domingo, 26 de maio de 2013

Uma vida oferecida a Deus, independentemente de qual seja o papel que nos inspira desempenhar, é a nossa esperança



Uma vida oferecida a Deus, independentemente de qual seja o papel que nos inspira desempenhar, é a nossa esperança



“Tudo o que está oferecido a Krishna é purificador, mas cuidado, não interpretemos mal isto como desculpa para fazer coisas ruins. A Deus não podemos oferecer coisas pervertidas ou que provenham de algum nível de exploração. Tudo o que está oferecido a Krishna é lindo por natureza, é artístico e satisfaz o coração por completo.”


            Queridos devotos. A degradação de Kali Yuga está impregnada em tudo o que nos rodeia, até o ponto em que as expressões mais lindas, como a arte, se contaminam com isso. O tema da arte é algo que deve ser analisado cuidadosamente. Arte e beleza sempre andam de mãos dadas, mas como no mundo material da confusão e da exploração tudo é distorcido, todo o “bom e bonito” pode se degradar.
            A essência da arte é que está relacionada com o Divino, qualquer expressão artística tem sua origem em Deus, que é o Artista Supremo. Então, tomando a arte como orientação de uma cultura ou civilização com o sagrado, podemos ver que tudo isso está se perdendo.
            Hoje em dia os diferentes meios “artísticos” são vistos degradados ao mais grosseiro. A pintura, a fotografia, a música, o cinema, entre outros, estão cheios de sexo, guerras, consumismo e exploração. Claro, não se pode negar que sempre há iniciativas que utilizam a arte como uma manifestação contra todo o materialismo, mas em sua maioria, tudo está cruzado pelo egoísmo.
            É muito comum que tudo o que recebemos esteja carregado de violência e essa é a mensagem que não só chega aos adultos, senão que às crianças que agora estão aprendendo. Sendo assim difícil que com tanto bombardeio de informações sem valores alguém possa entender a diferença entre o belo e o degradável; ainda mais se for uma criança.
            Essa filosofia de libertinagem onde as pessoas pedem por “diversão” é a causa de muitos males na sociedade atual. Isto faz com que as pessoas percam o critério real, pois somos totalmente moldáveis e vulneráveis. Logo, todos os casos de violações, maltratos, divórcios, enganos, estão baseados nessa libertinagem e nessa má concepção de arte e diversão. Assim, o mundo se degrada de forma muito horrível. As igrejas se tornaram corruptas, a política é corrupta, até os espiritualistas se corrompem. Maya está em todos os lugares e a cada momento, por isso devemos orar muito profundamente para que o Senhor nos proteja de explorar aos outros.
            O canto dos Santos Nomes é a nossa única esperança. Cantar o Santo Nome com o mais profundo do coração e aceitar e glorificar a Deus que é a fonte de todo o prazer e toda a felicidade. Isso é o que justifica nossa existência, e ter uma vida dedicada a Deus é o sentido de nossa vida, mesmo que continuemos vivendo no mundo material onde tudo se corrompe mais e mais.
            Tudo o que está oferecido a Krishna é purificador, mas cuidado, não interpretemos mal isto como desculpa para fazer coisas ruins. A Deus não podemos oferecer coisas pervertidas ou que provenham de algum nível de exploração. Tudo o que está oferecido a Krishna é lindo por natureza, é artístico e satisfaz o coração por completo.
            O ser humano da Consciência de Krishna é de grande importância, porque pode transformar tudo por completo. Inclusive se no serviço a Krishna fizermos algo imperfeito pode ser aceito se tiver uma intenção positiva por trás. Quem é que marca a linha para definir o que é positivo e o que não é? Esse é o mestre espiritual, por isso precisamos de sua guia constante em cada passo de nossa vida.
            É muito importante semear a semente da Consciência de Krishna nos corações de todos aqueles que conhecemos ou que encontramos no caminho. Esse é o nosso serviço e isso foi o que Srila Prabhupada fez conosco. Poderíamos viver tranquilos em um lugar isolado, desvinculados da sociedade, mas não é real, pois o mundo está sofrendo porque tem sede pela Consciência de Krishna sem saber.
            Sri Krishna é muito misericordioso conosco, porque se aplicássemos a lei “olho por olho, dente por dente”, imediatamente sofreríamos todo o mal que causamos aos demais. Ainda assim, o Senhor permite nos vincularmos com o Seu Santo Nome e com os Seus devotos de forma que possamos nos arrepender de tudo o que fizemos e inclusive nos purificarmos disso.
            Krishna e Seus devotos são a nossa esperança. Uma vida oferecida a Deus, independentemente de qual seja o papel que nos inspira desempenhar, é a nossa esperança. A arte consciente é a nossa esperança e ao mesmo tempo nossa satisfação.
            Meus queridos, essa é a minha mensagem para vocês neste dia. Espero que possam inspirar cada vez mais e mais pessoas para se tornarem conscientes de Deus e a transformarem suas vidas em uma oferenda permanente.
            Deixo-lhes todo o meu afeto do aeroporto de Cucutá.
            Acabamos de chegar depois de uns dias muito lindos em Varsana.
            Jay Srila Prabhupada.

