domingo, 4 de maio de 2014

Não é para entender, é para orar por essa misericórdia



Não é para entender, é para orar por essa misericórdia


“Comece a experimentar com tuas próprias realizações, isso não se consegue com o raciocínio senão com dedicação ao ideal, à meta. Você é tua própria garantia, você mesmo tem que experimentar o nome de Krishna e escutar é o início de todo o processo.”



            Queridos devotos, o rei Bharata era extraordinário e praticamente sua dinastia estabeleceu à cultura védica como uma das mais importantes. A Índia se chamava Bharata no passado. Um exemplo de governante é Ranti Deva que se sacrificou incrivelmente pelo bem-estar dos demais.
            Praticamente hoje em dia os governantes não têm ideais, esta é a razão pela qual eles carecem de soluções para o mundo, não têm nenhum exemplo a dar nem ideais, é por isso que este mundo carece totalmente de orientação e clareza. Assim, nós devemos ter ideais e definir o que é correto, o que nós queremos fazer na vida. Eu pergunto aos devotos: “Quais são suas metas?”, “O que querem fazer na vida?” e geralmente não têm boas respostas.
            Isto é preocupante, porque na vida temos que saber o que fazer, talvez alguém faça algo motivado pelos impulsos, três passo para cá, três passos para lá, depois seis passos para lá, quatro de volta e fica parado. A cultura védica ensina que temos que saber o que queremos, por exemplo, na cultura védica, aceitar um mestre espiritual é fundamental, é algo que se faz, mesmo que não seja uma obrigação. Tampouco é uma obrigação que um guerreiro ksatria se torne um sacerdote brahmana, este passo não é uma invenção, é real e tangível, é uma etapa do progresso natural. É como quando vamos por uma estrada, há muitos caminhos, mas se não chegarmos ao destino então não tomamos o caminho correto.
            Os passos na vida espiritual são como os degraus de uma escada, estes passos no progresso espiritual são tão reais como a visibilidade da estrada. As pessoas que não aceitam uma autoridade pensam que não existe estrada nem destino, assim, para elas não existe origem, causa, caminho nem destino. Chegamos a este mundo e apenas nos dedicamos a enganar aos sentidos. As pessoas passam a vida gozando e se tiverem um bom karma, conseguirão lindas mulheres. Desta forma, pensamos que os sentidos são reais e os adoramos com diversos esforços. Assim passa a vida e nunca nos perguntamos: “Para que nascemos e por que estamos aqui?”
            Um devoto quer escalar até o máximo de realizações que exista e sabe que o máximo das conquistas que existe em todo o mundo está na dimensão onde já não se pode escalar. Podemos escalar com as modalidades, podemos escalar pelo karma-yoga, pelo dhyana-yoga, podemos escalar até mesmo pelo yoga místico, mas no bhakti já não há mais escalas, apenas misericórdia. No mundo do bhakti se progride por misericórdia, não por ambição nem por cumprir apenas com certas técnicas.
No bhakti não há escalas, apenas há abismo e dentro do abismo, quando chegamos lá em cima, dizemos: “Já cheguei em cima e ainda não estou plenamente realizado.” Há uma mística especial no bhakti... Quando se chega acima e ainda não se sente plenamente realizado, vem um convite do bhakti e esse convite é:
- Pule!
- Mas onde está a terra? Se eu pular, vou cair.
- Tranquilo. Vamos te pegar.
- Quem vai me pegar? Onde está a segurança?
- Não se preocupe, apenas pule. Pule!
- Mas tenho terra sob meus pés, estou bem, até cheguei aqui cima.
- Você chegou à dimensão da fé e na dimensão da fé não há ninguém que te assegure de nada, a única coisa que te guia é a estrela do teu coração sincero e os comentários animadores dos bhaktas do Senhor. Eles falam do mundo que vai muito além da visibilidade analítica, muito além do cortar e medir mayasicamente, muito além do maltrato, dos puxa-saco e as falsidades. Lá no mundo do bhakti, lá onde nos convidam, tudo está governado pelas mesmas regras divinas do amor, e lá é onde se deve viver.
