domingo, 22 de setembro de 2013

A importância da vida de brahmacari




A importância da vida de brahmacari






“Devemos lutar dia após dia para nos convertermos em vaishnavas, em alguém puro e genuíno que respeita e aprecia o altar da vida e que dá seu coração aos demais, se tornando alguém digno de confiança. Essa é a esperança da sociedade, os brahmana-vaisnavas, aqueles que estão consagrados na verdade.”




              Meus muito queridos devotos, envio todo meu afeto da Argentina. Hoje quero falar sobre um tema que sempre falamos, mas que nunca é demais lembrar, trata-se da importância da vida de brahmacari.
            Brahmacari identifica às pessoas que são treinadas sob os valores superiores da vida, são os estudantes da verdade. Brahmacari pratica celibato com grande satisfação, pois sabe que seus votos são o fruto maduro da vida consagrada, mantém seus ideais que o levam a ser um brahmacari. Em um mundo baseado no desfrute sexual, o brahmacari está a salvo de toda essa contaminação e luta por encontrar um Gosto Superior.
No mundo material só se busca a satisfação dos sentidos e se acredita que quanto mais vida sexual tiver, mais vale a vida. Está tão difundida essa mensagem que nem sequer pensam nos efeitos negativos de tudo isso, só no desfrute de uns poucos momentos. Em troca, na vida de brahmacari se experimenta algo totalmente diferente: vive a alegria de ser solteiro. Eu não quero pintar para vocês que a vida de brahmacari é cor de rosa, pois isso tampouco existe, mas Srila Prabhupada nos disse que o propósito da vida é superar o impulso sexual. Não queremos acreditar que o impulso sexual não exista, pois claramente existe e essa é a principal razão pela qual as entidades vivas se mantêm enredadas neste mundo, sem dúvida, não é a meta da nossa vida tampouco é o objetivo pela qual nossa alma esteja lutando. Essa meta é muito mais elevada e está por cima de qualquer prazer sexual mundano, por isso a vida de brahmacari é tão importante, seja para te preparar para ser um grihasta ou um sannyasi pregador, é a base do treinamento para aprender a controlar os sentidos e assim evitar se tornar um escravo deles. É o início à liberdade de ação, pois enquanto se mantiver como escravo dos sentidos, a pessoa não tem nenhuma capacidade de escolha.
Controle dos sentidos é o mínimo que se tem que desenvolver para não se tornar um escravo dos desejos, um escravo da mente, um escravo da vida animal que levamos por dentro. Os brahmacaris aprendem que existem dois tipos de sexualidade: uma imprópria, que chega a ser terrível, e outra divina e protegida. Por isso, temos que aprender a distinguir entre esses dois tipos antes de praticar qualquer forma de vida sexual.
A vida sexual implica que a pessoa desenvolva respeito pela vida, compreensão pelo Criador, Sua criação e respeito e afeto por todas as demais entidades vivas. A castidade é um aspecto fundamental na vida de um brahmacari, castidade quer dizer fidelidade, um brahmacari é fiel aos seus ideais, castidade é o acesso à existência digna, é uma necessidade que nos permite elevar as virtudes do próprio ser de forma magnífica e quase inestimável, castidade é o ingrediente para ter relações sinceras. Quando se rompe a castidade, automaticamente todos os níveis de respeito desaparecem.
Na Consciência de Krishna, o assunto da sexualidade se trata com muito respeito, mas também com muita clareza, porque se considera o corpo como um templo. É um templo porque a entidade viva e o Paramatma estão dentro do corpo. Este mesmo templo tem a capacidade reprodutora de produzir outro ser para que venha a este mundo, isso se converte em algo muito sagrado. Considerar o corpo como um vulgar elemento de desfrute, sem considerar suas qualidades divinas, é uma falta de respeito a essa entidade viva. Só pensar na aparência externa e não na jiva que lhe dá vida, é parte de uma mentalidade luxuriosa popular atual, que não tem nenhum apreço à vida, muito menos ao altar do corpo, ao templo de uma pessoa.
A razão pela qual as famílias não são fortes hoje em dia e os lares se romperem, é principalmente porque os pais não foram sérios e respeitosos consigo mesmos e abusaram de suas faculdades, dos seus corpos e dos corpos de outros. Assim, só lhes espera a miséria na vida familiar, pois a família é a célula básica do agradecimento e da fidelidade. Quando não há uma profunda e mútua relação de respeito e apreço, onde o agradecimento seja a base, se perdem os valores e o futuro não será muito auspicioso.
A razão pela qual o mundo se converteu em algo tão caótico é porque a família se destruiu. A família, a célula mais importante da sociedade, está em um ponto de quase desintegração e os líderes da sociedade são tão ignorantes que não se dão conta de todo o prejuízo que provocam enquanto promovem e apoiam o adultério, o aborto, a exploração da mulher, etc. Eles mesmos estão destruindo as famílias.
A situação atual vai acabar com a cultura superior de respeito e apreço, daí em diante só nos espera viver em um “mercado de carne humana” onde todos os valores básicos desaparecerão por completo, por isso é tão importante que demos à castidade o valor que se merece. Neste sentido, a brahmacarya é um grande presente, não deve ser vista como uma imposição para dificultar a vida, para nos traumatizar ou incomodar senão que seja a chave para nos livrar de uma cultura na qual tudo está baseado no prazer sexual que não vai nos levar a nenhum lado.