            Seu sempre bem-querente,
            Swami B. A. Paramadvaiti.


domingo, 19 de maio de 2013

Bem-querentes


Bem-querentes



“Nós não somos veganos estritamente, mas amamos todos os veganos, mais ainda os que são ativistas pela proteção dos animais. Não podemos nos tornar veganos porque pertencemos a uma cultura que adora às vacas, que se consome produtos lácteos e se oferecem a Deus. Sem dúvidas, há uma coisa que devemos ter clara, é que devemos ser muito conscientes a evitar o máximo consumir produto lácteo que provenha do sofrimento aos animais e o que dizer de oferecê-lo a Krishna no altar. Não somos veganos, mas tampouco podemos ser cúmplices do maltrato aos animais, porque consumimos produtos do mercado que estão marcados com sofrimento.”



            Queridos devotos. Envio a vocês todo o meu afeto da Costa da Colômbia, onde passamos uns dias de muita meditação junto aos nossos irmãos nativos de diferentes povos.
            Quando estive no último Mela da Alemanha, fiquei surpreso com uma receita de prasada vegana que fizeram os devotos da Itália. A partir disso, eu pedi à minha oficina que distribuíssem essa receita, porque faz um tempo que decidimos com Gurudeva Atulananda que nossos restaurantes Govinda deveriam oferecer opções veganas, pois o mais importante é a distribuição de prasadam a todos.
            Nós sabemos que a cultura védica não é vegana, mas sim é um cultura de total compromisso com a proteção aos animais, sobretudo com as vacas. Vedicamente não é pensado que um vaishnava poderia estar envolvido no sofrimento dos animais e isso não mudou, os devotos possuem um amor incondicional com todos os seus irmãos no corpo de animal, pois compreendem a lei do karma em sua totalidade. A diferença é que o mundo moderno, influenciado pelos avanços da Era de Kali, apresenta aos devotos diferentes circunstâncias que antes não existiam. Hoje em dia os animais são explorados e maltratados em sua maioria, principalmente nas indústrias relacionadas com a carne e lácteos. Por isso, qualquer atitude e decisão que se tome à respeito deve ser completamente humilde e respeitosa para os que tenham tomado outro caminho, pois o tema do vegetarianismo e veganismo tem sido muito específico entre os protetores dos animais. Essa é uma lei geral, não somente neste caso senão que em qualquer aspecto da vida de um devoto, que nunca se deve apresentar ante outros como se a sua filosofia de vida fosse a mais elevada e tudo aquilo que os demais fazem é algo sem sentido.
            Nós não somos veganos estritamente, mas amamos todos os veganos, mais ainda os que são ativistas pela proteção dos animais. Não podemos nos tornar veganos porque pertencemos a uma cultura que adora às vacas, que se consome produtos lácteos e se oferecem a Deus. Sem dúvidas, há uma coisa que devemos ter clara, é que devemos ser muito conscientes a evitar o máximo consumir produto lácteo que provenha do sofrimento aos animais e o que dizer de oferecê-lo a Krishna no altar. Não somos veganos, mas tampouco podemos ser cúmplices do maltrato aos animais, porque consumimos produtos do mercado que estão marcados com sofrimento. Devemos buscar conseguir leite de vaca natural para nossas fazendas e templos dentro do possível e fazer ricas preparações caseiras para oferecer às deidades.
            Em nossa família temos dois goshalas, que são lugares para a proteção das vacas: um na Índia, encarregado pela Lalita Madhava, onde cuidam de mais de 200 vacas; e outro na Itália, na fazenda, onde temos 5 vacas. É um esforço em pequena escala, por isso também temos que nos comprometer para que o nosso consumo de lácteos seja o menos prejudicial possível. Há outro ponto muito importante que é o ato da oferenda; uma vaquinha cujo leite é oferecido a Deus, se purifica imediatamente só por se conectar com a divindade dessa forma. Assim, a vida de um animal, de uma fruta ou de um vegetal passa a ter sentido por completo porque adquire o significado que sua vida foi para Deus. Assim, os vaishnavas tentam aplicar critérios completos às situações, não só dizer: “Não coma nada que provenha dos animais”, pois nesse caso poderíamos nos questionar até o ponto de dizer: “De onde vem o abandono dos vegetais que você come?”, se a resposta for “da vaca”, então tem origem animal e se a resposta for “dos químicos”, então não consome nada animal, mas está prejudicando a Mãe Terra com os químicos.
            A solução a tudo isso é fazer o melhor que puder, da forma mais consciente e oferecer tudo a Krishna, pois Ele é o desfrutador e o controlador último das coisas. Se houver algo que não funcione com perfeição, Krishna se encarrega de harmonizar e ajudar às almas em seu crescimento espiritual. O mais importante de tudo isso é o amor, o amor para com todas as entidades vivas; isso significa atuar como um bem-querente dos demais e o matar a alguém que é totalmente contrário à postura de um bem-querente. A conclusão desta reflexão é que devemos entregar tudo o que fazemos a Deus e ter fé de que sempre nos mantermos conectados com Ele, seja direta ou indiretamente.
            Tudo o que se faz em conexão com Deus e com Seu Santo Nome é completamente benéfico para quem o realiza e para quem está ao redor. Está é a minha mensagem de hoje, palavras breves que espero que ajudem a tirar as dúvidas de todos os que estão confusos com estes temas.
            Um grande abraço.