- Isto contraria tudo o que já conheci até agora, sempre me falaram para me assegurar e agora me dizem que abandone toda a segurança.
- O Senhor Krishna mesmo pratica isto, Ele diz: “Abandone todo tipo de religião...”
- Senhor Krishna, como me pede isto?
- Krishna diz que quando há uma predominação de irreligião, o Senhor aparece para estabelecer os princípios e depois diz para abandonar toda religião.
- Senhor Krishna, o Senhor me confunde muito! Como vou entender algo assim? Sempre nos ensinaram não apenas a segurança sobre os patrões e os degraus. Karma-kanda expõe nitidamente que tal sacrifício te leva a tal resultado, tal exercício traz tal consequência, tal aspiração pode te levar a experimentar tal coisa, etc. E agora de repente me dizem que tudo o que consegui devo abandonar... Lutei tanto para conseguir as coisas e agora tenho que deixá-las?! Imagine só como é o amor? O amor é o oposto do racional, o oposto ao que fazemos. Todos os nossos esforços foram em vão?
- Não, mas tinha que passar por eles para abandoná-los.
- Mas como é isto? Trabalhei tão duro para ganhar fama, dinheiro, posto, tantas coisas e agora tenho que abandoná-las? E o que me dão em troca?
- Desqualificado! Muito perguntão.
- Mas como assim? Não posso sequer perguntar?
- Sim, pode fazer perguntas, mas te ajuda mais se começar a praticar e as respostas chegam. Comece a experimentar com tuas próprias realizações, isso não se consegue com o raciocínio senão com dedicação ao ideal, à meta. Você é tua própria garantia, você mesmo tem que experimentar o nome de Krishna e escutar é o início de todo o processo.
- O que se tem que escutar?
- O convite do bhakti. Há uma coisa muito especial e esta é a razão pela qual estamos aqui. Se não chegarmos lá em cima onde estou me referindo, podemos já pular ao bhakti. Não faz falta chegar ao topo do Karma e Dhyana-yoga para pular ao Bhakti. Bhakti é superior ao Karma e Dhyana Yoga. Krishna diz claramente: “A Mim vão conhecer apenas com Bhakti, nada mais.” Ele mesmo recomenda Karma e Dhyana para certas etapas, mas Ele mesmo diz: “A Mim não vão conhecer assim.” Então, o mais espetacular disso é que você com teu karma ou por tuas atividades pecaminosas, as mais baixas que sejam, pode pular ao Bhakti. Pode pular ao Bhakti e se entregar à vontade de Krishna. Sabia que Krishna tem um plano para você? Sabia que Deus tem expectativas pessoais para você? Sabia que Ele está na busca do Seu servo perdido? Sabia que todas as coisas que te acontecem dia após dia estão delicadamente arranjadas por Deus? Tua comida, tuas alegrias, tuas experiências, a possibilidade de caminhar, abraçar, decidir, compartilhar, ajudar e servir. Deus está muito, mas muito pendente de você e ao mesmo tempo de todos. Não existe alma esquecida por Deus e aquele que entende isto não vê diferença entre as almas. O Bhagavad Gita 6.29 diz: “O verdadeiro yogi Me observa em todos os seres e também vê todos os seres em Mim. De fato, a pessoa auto-realizada vê a Mim, o mesmíssimo Senhor Supremo, em toda parte.” E logo o verso seguinte: “Para aquele que Me vê em toda parte e vê tudo em Mim, Eu nunca estou perdido nem ele estará jamais perdido para Mim.” Este é um convite de Krishna, Seu convite é o Bhagavad Gita, cada verso é uma esperança. Por isso, aquele que prega ou dá aulas sobre o Gita está dando esperança ao mundo, o que dizer em um mundo onde todos somos casos perdidos. Krishna vem e te diz: “Tem outra oportunidade, para Mim não é um caso perdido.” Não merecemos outra oportunidade, mas para a psicologia do Divino sim. Quando todos já nos julgam e castigam, vem Krishna na forma de Sua misericórdia, assim, podemos realizar o infinito amor de Deus para com Seus filhos. Não é para entender, é para orar por essa misericórdia. Eu estou buscando isso e desejo a todos que também o façam com seus próprios esforços.
Obrigado por me acompanharem. Esta é a mensagem que queria compartilhar hoje com vocês. Agradeço a Srila Prabhupada por este Chat.
Srila Prabhupada ki jay!

Seu sempre bem-querente,
Swami B. A. Paramadvaiti.

Nenhum comentário:

Postar um comentário