domingo, 28 de julho de 2013

Narottam Das Thakur - Projeto limpeza



Narottam Das Thakur


Projeto limpeza




“Lembrar de belos passatempos de trocas amorosas destes vaishnavas enche o coração de felicidade, são capazes de transformar, pois te ensina do que realmente se trata de sadhu-sanga, da forma em que os devotos se relacionam uns com os outros, como se correspondem e se apreciam – experiências muito doces  o exemplo para aplicar em nossas próprias relações da vida.”


            Meus muito queridos devotos, recebam meu afeto de Nandafalva. Compartilhando dias muito lindos com todos os devotos aqui. Lindos concertos, novidades, novos iniciados...
            Hoje quero compartilhar com vocês umas palavras sobre alguém muito importante em nossa sampradaya. Um dos maiores poetas que compôs muitas canções que cantamos todos os dias em nossos programas, se trata de Srila Narottam Das Thakur.
            Narottam Das Thakur foi um discípulo de Srila Lokanath Das Goswami e ele nos lembra o verdadeiro significado da iniciação, pois Narottam Das Thakur pôde receber iniciação de Lokanath Das Goswami depois de muito tempo. Narottam Das Thakur foi anunciado por Sri Caitanya Mahaprabhu mesmo. Ele teve a inspiração direta do Krishna Prema que Sri Caitanya Mahaprabhu depositou no rio Padma. Então, é contado no livro “Narottam Vilas” que quando Sri Narottam foi ao rio, a personalidade do rio Padma entregou este Krishna Prema ao pequeno Narottam.
            Desde o começo de sua existência, Srila Narottam Das Thakur foi um acarya muito inspirador, alguém que tinha clara sua missão para compartilhar o amor de Deus às pessoas. Ele foi o filho de um rei muito importante, seu pai estava muito ansioso para preparar o pequeno Narottam como seu sucessor, mas o jovem não queria ter nada relacionado aos reinados ou coisas do gênero. Ele investia seu tempo com um brahmana do lugar para escutar as glórias de Gouranga e Nityananda, sempre estava muito ansioso para escutar mais sobre as glórias do Senhor.
            Finalmente, Narottam fugiu do seu pai quando o rei ia presenteá-lo como seu sucessor. Quando viajava de carroça para o evento, Narottam pediu que parasse para ir ao banheiro e fugiu se escondendo no meio da floresta. Assim, caminhou pela selva durante dias e dias, sem comer nem descansar, até que chegou a um cruzamento onde desmaiou de cansaço. Nesse lugar, um dos guardas do seu pai o encontrou e disse que o levaria de volta.  Narottam muito determinado disse que seria melhor fazer outra coisa, pois ele iria até Vrindavan e tinha coisas muito importantes para fazer lá. Narottam argumentou de uma forma tão poética e maravilhosa que convenceu o guarda que voltasse sem ele. Narottam disse: “Muitos vieram me buscar e nenhum deles me encontrou ainda, sendo assim, não há nenhum problema, você pode ser mais um deles e ninguém se surpreenderá. Por favor, me deixe ir e siga o seu caminho.” Assim, o jovem Narottam chegou finalmente em Vrindavan. Uma história incrível de renúncia, pois deixou todas as variedades de vida opulenta apenas para conseguir seu ideal de serviço ao Senhor.
 Às vezes, para alguém que não tem quase posições materiais seja fácil dizer: “Eu deixo tudo, pois tampouco tive muito”, mas uma personalidade especial como Narottam Das Thakur, que tinha acesso a todas as opulências, destaca especialmente quando as renuncia e entrega sua vida ao Senhor sem nenhum interesse nas coisas materiais.
Quando Narottam chegou a Vrindavan, ainda estava Srila Jiva Goswami ali. Assim, Narottam visitou a todos os vaishnavas maiores do tempo, queria conhecer a todos, mas seu coração foi conquistado completamente quando conheceu a Lonakanath Das Goswami, então tomou a decisão de se converter em seu discípulo. Lokanath Goswami se sentiu muito comovido pelo pedido e respondeu: “Meu querido jovem, me sinto muito agradado pelo o que está dizendo, mas lamento te informar que fiz um voto de nunca aceitar nenhum discípulo, isso pode ser feito por outras pessoas, assim, siga seu caminho, por favor.” Srila Lokanath Goswami foi um dos mais ativos no dham seva em Vrindavan, ele descobriu mais de 300 lugares sagrados no dham, os identificou e se assegurou que o lila do lugar estivesse claro. Ele foi alguém muito importante em todo esse serviço, portanto, sempre estava se mudando de um lugar para outro. Assim, Lokanath Goswami continuou e disse: “Por favor, procure alguém que possa te aceitar como discípulo, Vrindavan está cheia de grandes almas que podem fazer isso.” Narottam ficou muito triste com esta resposta, não sabia o que fazer e pediu conselho a outros devotos. Eles disseram que fizesse algum serviço, então Narottam voltou a se aproximar a Lokanath Das Goswami e disse: “Goswamiji, há algum serviço que eu possa fazer por você?”, mas Lokanath Goswami pensou que ele estava tentando convencê-lo novamente e disse para não insistir mais. Novamente Narottam ficou extremamente triste, chorava e chorava sem parar. Então, Narottam começou a observar Lokanath Goswami dia após dia secretamente, via tudo o que ele fazia e o seguia com um intenso anseio no coração de poder servi-lo. Via quando Lokanath se levantava, quando ia tomar seu banho no Yamuna, quando ia ao templo de Radha Gokulananda a adorar suas deidades...
Meus queridos devotos, imaginem essa determinação de Narottam Das Thakur para servir seu Gurudeva de qualquer jeito. Nós somos muito afortunados em poder nos conectarmos com os passatempos dos vaishnavas, e mais afortunados que nosso templo em Vrindavan, Vrinda Kuñja, está situado justamente no coração da área onde ocorreram todos esses passatempos. Por isso, quando começamos nossa pequena tentativa de serviço para o dham, o chamamos “Narottam Das Thakur, projeto limpeza” em honra ao intenso serviço que Srila Narottam fez por seu Gurudeva e pelo Dham, pois nós estamos limpando as mesmas áreas que Narottam Das Thakur mesmo limpava em honra ao seu Gurudeva. Assim, Narottam esperava que Lokanath Das Goswami fosse e ele mesmo limpava toda a área onde Lokanath esteve, inclusive a área onde seu Gurudeva fazia suas necessidades físicas, ele limpava tudo com muito carinho. E assim fez durante muito tempo, sem que Lokanath Goswami soubesse. (Tudo está narrado no Bhakti Ratnakar, um livro cheio de néctar.)