            Seu sempre bem-querente,
            Swami B. A. Paramadvaiti.

domingo, 12 de maio de 2013

A Consciência de Krishna é o compromisso com o amor ilimitado


A Consciência de Krishna é o compromisso com o amor ilimitado



Devemos ver a divindade em todos os seres, pois Krishna disse no Bhagavad Gita: “Quem Me vê em todos os lugares e vê tudo em Mim, Eu nunca Me separo dele e ele nunca está perdido para Mim.” Krishna está conectado com cada um de nós, porque Krishna nos ama, porque reside em nosso coração. Não é possível estar separado dEle e Ele nunca se separa de nós. Krishna disse: “Eu te amo e quero te dar conhecimento, lembrança, esquecimento, mas a Mim só pode conhecer com o teu amor, com tua rendição, não com desconfiança ou especulação intelectual. Sou acessível somente com as lágrimas sinceras do teu coração.”


            Queridos devotos, recebam todo o meu afeto de Miami Mandir. Hoje quero falar sobre o maior amor que conheci. Para começar, quero oferecer minhas sinceras reverências ao meu Mestre Espiritual Srila Prabhupada, que é o salvador da minha vida. Antes de conhecê-lo, não sabia nada sobre o amor, só tinha a experiência do maravilhoso amor que recebi da minha mãe. Mas, mesmo o amor de uma mãe que é uma das representações de maior amor desinteressado que podemos conhecer, não se compara ao verdadeiro amor, que está por cima de qualquer concepção material. Isto é algo importante de entender. Se ainda assim queremos saber sobre o amor divino, devemos buscar identificar quais são os exemplos mais próximo a isso, por exemplo: o amor de uma mãe, o amor de um casal e o amor espiritual transcendental. O amor de mãe é elevadíssimo, porque está preenchido de abnegação e serviço comprometido, isto é o que faz com que uma mãe seja muito famosa no âmbito do amor. Enquanto o amor de casal está baseado no modelo original recebido do casal divino, formado pela divindade masculina original e a divindade feminina original, Sri Sri Radha Govinda.
            Sobre o amor do casal divino foi escrito muitos textos. Um dos livros mais importantes à respeito do amor divino é o Gita Govinda de Srila Jayadeva Goswami que vai muito além da nossa concepção de amor. Sri Isopanisad é outro livro que revela que a origem suprema de tudo é o amor por Sri Radha; esse tópico também tem sido mencionado no Bhagavad Gita onde Sri Krishna disse que ao se refugiar nEle, podemos alcançar o nível mais elevado da consciência de Vraja, o amor de Vraja, que é o amor de Radha e das Gopis por Krishna, além disso, Sri Krishna acrescenta: “Não temas, Eu vou te proteger, apenas se refugie.”