A ausência de castidade e valores superiores são nossa preocupação principal. Os praticantes da Consciência de Krishna se preocupam em chamar a atenção de todas as pessoas inteligentes que querem mudar o rumo de suas vidas e dar um passo adiante contra a exploração. A eles, convidamos a descobrirem os valores do celibato, da castidade, da brahmacarya, inclusive na vida familiar onde os pais de família se convertem em grihastas – brahmacaris que não se enredam no desfrute dos sentidos e só se unem sexualmente para procriarem.
 No ashram do mestre espiritual há certas regras e valores que nos protegem; o mais simples de todos é o respeito entre homens e mulheres. Para isso, quem não está casado ou não tem algum tipo de relacionamento, deve evitar falar a sós em lugares privados. Esta é uma regra sagrada, não porque as pessoas não sejam de confiança senão que para nos protegermos da mentalidade exploradora que sempre quer surgir devido ao condicionamento material. Por isso, para nos mantermos sãos nos votos de brahmacarya e na consciência espiritual, precisamos nos proteger e refugiar no lugar adequado. Essa proteção vem do desenvolver de uma atitude rendida e se ocupar em serviço sob a instrução do mestre espiritual.
Um brahmacari também deve cuidar da sua relação com o dinheiro e nunca buscar lucrar a custa dos outros, pois a luxúria se manifesta de muitas formas, mesmo sutilmente, como a cobiça, o desejo de se diferenciar dos demais, de ser reconhecido e adorado, a vaidade, etc. Tudo isso são condicionamentos do mundo que provêm do desejo de nos tornarmos desfrutadores de tudo, sentindo inveja até de Deus, que é O Desfrutador Último de todas as coisas. O único que merece toda adoração é o Senhor Supremo, e quem estiver refugiado nEle, se mantém protegido.
Os brahmacaris que vivem no ashram do mestre espiritual dedicam suas atividades à adoração do Senhor, direcionam seus ganhos a Deus e fazem serviço desinteressado e rendido, tudo isso guiado ao benefício de Deus e das entidades vivas. Assim, os brahmacaris praticam celibato como algo muito natural, o que não quer dizer que não tenham projeções de se casarem um dia e formarem uma família, mas sim de levarem seu processo de forma consciente e sem apuros e quando sentem que é o momento de formar uma família, se aproximam ao mestre espiritual que os guiam nesta nova etapa. Portanto, o celibato lhes dá força de caráter, onde coração, mente e sentidos se aliam e se põem sob o controle de Deus. Isso significa que quando um brahmacari decide se casar, verá sua esposa como uma altar de Deus, alguém que não pode enganar e com quem está comprometido para toda sua vida. Aí, a castidade continua sendo a chave que abrirá as portas do crescimento espiritual.
 Na cultura védica, a mulher é tão respeitada por todos (esposo, filhos, etc.) que o abuso simplesmente não se encaixa, é algo muito natural. Mas na sociedade atual não existe nada disso, o papel da mulher, da mãe, é tão importante e valorizado que deve ser protegido a qualquer custo.
Tudo o que o nosso Pai Supremo nos deu é completamente ideal e perfeito, e a castidade é a proteção para que tal presente não se perca. Por isso, a brahmacarya e a castidade são a ajuda que precisamos para não nos desviarmos devido às armadilhas que sempre nos incentivam à degradação. A castidade é fundamental porque permite que as pessoas enfrentem a si mesmas: dependendo do que alguém fizer em sua vida, logo experimentará as reações no futuro. Ninguém pode escapar desta lei natural, pois tudo está nas mãos de Krishna, por isso, a vida de brahmacari é um grande presente que não podemos desperdiçar, porque, depois de ser brahmacari, há duas cerimônias muito sagradas: o matrimônio ou a ordem de renúncia.
Um brahmacari que decide se casar deve chegar com a mentalidade: “Vou fundar uma família com um par sagrado como oferenda ao meu Senhor.” Essa é a consciência que se desenvolve na escola de brahmacari, porque brahmacarya não é educação a-sexual senão que é a educação para espiritualizar as relações e aprender a guardar o máximo respeito pelo par que o vai acompanhar o resto da vida. Por isso, a Consciência de Krishna busca nos instruir e instalar em nossas vidas a educação de brahmacari, a educação que promove o respeito e o apreço nas relações. Assim, a teoria e a prática devem se proteger até chegar a meta, devemos fazer todo o possível para alcançarmos a meta da maravilhosa educação espiritual.
Esta é só uma introdução básica ao tema da educação espiritual e da fortaleza das famílias, a cultura vaishnava aprofunda muito mais nestes aspectos. Devemos lutar dia após dia para nos convertermos em vaishnavas, em alguém puro e genuíno que respeita e aprecia o altar da vida e que dá seu coração aos demais, se tornando alguém digno de confiança. Essa é a esperança da sociedade, os brahmana-vaisnavas, aqueles que estão consagrados na verdade.
Devemos aspirar nos convertermos em brahmanas, mesmo que esteja muito longe da nossa realidade, nunca devemos perder o norte dos ideais. Brahmacarya é civilização e responsabilidade. Todos os praticantes genuínos da vida espiritual podem participar desta forma da nossa família e assim nos ajudar a criar um mundo melhor inspirado em Srila Prabhupada e seus ensinamentos imortais que nos levantam das trevas mais escuras com o archote do conhecimento e o afeto espiritual.
Se vocês considerarem estas palavras válidas, então não as deixem passar e melhor, vão até o fundo da substância e cultivem vocês mesmos como servos capazes de se entregar aos demais de forma verdadeira. Ainda que os problemas venham, aproveitemos para seguir adiante e nos aperfeiçoarmos no caminho de volta a Deus.
Muito obrigado por compartilhar esta reflexão do dia de hoje. Esta é minha mensagem inspirada no lindo exemplo que Srila Prabhupada nos deixou.
Todo meu afeto.
Jay Srila Prabhupada!

Seu sempre bem-querente,

Swami B. A. Paramadvaiti.

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