Nossos devotos também fazem uma limpeza anual do lugar dos 64 samadhis de Vrindavan, muito próximo do templo de Radha Govindaji. É uma das qualidades que fazem ao nosso Braj Mandal Parikrama, algo muito especial, pois não apenas visitamos os lugares sagrados senão que os devotos vão e fazem serviço alí, uma real conexão com o dham.
Nosso serviço no dham sempre está guiado pela meditação no serviço a Narottam Das Thakur que sempre estava buscando satisfazer ao seu Gurudeva, mesmo assim ele não soube. Mas chegou o momento que Srila Lokanath Goswami começou a se dar conta que alguém estava limpando a floresta. De maneira ou outra, Lokanath Goswami começou a se perguntar o que estava acontecendo, se deu conta de que algo raro acontecia. Um dia, decidiu esperar e se esconder para ver o que acontecia, então, fez todas as suas atividades diárias e em vez de ir, se sentou atrás de uma árvore para ver o que aconteceria, e assim apareceu Narottam com sua gamcha e sua vassoura e começou a limpar o lugar onde Lokanath Goswami esteve, inclusive limpando onde ele havia feito suas necessidades físicas. De repente, Lokanath Goswami apareceu e disse chateado a Narottam: “Quem te deu permissão para fazer isso?” Narottam respondeu: “Ó Gurudeva, ninguém me deu permissão, mas vendo minha tristeza, alguns devotos me disseram que deveria fazer serviço escondido para você, e assim poderia te satisfazer, mesmo que seja com este serviço indireto.” Então, Lokanath Goswami se sentiu afetado por tudo isso e disse docemente: “Te disse para ir onde algum dos Goswamis está para pedir iniciação a eles. Eu quero que você seja feliz, que tenha um serviço e se mantenha em Vrindavan, mas entenda que não posso aceitar discípulos, pois fiz este voto. Por favor, vá visitar a outros vaishnavas, te peço.” Então, Narottam Das Thakur compôs um poema muito intenso cujo significado é mais ou menos assim: “Quando uma mulher está apaixonada por um homem, mas o pai faz arranjos para que se case com outro, esta união nunca funcionará, porque ela está realmente apegada ao primeiro.” Assim, Narottam disse isto a ele e Lokanath Goswami disse: “Você é muito tolo, faça o que quiser...” Narottam se sentiu muito feliz e disse: “Que alegria! Agora meu serviço está autorizado pelo meu Gurudeva.” E assim continuou limpando com muito mais entusiasmo.
Algumas vezes, os devotos se aproximavam de Lokanath Goswami e diziam: “Por que não aceita a este jovem que tem tanto amor por você e lhe dê iniciação?” Mas Lokanath Goswami continuava muito sério em seu voto de não aceitar discípulos, até que um dia aceitou a Narottam e o mandou chamar. Quando Narottam escutou que Lokanath Goswami o estava procurando, correu até ele e se prostrou energicamente aos seus pés. Lokanath Goswami lhe disse: “Meu querido Narottam, eu fiz este voto de nunca aceitar discípulos e parece que você fez o voto para que eu devesse ser o seu Guru. Pois eu concluí que o seu voto é mais poderoso que o meu, sendo assim, que junte os ingredientes necessários para a cerimônia de iniciação.” Narottam não se continha de felicidade e com esse mesmo entusiasmo juntou todo o necessário para a iniciação.
Lembrar de belos passatempos de trocas amorosas destes vaishnavas enche o coração de felicidade, são capazes de transformar, pois te ensina do que realmente se trata de sadhu-sanga, da forma em que os devotos se relacionam uns com os outros, como se correspondem e se apreciam – experiências muito doces  o exemplo para aplicar em nossas próprias relações da vida. Assim, Narottam se tornou um membro oficial da Gaudiya Sampradaya e logo pregou incessantemente e propagou a mensagem de Sri Caitanya em muitos lugares.
Da mesma forma que Lokanath Goswami iniciou apenas a Narottam Das Thakur, Srila Goura Kishor Das Babaji também teve apenas um discípulo: Srila Bhaktisiddhanta Prabhupada. Em ambos casos, esse único discípulo foi uma verdadeira joia no céu do Gaudiya Vaishnavismo e conseguiu levar a mensagem de Amor Divino a muitas almas. A vida espiritual não é uma questão de formas ou quantidades, é uma questão de qualidade e essência.
Quando penso em Srila Narottam Das Thakur, me sinto muito afortunado por estar conectado com suas lindas canções e exemplo. Assim, todos os membros de nossa família que têm a possibilidade de compartilhar durante um mês o Braj Mandal Parikram, podem viver a experiência de visitar os mesmos lugares sagrados nos que esteve Narottam e os Goswamis e fazer serviço lá.
Nosso serviço principal é servir aos vaishnavas mediante a Vishva Vaishnava Raj Sabha contribuindo um pouco com nosso serviço voluntário por meio da internet, etc. Oramos pelas bênçãos de todos os vaishnavas para podermos ser úteis nesta tentativa, pois o prazer deles é a única meta do nosso esforço, não temos nenhum outro propósito.
Quero aproveitar a ocasião deste Chat dominical para lembrar a todos vocês do grande serviço que temos na Colômbia para nossos Isthadevas Sri Sri Gouranga Radha Vrajesvara, quem realmente são nossa vida e alma. O projeto do Yoga Planetário é uma humilde oferenda a Eles, nossos Senhores. Eu estou realmente agradecido pelo grande trabalho que os devotos estão fazendo lá e meu sincero desejo é que mais devotos possam participar, seja ajudando na construção, nas artes ou apoiando financeiramente esta oferenda. Ainda vai nos tomar vários anos para terminar tudo isso, mas o apoio de todos vocês será de grande ajuda nisso. Esta é uma das contribuições arquitetônicas históricas da Missão Vrinda para o mundo. Com este convite e lembrando dos doces passatempos de Srila Narottam Das Thakur, me despeço por hoje.
Estou muito feliz que muito em breve vamos nos encontrar novamente nas terras latinas para compartilhar mais néctar e serviço para Srila Prabhupada.
Com todo meu afeto para vocês.
Jay Srila Prabhupada!

