domingo, 7 de setembro de 2014

O valor das coisas




 “Existe a Academia de Maya que é este mundo inteiro e a Academia Vaishnava que é dirigir e apontar para Deus, essa é a essência.”


Queridos devotos, um grande abraço de Córdoba. Feliz por estar aqui com os devotos que ano após ano dão o melhor para continuar a missão de Srila Prabhupada. Todos os dias milagres; é um milagre um templo de Krishna no mundo de Maya e cada devoto é uma joia. Então, aqui ao lado de milagres e joias, só posso dizer "obrigado, Srila Prabhupada".
Nestes dias estamos em muita meditação e trabalho para instalar a Universidade da Sabedoria Ancestral. Em nossa missão começamos a Academia Vaishnava. Há muitos anos iniciamos o projeto e hoje vemos muitos frutos.
Naquele tempo, muitos devotos, principalmente aqueles que começavam suas famílias, não sabiam como manter seus templos, pois só com distribuição de livros era difícil. Hoje em dia há uma rede de academias com instruturado de Yoga, cursos de Ayurveda, Astrologia, cozinha vegetariana e muitas artes mais. Também cursos sistemáticos dos livros mais importantes do Vaishnavismo.
Nosso querido Mukunda Das Babaji trabalhou intensamente nisso e inclusive me disseram que ainda muito material dele não saiu e que outros se perderam ou não gravaram. Também estudos de Arcana, dançar para Deus ou a arte do uso da tecnologia para o serviço a Deus. Tudo isso oferece a Academia atualmente e isto criou uma fonte de muito serviço, ocupação e trabalho para devotos.
E um grihasta precisa de uma porcentagem também, em uma família tem que se pensar em tudo, mas a essência da educação é a mesma. Às vezes queremos presentear com o Srimad Bhagavatam, mas as pessoas comuns pensam que por dá-lo não se vale muito. Vendo aos devotos cantando nas ruas, presenteando por todos lugares, concluem que o presente não possa ser grande coisa. Por isso pedimos aos estudantes da Academia Vaishnava pagarem algo pelo que recebem. Esse é o sistema. Não queremos que pensem que o que oferecemos não valha nada, pois nem sequer custa.
Há uma famosa história de Sanatan Goswami à respeito:
Uma pessoa foi até ele e lhe pediu iniciação, o aspirante disse:
- Por favor, me inicie, me dê o mais confindencial que tiver, eu quero ser um yogi, um buscador da Verdade em perfeição.
Assim, Sanatan Goswami o iniciou no canto do Maha Mantra. O devoto feliz foi a um rio meditar e cantar Hare Krishna. No caminho, passou perto de uma moça que estava lavando roupa no rio. Enquanto ela lavava, batendo a roupa em uma pedra, cantava Hare Krishna. O novo yogi se assustou e disse:
- Como assim? Ela está cantando meu mantra confidencial, o santo nome que acabo de receber em minha iniciação.
Voltou ao seu Gurudeva e reclamou:
- Gurudeva, como isso? O que você me deu, eu escutei uma moça qualquer cantando no rio.
Sanatan Goswami disse:
- Você não sabe muito bem como é isso. Veja, aqui tenho um diamante, pegue-o e vá oferecê-lo, vamos ver quem paga mais. Não venda, apenas diga-me quem paga mais.
Assim, o devoto começou a oferecer o diamante, para isso cruzou o rio Yamuna e perguntou ao barqueiro:
- Quanto me oferece por este diamante?
O barqueiro respondeu:
- Por isso, eu te levo ao outro lado do rio, isto é bonito para que me filho possa brincar.
Depois foi a uma loja do outro lado do Yamuna e ofereceu ao dono que logo respondeu:
- Que linda pedra, posso colocá-la em cima dos papéis para que não voem quando ventar. Te dou dez rupias.
Assim, até que foi a uma joalheria. Lá, as pessoas se assustaram:
- Nossa! Que diamante! Incrível! Isto sim custa uma fortuna!
Então, o devoto voltou ao seu Gurudeva e disse:
- Já entendi. Nem todo mundo sabe o valor de algo até tê-lo.
Não é que por se ter algo se sabe o que é. Muitas pessoas podem chegar e ver a Deidade, mas não entendem nada, enquanto para outros lhes derretem o coração vendo ao Senhor Krishna recebendo adoração. Pessoas que comiam carne, tomavam álcool, agora estão aqui no templo se tornando devotas do Senhor.
