domingo, 28 de abril de 2013

O desenvolvimento da fé é um elemento fundamental


O desenvolvimento da fé é um elemento fundamental



“É muito importante que existam perguntas, pois a nossa natureza é inquisitiva, e mediante o questionamento correto, mediante as perguntas corretas, podemos nos aproximar deste mundo onde tudo é música e dança, onde ninguém se esquece da irmandade de todos os seres vivos, onde podemos nos apaixonar por Deus e viver sem cometer pecados.”


            Queridos devotos, recebam todo o meu afeto de Berlim.
            Já nos dias finais da Europa para começar uma nova aventura pelas terras da América do Sul. Sinto-me muito feliz em saber que vou me encontrar como todos vocês muito em breve. Nesta viagem pela Europa e também na Índia pudemos avançar bastante o nosso trabalho em Oida Terapia para fortalecer a apresentação da Fé em todo o nível. Com isso queremos derrotar qualquer posição ateia e re-estabelecer a importância da fé na vida humana. Podemos nos perguntar se o ateísmo é algo novo ou é algo que sempre acompanhou os seres humanos. A resposta é que o ateísmo está relacionado com a inveja por Deus, cujo é mais velho que a humanidade. A inveja por Deus é a razão pela qual estamos neste mundo material, só que tem tomado formas muito modernas, mas os asuras (demônios) da literatura védica são um exemplo claro deste ateísmo, pois seu comportamento contrário a Deus na forma de inimigo não é mais que ateísmo. Mesmo que, de uma maneira ou outra, acabavam adorando a Deus ao estarem tão pendentes com Ele mesmo. Assim, é como confirmarmos que o ateísmo não tem sentido. E para aprofundar mais nisso, podemos nos perguntar:
            “Existe alguém que escuta minhas orações quando estou em apuros? Existe alguém que pode corrigir os meus erros quando tenho desejos equivocados? Existe alguém que pode me guiar ao Destino Supremo? Existem revelações de Divindade aqui na Terra para saber qual é o caminho para a transcendência? Existe uma lei fixa que no final das contas é protetora de cada ser vivo? Existe uma verdade que possamos compreender? Existe alguém que me dá o Sol e a Terra diariamente? Existe alguém que deu minha consciência individual e minha sede de amar? Existe alguém que realmente se preocupa com o meu bem-estar? Foram todas as maravilhas que existem criadas para nos fazer felizes? Existem provas que tenhamos que passar para compreender este infinito? Existe um destino e uma utilização de minha capacidade de ter fé em algo invisível? Existe uma lei que nos ensina a nos tornarmos responsáveis de toda a ação ao ter que experimentar a reação do bom ou do mau que fazemos? Existe uma luz mais além da luz do Sol ou dos sóis? Existe um mundo dominado pelo amor? Existe um mundo sem ansiedade? A criação perfeita que nos rodeia não tem uma Inteligência Suprema por trás dela?”
            Todas as perguntas anteriores são questões que temos tocando na porta da fé. Se a conclusão depois de responder a todas essas perguntas é que sim existe uma realidade divina mais além, então tenho que mudar o meu modo de vida sem sentido e me adaptar a essa existência transcendental. É muito importante que existam perguntas, pois a nossa natureza é inquisitiva, e mediante o questionamento correto, mediante as perguntas corretas, podemos nos aproximar deste mundo onde tudo é música e dança, onde ninguém se esquece da irmandade de todos os seres vivos, onde podemos nos apaixonar por Deus e viver sem cometer pecados. Há tantos pontos de vista e inquietudes e o interessante é que para todas essas perguntas, a ciência não tem resposta. A única coisa que a ciência responde nesse nível é que isso não está dentro de suas áreas de investigação, inclusive quando a ciência diz que algo não existe, é apenas falta de fé nisso.
            Por isso nos fazemos a pergunta: “Ter fé é positivo?” E claro, é positivo, pois o desenvolvimento da fé nos humanos só gera bem-estar nos demais. O ser humano está inclinado pela busca da verdade, por isso existe a tendência de proteger os valores e a honestidade, mas, devido à influência de Kali Yuga, isso se tornou algo totalmente superficial. Hoje em dia as pessoas só se preocupam em manter uma aparência de honestidade, mas na vida privada perderam todos os seus valores. Mostram uma cara ao público, mas no particular se degradam e perdem todo o respeito de si mesmos e com os demais. Isso pode ser visto na prática dos políticos, famosos, homens ricos, comerciantes, etc. Em público dizem proteger a vida e na vida particular se intoxicam ou comercializam produtos que acabam com as vidas dos outros ou com a vida do próprio planeta. Isso é ateísmo puro. Isso é inveja por Deus. Isso é falta de fé e de consciência.
            O detalhe que eles esquecem é que por muito privada que suas vidas aparentem, Deus sempre está atento de tudo isso. Não é possível manter segredos com Deus. Por isso, o desenvolvimento da fé é um elemento fundamental em todos os níveis para enfrentar uma sociedade retorcida, se permitindo dar conta dos seus problemas e condicionamentos, além de entregar uma oportunidade consciente para tornar o caminho saudável para o ser. Por isso, o mais importante é a sinceridade. A pessoa sincera faz com que a sua vida privada seja pública, pois busca a transparência e não quer esconder nada. Claro, pública, mas real, não um show de publicidade para o mundo. Isso no Vaishnavismo é conhecido como rendição. E a lei é que se não somos sinceros pelas boas, será motivado pelas más, porque o karma vai se encarregar de mostrar tudo o que queremos ocultar só para guardar as aparências.
            Por isso, meus queridos, continuamos orando para levar uma vida sincera e transparente para entrar em conexão com a fé mais elevada e entregarmos em serviço aos Pés de Lótus de Srila Prabhupada. Oramos para poder transmitir a beleza da fé a outros e assim ajudá-los a encontrar um sentido em suas vidas.
            Com essas palavras me despeço por hoje. Agradeço a todos vocês por me acompanharem mais um domingo.
            Jay Srila Prabhupada!
           