Seu sempre bem-querente,
Swami B. A. Paramadvaiti.


domingo, 21 de julho de 2013

Quem são seus verdadeiros amigos?


Quem são seus verdadeiros amigos?




“Pertencemos a uma sociedade totalmente hipócrita onde tudo está baseado no interesse egoísta de alguns, “em meu próprio interesse egoísta”, uma sociedade onde a amizade é dada somente àqueles que se acomodam às minhas necessidades pessoais.”



            Queridos devotos, recebam todo meu afeto da Áustria, iniciando a visita à Europa, viajamos de carro da Alemanha.
            Hoje quero compartilhar com vocês um tema chamado: “Quem são seus verdadeiros amigos?” Esta pergunta acompanha todos durante a vida, e devido a este fato, talvez não demos muita atenção ao tema em si. “Sakha” quer dizer “amigo” em sânskrito; Podemos entender o conceito de amigo de duas formas – peço, por favor, que apliquem seus critérios de discriminação nisso: A primeira forma de entender é: “Um amigo na necessidade é um amigo de verdade”, isto significa que um amigo verdadeiro sempre está quando se precisa; A segunda é: “Um amigo sem necessidade é um amigo de verdade”, isto é ainda mais profundo e quer dizer que um verdadeiro amigo nunca espera nada de nós, mas sempre está ali para ajudar. Esse é o critério de uma relação verdadeira.
            Indo mais além, podemos aplicar vários critérios em nossa relação com Deus: “Um amigo na necessidade é um amigo de verdade”, e é completamente assim, pois Deus sempre está quando precisamos, Ele nos dá tudo o que precisamos: o ar para respirar, a comida que nos alimenta, a natureza que nos rodeia, etc., inclusive nos dá o livre arbítrio para tomarmos nossas próprias decisões. Deus é completamente um amigo na necessidade. Agora pensemos sobre a segunda declaração: “Um amigo sem necessidade é um amigo de verdade”. Aqui a pergunta é: estamos realmente qualificados para nos chamarmos “amigos de Deus”? Somos capazes de ser fiéis a Deus, estarmos com Ele, e pensar que “não O necessitamos” só podemos pelo fato dEle ser nosso amigo? Essa é uma boa pergunta sobre nossa relação com Deus, e, afortunadamente, a resposta é que não somos tão bons amigos de Deus; só somos amigos de Deus quando nos convêm ou precisamos de algo, nesse momento pensamos: “Sim, sim, sim, Deus, por favor, me ajude e me tire disto, eu estou aqui para Ti.” Mas quando o perigo termina, pensamos: “Ufa, esta sim foi difícil, ainda bem que terminou, agora continuemos desfrutando.”
            Nossa relação com Deus não é da mais amigável, pode-se dizer, mas ainda assim, se formos amigos de Deus, quem tem sido tão amigável com a gente, por que damos tantos problemas e maltratos aos nossos irmãos e irmãs? Algo como viver com os humanos, mas não apreciá-los muito. É uma atitude incrível que tomamos com nossos irmãos e irmãs, porque se realmente queremos ser amigos de Deus, temos que ser amigos de Seus filhos e filhas ou acredita que há outra maneira de fazer isso? É contraditório dizer: “Sou amigo de Deus, amo a Deus, mas odeio qualquer um que cruze meu caminho e que contrarie minha luxúria, minha ambição ou qualquer coisa do gênero.” Só pensem por um momento em quantos animais são torturados apenas por entretenimento, já pensaram? Ou falemos de outras coisas mais terríveis como as supostas provas científicas em animais ou dos animais que são arrancadas suas peles para que os seres humanos usem as luxuosas peles em suas festas de gala.
Imaginem isso: um animal tem uma linda pele, pelo desejo de Deus, e essa linda pele é tirada por “tua doce vontade” (a tua) e logo depois disso o faz chamá-lo “um amigo de Deus”. Tem sentido isso? Isso é religioso? Então, quais são seus verdadeiros amigos? A primeira coisa que temos que pensar é em nos tornarmos qualificados para sermos amigos dos outros. A amizade e a relação com Deus e Sua criação é algo muito importante e isso é, supostamente, o que a religião ensina. É possível dizer algo como: “Sigo uma religião que me ensina o especismo, onde posso gostar de minha própria espécie, mas qualquer outra espécie pode ser abusada e maltratada por mim”, ou dizer: “Sigo uma religião que é etnicista, onde todas as pessoas que pertencem à minha etnia são maravilhosas, mas aquelas que não, perdem todos os direitos e podem ser abusadas e tiradas a liberdade, etc.” Está isso dentro dos parâmetros do sentido comum? Claro que não se considerarmos os direitos humanos, os direitos dos animais, os direitos da mãe natureza. Falar de direitos é algo básico, nem sequer estamos falando de amizade. Direito é algo que alguém tem, que pertence ao departamento das leis e que se não for respeitado deve exigir. Mas na amizade e o amor, o conceito de “direitos” está automaticamente incluído.
Digamos assim: o direito ao bem-estar, algo que soa muito popular hoje em dia. Temos o “treinamento para o bem-estar”, a “dieta para o bem-estar”, inclusive o “Guru do bem-estar”, bem-estar, bem-estar e bem-estar por todos os lados, mas o que acontece com o bem-estar dos seus irmãos e irmãs? Não acredita que a pergunta número um relacionada com o bem-estar seja: “Está preocupado pelo bem-estar de todos aqueles que te rodeiam? Será que eles não têm o mesmo direito pelo bem-estar?”
Pertencemos a uma sociedade totalmente hipócrita onde tudo está baseado no interesse egoísta de alguns, “em meu próprio interesse egoísta”, uma sociedade onde a amizade é dada somente àqueles que se acomodam às minhas necessidades pessoais. Se alguém não estiver de acordo com isso, lamento dizer, mas deixa de ter direitos, e assim, as pessoas hoje em dia criam guerras contra aqueles que não se adaptam aos seus interesses.
E pensando em prisioneiros, o que acontece com os 65 bilhões de animais que estão confiscados nas celas das indústrias da carne? Eles estão privados de água, comida, sofrendo encarcerados, e por quê? Só pelo desejo egoísta de alguém que decidiu acabar com a liberdade que Deus lhes deu. Muito provavelmente que essas pessoas digam que queriam ser amigas de Deus – as mesmas que privam os animais de um lugar para viver, de um ambiente natural, de suas próprias famílias, que os confinam nas miseráveis celas. Tudo isso por uma só razão: ambição humana. É uma situação muito severa, pois estamos falando de direitos: dos humanos, dos animais, da natureza. De novo: direito é algo natural, algo que deveria ser respeitado por si mesmo. Além do mais, estamos falando de amizade verdadeira, porque orgulhosamente dizemos ser “amigáveis”, as de quem é realmente amigo e quem são seus verdadeiros amigos?
Qualquer pessoa que esteja envolvida com o maltrato de outros, seja direta ou indiretamente, está assinando como responsável karmático do sofrimento de uma entidade viva, é uma fatura muito cara. Goste ou não, está assinando essa fatura, mesmo que diga: “Eu nunca soube, não quero ser responsável por isso”, ainda assim receberá a fatura. É isso o que o conhecido cantor britânico Paul McCartney disse: “O horrível holocausto dos nazistas na Alemanha é tão terrível quanto o holocausto atual ao qual são submetidos os animais nas diferentes indústrias que os utilizam. Ou até pior, pois os alemães em geral não sabiam o que estava acontecendo, ou se soubessem, tinham que ficar em silêncio por medo que lhes fizessem o mesmo.” Sem dúvidas, hoje em dia todos somos conscientes do que acontece com os animais e todos temos a facilidade para boicotar esse holocausto, ninguém virá atirar em você por se manifestar contra isso.
Você como ser humano, que tem direitos, pode protestar contra isso, e não só protestar, senão que viver em coerência atuando contra isso, rompendo o seu apoio ou consumo a tudo o que tenha relação com o maltrato a outros. Ninguém que participa do maltrato aos animais pode se chamar de “amigo dos animais” ou dizer que ama aos animais, muito menos dizer que está seguindo os ensinamentos de Deus, o pai de todos os animais. Quem maltrata aos animais, ou participa do seu maltrato, tampouco ama à natureza ou ao Criador dela. Alguém assim ama egoistamente seu paladar, seu estômago e seus genitais, uma pessoa assim é o pior inimigo da Mãe Terra e da situação meio-ambiental atual.
Eu me manifesto contra isso, contra o comportamento dessas pessoas ignorantes que maltratam aos demais. Ainda assim, continuamos oferecendo nossa amizade a elas para que saiam dessa ignorância, pois odiamos o pecado, não o pecador. Essa é a abordagem certa de um amigo, pois o que estamos promovendo é a amizade verdadeira, não o ódio irracional. Inclusive dizemos que amamos ao pecador, porque realmente queremos ver uma mudança no mundo, uma mudança nas pessoas e uma mudança para elas mesmas, uma mudança para as gerações do futuro. Como diz o ditado: “Ajude-me quando menos mereço porque será quando eu mais preciso.” Porque, me deixem dizer uma coisa, meus queridos (e os chamo ‘meus amigos’ porque me considero seu amigo): que aquelas pessoas que estão relacionadas com o maltrato aos animais, aos seres humanos ou com a exploração dos recursos naturais, são as mais pobres no mundo. Elas são as primeiras que devem receber a ajuda de emergência, a atenção mais urgente, assim como nas guerras, os paramédicos têm que identificar os casos mais terríveis para dar prioridade na atenção, da mesma forma, em Kali Yuga, depois da devastação causada pela bomba do egoísmo e da exploração, os paramédicos espirituais buscam os casos mais graves, os “casos perdidos” e ali estão todos os traficantes, os corruptos, os exploradores da Terra, os maltratadores de animais, os donos das companhias de álcool, os políticos enganadores, etc. Todos eles continuam sendo nossos irmãos e irmãs, seres humanos como nós e são tão maus como nós mesmos poderíamos chegar a ser.
Mas, para nossa fortuna, e a deles, Sri Caitanya Mahaprabhu veio derramar misericórdia sem limite sobre todos, sem importar quão pecaminoso fomos sem importar quantos seres vivos maltratamos. A misericórdia está aí, Srila Prabhupada a trouxe para nós, os mais baixos dos mais baixos. Deus mesmo, o melhor amigo de todos nós, veio pessoalmente nos entregar Sua amizade Divina e nos ensinar com o exemplo o que significa velar pelo bem-estar dos demais. Amizade Divina e solidariedade para todos aqueles que estão sofrendo no mundo, os maltratados e os maltratadores.
Em inglês, os devotos dizem que a vida espiritual não é só “joy” (diversão), senão que “jay” (vitória, celebração da batalha contra a ilusão). Nossa missão é seguir os passos de Srila Prabhupada que foi um verdadeiro lutador na batalha contra a ilusão e um verdadeiro amigo que não esperava nada em troca. Ele é a personificação da misericórdia sem limite, um shakti avesa avatar de Sri Nityananda Prabhu, um revolucionário da proteção aos animais e à natureza, um exemplo de vida simples e pensamento elevado. Mahatma Gandhi disse: “Seja a mudança que quer ver”. Isso devemos por em prática: nos convertermos em agentes de mudança, agentes da luta contra a ilusão.
Com estas palavras me despeço hoje de vocês, meus queridos amigos da alma. Desejo todo o melhor neste processo para nos convertermos em verdadeiros amigos de todos para aspirar algum dia a nos tornarmos fiéis a Deus sem esperar nada dEle.
Todo meu afeto para vocês.
Jay Srila Prabhupada!

