domingo, 21 de julho de 2013

Quem são seus verdadeiros amigos?


Quem são seus verdadeiros amigos?




“Pertencemos a uma sociedade totalmente hipócrita onde tudo está baseado no interesse egoísta de alguns, “em meu próprio interesse egoísta”, uma sociedade onde a amizade é dada somente àqueles que se acomodam às minhas necessidades pessoais.”



            Queridos devotos, recebam todo meu afeto da Áustria, iniciando a visita à Europa, viajamos de carro da Alemanha.
            Hoje quero compartilhar com vocês um tema chamado: “Quem são seus verdadeiros amigos?” Esta pergunta acompanha todos durante a vida, e devido a este fato, talvez não demos muita atenção ao tema em si. “Sakha” quer dizer “amigo” em sânskrito; Podemos entender o conceito de amigo de duas formas – peço, por favor, que apliquem seus critérios de discriminação nisso: A primeira forma de entender é: “Um amigo na necessidade é um amigo de verdade”, isto significa que um amigo verdadeiro sempre está quando se precisa; A segunda é: “Um amigo sem necessidade é um amigo de verdade”, isto é ainda mais profundo e quer dizer que um verdadeiro amigo nunca espera nada de nós, mas sempre está ali para ajudar. Esse é o critério de uma relação verdadeira.
            Indo mais além, podemos aplicar vários critérios em nossa relação com Deus: “Um amigo na necessidade é um amigo de verdade”, e é completamente assim, pois Deus sempre está quando precisamos, Ele nos dá tudo o que precisamos: o ar para respirar, a comida que nos alimenta, a natureza que nos rodeia, etc., inclusive nos dá o livre arbítrio para tomarmos nossas próprias decisões. Deus é completamente um amigo na necessidade. Agora pensemos sobre a segunda declaração: “Um amigo sem necessidade é um amigo de verdade”. Aqui a pergunta é: estamos realmente qualificados para nos chamarmos “amigos de Deus”? Somos capazes de ser fiéis a Deus, estarmos com Ele, e pensar que “não O necessitamos” só podemos pelo fato dEle ser nosso amigo? Essa é uma boa pergunta sobre nossa relação com Deus, e, afortunadamente, a resposta é que não somos tão bons amigos de Deus; só somos amigos de Deus quando nos convêm ou precisamos de algo, nesse momento pensamos: “Sim, sim, sim, Deus, por favor, me ajude e me tire disto, eu estou aqui para Ti.” Mas quando o perigo termina, pensamos: “Ufa, esta sim foi difícil, ainda bem que terminou, agora continuemos desfrutando.”
            Nossa relação com Deus não é da mais amigável, pode-se dizer, mas ainda assim, se formos amigos de Deus, quem tem sido tão amigável com a gente, por que damos tantos problemas e maltratos aos nossos irmãos e irmãs? Algo como viver com os humanos, mas não apreciá-los muito. É uma atitude incrível que tomamos com nossos irmãos e irmãs, porque se realmente queremos ser amigos de Deus, temos que ser amigos de Seus filhos e filhas ou acredita que há outra maneira de fazer isso? É contraditório dizer: “Sou amigo de Deus, amo a Deus, mas odeio qualquer um que cruze meu caminho e que contrarie minha luxúria, minha ambição ou qualquer coisa do gênero.” Só pensem por um momento em quantos animais são torturados apenas por entretenimento, já pensaram? Ou falemos de outras coisas mais terríveis como as supostas provas científicas em animais ou dos animais que são arrancadas suas peles para que os seres humanos usem as luxuosas peles em suas festas de gala.