            Seu sempre bem-querente,
            B. A. Paramadvaiti Swami.

domingo, 21 de abril de 2013

Ciência e espiritualidade


Ciência e espiritualidade


“Este é o momento de reviver o espírito original da verdadeira espiritualidade. Esse é um assunto urgente, observar qual foi o tesouro que perdemos em nosso processo de secularização. Isto não vem de nenhuma religião, não é manipulação de uma religião, é a necessidade original do ser humano para encontrar o sentido da sua existência, para encontrar de onde vem minha vida e para encontrar o que fazer com o meu amor, porque todo mundo tem muito amor e senão soubermos a quem dar este amor, não nos sentiremos felizes.”


            Meus queridos devotos. Primeiro quero oferecer minhas respeitosas reverências ao meu mestre espiritual Srila Prabhupada.
            Hoje quero falar um pouco sobre o tema “Ciência e espiritualidade”. Este é um tema que frequentemente é tratado. Ciência e espiritualidade é um ponto muito importante, porque hoje em dia estamos nas garras do movimento de liberação do século. Este movimento sempre se apresenta razoável, porque desenvolve suas verdades destruindo o sentido comum, criticando a violência que cometeu em nome da religião. Mas as pessoas religiosas não são defensoras cegas, elas defendem a justiça. Se alguém atacar os filhos de uma pessoa, ainda que seja religiosa, ela não vai dizer cegamente: “Sim, continue a atacá-los!”, não, ela também vai defender, mas não vai cometer uma injustiça ou produzir nenhum tipo de exploração a ninguém.
Como sabem, a história da humanidade tem sido cheia de guerras, então, seria uma boa pergunta: “Por que isso aconteceu? Quem está fazendo essas guerras? Quem está por trás de tudo isso?”, considerando que a guerra é a pior coisa que se pode fazer.
Estamos desfrutando da companhia de outros, como agora eu estou desfrutando da companhia de vocês nesta manhã, mas há lados na guerra e em cada lado tratam de matar um ao outro, é uma situação muito esquisita. A gente se pergunta como está, várias coisas podem acontecer no mundo. Existe um documentário que se chama “Por que brigamos?” (Why we fight?), analisa as 30 guerras passadas e mostra a evidência que pior acontece para se ganhar dinheiro. As pessoas são instigadas, as guerras são como uma trapaça, porque as pessoas não querem uma guerra, mas quando as circunstâncias supostamente se mostram como se fosse inevistável, então as pessoas participam. A motivação para fazer uma guerra é o materialismo, não a espiritualidade. Até as cristãos participantes das cruzadas iam roubar as pessoas e se supunha que iam liberá-las. É um bando de assaltantes. Vemos a história cheia de guerras, que muitas vezes foi creditada por motivos religiosos. Então a sociedade secular veio e disse que as religiões eram uma besteira; ''Se fazem guerras, nós não queremos ter nada a ver como elas.'' Então, todos estiveram de acordo com isso. “A religião não deve influenciar as escolas, as universidades, a política, o comércio, e este foi o início da nossa era secular”, então se não houver religião, no que vamos acreditar? Agora acreditamos na ciência, nos descobrimentos científicos, cremos no QI (Quoeficiente intelectual). Quem é inteligente aqui? Quem pode acreditar que é mais pronto que os demais? Então ele pode ter autoridade.