Seu sempre bem-querente,
Swami B. A. Paramadvaiti.

domingo, 14 de julho de 2013

Sons que curam

Sons que curam



“A filosofia do Vaishnavismo é inesgotável e eu desejo que vocês a continuem expandindo para chegarem ao coração de todos.”


            Queridos devotos, estou cheio de alegria porque Krishna salvou o prabhu Sridham da Alemanha que estava a ponto de ficar paralítico pela vida inteira – sempre estamos neste mundo com um pé no desastre total. Claro, temos que ver Krishna até nos momentos de dificuldade, a dificuldade é para que nossa compaixão e solidariedade cresçam mais.
            Estes dias gravei muitos sons que curam, este esforço é uma tentativa de servir mais vocês. Eu acredito que estes sons que curam têm aplicações múltiplas  não somente para pessoas que estejam de cama senão também, por exemplo, para quem dirige ou quem está preso na cadeia. Se alguém puder por fotos nesses áudios, embelezaria a mensagem, pois assim o som meditativo poderia chegar melhor. As capas têm que ser muito bem desenhadas, na edição, as mensagens têm que ser intercaladas com boa música exclusivamente de músicos da missão Vrinda.   
            Srila Prabhupada nos incentivou só com som transcendental, muitas músicas saíram e quando meditamos sobre elas, mais e mais dimensões se revelam, é incrível. A filosofia do Vaishnavismo é inesgotável e eu desejo que vocês a continuem expandindo para chegarem ao coração de todos.


            Do Brasil, com amor.

            Seu sempre bem-querente,
            Swami B.A. Paramadvaiti.

domingo, 7 de julho de 2013

Autoridade institucional vs. Autoridade do mestre espiritual



Autoridade institucional 

vs.

 Autoridade do mestre espiritual



“Tente aprender a verdade aproximando-se de um mestre espiritual. Faça-lhe perguntas com submissão e preste-lhe serviço. As almas autorrealizadas podem lhe transmitir conhecimento porque elas são videntes da verdade.”


        Hoje quero falar sobre um tema muito delicado: Autoridade institucional vs. Autoridade do mestre espiritual. Hoje li que em uma institucionalização Vaishnava as autoridades institucionais inventaram uma nova regra cuja eles dizem que o mestre espiritual deve sempre estar baixo as regras administrativas e governamentais da instituição. Claro, nós reconhecemos que os mestres espirituais não são independentes, eles dependem das bênçãos de seus próprios mestres espirituais, no critério dos sadhus e nas escrituras para assim derivar a verdadeira autoridade de uma conclusão.
            É claro, existe a consciência interior que é de extrema importância em qualquer circunstância da vida. Chitete, ou consciência interior, tampouco é independente – tem que se associar, se comparar e se verificar com o mestre espiritual, os sadhus e as Sagradas Escrituras. Por que é importante este tema? Muito simples: porque as pessoas podem errar. Principalmente se estiverem no lugar do professor – seja esse um siksa ou um diksa Guru, eles também podem errar. Esta é a razão pela qual as escrituras deram a indicação de um assistente verificador, quando existe alguma pergunta ou dúvida para se salvar do que poderíamos chamar de uma especulação arbitrária de um indivíduo.
            Agora, podemos pensar: “Todas as glórias à democracia!”, porque neste caso temos um grupo de pessoas que vota em um tópico e desta forma se supõe que terão solução correta. Se a democracia for uma democracia entre verdadeiros e sinceros sadhus, então de fato terá validade. A sadhu democracia poderia funcionar até certo ponto, mas se não, então temos que ver que inclusive grupos de pessoas com poderes de voto, todavia podem se equivocar. Em outras palavras, eles não são uma garantia de que você não vá errar.
            Srila Prabhupada, nosso mais querido mestre espiritual, é tão extraordinário que ele continuou recebendo títulos inclusive depois de sua partida, tais como Senapati (escolhido e empoderado agente do Senhor Caitanya) e Shakti Avesa Avatar (encarnação empoderada pela potência de espalhar amor do Senhor Nityananda). Ele foi reconhecido pela extraordinária contribuição que deu ao mundo.
            Sem dúvidas, se alguém quer escolher a Srila Prabhupada e encontrar alguma falha nele, de fato é provável que se pode fazê-lo. Se ele decidiu entregar sannyas a alguma pessoa que logo falhou em sua sannyas, poderia dizer: “Se ele fosse um trikalagya, alguém que tem conhecimento do passado, presente e futuro, não poderia prever o que sucederia? E sobre a fazenda de proteção às vacas cuja dada certas circunstâncias acabou insustentável? E sobre o que acontecia nos Gurukulas onde alguns indivíduos degradados abusaram das crianças? Por acaso ele não viu isso, não sabia disso?”. Minha resposta pessoal a isso é que Srila Prabhupada trabalhou em seu ideal com quem fosse que Krishna enviasse e ele dava a oportunidade à pessoa – dizendo o que fazer e dando o exemplo correto de como fazer. Então, podemos dizer que Srila Prabhupada nunca falhou com a gente, ele nos deu o amor de seu Guru, mas porque ele estava pregando no mundo Ocidental, havia um grande risco ao fazê-lo.
            Inclusive se estivermos nos negócios, na política ou em uma comunidade espiritual, sempre haverá problemas de confiança; a alguém que tenha que entregar as chaves, a alguém que tenha que entregar a manipulação do dinheiro. Na vida humana sempre há posições de confiança que poderiam ser poderosamente utilizadas para coisas realmente belas, mas que também poderiam ser mal utilizadas. Então, considerando esta condição fundamental, estamos muito preocupados em encontrar alguns meios de segurança para contrariar situações abusivas. Afortunadamente, temos um meio de segurança em nosso sistema e este é Paramesvara, o Supremo Controlador Senhor Krishna, Ele sabe de tudo e Ele é o juiz benfeitor de todos, em outras palavras, se você errar, Ele o julgará, mas para o seu benefício. Ele fará alguns arranjos que te favoreçam de alguma forma e te salvará de suas próprias falhas. Mas vemos que em algumas ocasiões nas que Krishna perde Sua paciência – sim, nos atrevemos a dizer isso, meu querido Senhor Govinda – em um sentido, Ele diz: “Esta ou aquela oportunidade terrestre para esta pessoa chegou ao fim nesta rodada. Esta pessoa tem que ir e voltar de novo.” Depende dEle, Ele é o Supremo Controlador – e nós estamos em mãos seguras com o Senhor Krishna. Ele enviou nosso mestre espiritual Srila Prabhupada para que tenhamos um fundamento sólido de como praticar Consciência de Krishna, inclusive nas condições degradadas do Ocidente, sempre e quando possamos seguir suas instruções como meios de segurança:
           