sarva-dharman parityajya
mam ekam saranam vraja
aham tvam sarva-papebhyo
moksayisyami ma sucah

            O conceito de se refugiar no amor divino me faz recordar do ditado que fala: “Sem risco, não há ganhos”, pois rendição, disse Srila Prabhupada, é o único jogo de azar autorizado. Na rendição a Deus, tomamos todos os riscos para o maior dos benefícios. De todas as maneiras, na vida diária tomamos muitos riscos não muito espirituais, então por que não nos arriscarmos pelo amor divino? Só o fato de comer é um risco, pois não sabemos se algo do que está comendo te pode cair mal; caminhar também é um risco, porque a qualquer momento um carro pode vir e ser atropelado; se casar também é um risco, porque não sabe o que vai acontecer no futuro com a sua família. Estamos rodeados pelos riscos. A rendição ao amor divino é um risco onde devemos oferecer o coração por completo. Como não podemos servir diretamente a todas as pessoas e entidades vivas, então oferecemos o coração a Deus que é a fonte de tudo isso e dessa forma serve a toda Sua criação.
            Esse aspecto da espiritualidade onde o serviço rendido a Deus e aos Seus servos beneficia a toda humanidade, se vê refletido na vida monástica. Isso foi o que mais gostei desta forma de vida, porque permite se entregar a Deus por completo e fazer serviço para todo o mundo sem o limite de uma só família. Hoje em dia me sinto feliz por ter sido inspirado em tomar essa decisão que me permitiu conhecer a tantas pessoas maravilhosas que posso servir. Atrevo-me a dizer que não existe uma vida mais maravilhosa que a vida de renúncia e mais maravilhosa ainda é a vida de renúncia em serviço do movimento de harinama-sankirtan de Sri Caitanya Mahaprabhu, onde podemos oferecer todo nosso amor e serviço ao mundo inteiro.
            Uma vez, os devotos chegaram muito entusiasmados para me mostrarem um filme consciente chamado “A Corrente do Bem” (“Cadena de favores” ou “Pay It Forward”) onde uma criança pregava que nós deveríamos fazer um favor a três pessoas desconhecidas e quando elas perguntassem por que o fazia, se respondia: “Para que você faça o mesmo”, e assim se criava uma corrente de pessoas amáveis fazendo favores a outras pessoas. Mas o meu Mestre Espiritual deu uma instrução ainda mais potente, disse que do momento em que levantar até o quando deite, devemos fazer favores desinteressados a todas as pessoas que encontrar e não favores para o seu benefício material, senão que favores para o bem-estar de sua alma.
            Assim é a vida de sankirtan, um exemplo constante de sacrifício e serviço desinteressado que dificilmente pode ser comparado; especialmente no ashram monástico, pois dedicamos toda nossa energia para levar o processo espiritual com muita dedicação porque não temos mais expectativas: não precisamos de uma casa, nem uma cama, nem uma cadeira, muito menos uma televisão, só precisamos de tempo para servir, servir e servir. Tudo isso na própria prática, porque a vida de renúncia é só prática, nada de teoria. Há uma frase que me identifica muito: “Tudo o que não der é o que vai perder”, essa afirmação me faz pensar que devo entregar tudo o que tenho em forma de serviço sempre e o mais rápido possível, senão vou perdê-lo. Como monge, não tenho muito, materialmente falando, mas sim tenho meu amor, meu coração, minha palavra e o conhecimento recebido do meu Mestre Espiritual, tudo isso já é muito para entregar.