Estas são as situações que ficaram muito fortes na forma moderna de pensar, especialmente nos países comunistas, porque eles acabaram com a religião até na constituição, então eles não têm ninguém ou nada superior a obedecer. Então, dão todo o crédito para a ciência e assim se deriva uma famoso ditado: “Não acredito em nada que eu não possa ver”. Cada um tem a sua própria verdade, então dizem: “Faça o que quiser, não se restrinja por nenhuma imposição de moralidade ou promessas espirituais”, este era o cenário do século XIX, mas a revolução industrial e a revolução da informática têm uma incrível mudança que está acontecendo de maneira muito rápida, isso é impressionante. Kali Yuga é impressionante, a chamamos de Era de Ferro, mas o ferro não é nada, é a Era de Plástico, a Era da Digitalização, a tecnologia à laser, a comunicação dos celulares que fazem ver ao ferro ordinário. Claro, com o ferro fazem as armas, mas até pelo computador podem matar alguém. Existem muitas formas de torturar as pessoas, então, Srila Prabhupada veio para nos salvar dessa confusão. O que acontece com o materialismo através do sistema secular é que se tornaram muito poderosos. Quando usavam a religião, ao menos interatuavam com algum tipo de chamado pela paz, valores religiosos, como o perdão, a caridade, elementos como estes. Mas no materialismo, a filosofia é que sobrevive o mais forte, eles dizem que a caridade começa em casa, eu tenho que fazer com que as coisas sejam de minha propriedade, não importa o que tenho de fazer. Agregado a isto, existe outro fenômeno, a sociedade secular põe muito poder na mão dos bancos, por exemplo, e supostamente nas dos militares.
A humildade atualmente está sofrendo outro tipo de guerra, a guerra pelo controle da comida e do dinheiro e está sendo motivada pela cobiça, portanto, não existe muito respeito pela Mãe Terra e pelos consumidores, mas o materialismo justifica tudo isso dizendo: “O mundo da oferta e da demanda”, esse é o mundo de mercado aberto, e eles dizem no sentido material que está controlando tudo através das regulações, então eles têm muitas hipóteses, agências de regulação, mas na verdade só há uma regulação que está funcionando que é a que o rico fica mais rico e o pobre fica mais pobre. Essa é a regulação que faz com que todos os recursos vão em uma só direção, assim, hoje em dia as pessoas que odeiam a religião pelas guerras que causou deveriam odiar os bancos por toda a manipulação que estão fazendo através da sociedade materialista.
Este é o momento de reviver o espírito original da verdadeira espiritualidade. Esse é um assunto urgente, observar qual foi o tesouro que perdemos em nosso processo de secularização. Isto não vem de nenhuma religião, não é manipulação de uma religião, é a necessidade original do ser humano para encontrar o sentido da sua existência, para encontrar de onde vem minha vida e para encontrar o que fazer com o meu amor, porque todo mundo tem muito amor e senão soubermos a quem dar este amor, não nos sentiremos felizes. Então, a pergunta da ciência e da espiritualidade se torna muito popular.
Meu irmão espiritual Svarup Damodhar foi um grande cientista e um grande devoto. Ele teve contatos em conferências internacionais, convidado por ganhadores de prêmios Nobel para que ele desse a sua opinião em temas espirituais. Ele acumulou o apoio de cientistas felizes e espiritualizados, ele era muito exitoso, ele era um representante de Srila Prabhupada, ele estava manuseando a verdade. Depois dele, Michael Cremo, Druta Karma, investigou nos arquivos arqueológicos. Ele escreveu o famoso livro “A escondida e proibida arqueologia”, aqui escreveu em muitos artigos que a informação que nos davam na escola sobre a origem da humanidade não é apropriada e é falsa. Então, todos os que vão para a escola que estudam arqueologia, antropologia, história, todos são sistematicamente enganados. Em outras palavras, o mundo está sendo enganado que a humanidade veio da África. Darwin disse que a baleia vem do urso. Ele disse que primeiro vieram as espécies do oceano, depois fora do oceano vieram os mamíferos, mais por que a baleia tem um sistema respiratório como o nosso? Então, disse que os ursos gostavam tanto de peixe foram ao oceano e se tornaram baleias. Que grande especulação. Somente especulação. As pessoas gostam dessa especulação porque sustenta o princípio de que nós não temos de buscar nada espiritual, só desfrutar.