Número 1: Cantar Hare Krishna
            Número 2: Seguir os 4 princípios regulativos
            Número 3: Continuar a ler as Escrituras
            Número 4: Fazer serviço
           
            Sem serviço, mesmo o canto se torna um tipo de “estou pedindo serviços, estou pedindo serviços”, mas quando o serviço vem, já não estou disponível. Então, a pergunta de ter um parecer institucional por cima do Guru tem que ser analisado muito cuidadosamente e também muito generosamente. Depois que Srila Prabhupada deixou este mundo e alguns de seus líderes deixaram de trabalhar corretamente (para dizer com palavras suaves), alguns devotos sugeriram que era melhor eliminar a função do mestre espiritual e ter a Srila Prabhupada como o grande mestre espiritual de todos os presentes e futuros devotos. Esta proposta, que cada iniciação depois de Prabhupada fosse uma iniciação ritvik, onde o real Guru Srila Prabhupada, seria praticamente igualar a Consciência de Krishna com o Cristianismo. Existe o filho de Deus, ele nos salvou – claro que não aceitamos que ele morreu por todos nossos pecados, para que nós possamos seguir pecando. Esta é só outra degradação da verdadeira espiritualidade.
            De acordo com o Cristianismo, você está conectado a Jesus ao ter contato com alguma de suas instituições com diferentes praticantes dos quais te agradarão alguns e será inspirado por outros, mas nunca passam a ter real importância, porque a verdadeira posição de importância é dada a Jesus. Então, a sugestão de por a instituição acima do Guru é uma proposta muito estranha em um sentido. Se você analisar, não é ritvik de Srila Prabhupada, seria uma iniciação representacional em nome de uma instituição. Onde está Prabhupada aí? A instituição demonstrara julgamentos com falhas em muitas ocasiões passadas, por exemplo, em relação aos vaishnavas que pertencem a outras instituições vaishnavas e que são iniciados por mestres espirituais da mesma linhagem, mas não desde o mesmo quadro institucional.
Há muitos outros exemplos de grandes falhas institucionais que causam um caos considerável tanto a nível individual da vida como no pensamento estrutural das pessoas que são educadas baixo tal sistema. Desculpem-me pela comparação, mas quando os socialistas criaram um sistema de como educar as crianças, deram um tipo de pacote para lidar com a vida de acordo a parâmetros socialistas. Uma existência capitalista dá outro tipo de esquema e uma ditadura militar totalitária tem outro quadro, e se existir um rei, ele pode ser como um ditador em uma maneira, mas também pode ser muito querido e carinhoso com todos os seus súditos – todas essas circunstâncias colocam outro quadro psicológico de guia aos comportamentos nesse sistema.
Então, quando as instituições formam sentenças que se convertem em sistemas, regras ou regulações, isso cria um impacto nas pessoas que têm que viver baixo a influência de tais sentenças. É diferente quando você tem um Guru, seja um siksa ou diksa Guru. Marquem minhas palavras, menciono que os dois têm o mesmo valor até certo grau – e Prabhupada escreveu (ou citou a Srila Jiva Goswami) que é uma ofensa ver diferença entre siksa e diksa Guru, então este é um ponto muito importante.
Em minha própria família eu inicio devoto, este é o meu serviço nesta família e logo me movo em meu caminho como um mendigo de amor ao próximo destino. As pessoas que eu iniciei ficam atrás com as diversas qualidades de siksa Gurus que são, com esperança, da mais alta qualidade, mas às vezes não são. Eles cuidam dos novos devotos por um período de 364 dias até que eu volte por um dia.
Supostamente, as pessoas podem ter contato comigo de muitas formas mediante meus ensinamentos e minhas sessões de perguntas e respostas, as quais busco constantemente oferecer aos devotos, mas de toda forma, muitos devotos em nossa missão me veem por um dia ao ano, e muitos deles me veem até menos, porque nem sempre posso visitar cada lugar por um dia cada ano. Então, quem está cuidando do devoto? Quem está entregando o Guru Tattva? Estes são os siksa Gurus, estes são os devotos maravilhosamente rendidos e bons exemplos, que tomaram a Krishna no coração como eu tomei a Prabhupada no coração – esperançosamente. Eu queria que fosse assim, porque tomando o Guru no coração, você se converte em um meio transparente do que ele é para você por meio da autoridade e supervisão de Sri Paramatma, o Senhor do coração.
Você tem que entender uma coisa: todas as glórias a Srila Prabhupada, mas ele não é Paramatma, sendo ele o mais belo de todos os mestres espirituais da história, nunca nos deu a impressão de que era Paramatma – e de fato não é. Então, esta é uma coisa muito interessante a levar em consideração: que a guia final, garantia de qualidade e controle de qualidade de Guru Tattva se baseia em Sri Paramatma, Chaitya Guru e todos os outros que tenham uma oportunidade de participar por graça divina na entrega de bens divinos do Guru Tattva na medida em que seja capaz de apreciar, preservar e assim entregar a você para que seja capaz de receber. Então, há alguns passos dentro do sistema que são falhos, mas pelo controle de qualidade e as garantias de qualidade de Sri Paramatma para com Seu devoto, não há nada que temer.
Só temos que saber como lidar com as diversas circunstâncias enquanto procedemos, e quando meu Gurudeva disse que todos os seus discípulos se tornassem mestres espirituais, ele não estava brincando. Então, eu só posso confirmar, porque, para mim, todos os que vieram até mim, na verdade são discípulos de Srila Prabhupada, que eles estejam sob minha guia e possam talvez serem inspirados em seu serviço é uma misericórdia especial sobre mim para que eu possa de alguma forma ser utilizado para um propósito divino. Não sinto que seja mais que isso, mas tampouco sinto que seja menos. Sinto que é uma distante, elevada e incrível misericórdia, se é que poderíamos ser um instrumento de seu amor – isso é o para rezarmos sempre: “Óh, meu Senhor, me deixe ser um instrumento de Seu amor!”