Imaginem isso: um animal tem uma linda pele, pelo desejo de Deus, e essa linda pele é tirada por “tua doce vontade” (a tua) e logo depois disso o faz chamá-lo “um amigo de Deus”. Tem sentido isso? Isso é religioso? Então, quais são seus verdadeiros amigos? A primeira coisa que temos que pensar é em nos tornarmos qualificados para sermos amigos dos outros. A amizade e a relação com Deus e Sua criação é algo muito importante e isso é, supostamente, o que a religião ensina. É possível dizer algo como: “Sigo uma religião que me ensina o especismo, onde posso gostar de minha própria espécie, mas qualquer outra espécie pode ser abusada e maltratada por mim”, ou dizer: “Sigo uma religião que é etnicista, onde todas as pessoas que pertencem à minha etnia são maravilhosas, mas aquelas que não, perdem todos os direitos e podem ser abusadas e tiradas a liberdade, etc.” Está isso dentro dos parâmetros do sentido comum? Claro que não se considerarmos os direitos humanos, os direitos dos animais, os direitos da mãe natureza. Falar de direitos é algo básico, nem sequer estamos falando de amizade. Direito é algo que alguém tem, que pertence ao departamento das leis e que se não for respeitado deve exigir. Mas na amizade e o amor, o conceito de “direitos” está automaticamente incluído.
Digamos assim: o direito ao bem-estar, algo que soa muito popular hoje em dia. Temos o “treinamento para o bem-estar”, a “dieta para o bem-estar”, inclusive o “Guru do bem-estar”, bem-estar, bem-estar e bem-estar por todos os lados, mas o que acontece com o bem-estar dos seus irmãos e irmãs? Não acredita que a pergunta número um relacionada com o bem-estar seja: “Está preocupado pelo bem-estar de todos aqueles que te rodeiam? Será que eles não têm o mesmo direito pelo bem-estar?”
Pertencemos a uma sociedade totalmente hipócrita onde tudo está baseado no interesse egoísta de alguns, “em meu próprio interesse egoísta”, uma sociedade onde a amizade é dada somente àqueles que se acomodam às minhas necessidades pessoais. Se alguém não estiver de acordo com isso, lamento dizer, mas deixa de ter direitos, e assim, as pessoas hoje em dia criam guerras contra aqueles que não se adaptam aos seus interesses.
E pensando em prisioneiros, o que acontece com os 65 bilhões de animais que estão confiscados nas celas das indústrias da carne? Eles estão privados de água, comida, sofrendo encarcerados, e por quê? Só pelo desejo egoísta de alguém que decidiu acabar com a liberdade que Deus lhes deu. Muito provavelmente que essas pessoas digam que queriam ser amigas de Deus – as mesmas que privam os animais de um lugar para viver, de um ambiente natural, de suas próprias famílias, que os confinam nas miseráveis celas. Tudo isso por uma só razão: ambição humana. É uma situação muito severa, pois estamos falando de direitos: dos humanos, dos animais, da natureza. De novo: direito é algo natural, algo que deveria ser respeitado por si mesmo. Além do mais, estamos falando de amizade verdadeira, porque orgulhosamente dizemos ser “amigáveis”, as de quem é realmente amigo e quem são seus verdadeiros amigos?
Qualquer pessoa que esteja envolvida com o maltrato de outros, seja direta ou indiretamente, está assinando como responsável karmático do sofrimento de uma entidade viva, é uma fatura muito cara. Goste ou não, está assinando essa fatura, mesmo que diga: “Eu nunca soube, não quero ser responsável por isso”, ainda assim receberá a fatura. É isso o que o conhecido cantor britânico Paul McCartney disse: “O horrível holocausto dos nazistas na Alemanha é tão terrível quanto o holocausto atual ao qual são submetidos os animais nas diferentes indústrias que os utilizam. Ou até pior, pois os alemães em geral não sabiam o que estava acontecendo, ou se soubessem, tinham que ficar em silêncio por medo que lhes fizessem o mesmo.” Sem dúvidas, hoje em dia todos somos conscientes do que acontece com os animais e todos temos a facilidade para boicotar esse holocausto, ninguém virá atirar em você por se manifestar contra isso.