            Então, a ideia de que viemos aqui só para desfrutar é um conceito materialista. Precisa de uma filosofía muito poderosa se quiser ensinar às pessoas a servirem. Aqueles são servos. Sempre temos a competição entre querer ser servos e querer ser servidos. Às vezes os cientistas dizem que estamos aqui para servir, mas quando vem a ciência e a espiritualidade temos que reavaliar a terminologia da ciência, o que é a ciência realmente? O que é progresso de verdade? O progresso é o dinheiro que se move nos bancos? Ou, o progresso é a felicidade nas pessoas? A pergunta da felicidade é muito importante. As pessoas são felizes quando trabalham toda sua vida? Quando trabalharam em uma fábrica? As pessoas são felizes quando celebram o fim de semana com álcool e drogas? Isto tem que ser definido. A Oida Terapia, por exemplo, procura apontar a inteligência espiritual que surge quando a pessoa desenvolve uma atitude de agradecimento e compaixão com os outros. Você seria capaz de fazer coisas boas pelos outros?
Todos somos muito orgulhosos de ser inteligentes, sempre pensei na minha vida que eu era muito inteligente, afortunadamente nunca fiz o exame de QI porque talvez estivesse deprimido. Algumas pessoas poderiam te dizer para fazer o exame e supostamente te darão o seu valor. Em um império materialista nunca vamos ter o conhecimento completo. Adoração, esta é a pergunta: A quem vamos adorar? Para quem vamos baixar a cabeça? Quando vai abaixar a sua cabeça e dizer “ki jay”? A quem vai oferecer flores e incensos? A Consciência de Krishna é muito simples, você só tem que dizer uma coisa do fundo do coração: “Oh meu senhor, me deixe ser um instrumento do Seu amor.” Uma oração e tudo muda. Orar, honrar a prasadam e assim tudo vai mudando. E por ter um pouco de fé, tem um pouco de alegria, e tem uma responsabilidade por essa alegria. Adorar a natureza, ao paramatma ou a Krishna, adorar a Sita Ram ou a Gouranga, mas adore, adore! Agradeça e cante as glórias da criação, agradeça a tudo e não lamente, não se aborreça pelo que não tem. Agradeça o que tem e cuide disso.
Esta adoração nunca termina, adore ao Senhor com todo o seu coração, mente e corpo e use tudo para Sua adoração, e faça dessa adoração um lindo festival. Eu parabenizo aos devotos que fizeram um lindo centro para Radha Gopinath e o decoraram tão belamente. Eu só posso parabenizá-los, eu sei que não tem sido fácil, e as provas vieram e virão mais. Mas pela misericórdia de nossos mestres espirituais podemos continuar fazendo e não podemos nos apegar aos resultados.

Um abraço de coração a todos.
Seu sempre bem-querente,
B. A. Paramadvaiti Swami.


domingo, 14 de abril de 2013

É nossa filosofia, nossa forma de chegar aos outros, nosso carinho a tudo


É nossa filosofia, nossa forma de chegar aos outros, nosso carinho a tudo



“O assunto referente à boa surpresa é que todos somos uma família, e quando chega um novo devoto, sentimos que realmente chegamos um passo mais próximo de nossa gigante família espiritual, já que com Krishna a família é muito grande e cada devoto é uma conexão com Ele. Não importa se for um devoto novo ou um com muito mais tempo, ambos podem nos guiar.”