            O mundo material, em troca, nos leva ao egoísmo mais profundo, a tocar fundo guiado pela autossatisfação. No mundo material não existe a palavra “amor” ou “serviço desinteressado”, tudo está baseado no interesse pessoal. Se quiser aprender o significado real da palavra “amor”, deve fazer o bem a todos e começar por você mesmo; não tem sentido dizer que ama a sua mãe enquanto se droga ou intoxica. Não podemos falar de amor enquanto prejudicamos aos outros, ou pior ainda, enquanto somos responsáveis pela morte de milhares de animais nas indústrias de carne. Isso não é mais do que choro de crocodilo que mata sua presa  e “chora” enquanto a come. Em outras palavras, o  amor que buscamos com o coração, esse amor divino, tem um preço que não é só teoria, não é só apreciação intelectual, é um sacrifício concreto e constante; são os passos para a conduta do sanatan-dharma. O Srimad Bhagavatam declara que o verdadeiro dever do ser humano é fazer aquilo que desperta nele um desejo intenso de render serviço ininterrupto e imotivado para Deus.
            Se meditarmos no casal divino, podemos confirmar que não há nem o mínimo sintoma de competição entres eles, ou se houvesse seria apenas competição por satisfazer e servir de melhor maneira o outro. Onde cada um deles deseja se situar aos pés do outro, servir de todo o coração em um espírito de escravidão divina. Esse mesmo sintoma experimentam as Gopis, as melhores servas do casal divino. Em uma ocasião, Sri Krishna disse que tinha uma grande dor de cabeça e só o pó dos pés de Seus devotos poderia salvá-Lo de tal dor. Assim, mandou Narada Muni buscar a medicina tão especial, mas cada pessoa que ele perguntava, respondia que não podia lhe dar o pó de seus pés, porque era muito caído e se esse pó tocasse a cabeça de Sri Krishna ela iria diretamente ao inferno, pois é a maior ofensa que se poderia considerar. Narada Muni ficou muito frustrado, buscava e buscava, mas não encontrava ninguém que desse o que o Senho precisava. Até que lhe sugeriram que fosse a Vrindavan e falasse com as Gopis. Narada chegou até elas e pediu o pó de seus pés para levar a Sri Krishna, as Gopis imediatamente juntaram todo o pó que havia no chão e o entregou a Narada sem o mínimo temor. Narada perguntou se não acreditavam que haveria alguma reação por este ato, mas elas disseram: “Não faça perguntas tontas, corra logo porque Krishna está sofrendo. Se tivermos que ir ao inferno para que Krishna se alivie, então iremos.” Desta forma, Narada Muni viu a natureza do amor das Gopis.
            Poderíamos pensar: Que tipo de história é essa onde Deus chora pelo amor de Seus devotos? Na verdade, não podemos compreender, está muito além dos limites do nosso pequeno entendimento. Isso que é fascinante do bhakti-yoga, tudo o que um devoto faz está na linha de satisfazer ao centro divino, ao mais querido Senhor Krishna e tudo o que Sri Krishna faz é satisfazer a joia de Seu amor, Sua mais querida. Por isso oramos para servir à divindade feminina, enquanto no mundo material as pessoas brigam para serem o controlador masculino de tudo. A natureza do mundo espiritual é o oposto: todos se subjugam ao Controlador Supremo.