Você como ser humano, que tem direitos, pode protestar contra isso, e não só protestar, senão que viver em coerência atuando contra isso, rompendo o seu apoio ou consumo a tudo o que tenha relação com o maltrato a outros. Ninguém que participa do maltrato aos animais pode se chamar de “amigo dos animais” ou dizer que ama aos animais, muito menos dizer que está seguindo os ensinamentos de Deus, o pai de todos os animais. Quem maltrata aos animais, ou participa do seu maltrato, tampouco ama à natureza ou ao Criador dela. Alguém assim ama egoistamente seu paladar, seu estômago e seus genitais, uma pessoa assim é o pior inimigo da Mãe Terra e da situação meio-ambiental atual.
Eu me manifesto contra isso, contra o comportamento dessas pessoas ignorantes que maltratam aos demais. Ainda assim, continuamos oferecendo nossa amizade a elas para que saiam dessa ignorância, pois odiamos o pecado, não o pecador. Essa é a abordagem certa de um amigo, pois o que estamos promovendo é a amizade verdadeira, não o ódio irracional. Inclusive dizemos que amamos ao pecador, porque realmente queremos ver uma mudança no mundo, uma mudança nas pessoas e uma mudança para elas mesmas, uma mudança para as gerações do futuro. Como diz o ditado: “Ajude-me quando menos mereço porque será quando eu mais preciso.” Porque, me deixem dizer uma coisa, meus queridos (e os chamo ‘meus amigos’ porque me considero seu amigo): que aquelas pessoas que estão relacionadas com o maltrato aos animais, aos seres humanos ou com a exploração dos recursos naturais, são as mais pobres no mundo. Elas são as primeiras que devem receber a ajuda de emergência, a atenção mais urgente, assim como nas guerras, os paramédicos têm que identificar os casos mais terríveis para dar prioridade na atenção, da mesma forma, em Kali Yuga, depois da devastação causada pela bomba do egoísmo e da exploração, os paramédicos espirituais buscam os casos mais graves, os “casos perdidos” e ali estão todos os traficantes, os corruptos, os exploradores da Terra, os maltratadores de animais, os donos das companhias de álcool, os políticos enganadores, etc. Todos eles continuam sendo nossos irmãos e irmãs, seres humanos como nós e são tão maus como nós mesmos poderíamos chegar a ser.
Mas, para nossa fortuna, e a deles, Sri Caitanya Mahaprabhu veio derramar misericórdia sem limite sobre todos, sem importar quão pecaminoso fomos sem importar quantos seres vivos maltratamos. A misericórdia está aí, Srila Prabhupada a trouxe para nós, os mais baixos dos mais baixos. Deus mesmo, o melhor amigo de todos nós, veio pessoalmente nos entregar Sua amizade Divina e nos ensinar com o exemplo o que significa velar pelo bem-estar dos demais. Amizade Divina e solidariedade para todos aqueles que estão sofrendo no mundo, os maltratados e os maltratadores.
Em inglês, os devotos dizem que a vida espiritual não é só “joy” (diversão), senão que “jay” (vitória, celebração da batalha contra a ilusão). Nossa missão é seguir os passos de Srila Prabhupada que foi um verdadeiro lutador na batalha contra a ilusão e um verdadeiro amigo que não esperava nada em troca. Ele é a personificação da misericórdia sem limite, um shakti avesa avatar de Sri Nityananda Prabhu, um revolucionário da proteção aos animais e à natureza, um exemplo de vida simples e pensamento elevado. Mahatma Gandhi disse: “Seja a mudança que quer ver”. Isso devemos por em prática: nos convertermos em agentes de mudança, agentes da luta contra a ilusão.
Com estas palavras me despeço hoje de vocês, meus queridos amigos da alma. Desejo todo o melhor neste processo para nos convertermos em verdadeiros amigos de todos para aspirar algum dia a nos tornarmos fiéis a Deus sem esperar nada dEle.
Todo meu afeto para vocês.
Jay Srila Prabhupada!

Seu sempre bem-querente,
Swami B. A. Paramadvaiti.

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