            Queridos devotos, desta vez mando minha mensagem da Itália.
            A viagem de um peregrino sempre está cheia de lindas surpresas. Claro, não faltam as dificuldades, porque elas também são parte da vida, pois quem nasce, também envelhece, adoece e morre. Assim que, quem espera uma vida sem problemas, tem uma venda nos olhos. O assunto referente à boa surpresa é que todos somos uma família, e quando chega um novo devoto, sentimos que realmente chegamos um passo mais próximo de nossa gigante família espiritual, já que com Krishna a família é muito grande e cada devoto é uma conexão com Ele. Não importa se for um devoto novo ou um com muito mais tempo, ambos podem nos guiar. Certamente os mais velhos nos ajudam mais, e mais ainda os grandes Bhagavata Paramparam Gurus, como Srila Prabhupada. Atrevo-me a dizer que a maioria dos pregadores, tanto siksa quanto diksa gurus são pancaratrikas paramparam gurus. Eles são gurus que fielmente seguem ao nosso Bhagavata paramparam gurus, e quando fazem o seu serviço bem, são vistos com os mesmo olhos como se fossem Bhagavata paramparam gurus também.
            Justamente nesta manhã, tive uma longa conversa com Mahapurusha Das e Ramananda Prabhu sobre os gurus e sannyasis que falharam com os seus votos ou não quiseram continuar lutando como sannyasis. Isto, por um lado, parece muito escandaloso, e sem dúvida alguma é muito triste, porém, honestamente, seria ainda mais triste se nunca tivessem tentado. Como exemplo de Srila Prabhupada, quando lhe perguntaram por que existe tanta Maya nos templos e ele respondeu que esta era uma pergunta equivocada, que deveríamos perguntar como é possível que existam tantos templos no reino de Maya em plena Kali Yuga.
            Estes devotos, sobretudo os siksa gurus, que abrem templos e viajam pelo mundo para distribuírem a mensagem dos gloriosos vaishnavas estão fazendo um gigante serviço. Se em algum momento sentem que não podem continuar, certamente haveria alguma razão, como alguma ofensa que cometeram, porém, isso não quer dizer que seu serviço foi em vão, principalmente se o seu serviço foi respaldado por um poderoso Bhagavata paramparam guru como Srila Prabhupada. Ele está por trás de todos os que pregaram em seu nome, e diante de Krishna tomam responsabilidade.
Eu já vi de tudo, vi sannyasis que se confundiram com o seu voto, e depois de contemplar de tudo um pouco, retomaram os seus votos. Enfim, minha missão é fazer com que as pessoas sejam felizes, não pessoas uniformizadas e desesperadas, ou pior, mal humoradas que maltratam os outros. Em Consciência de Krishna temos as duas opções, pravriti marga e nivriti marga; servir renunciando a muitos caprichos e à vida familiar ou servir tendo certas facilidades no mundo com uma vida familiar. Certamente os devotos em nivriti marga são mais respeitados porque têm mais tempo para os demais, porém isso não quer dizer que sejam mais exitosos em serviço já que muitos grihastas pregadores já fizeram maravilhas.
A sagrada ordem de sannyas existe e tem como propósito levar a abnegação que foi vista nas Gopis, que até ofereceram o pó de seus pés para salvar a Krishna de uma dor de cabeça. Em nossa família Vrinda, me sinto muito endividado com os sannyasis, brahmacarys, visnupriyas, maharanis, grihastas, presidentes de templo e com todos em geral, também contando com todos que apoiam do lado de fora, e o que dizer daqueles que lutam para se manterem desde o início da missão. Sinto-me constantemente agradecido com todos, além do mais, quero dizer que, por favor, não se assustem, porém, é o meu desejo que muitos de meus discípulos se tornem mestres espirituais e entendam a necessidade das almas condicionadas por todas as partes do mundo. Eu não tenho dúvidas de que dentro da família haja muitas almas fiéis e sinceras a Srila Pabhupada e que vão representá-lo bem, e permitirão que mais almas tenham acesso pleno às divinas instruções dos devotos puros, mesmo existindo risco de que um ou outro deles falhará, e os devotos que se conectaram com essa pessoa terão que procurar a conexão com outro vaishnava para que possam continuar com o serviço bem acompanhado.
O mesmo fenômeno acontece quando um presidente de templo abandona o serviço e temos de buscar outra alma sincera que está disposta a continuar com este cargo de responsabilidade, como disse Srila Prabhupada citando o slogan da empresa ferroviária da Índia: “As rodas têm que continuar se movimentando.” Este é um movimento onde se movem as rodas de Gouranga, não sejam superficiais, não sejam libertinos, porém, tampouco se escandalizem ou se decepcionem pelas falhas dos outros, porque isso também leva às pessoas a serem fofoqueiras, enfim, a recomendação de Srila Prabhupada é a de ser estrito consigo mesmo e misericordioso com os demais.
Concluindo, me ajudem com todo o seu poder a expandir a mensagem amorosa de Srila Prabhupada. Estou fazendo uma compilação de informações dos projetos que já foram feitos pela família Vrinda em qualquer parte do mundo, que tenham algo para oferecer a outros pregadores, me refiro a materiais para imprimir, materiais de publicidade excelentes, gravações de música, documentários e eu também gostaria de saber sobre a história de cada projeto em um estilo telegrama, como por exemplo, quem teve a ideia, quem executou, quem cooperou, qual material do projeto está disponível e até hoje pode ser conseguido, com quem pode ser conseguido, se existe algum valor para consegui-lo e qual é o valor. São mais de 30 anos de criatividade que eu tenho por trás de mim, e já me esqueci de muitas coisas, ou pelo menos não tenho nenhuma documentação, mas alguns devotos podem ter. Isto pode incluir fotos antigas das primeiras etapas.