            Assim, cantamos:

“Óh, a mais querida do encanto infinito! Teu serviço anseia este pecador, Só de Krishna , de Teu amado Krishna, Podes dar-me Seu amor. Rainha de Vrindavana, tanto Te ama Rama, Tua graça venho a implorar, Por tanto amar-te, Ele não te nega nada, Tua é minha alma pela eternidade.”

            Isto quer dizer, orar pela entrega completa ao casal divino, se situando no lado feminino como um assistente. Na linguagem do bhakti-yoga isto se chama: meditação sobre a posição constitucional da alma. Em outras palavras, trata-se de se lembrar que temos um corpo eterno que não deixará de existir quando este corpo material seja comido pelos vermes, e tal corpo eterno tem uma função eterna, uma ocupação perene que está baseada no sacrifício em busca do amor mais elevado.
            Devemos ver a divindade em todos os seres, pois Krishna disse no Bhagavad Gita: “Quem Me vê em todos os lugares e vê tudo em Mim, Eu nunca Me separo dele e ele nunca está perdido para Mim.” Krishna está conectado com cada um de nós, porque Krishna nos ama, porque reside em nosso coração. Não é possível estar separado dEle e Ele nunca se separa de nós. Krishna disse: “Eu te amo e quero te dar conhecimento, lembrança, esquecimento, mas a Mim só pode conhecer com o teu amor, com tua rendição, não com desconfiança ou especulação intelectual. Sou acessível somente com as lágrimas sinceras do teu coração.”
            Sri Krishna também é chamado de Rama ou Radha Ramana, que significa “O que quer satisfazer a Radha”, assim, nossa meditação deve ser uma súplica, uma oração à terra sagrada de Vraja; a terra de Vrindavan onde todos cantam “Jay Radhe, jay Radhe” que quer dizer: “todas as glórias à divina companheira do Senhor Supremo.” Srimati Radharani domina o coração de Vraja Mandal. Isto continua sendo difícil de compreender, trata-se de uma história de amor que pode cativar nosso coração cheio se compreender e servir. Sri Radha-Krishna são o modelo do amor divino, são o maior amor que podemos aspirar a conhecer e servir.
            O dever de qualquer pessoa é servir este amor divino, seja você um monge ou chefe de família. Se alguém decide se casar, então o seu dever se transforma em se tornar fiel ao seu par para compreenderem juntos o amor divino e levar aos seus filhos e aos que te rodeiam para essa compreensão. A Consciência de Krishna é o compromisso com o amor ilimitado. Sri Krishna é totalmente místico e possui diversos aspectos confidenciais que vão muito além deste mundo temporal e nas nas quais nos imerge dependendo do nosso grau de rendição. É só o poder da rendição e da entrega incondicional do coração que nos leva ao ponto máximo do amor, até não sentir nenhuma atração pelo mundo material. Krishna disse no Bhagavad Gita que por pensar nEle no momento da morte, nós iremos a Ele.
            Mas, o que acha de no momento da morte estar prestes a chegar ao mundo espiritual e te oferecerem a ser o rei da Terra? Decide voltar outra vez? Devemos estar dispostos a superar todo tipo de tentações que nos afastem do amor divino. Estamos em análise constante para provar nossa determinação e sinceridade no processo da rendição. Quanto vale o amor? Voltaria a comer carne por um milhão de dólares? Claro, se for um aspirante a devoto que anseia servir ao seu mestre espiritual, você responderia “não”, porque a relação que tem com Deus e com Seu devoto está por cima de qualquer outra conquista, prazer ou posição no mundo material, pois de que serve possuir o mundo inteiro se perderá a sua alma? O mundo está cheio de amor, de oportunidades para se render ao amor divino, mas se não se determinar em sacrifício para isso, as influências externas virão te testar e começará a ansiedade, a tristeza, a frustração, a desilusão, a intoxicação, a fraude, a traição e assim ficará doente ao não poder apreciar o amor verdadeiro.
            A vida no mundo material é uma universidade dirigida por Maya Devi, onde as provas à sinceridade estão à ordem do dia, onde a cobiça faz com que as pessoas anseiem por realizações materiais que não têm nenhuma relação com o verdadeiro amor, pelo contrário, os devotos consagrados lutam para não se identificarem com o temporal e não se apegam a nada mais do que seu serviço aos pés de seu mestre espiritual, se mantendo sempre satisfeitos e dispostos a servir.
            Talvez tudo isso lhes soe muito utópico, ou parecerá que sou um mentiroso fazendo propaganda à vida de renunciante; devo admitir que esta vida não é fácil, que é uma provca contínua. Sem dúvidas é uma realidade e a mim a tem. Há muitos devotos e devotas, no passado e no presente, que se dedicam por completo ao serviço a Deus; que não recebem nada mais que o próprio benefício de seus sacrifícios e, além disso, são felizes e todos que se encontram com eles se tornam felizes.
            Assim, os seguidores de Srila Prabhupada e de seu movimento de sankirtan-yoga têm as portas aberas para se tornarem verdadeiros servos da humanidade onde quem não pode viver como monge também tem todas as oportunidades para se consagrar cheio de seu dever familiar e fazer serviço devocional. Tudo o que o aspirante sincero busque, poderá encontrar nos ashrams de Srila Prabhupada à serviço da humanidade. Ele nos convidou a sermos parte desta escola e formou em toda parte ao redor do mundo, inclusive em sua própria casa.
            Se buscar a luz, comece acendendo a luz do seu coração e a leve a sua casa, ao seu trabalho, a todos os lugares que for. Leve a prasada do Senhor a todos, pois a comida santificada por Deus tem a potência de despertar o amor no coração pela fato de estar saturada da energia da mais profunda oferenda em meditação; a prasada é um alimento que cura o coração aflito e que tem que tomar com agradecimento e entregar com compaixão.
            Agradeço por compartilhar os ensinamentos de Srila Prabhupada mais um dia, obrigado por me permitirem falar sobre o amor mais importante que recebi e que tenho tentado apresentar da melhor forma que posso, mesmo que seja só um extrato do amor divino que está preenchido de muitos mais detalhes.
            Com todo o meu afeto.

