domingo, 11 de agosto de 2013

Por que sofremos?



Por que sofremos?




“Muitas coisas devem ser mudadas e adaptadas para ser um agente positivo. Devemos começar a cultivar o jardim do coração, ser parte da solução e não do problema. A vida espiritual não é tão barata, não é um conformismo simples que só busca o “relaxamento” para logo entrar em “outros mundos” que nos afastam da realidade enquanto afora tudo é um total caos e não somos capazes de tomar nenhuma atitude no assunto, melhor seguirmos sendo parte do problema explorando aos outros e ao meio ambiente sem razão. A vida espiritual não se trata de escapar, senão que servir, se dedicar. Dedicação para o bem-estar essencial de todos os seres.”



            Meus queridos devotos e amigos.
            Em muitos momentos da vida, meditamos profundo e prolongadamente sobre o nosso propósito, nos esforçamos de acordo ao que os demais esperam de nós: nossos pais têm um conceito sobre nós, a família e os filhos têm outro conceito e expectativas, o governo e a sociedade têm outro.
            O mundo do consumo e da competição por conquistas materiais quer nos convencer que o propósito da nossa vida é se tornar um vencedor materialista. Assim, sempre nos sentimos desanimados e frustrados quando existe algum impedimento para esta conquista ou, pior ainda, invejamos quando alguém tem facilidade para conseguir as coisas, ou mesmo já conseguiu, apenas pelo fato de ter nascido em uma família rica, enquanto você, com um salário limitado, não sabe como satisfazer todos os desejos que tem. Pior ainda é a posição da pessoa com dinheiro, que apesar de ter tudo materialmente, continua se sentindo insatisfeita, sem encontrar algo na vida que valha a pena. Isso chega a tal extremo que podemos nos dar conta que muitas pessoas que se suicidam são pessoas que materialmente falando, tinham tudo o precisavam e mais, enquanto as pessoas mais simples ou pobres não têm essas tendências, pois têm que se preocupar em trabalhar para se alimentarem.
            Temos que entender que os bens materiais não são mais que reavaliações da vida, não são a essência senão, que vêm para nos testar. O propósito da vida é o de realizar obras positivas e belas que enriqueçam a existência. Obras baseadas no amor e no afeto por todas as entidades vivas e dirigidas a Deus como o centro último de tudo. Obras lindas e positivas apoiadas por nossas palavras e pensamentos.
            O propósito da vida é o de se converter em um agente da solução das problemáticas que enfrentamos hoje em dia, sempre tolerando a todos aqueles que não são capazes de mudar. Apenas por meio da misericórdia de Deus é que podemos adquirir o discernimento adequado para distinguir o bem e o mau, além do entusiasmo e a valentia para seguir adiante apesar das provas que vêm para nos testar.
            A determinação é muito importante, a decisão de se tornar um agente de mudança faz com que todas as pessoas ao seu redor sejam beneficiadas por seus esforços e realizações. Todos nós recebemos a maravilhosa oportunidade de ter um corpo humano onde podemos ser criativos e positivos, pois como seres maravilhosos, devemos fazer coisas maravilhosas, devemos buscar atuar sempre positivamente dentro das nossas possibilidades. Atuar buscando fazer feliz às pessoas que estão ao nosso redor, mas, por favor, esta felicidade deve ser relacionada com o verdadeiro propósito da vida, com o crescimento e a realização espiritual. Não se trata de felicidade material, pois a vida é um presente e a vida humana é um presente ainda mais especial, esta vida nos foi dada pelo Bem Supremo. Muitas pessoas podem acabar com a vida, mas só o Benfeitor Supremo pode dá-la.
            O Senhor sempre está presente e próximo de nós, sempre está observando e Se manifestando de diferentes formas, só que não somos capazes de vê-Lo. Uma destas formas é através da Mãe Universal, a Mãe Natureza, a Mãe Terra e a Mãe Cósmica, esta mãe linda que quer ver seu filho exitoso, realizando coisas maravilhosas e positivas. A Mãe Natureza se sente satisfeita quando vê seus filhos e filhas se desenvolvendo em relação ao seu redor enquanto o Pai original espera esses mesmo filhos e filhos irem ao lar eterno. Isso tem sido estabelecido por todos os grandes sábios das diferentes tradições.