Eu quero que vocês revisem os seus arquivos e olhem bem quais coisas do passado foram esquecidas, por exemplo, faz muitos anos do teatro “O pesadelo de Seu José, o açougueiro” que um devoto de Miami Jaya Ram fez as primeiras gravações para a proteção dos animais, me lembro que uma delas era a canção “Tenho uma vaca leiteira” que foi usada na apresentação da obra no palco Media Torta de Bogotá. Muitas obras teatrais foram perdidas simplesmente porque não guardamos bem os materiais. Cada obra teatral é um destes projetos que seria muito triste de perder. Lembro-me que uma vez com as madres Laksmi e Vrinda fizemos uma magnífica obra teatral da mulher liberada, da libertação feminina. Eu encarreguei a madre Ramesvari em Miami de fazer uma compilação de Arte Consciente Imortal e muitas das coisas que vocês me informam foram qualificadas para serem apresentadas. Por favor, me ajudem com esta compilação, principalmente os devotos antigos que devem ter fotos ou boa memória. Claro, principalmente se trata de coisas que podem ser revividas, já que os nossos templos precisam de muita cultura e beleza. Inclusive, existem livros que foram impressos e que foram perdidos os arquivos. Por exemplo, agora que estive na Índia, procuramos um livro de vegetarianismo em híndi publicado pelo Ganga Action Parivar, porém não encontramos os arquivos para imprimi-lo novamente.
Assim também na Missão Vrinda, temos muitos arquivos que se perderam, porém que podem ter uma versão impressa digitalizada. Para mim, a internet é mais que um arquivo de coisas valiosas do passado, imagine como estaríamos sofrendo se as coisas de Srila Prabhupada não tivessem sido gravadas e preservadas para que até hoje possamos escutar o néctar de suas conversas. Por essa razão, quero começar esta busca pelas coisas do passado e protegê-las melhor, muitas vezes as pessoas pensam que as coisas da atualidade não tem muito valor, mas e se o artista se tornar famoso futuramente? Ai até os detalhes do passado serão levados em conta. E ainda não os mereceremos, somos parte de um aspecto histórico que se chama: “O início” no ocidente, da missão de Sri Caitanya Mahaprabhu e os inícios de, por exemplo, Associação Mundial Vaishnava. Assim como as restaurações dos primeiros templos na Índia, por exemplo, creio que não existam fotos de como era Vrinda Kunja quando chegamos lá.
O que os olhos não veem o coração não sente, claro, sempre pode haver saturação visual ou alguém que não tem tempo, porém esta não é a razão de não preservar os tesouros do passado. Também sei que alguns devotos têm antigas coleções de cassetes que nem sequer foram passados para formato digital. Isso também é uma razão para revisar, por exemplo, Madhava Prakash Maharaj escreveu e gravou muitas canções, mas não em estúdio, eu creio que Vaishnava Prabhu deva ter estes cassetes. O que estou aqui pedindo é um pouco de trabalho arqueológico. Claro, com o tempo a qualidade das gravações melhorou muito.
Uma das coisas que sempre deixaram para depois é guardar todos os recortes de jornal nos quais escreveram sobre nós, ou onde aconteceram entrevistas em rádio e televisão. Por exemplo, quando Srila Harijan Maharaj se foi, de uma maneira ou outra já não me lembro como chegou a televisão colombiana e fizeram uma tremenda reportagem sobre sua partida. E quando tratamos de material de pregação, não me refiro a coisas somente feita pela Vrinda, também gosto de preservar tesouros de outras missões. Dos projetos atuais, quero ter informação básica que possa identificar do que se trata e quem o faz. Se vocês conhecem devotos antigos que possivelmente não estão conectados com a internet e nem vão ler o chat, podem visitá-los e fazer uma entrevista pedindo para que mostrem suas fotografias antigas. Todo este material por favor mandem uma cópia a mim e ao prabhu Panca Tattwa para sabermos que essas coisas foram resgatadas.
Estamos no caminho de Terni a Rimini, ontem foi um dia histórico porque fizemos uma bela cerimônia de fogo na montanha conhecida como San Erasmo onde está o templo de Surya Narayan, contruída a 7.000 anos. Antes disso fizemos uma entrevista na rádio e fomos à cachoeira de Mármore fazer um Harinam, depois tivemos um programa pela Mãe Terra no nosso Centro Vrinda em Terni e fomos a uma apresentação do Radha Dub System onde cantamos com o grupo alguns bhajans em uma velha igreja.
Hoje pela manhã descobrimos perto do templo de Imlitala um belíssimo caminho ecológico que os devotos não conheciam, apesar de estarem lá há mais de 10 anos. Prabhu Hriday Caitanya quem é o construtor do centro de Imlitala de Terni situado há alguns passos do templo de Sringabath do prabhu Ramananda e Sanatani, fizeram um novo espaço na mata atrás de sua casa, que praticamente serve como um teatro de concha acústica na mata.
É muito notável na Itália que os devotos têm uma grande tradição de fazerem altares em suas casas tão belos que ficam mais bonitos que os altares que vemos nos templos, têm muito amor pelos detalhes. Essa é a essência da vida espiritual: muito amor pelos detalhes. É nossa filosofia, nossa forma de chegar aos outros, nosso carinho a todos. Espero que todos tomem com carinho este meu desejo de preservar o carinho do passado. É o carinho para os que vêm no futuro.
Com esta mensagem me despeço por hoje.