Disso se trata tudo, de todas as formas, enquanto eu possa ser, você possa e deverá ser também se estiver pronto para seguir os requerimentos. É como quando você dá uma aula em frente a um público, não é você quem está falando – ao menos não se supõe que seja – se supõe que você seja o meio transparente para que a mensagem de seu Guru seja entregue. É por isso que sempre falo: “Meus queridos amigos, por favor, busquem ser um falante sobre Krishna, porque Krishna te deu a boca para que você possa dar lindos discursos de Harikatha ou mesmo sobre Prabhupada lila, por exemplo. Krishna Lila Amrta, Prabhupada Lila Amrta... sim, o escutar das glórias dos devotos é muito querido para o Senhor. O Srimad Bhagavatam está cheio de histórias sobre as glórias dos devotos, e não pense que contar a história de Prabhupada seja menos estático que escutar a história de Dhruva Maharaj. Estas são extraordinárias características com as quais entramos em contato por uma grande misericórdia, e qualquer um que receba esta misericórdia, será em si uma bonita história que merecerá outra conversação.
Claro que, se eu tivesse sido um muçulmano antes de conhecer aos devotos, isto não me faria imediatamente Haridas Thakur. Existem muitas mais certezas no departamento do planejamento divino, assim como o plano de Haridas Thakur era Brahma, quem pela misericórdia do Senhor Gouranga teve a oportunidade de aparecer em seu lila como o Nam Acarya, mas mesmo quando os muçulmanos se convertem ao amor do Vaishnavismo, nós nos alegramos, é uma coisa extraordinariamente bela que acontece. Todo mundo é uma família, todos pertencemos um ao outro. Todos os pensamentos sectários, “eu sou melhor que você”, não são apropriados ou aplicáveis em como tratar os outros neste mundo – algo que é esquecido com frequência no fazer das leis institucionais e que não é tão espiritual, como quando uma instituição tira uma lei que diz: “Você não tem permissão de tomar instrução siksa de alguém que esteja fora da nossa instituição”, soa muito semelhante a alguns sistemas políticos que nem sequer se permitem saber o que a oposição propõe, de outra forma você será considerado um traidor e será tratado como um. Em tempos de conflito, os traidores são baleados, e em uma instituição espiritual, aqueles considerados traidores são ignorados, rejeitados, caluniados e denunciados.
Então, filósofos e intelectuais espirituais têm que lidar com tudo, incluindo pontos de vista opostos. Se você for um brahmin ou um sannyasi e não pode lidar amorosamente com pontos de vista opostos, então você se tornará um tipo de filósofo como uma rã no poço. Você pensa: “O que está acontecendo no meu poço, é a minha sabedoria”, mas você sabe o que Srila Prabhupada disse sobre filósofos como rãs no poço. Se existirem pontos de vista opostos, temos que pensar sobre eles e de alguma forma nega-los de acordo a Guru, Sastra ou Sadhu, ou aceitar como uma crítica construtiva do que estivermos fazendo.
Se a verdade se aproximar na forma de uma oposição aos meus erros, então eu devo rejeitar a verdade porque não vem de um enquadramento institucional? Esta é uma atitude muito perigosa, significa que você cria uma prisão filosófica, onde você está limitado à concepção dos frequentemente parcializados por interesses juristas, quem por sua vez contamina toda a possibilidade de ter uma visão transcendental – e é exatamente aqui onde o mestre espiritual faz sua entrada. O mestre espiritual é um pensador livre, ele é um indivíduo com uma realização pessoal e com critério, quem pode avaliar de forma confiável de acordo ao Guru, Sastra e Sadhu, qualquer coisa que veja, além dele poder adaptar tempo, lugar e circunstância a qualquer situação que se apresente, que pode ser inclusive nova em comparação ao que o Guru explicou.
Um dos melhores exemplos sobre isto se chama Facebook. O Facebook definitivamente não existia no tempo de Srila Prabhupada e Srila Sridhar Maharaj. A última vez que vi minha mãe, quem costumava ser tão analfabeta com computadores, ela sabia mais de Facebook que eu. Eu fiquei muito surpreso, porque o Facebook é uma grande Maya, uma grande ilusão. Pode realmente servir para obter Krishna, para perder Krishna, para perder seu tempo de forma extrema, mas ao mesmo tempo, o Facebook pode ser considerado uma ferramenta fantástica para divulgar as atividades do templo e para uma comunicação ativa com outras pessoas do mundo. Então, temos a Zuckerberg, o criador do Facebook. Ele é um ser humano que se converteu no instrumento para entregar tecnologia que põe uma pessoa em contato com outra como nunca antes, e se tornou uma doença – já existem clínicas de Facebook. Existem pessoas que perdem o contato com o mundo externo porque se hipnotizaram com a tecnologia e o negócio de “Curtir”.
A substância real de propagar a consciência de Krishna por meio do Facebook se perde porque tal pessoa nem sequer está usando para isso, mas se um templo ou projeto utiizar o Facebook para divulgar a mil, duas mil ou três mil pessoas sua próxima atividade, então se torna em uma útil e apreciada ferramenta. É uma espada de dois gumes que pode cortar o incorreto, mas também o correto. Como Srila Prabhupada não disse nada sobre Facebook, significa que o novo mestre espiritual não deve dizer nada sobre isso também simplesmente porque ele só deve dizer o que Srila Prabhupada já disse?
Este tipo de conceito mata todo o assunto, o mestre espiritual precisa ter o critério de como utilizar uma nova tecnologia. Estou dando um exemplo, mas há outros vários exemplos. Tempo, lugar e circunstância podem ser favoráveis para o desenvolvimento da consciência de Krishna. A realização pessoal é o último ponto de verificação e este ponto não pode ser verificado com segurança, quando é óbvio que há um desvio dos princípios do Bhakti. Vou dar um exemplo muito extremo, mas estamos falando da verdade nua e crua aqui:
Havia um indivíduo que se considerava um mestre espiritual, então, foi da Índia a um país latino e começou a dar iniciações. Era um indivíduo bem exibido e muitas das mulheres que ele iniciou se apaixonaram por ele e ele também se apaixonou, mas não só com uma devota senão que com várias, ele adquiriu luxúria por várias delas, ele esteve com várias delas. Isso seria vergonhoso para um mestre espiritual, mas é claro que ele não era realmente um mestre espiritual, alguém que cai em uma vida de sexo ilícito não é um mestre espiritual. As mulheres eventualmente se deram conta que ele não havia caído só com uma delas senão que com várias. Elas se sentiram enganadas e, claro, foram enganadas. Ele deve ter dito a cada uma delas “Você é a estrela da minha vida”, e todas desejam ser a única estrela no céu. Quando se deram conta que haviam sido muitas, as mulheres se juntaram e o denunciaram no escritório de migração, então ele foi tirado do país. Seus próprios discípulos o tiraram do país, você pode chamar de democracia ou voz popular, ou o que seja, mas a verdade é que seus próprios discípulos o tiraram. As mulheres tomaram refúgio em um devoto antigo e sincero e continuaram sua vida espiritual.