            Nossa estadia neste mundo temporal pode terminar a qualquer momento e quando terminar, cabe a nós pegarmos esta mala de viagem que viemos acumulando ao longo do tempo por toda a vida (as reações de nossas ações) e com ela definir qual é o próximo destino. O tema é que se nossa bolsa de viagem estiver cheia de coisas indesejáveis, de reações e ações negativas, nos levará sem dúvida a estados lamentáveis. Não é uma ameaça ou tentativa de temor, senão que uma visão realista da vida, e precisamos desta visão realista para nos convertermos em pessoas capazes de por em prática a sabedoria. Assim como um estudante que não dedica tempo de aprendizagem e estudo ao  que está aprendendo, é impossível passar ao próximo nível. Se nós não nos esforçarmos de maneira necessária para levar uma vida positiva de acordo com a sabedoria milenar, não poderemos avançar no caminho espiritual.
            Quando as Escrituras Sagradas falam dos níveis inferiores aos quais nos podem levar nossas ações negativas, é um profundo chamado de atenção para tomar medidas no assunto e nos tornarmos praticantes sérios. Deus nunca nos pedirá algo que não sejamos capazes de realizar, pois Deus é o maior Bem-querente, e a voz interna, o mestre interno, nos guiará ao positivo e maravilhoso nos afastando de todo o negativo que só nos leva a níveis inferiores da vida. Mas devemos dar importância a essa voz interna acima da voz da mente, a voz dos desejos materiais, a voz do ego falso, pois elas sempre estão em conflito com a voz do mestre interno.
            A voz interna nos entusiasma a fazermos as coisas de maneira linda e bem feita, enquanto a mente sempre que nos levar a desfrutar de todo jeito, mesmo à custa da exploração dos demais lhes dizendo que não importam as consequências dos nossos atos. Mas não é assim, eu já disse antes: cada ação traz sempre uma reação, isso é lei universal. Assim, recebemos o que semeamos: você colhe o que semea. Suas ações são a semeadura dos seus próximos estados, então, o que fazer se cometi más ações ou me desviei do propósito da vida?
A resposta é: Se refugiar na misericórdia. É o departamento transcendental da misericórdia o que pode nos salvar se estivermos convencidos em querer mudar. Precisamos suplicar à divina misericórdia cósmica, e para isso devemos estar profundamente arrependidos das nossas ações erradas. Só o arrependimento tem opção de entrar no departamento da misericórdia. O arrependimento tem inclusive a oportunidade de indenizar a todos aqueles que fez sofrer devido às suas ações erradas. A aqueles que não podemos indenizar, pois partiram deste mundo, como por exemplo os milhares de animais que foram mortos só para o nosso consumo pessoal e egoísta, por eles podemos nos tornar ativistas da proteção dos animais e da natureza. Um defensor do habitat dos animais, dos rios sagrados e das montanhas. Alguém que deixa de ser um consumidor de tudo aquilo que provoca exploração da Sagrada Mãe.
Quanta exploração os seres humanos inconscientes cometeram contra seus próprios parceiros, contra a natureza e os animais. Os seres humanos ignorantes não se dão conta de que todas essas ofensas contra a Sagrada Mãe Natureza é sua autocondenação e a razão de sua infelicidade. Essa ilusão exploradora não nos conecta com o propósito da vida. Melhor é nos convertermos na mudança que queremos ver.
Muitas coisas devem ser mudadas e adaptadas para ser um agente positivo. Devemos começar a cultivar o jardim do coração, ser parte da solução e não do problema. A vida espiritual não é tão barata, não é um conformismo simples que só busca o “relaxamento” para logo entrar em “outros mundos” que nos afastam da realidade enquanto afora tudo é um total caos e não somos capazes de tomar nenhuma atitude no assunto, melhor seguirmos sendo parte do problema explorando aos outros e ao meio ambiente sem razão. A vida espiritual não se trata de escapar, senão que servir, se dedicar. Dedicação para o bem-estar essencial de todos os seres.
Jay Srila Prabhupada.

Seu sempre bem-querente,
Swami B. A. Paramadvaiti.

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