Seu sempre bem-querente.
Um grande abraço para todos,
          Swami B. A. Paramadvaiti.

domingo, 7 de abril de 2013

Todos somos jivas vivendo uma realidade


Todos somos jivas vivendo uma realidade



Todos somos jivas vivendo uma realidade. Nada é impossível, qualquer um de vocês pode se converter em um Brahma ou Shiva em alguma de suas vidas, tudo pode acontecer. Mas, a essência por trás de tudo é saber o que realmente estamos fazendo na realidade de nossa própria vida e vincular a outros no serviço a Krishna e aos devotos é outra realidade, uma arte de verdade.”


            Queridos devotos, recebam todo o meu afeto neste dia. Hoje quero falar da realidade da vida. Em nossa vida prática, experimentamos como o movimento de sankirtan toma efeito, pois o canto dos Santos Nomes é uma realidade em si, assim como a presença de cada um de vocês hoje neste Chat é um realidade. Todos vocês são parte desta realidade. O serviço especial que cada um de vocês realiza tão belamente é uma realidade, e passando a outro plano, recordando um bhajan que entoamos hoje onde se descreve a Narada Muni cantando as glórias de Sri Radha e Krishna, e como todos ao redor, incluindo o Senhor Brahma e o Senhor Shiva, essa também é uma realidade. Claro, é uma realidade que não podemos perceber por completo, mas mesmo assim, são entidades muito elevadas, também são jivas vivendo sua realidade.
            Todos somos jivas vivendo uma realidade. Nada é impossível, qualquer um de vocês pode se converter em um Brahma ou Shiva em alguma de suas vidas, tudo pode acontecer. Mas, a essência por trás de tudo é saber o que realmente estamos fazendo na realidade de nossa própria vida e vincular a outros no serviço a Krishna e aos devotos é outra realidade, uma arte de verdade. Por isso nos chamamos de mendigos de amor, porque queremos mendigar às pessoas para que façam da Consciência de Krishna a realidade de sua própria vida. Eu amo esta realidade e amo trabalhar com pessoas que estão realmente convencida do que estão fazendo ou que têm profundos sentimentos pelo serviço que fazem. Não como nas grande empresas que tem milhares de trabalhadores que cumprem com o que tem que fazer porque recebem por isso, mas nenhum deles dança de alegria na realidade diária, pois só se mantêm ali por dinheiro.
            Os devotos vivem uma realidade à parte, a mais linda realidade. A felicidade e a devoção dos devotos não pode ser comparada nem com a maior quantia de dinheiro. Nós não estamos querendo que nos paguem pelo o que fazemos, o pagamento que os devotos recebem é muito mais elevado, eles estão dentro no negócio da misericórdia e o pagamento que recebem é mais misericórdia, pois a misericórdia só se manifesta quando há um anseio sincero por ela. E assim como Narada Muni está dançando de êxtase enquanto canta as glórias de Radha Raman, o criador do mundo, Brahmaji, também se une a esta dança e o destruidor do undo, Sri Shiva, também se une a esta dança extática, inclusive Ananta Sesa se une a esta dança maravilhosa.
            Assim, nós também podemos ser parte desta dança, pois se estivermos vinculados a Krishna, a vida completa se transforma em uma dança de êxtase. Sem Krishna a vida não tem nenhum êxtase, sem idealismo espiritual ou serviço rendido não há nenhum sabor na vida, por isso, nossa vida deve se transformar na realidade de uma dedicação intensa que irá nos fazer sentir grande prazer e êxtase. Como identificar este êxtase? Pois é um prazer estar aqui com todos vocês, conhecer de coração a cada uma destas pessoas maravilhosas, servir a Krishna junto com vocês... O êxtase de fazer uma revista em oferenda a Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati com ajuda de Damodarastaka dd. O êxtase de fazer e manter web pages para Krishna, assim como fazem os membros de nossa oficina em diferentes países. Assim, o serviço desinteressado e rendido deve se converter na realidade de todos os dias.
