domingo, 31 de julho de 2016

Verdadeira renúncia



“Às vezes sentimos um forte impulso de renunciar a todos os apegos materiais e sair correndo disso, mas nesse caso, a verdadeira renúncia se torna o fato de cumprir com teus deveres e responsabilidades, pois é através deste cumprimento que nos qualificamos para a transcendência.”



Todas as glórias sejam a Srila Prabhupada.
Meus amados devotos, espero que estejam muito bem em seus respectivos serviços. Queria contar que enviar uma mensagem semanal direcionada a toda comunidade tem sido meu costume durante os últimos 15 anos. Sem dúvidas, este ano acabamos deixando de fazer. Esta é uma nova tentativa de recuperar o envio do chat dominical para compartilhar com cada um de vocês.
Há três coisas que não devemos abandonar nunca em nossa prática espiritual:
- tapas (austeridade);
- yagna (sacrifício); e
- dana (caridade).
Austeridade é algo básico para realizar na Era de Kali, Srila Prabhupada chamou também de “vida simples com pensamento elevado”. Sacrifício se expressa como o canto dos Santos Nomes do Senhor, seja na forma de japa, em kirtan congregacional, em conferências ou inclusive escrevendo sobre as glórias do Senhor.
Caridade se refere a criar templos com uma atmosfera tão linda que as pessoas não queiram sair disso e retornar à existências material da qual viemos, lugares cheios de sadhu-sangha.
Tudo aquilo que é realizado na companhia de sadhus ou dos devotos é uma profunda e benéfica purificação. O sadhu-sangha está cheio de rasa, de sabor e apreço pelos demais. Inclusive pode ser que existam pessoas no mundo diante das quais não sentimos apreço natural, mas então elas se convertem imediatamente em receptoras de uma misericórdia especial. Como reza o ditado: “Senhor, por favor, dá-me Tua misericórdia quando eu menos mereça, pois é quando eu mais necessito”. Assim, poderemos manter constantemente a vontade de animar todas as pessoas que estão ao nosso redor, o que inclui tanto os membros da comunidade espiritual como os que não são.
Da mesma forma que temos que aprender a conhecer a ação na inação, temos que aprender o conceito de desapego dentro do apego. Isto quer dizer que enquanto tiver um corpo material, aos devotos que buscam o desapego têm que estar em constante contato com a energia material. Isto é inevitável. Desta forma, os devotos devem manter templos e centros abertos de forma prática e eficiente para que as pessoas possam conhecer mais sobre a espiritualidade, podendo participar de campanhas para resolver situações ecológicas desfavoráveis que possam afetar aos seres que o rodeiam, tem que cuidar de sua saúde e seus respectivos corpos para estar em perfeitas condições enquanto compartilham a mensagem de Sri Krishna ao mundo, tem que manter suas famílias felizes e sãs, tem que se tornar excelentes profissionais nas áreas que Srila Prabhupada definiu que os devotos deveriam estar em ação, etc.
Às vezes sentimos um forte impulso de renunciar a todos os apegos materiais e sair correndo disso, mas nesse caso, a verdadeira renúncia se torna o fato de cumprir com teus deveres e responsabilidades, pois é através deste cumprimento que nos qualificamos para a transcendência. Assim que abandona sua independência e se refugia sob a proteção de um vaishnava, o próprio vaishnava dará responsabilidades para proteger, as quais somente podem ser executadas com um maduro critério e discernimento individual. Dita atitude responsável e cuidadosa é totalmente saudável para o desenvolvimento espiritual daqueles que foram inspirados pelos Pés de Lótus de Srila Prabhupada.
Peço que reflitam sobre estes temas e compartilhem com os membros de suas comunidades e famílias. Jay Srila Prabhupada!
Todo meu afeto do Equador.

Seu sempre bem-querente,

Swami B. A. Paramadvaiti.

domingo, 24 de julho de 2016

As qualidades de um servidor da humanidade




“O conhecimento sobre a sabedoria do ser, sobre o amor e sobre os valores positivos como a compaixão, o agradecimento, etc, deve ser sempre compartilhado.”



Meus queridos devotos.
Um servidor da humanidade tem que ser um servidor da família, que é a primeira unidade social do mundo que nos rodeia. Isso inclui o pai, a mãe, os irmãos e a todos aqueles que estejam próximos a nós.
Um servidor da humanidade é como uma filial do amor que segundo  o lugar onde vive terá diferentes tarefas, se chegar a um santuário natural e perceber que está cheio de lixo plástico, seu serviço à humanidade se transforma em recolher este plástico e buscar um sistema para reciclá-lo e assim evitar que nos afoguemos nele. Promover comida sã ao seu redor por meio da agricultura orgânica e da permacultura é outro grande serviço à humanidade. Convencer às pessoas a viverem sem a influência de produtos químicos e sem se deixarem levar pela cultura de consumo é também um serviço à humanidade. Ensinar as pessoas a curarem suas vidas mediante o cultivo espiritual se convertendo em um médico da alma é um serviço à humanidade.
Só pelo fato de ajudar a uma pequena parte do universo a melhorar é um grande serviço à humanidade. Ajudar aos animais que sofrem é um serviço à humanidade. Tornar-se vegetariano ou vegano é totalmente um serviço à humanidade e a todo o meio ambiente (se diz que cada novo vegetariano faz que o mundo se torne um lugar mais seguro). Em outras palavras, o converter-se em um exemplo de pessoa fiel aos seus ideais é diretamente um serviço à humanidade.
O questionar e aprofundar-se no objetivo da vida e perguntar-se qual é a razão pela qual estamos neste mundo e para onde devemos nos direcionar também é um serviço à humanidade. Porque a vida humana é a grande oportunidade que temos para encontrar resposta a tais perguntas. Cada vez que distinguimos a resposta aos questionamentos essenciais da vida e o compatilha com os outros também está fazendo um serviço à humanidade, da mesma forma que se tenho comida e água é meu dever compartilhá-las com com aqueles que não as tem. Desta forma, o conhecimento sobre a sabedoria do ser, sobre o amor e sobre os valores positivos como a compaixão, o agradecimento, etc, deve ser sempre compartilhado.
Um serviço para a humanidade pode ser que às vezes não seja reconhecido por outros, isso não importa, pois nosso Criador sempre é consciente de todos os esforços que fazemos pelo bem-estar de outros. Ele sabe tudo o que pensamos e falamos, o que dizer do que fazemos. Quando queremos servir a uma planta, sabemos que devemos por água em suas raízes, não conseguiremos satistazer a planta ao colocar apenas uma gota em cada folha, isso não dará resultado. De forma semelhante, para servir a humanidade e alcançar a perfeição da vida, devemos nos aprofundar no canto dos Nomes da Verdade infinita na tradição mais próxima da fé individual.
Este grande processo chamado “louvor” (ou “kirtan” em sânscrito) é a apresentação da alma ante o Infinito, se reconhecendo como um servidor humilde que pede para se tornar um instrumento de Seu amor. Este é um processo que abre os canais de comunicação com a divindade, tanto para cima como para dentro. A conexão com os Santos Nomes de Deus é o meio que nos leva internamente para agradecer intensamente ao Infinito, porque qualquer potencial ajuda que possamos dar à humanidade não vem de nós, senão do Absoluto que nos permite ser parte de Sua grande sinfonia. Por isso, à medida que através do canto do Santo Nome me conecto com o Infinito, tenho mais chance de me converter em um instrumento e servidor de Seu amor para a humanidade.
Isto é o que aprendi do meu mestre espiritual Srila A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada.

Com todo meu afeto,

Swami B. A. Paramadvaiti.