados daqueles que embarcaram no caminho de volta para casa, decididos a deixar a loucura do egoísmo para trás de uma vez por todas. Aqueles que estão dispostos a enfrentar as múltiplas dificuldades que o impedem de seguir este caminho. Que querem parar-nos e desanimar-nos na luta com os inimigos que carregamos dentro. Porque sair da roda de nascimentos e mortes, não é uma tarefa para muitos, mas para machos. Como disse Srila Harijan Swami Maharaj, esperamos que sua querida alma queira te tornar um desses machos...
E para isso você tem de se agarrar firmemente no exemplo dos machos espirituais avançados. Não há outra maneira, não há lugar para sentimentalismo, temos de abandonar a associação com aqueles que não querem seguir adiante e não se devem deixar arrastar. Não temos de temer se enfraquecemos no esforço, não importa quão famosos vocês sejam, mas mantenham-se firmes, entusiasmados em seguir com aqueles que não baixam a guarda, que não atiram a toalha e que seguem armados com a espada do conhecimento do Bhagavad Gita até que deixem seus corpos pensando em Krishna. E felizmente temos mais de um exemplo disso e felizmente há aqueles que honram deixar seus corpos e que nos permitem honrar seus espíritos.
Aqui na Bolívia os devotos formaram seu novo grupo musical, estilo autóctone boliviano e assim, rapidamente vamos lançar o CD Ayaya da música andina Ayaya para a comunidade de devotos e amigos para que possam desfrutar ¡Ayaya!

Que o Santo Nome os acompanhe para sempre. Assim termino nosso Chat dominical até o próximo. Srila Prabhupada Ki Jay! Haribol. 

Seu sempre bem querente, Swami B. A. Paramadvaiti.