Então, sim, a falha pode estar no mestre espiritual, e a falha pode estar em um grupo institucional inteiro de GBCs que se juntam para liquidar um devoto para ou contra disso ou daquilo. Eu mesmo passei por um período de minha vida na qual estava sob a opinião de votação de tal painel de conselheiros. Nesse tempo existia uma regra que ninguém podia ser retirado do topo do sistema a menos que 75% votassem contra esta pessoa. Estudei a lista e me dei conta que mais de 25% deles estavam em uma condição duvidosa. Qualquer coisa que eles votassem não iria acumular os 75% para retirar alguém com um comportamento errado, porque mais de 25% deles estavam em tal situação. Eles mataram a si próprios. Eles haviam criado um sistema cujos processos de proteção já não podiam funcionar, já não havia uma proteção real, ao contrário, estavam emitindo legislações e guias erradas. Foi então quando decidi buscar um Sadhu que me guiasse, porque não queria que minha vida fosse restrita e limitada ao julgamento defeituoso das pessoas que me proibiam de seguir meu coração e compreensão do que Srila Prabhupada queria que fizesse.
Agora leio que este absolutismo também foi aplicado ao mestre espiritual individualmente. Mestres espirituais foram colocados em posições onde só entregariam mantras ritualísticos, posto que se pode receber o mantra de um repodutor de som ou da boca de alguém. Gravações foram utilizadas por Srila Prabhupada para algumas das segundas iniciações nas que não esteve presente pessoalmente. Algumas pessoas dizem: “Bom, foi feito isso enquanto Srila Prabhupada estava aqui, por que não fazer agora que ele não está mais se é o mesmo mantra com o mesmo poder?”. Sim, isso é verdade, é o mesmo mantra com o mesmo poder, mas o elemento de aceitar um mestre espiritual é o de se render a alguém e servir a alguém. Você diz: “Não, você não tem que servir ao Guru, você só tem que servir à instrução do Parama Guru”, isso significa que todo seu serviço tem sido posto em um marco abstrato de conexão porque você não confia completamente em ninguém.
Existe outra deficiência, porque o elemento de amor e confiança são instrumentais, é a chave para se entregar e ser entusiasta na vida espiritual, e tem duas vias, o Guru o ama e confia em você, porque, de outra forma, como ele te diria para sair e pregar? Se o Guru pensasse que você fosse falso e fosse especular ou enganar as pessoas, ele te pediria para sair e pregar? Eu te pediria para dar uma aula diária sobre Krishna se sei o que você vai fazer é mentir e confundir as pessoas? Isso seria suicídio da minha parte. Então digo, deem a mensagem de Srila Prabhupada em amor e confiança, você é capaz e Krishna talvez fale através de você. Quem sabe no dia de amanhã quando você estiver lá fora pregando sobre Krishna, alguém te diga: “Me encanta o que você diz. Tenho U$10.000,00 e não estou fazendo nada com eles, você pode usar para Krishna?”. Por que não? Está proibido de receber uma doação para Krishna? Não, não está. Então essa pessoa vem e dá a você porque você deu uma aula que a tocou profundamente. Agora você tem U$10.000,00, obrigado!
Se você, nesse momento, pensar que o dinheiro é seu, então você cai nesse mesmo instante. Você recebeu isso por parte de Krishna e se supõe que você deve utilizar cada centavo para Krishna, de outra forma você estará enganado, mas quando eu falo de amor e confiança significa que o Guru confia em você, faça isso apropriadamente. Se alguém não fizer apropriadamente, então a reação estará em sua conta. Em outras palavras, o discípulo tem que ser responsável, mas não pode basear minha vida inteira em desconfiança, porque se desconfio de todos, então não posso pregar. Não posso dizer: “Há algo muito secreto, muito sagrado, muito belo e muito incrível que estaria a ponto de entregar, porém, não posso, pois o problema é que não confio a você este maha.” Então você tem que se dar conta por si mesmo de suas realizações internas.
Não, não é assim, apenas prego o Maha Mantra e estou dando a alguém a oportunidade de se desfazer de todas as atividades pecaminosas e de entrar em um entendimento espiritual. E este é o poder do mantra, não o poder de minhas palavras, é tudo o poder da graça. Então, quando você não confia nas pessoas, está em má condição. Agora, vice-versa, a confiança também vai com o tempo que eu entrego e na confiança que recebo.
A vida espiritual é uma relação de confiança, inclusive em um matrimônio ordinário existe uma relação de confiança porque se trabalha junto, se põe dinheiro junto e se dorme um junto ao outro, o que significa que enquanto você dorme, a outra parte poderia teoricamente tirar uma faca. Ninguém tem um guarda-costas ao lado de seu esposo ou esposa, se o matrimônio for uma relação de 100% confiança, então por que a relação Guru-discípulo não deveria ser? E não há instituição que seja maior do que a relação de esposo e esposa, exceto o tribunal. Às vezes, o esposo e a esposa acabam no tribunal e ela diz que ele fez isso e aquilo, e o tribunal pode julgar a relação, mas quem é o tribunal acima do Guru? Onde está esse tribunal? O discípulo se rende ao Guru e diz: “Por favor, me entregue o mantra! Por favor, me dê serviço! Por favor, me aceite! Quero ser seu filho espiritual!”, e o Guru diz: “Sim, te aceito como meu filho e te aceito como parte da família.”
Existe uma conexão pessoal muito íntima, e quem vai julgar isso? É claro, a verdade julgará, Paramatma julgará, a história julgará, mas nessa conexão privada e pessoal que vai ser o juiz? Sim, algo está falho, só o próprio Krishna pode corrigir, porque se você disser que há um Guru, então há um discípulo, mas por cima dos dois há um Sadhu Samaj, GBC e se você tiver um problema, pode falar com eles e o Guru não terá nada o que dizer, ele só poderá repetir o que o painel de conselheiros disser, isso significa que o painel não confia no Guru, então como pode o discípulo confiar no Guru? O painel de conselheiros disse: “Não confiamos no Guru, só pegue o mantra dele, mas não confie nele. Porém, deve confiar em nosso critério porque nós colocamos aí este Guru e também podemos tirá-lo. Nós te daremos um Guru substituto se este falhar, temos Gurus extras para tais casos, mas tudo está sob o painel de conselheiros, não na posição do Guru”, mas não é o que está apresentado no Bhagavad Gita 4.34, onde diz:

tad viddhi pranipatena
pariprasnena sevaya
upadeksyanti te jñanam
jñaninas tattva-darsinah

“Tente aprender a verdade aproximando-se de um mestre espiritual. Faça-lhe perguntas com submissão e preste-lhe serviço. As almas autorrealizadas podem lhe transmitir conhecimento porque elas são videntes da verdade.”
Esta é a pergunta: ele viu ou não a verdade? Bom, nós acreditamos que viu se tiver conhecido Srila Prabhupada e vive em serviço a ele, e se ele não tiver visto, então Srila Prabhupada e Krishna viram e eles estarão encarregados disto.
Voltando ao ponto de siksa Guru – é uma instituição tão poderosa e é às vezes dada às pessoas como os presidentes de templos que estiveram dois anos em consciência de Krishna. Algumas vezes as pessoas têm que tomar as responsabilidades de gerência de um templo. Quando fui presidente de um templo na Dinamarca, eu tinha dois escassos anos e meio no movimento e de repente um templo inteiro dependia de mim. Também temos que ver o lado prático e temos que ver quão importante é o amor e a confiança. Se formos eliminar o amor e a confiança das transações das organizações espirituais do mestre espiritual, do representante do mestre espiritual e quisermos institucionalizar todo o assunto, então não estaríamos seguindo a tradição de nosso Parampara espiritual.
Em nossa tradição, o sistema ritvik está no coração do devoto porque ele sente que seu Guru é um Guru real; isso é apropriado. Mas uma conexão institucional, mesmo a conexão formal de um diksa Guru, foi rejeitada em alguns casos em nosso Guru Parampara, como quando Bhaktivinoda Thakur declarou sua principal conexão com Srila Jagannath das Babaji Maharaja e ele não foi sua conexão diksa, mas ele deu preferência à conexão siksa Guru por cima da conexão diksa. E há outros exemplos como esse onde Srila Bhakti Rakshak Sridhar Maharaja explica que este é o Siksa Guru Parampara.
Então, esta é uma das considerações aqui. Se você refletir sobre isso, você encontrará que o Parampara institucional não está muito bem preparado ou posso perguntar onde está o Parampara institucional de Srila Rupa Goswami no mandir de Radha Govinda em Vrindavan ou o Parampara institucional de Sanatan Goswami no templo de Radha Madan Mohan ou o Parampara institucional de Ragunath das Goswami, Madhu Pandit... Onde estão?
Virtualmente estão ausentes. Algumas pessoas disseram que se refere a um direito familiar e outros veem que os edifícios são administrados pela sociedade arqueológica da Índia. Então, onde está o Parampara? Os Paramparas institucionais praticamente desapareceram ou existem algumas pessoas que dizem que elas têm. Ao menos podemos ver que não há realizado muito trabalho e no caso de Srila Prabhupada, ele teve que contrariar o Parampara institucional porque havia uma conexão disponível. Quando ele foi ao ocidente, ele buscou representar um mestre da Índia que tinha uma posição mais elevada na instituição de seu Guru, mas Krishna não quis. Então Srila Prabhupada teve que começar sua própria instituição, mas ele também disse: “Existem muitas instituições que estão aí para salvar as pessoas da ignorância e entregar Krishna, e minha instituição é uma destas.” Srila Prabhupada nunca disse: “Minha instituição é a única instituição e todas as outras estão inválidas e devemos contrariá-las.”, ou algo similar a isso ou: “Eles são desvios porque eles não vêm e se rendem ao meu marco institucional.”
Quem que tenha tais ideias, devo dizer honestamente que é falso. Essa pessoa é sectária, fanática e ainda pior, poderia se converter em um vaishnava aparadhi (ofensor), e se você pratica ou ensina Vaishnava aparadha, que boa fortuna pode vir a você? É a ofensa elefante – menosprezar, minimizar, criticar e maltratar as pessoas que estão conectadas com outras famílias espirituais, estas são todas as diferentes Vaishnava aparadha. Então, só tais indivíduos podem nos salvar porque podem impregnar o que se chama amor e confiança e eles podem conseguir uma realização pessoal, a qual esperamos que eles possam obter.
Espero que meus discípulos sejam tão qualificados como siksa Gurus para que possam entregar a misericórdia do meu diksa Guru a 100% de qualidade. Esta é uma expectativa muito grande para os amigos da minha alma, quero representá-los a 100% de algo que eu mesmo não entendo. Boa pergunta, não? Mas entendo eu a Krishna? Não. Entendo eu a Srila Prabhupada? Não. O amo! Sinto-me agradecido! Vou tentar fazer o que ele me disse que fizesse, mas não posso mentir e dizer que entendo a Srila Prabhupada. Entendo a Srila Sridhar Maharaja? Não. Escutei que Krishna não entende a Si próprio, então não devo me sentir mal por não entendê-Lo também. Mas simplesmente porque Krishna não Se entende, isto não minimiza a Krishna ou faz Sua missão menos importante para o mundo. Não penso assim, este é o domínio de amor e confiança... No amor e confiança às vezes não se entende.
Não entendo o poder do Maha Mantra, mas vi... Vi como trabalha nas pessoas. Estou muito agradecido pelo poder do Maha Mantra, mas O entendo? Entendo o Bhagavad Gita e o Srimad Bhagavatam? Os leio todos os dias, penso que é genial o que se ensina neles, mas entendo o Srimad Bhagavatam?
aham vedmi na vetti va
vyaso vetti na vetti va
bhaktya bhagavam grahyam
na buddhya na ca tikaya

O senhor Siva disse: “Eu conheço o significado do Bhagavad Gita e sei que Sukadeva também sabe, mas Vyasadeva talvez saiba. O Bhagavad Gita só pode ser entendido por meio do bhakti, não por inteligência mundana ou por leitura de muitos comentários.”
Considerando o todo, Srimad Bhagavatam, o Purana sem mancha, pode ser aprendido somente pelo serviço devocional e não por inteligência material, métodos especulativos ou comentários imaginários. Sukadeva Goswami entendeu o Srimad Bhagavatam. Vyasadeva talvez tenha entendido. Mas como pode não ter entendido se foi ele quem escreveu? Como pode não haver entendido? Porque às vezes, Srila Sridhar Maharaj disse, que as coisas descendem de uma maneira especial de alguém a outro alguém, o do meio não entende, mas o que recebe entende. Isto é o que Srila Sridhar Maharaja quer dizer, isso é o que amamos e nisso confiamos. Amamos e confiamos que esta missão é a missão de Krishna e que se algo falhar, então Ele virá e intervirá, e ainda assim ensinamos às pessoas a amarem seu diksa (iniciador) e siksa (instrutor) Gurus, porque se não dissermos que amamos e confiamos neles, então eles não nos inspirarão, eles não terão o entusiasmo para servir ao seus diksa e siksa Gurus, a participarem do centro do coração, a se arriscarem como seus Gurus estão se arriscando pelo serviço de seus Gurus.
Ao final, Srila Prabhupada disse: “Os Gurus se revelam por si próprio.” Eles estão atuando por parte do Senhor, de seu mestre espiritual e de sua própria consciência, e se a graça divina descende sobre eles, então eles serão capazes de mostrar uma transformação incrível, tanto em quantidade como em qualidade, ou nas duas, de outra forma não: “krsna sakti vina nahe tara pravartana – Aqueles empoderados serão reconhecidos como genuínos representantes do Parampara e de seu mestre espiritual.” E o que dirão eles se você se aproximar e perguntar pessoalmente sobre isso? Eles dirão: “Não, não, não, eu não sou empoderado, o que está acontecendo aqui é o poder do meu Guru. Todas as glórias a ele! Você e eu, todos dependemos de sua graça, mas isso não é ritvik, é representativo.”
Por meio do humilde representante e a cadeia ou sucessão, este movimento inteiro continuou e se mantém vivo. As instituições podem verificar e balancear, podem organizar as coisas que não são tão facilmente organizadas por indivíduos – por exemplo, o Vishva Vaishnava Raja Sabha. Eles convidam a todos os grupos Vaishnavas a limparem o dham (lugar) sagrado juntos. Se você quer limpar 100 ou 200 metros em cada direção do seu belo Mandir, já temos uma Vrindavan limpa – há muitos templos em muitos lugares. Então temos o espírito de fazer as coisas juntos, de nos ajudarmos... Por exemplo, se um devoto publicar um lindo livro sobre a ciência da espiritualidade (como um devoto chamado Govardhan fez em Mayapur que mostrou a importância dos ensinamentos de Srila Prabhupada e a evidência encontrada nos descobrimentos científicos para os ensinamentos transcendentais), não seria isto apreciado e usado por todos os vaishnavas? Possa a ciência ou o trabalho ser restrito à ajuda caridosa só às pessoas que pertencem a sua instituição? Quando os cientistas, filósofos e filantropos se tornam sectários, então você pode seguramente se dar conta que este é o fim da espiritualidade. Então, no departamento da filosofia espiritual e também onde se aplique esta filosofia no aspecto prático de decisões, tem que haver liberdade, tem que haver um critério individual e tem que haver amor e confiança. De outra forma, não haverá gozo ou progresso.
Se estas observações foram de benefício a alguém que escutou, será o meu grande prêmio, porque minha única ambição é me converter em um servo do servo dos servos daqueles magníficos Vaishnavas. Temos que desenvolver gosto por Srila Prabhupada e por Sri Chaitanya Mahaprabhu.

Seu sempre bem-querente,
Swami B. A. Paramadvaiti.