            Apreciar os nossos irmãos e irmãs, fazê-los se sentir parte da família de Srila Prabhupada e servir junto a eles, devemos converter em nossa realidade. Cuidar das oferendas ao nosso Ishtadev, protegendo o que é saudável nelas, a qualidade orgânica e a utilização de produtos conscientes e livre de maltrato animal, isso deve se tornar uma realidade. Proteger a Mãe Terra que é uma manifestação da Mãe Suprema, deve ser a realidade ativa de cada um de nós. Devemos preparar a nossa vida para que, de uma maneira ou outra, se torne um instrumento que permita aos outros se apagarem mais a Krishna. Esse é o maior presente que podemos entregar. Essa é a realidade que devemos compartilhar com todos. Assim, hoje oramos a Narada Muni, ao Senhor Brahma, ao Senhor Shiva, e à Ananta Sesa que a fé que eles têm no Santo Nome do Senhor inspire a nossa própria existência. Temos que nos lembrar que estamos em uma posição de perigo constante que pode fazer com que esqueçamos do Santo Nome do Krishna, pois existe uma tendência natural (devido à ilusão) a não sentir nenhuma atração por Ele. E se distanciarmos o canto do Santo Nome da nossa vida, ela se tornará novamente algo miserável. Poderão dizer: “Minha vida é miserável mesmo na Consciência de Krishna.” Srila Bhaktivinoda Thakur escreveu sobre isso e disse: “Parece que algumas vezes a vida com os devotos se torna algo insuportável, porém a vida material é muito pior.” Às vezes parece que viver com as mesma pessoas no mesmo lugar pode ser insuportável e queremos ter o nosso próprio espaço, porém, o que fazer? São as pequenas provas que temos de passar para aprendermos a ser tolerantes. Dessa maneira, qualquer detalhe aparentemente intolerável na vida espiritual, nada mais é que néctar comparado com a vida materialista. Na vida, às vezes sentimos que não podemos aguentar alguma pessoa especificamente, por alguma razão meio estúpida, porém essa pessoa está ao seu lado o tempo todo, come e vive no mesmo lugar... Nada mais pode ser feito além de aguentar.
            A vida está cheia de situações meio estúpidas que perturbam nossa felicidade e nossa prática devocional. Assim, existem muitas situações aparentemente insuportáveis, que aparecem para que avancemos espiritualmente. E se você tiver uma posição de destaque, lembre-se que é somente um serviço que deve ser oferecido aos pés de Srila Prabhupada, pois qualquer um pode se tornar um presidente de templo em qualquer circunstância. São serviços muito difíceis, porém ninguém é indispensável... Qualquer pessoa pode fazer e se qualificar nele. Eu lhes faço uma pergunta: Vocês que vivem no templo, já sentiram que a vida que têm é pior do que a que viveram antes? Ou é muito melhor do que as coisas que aconteceram antes?” Na realidade, nada é tão terrível, ou melhor, temos que nos concentrar e meditar na mensagem do início deste Chat: “Fazer da nossa vida útil, para que o serviço se torne uma realidade na vida.”
            Quando eu era brahmacary e viajei pela primeira vez à Índia, não tinha nenhum serviço de muito destaque, nem muito o que fazer durante o parikrama, foi um mês completo de parikrama durante o Kartik, porém eu comecei a me desesperar, pois não tinha afazeres fixos. Por isso, depois que terminou a época de parikrama, retornei rapidamente à minha área de serviço e assim me senti útil. Pois estar em um lugar e não ter muito o que fazer, não preenche a vida. Não podemos ser preguiçosos, a preguiça é um aborrecimento e se tornar responsável é totalmente o contrário. Não queremos ser a causa do problema, e sim queremos contribuir para a solução dos problemas... Muitas vezes uma pessoa não pode dar uma solução completa, porém, pelo menos, de uma maneira ou outra, trate de não ser parte do problema. Com essas palavras me despeço do Chat de hoje.
            Agradeço profundamente a todos vocês que semana após semana continuam se conectando através dessa janela para receber a mensagem que nos mantêm animados em serviço a Srila Prabhupada. Oramos para a proteção de Sri Nrsimha Dev no nosso caminho aos pés de lótus de Sri Radha-Krishna e os vaishnavas.
            Sri Harinam Sankirtan Yajña ki jay!
            Todas as glórias aos devotos reunidos!
            Todas as glórias a Srila Prabhupada!

            Seu sempre bem-querente,
            Swami B. A. Paramadvaiti.