            Seu sempre bem-querente,
            Swami B. A. Paramadvaiti.

domingo, 5 de maio de 2013

O tesouro da Consciência de Krishna em nossas mãos


O tesouro da Consciência de Krishna em nossas mãos



“Nas cartas que Srila Prabhupada me escreveu, ele era completamente amoroso e confiava plenamente em mim serviço, sendo eu mais um dos seus milhares de discípulos que nem sequer falava bem inglês. Mesmo assim, ele me deu toda a confiança, permitiu uma relação de coração e me deu todo o apoio. Como na última carta que ele me escreveu onde dizia que me daria 99% da responsabilidade sobre a pregação no Brasil e o 1% era dele. Com essa frase, Srila Prabhupada me comprou para toda a vida.”



Queridos devotos. Recebam o meu afeto de Nova York.
O Vaishnavismo tem uma função universal e nesse nível cada templo em cada país cumpre um papel muito importante. Assim, esperamos que nossa família Vrinda siga crescendo para servir ao mundo com tudo o que temos, e é para servir ao mundo que necessitamos nos manter unidos de coração, unidos na diversidade com tantas variações e projetos existentes. O incluir a todos nesta tarefa leva mais tempo, mas é muito importante porque assim nos asseguramos que há dinamismo e variedade.
A natureza dos Vaishnavas é que são Nirupadis, é dizer que não desejam tomar nenhuma posição de destaque, mas às vezes, no desempenho de um serviço é necessário tomar, mesmo que não se queira. Por exemplo, talvez ninguém queira manusear um carro, mas cedo ou tarde alguém em que fazê-lo, senão não seria possível se transportar. Da mesma forma, os vaishnavas que estão em uma posição de liderança, talvez gostariam de não estar, mas faz parte do seu serviço e compromisso de cumprir com isso. E é graças a estes vaishnavas que tomaram liderança em nossa família que eu tenho muita esperança em fazer serviço na América do Sul, na Europa, na Índia...
E com todo o coração eu agradeço a Srila Prabhupada por nos abrir a porta de entrada a Sri Vrindavan Dham, de onde se iniciou a expansão do movimento da Consciência de Krishna no Ocidente. Assim, do seu pequeno quarto no templo de Radha Damodar, Srila Prabhupada planejou todo o seu projeto de pregação que logo tomaria dimensões surpreendentes, e Srila Prabhupada fez tudo isso sozinho, sem o apoio de sua família. Logo ele renunciou a vida familiar na qual havia sido muito responsável e se dedicou por completo à vida monástica. E que vida monástica mais dedicada. Prabhupada tentou por muitos lugares antes de viajar ao Ocidente, inclusive participando com os seus irmão espirituais, sempre entusiasta por fazer coisas grandes, mas não encontrava o seu lugar.
Ele encontrou o seu próprio serviço ao seu Mestre Espiritual na geração de um movimento que mudaria a história do Vaishnavismo no mundo. Há uns dias escutei uma conversa de Prabhupada em audio, na quela meu Gurudeva dizia que teve muitas oportunidades de se tornar milhonário com a empresa química na qual trabalhava, mas, por uma razão ou outra, Krishna não permitiu e perdeu muitas oportunidades neste nível. Desta forma, não sabemos qual é o plano de Deus para nós mesmo. É realmente uma incógnita.
Os planos que Krishna tinha para Srila Prabhupada, Seu devoto puro, foram realmente impactantes. Foi um novo capítulo para a milenar história do Vaishnavismo. Srila Prabhupada deu página completa ao movimento para a Consciência de Krishna no Ocidente, e nessa página também vivemos nós, que somos parte direta do legado transcendental de Srila Prabhupada. Graças a esta página, nós recebemos prasada e podemos nos vincular com todas as relíquias desta cultura tão maravilhosa. É muito bonito de se ver como se manifestam os planos de Krishna na família de Srila Prabhupada, pelos devotos do Ocidente na Índia e pelos devotos da Índia no Ocidente.