Alguns sabem e outros não. Não é por simplesmente fazer um exercício com os olhos que uma pessoa saiba ou compreenda as coisas, não é assim. Sinceramente, o conhecimento védico precisa ser apreciado com a realização pessoal, não é um dom que se pode receber simplesmente por memorizar alguns textos ou passar por umas provas. Na realidade, nossos templos sempre foram Academias Vaishnavas porque todas as manhãs fazemos uma conferência e todas as noites temos outra. Às vezes os devotos falam dos mais diversos temas, então de certa forma todos os templos desde seu tempo ancestral foram Academias Vaishnavas. O que mudou então?
Pois o que muda é que estamos sistematizando a entrega do conhecimento. Claro, hoje em dia isso é fácil, porque os devotos já conseguiram a publicação de títulos em espanhol. Se você ler todos estes livros, seu ponto de vista e seu conhecimento serão diferentes e até poderá se comparar com o mais erudito da Índia. Isso sem exagerar, porque temos uma quantidade de informações traduzidas, livros de Srila Sridhar Maharaj, de Srila Prabhupada, dos Goswamis e seus comentários, aspectos científicos e tantas coisas assim... Livros científicos, cosmologia védica, melhor dizendo, de todo tipo de temas temos pelo menos uma introdução.
Agora, o mais importante nesta conexão é que praticamente estamos oferecendo às pessoas algo muito lindo: um corpo de professores, estudantes, monges e fazendas para retiros espirituais. Por exemplo, se você for à Índia e quiser aprender tabla, então irá a um tabla-guru, ele irá te exigir uma disciplina, e não é que sairá correndo quando o tabla-guru te disser tudo o que tem que fazer para aprender tabla. Claro que, até que ponto isso é importante? Na verdade, nem tanto... Importante é nunca se esquecer de Krishna, certo?
Srila Prabhupada disse: “Há dois princípios que são essenciais na consciência de Krishna: a primeira é sempre se lembrar de Krishna, e a segunda é nunca se esquecer dEle.” Isso é o que faz de alguém vaishnava, sempre pensar em Krishna, esse é o requisito. Nossos cursos sempre levarão um caminho de ida e volta, como uma flor que se expande e sempre chega ao centro. Por isso, se nós fizermos ensinamentos de yoga esquecendo de Krishna, nos tornamos ignorantes, se fizermos vastu-sastra e as pessoas não pensarem em Krishna, perdemos nosso tempo, qualquer coisa que façamos que nos esqueçamos de Krishna, então nossa Academia Vaishnava seria de Maya, não é mesmo?
Existe a Academia de Maya que é este mundo inteiro e a Academia Vaishnava que é dirigir e apontar para Deus, essa é a essência. Então, o que devemos fazer para organizar e fortalecer a Academia Vaishnava? Como promover algo? Como fazer entre as pessoas crescer um reconhecimento do valor que elas terão ao obter este conhecimento? Porque se a pessoa não se interessar, para quê estudaria?
E agora falemos da Universidade da Sabedoria Ancestral, o apreciar da manifestação da sabedoria védica em todas as culturas e recuperar os valores dos povos. Sua arte, sua música, seu idioma, seu sentir e suas metas. Quando se interar que a missão da vida deles é ser guardiões da Mãe Terra, ficará surpreso. A cultura deles é o próprio significado da palavra “cultura”: render culto: adorar. Eles adoram à Mãe Terra, aos rios, às montanhas, aos animais. Elemento importante na cultura dos vaishnavas. Então, a UDSA quer promover toda essa sabedoria dos povos. Há muito a se aprender e há muita a se ensinar.
Quem está no processo de entregar algo fidedigno entra no processo de receber mais por parte do superior. O conhecimento é limitado. Apenas estudar o Srimad Bhagavatam de uma forma acadêmica te levaria muitos anos de uma forma intensa. Graças a Srila Prabhupada que fez a maratona de traduzir tudo isso do sânscrito ao inglês, verso por verso, dando muito significado a cada verso. Um mega trabalho colossal. E agora ter tudo isso em um CD graças à tecnologia também dada por Deus. Por isso temos um projeto da Universidade virtual já pronto para iniciar as atividades. Necessitamos da ajuda de todos.
Com estas palavras me despeço do chat de hoje. Sempre podem me enviar perguntas pelo meu secretário, ou também ao meu e-mail, mas como nem sempre tenho internet, então nem sempre posso atender rápido e posso demorar até duas semanas para responder.
Logo vamos à aventura na Coreia e não sei o porquê Krishna me leva até lá. Contarei quando voltar.
Srila Prabhupada ki jay.


Seu sempre bem-querente,

Swami B. A. Paramadvaiti.


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