É tanta a variedade na pregação do movimento de Sri Caitanya Mahaprabhu que ansiamos em difundir tudo isso sem limites, para que todas as pessoas possam conhecer o maravilhoso presente de Prabhupada. Por isso, é tão importante que cada um de vocês tome liderança nesta missão, que se sintam responsáveis por tudo o que tem que fazer neste esforço de expansão da pregação, pois todas as pessoas que vão chegando aos diferentes templos graças ao Harinama Sankirtana devem ser atendidas e guiadas à perfeição em seu processo espiritual. Isso não pode depender só do Guru, senão que depende de todos os representantes rendidos ao Mestre Espiritual. Essa é a linha de Srila Prabhupada. Pare um minuto e se pergunte: “O que distinguia Srila Prabhupada?” A confiança que entregou a todas as pessoas que estavam ao se redor, sem importar se fossem aparentemente qualificados ou não para isso, Prabhupada investiu em confiança.
Por exemplo, nas cartas que Srila Prabhupada me escreveu, ele era completamente amoroso e confiava plenamente em mim serviço, sendo eu mais um dos seus milhares de discípulos que nem sequer falava bem inglês. Mesmo assim, ele me deu toda a confiança, permitiu uma relação de coração e me deu todo o apoio. Como na última carta que ele me escreveu onde dizia que me daria 99% da responsabilidade sobre a pregação no Brasil e o 1% era dele. Com essa frase, Srila Prabhupada me comprou para toda a vida. Essa é a linha que devemos seguir: a de confiança e de responsabilidade. Dar plena confiança aos que querem se comprometer em serviço e abraçar com o coração as responsabildades que chegam a nós. Tem que transmitir essa confiança, esse carinho aos demais. É o meu desejo que tanto os meus filhos como filhas tomem à peito este chamado para se tornarem verdadeiros líderes responsáveis de seu serviço. Dependo de vocês para executar o meu pequeno serviço aos Pés de Srila Prabhupada, e são vocês quem pode levar a missão de Srila Prabhupada a ser algo glorioso em cada canto onde estiverem pregando.
Assim, unidos no espírito de amor de Srila Prabhupada, de seus gloriosos irmãos espirituais, de Srila Bhaktisiddhanta e de todo o guruvarga, devemos fazer nosso serviço com humildade e respeito, apreciando o lindo trabalho que fazem os vaihnavas ao redor do mundo e entregando plena confiança a todos aqueles que se sentem inspirados em servir em nossa companhia. Essa é a minha vida. Agora o mais importante é para que tudo isso se realize, não dependa de mim, senão que de todos vocês. Eu talvez possa ser um pequeno instrumento pela misericórdia de Srila Prabhupada, mas os executadores são vocês. Os líderes do futuro são vocês.
Temos o tesouro da Consciência de Krishna em nossas mãos, é a coisa mais valiosa que recebemos, agora só resta compartilhá-la com todos. Sempre se lembrem que pela misericórdia de Srila Prabhupada somos parte desta grande e linda família, e que esse é um compromisso para toda a vida.
Agradeço por terem compartilhado seu tempo durante o Chat de hoje. Alegra-me muito vê-los conectados semana após semana. Espero que possam transmitir esta humilde mensagem a todos que estejam ao seu redor e que sigam muito entusiastas em seus serviços.
Despeço-me de Nova York.
Jay Srila Prabhupada!

Seu sempre bem-querente,
Swami B. A. Paramadvaiti.