A importância da educação
“Um
simples empregado não é um educador, um educador verdadeiro é um servo da
verdade, do amor, da lei, da espiritualidade, livre de contaminações. Para isso,
devemos ter o direito de questionar, analisar, compreender, se não tivermos
este direito, então apenas somos parte de um sistema que é incapaz de nos
satisfazer e quando a sociedade humana tem que seguir paradigmas que não a
enche, mas está obrigada (consciente ou inconscientemente) a praticar, vêm os
erros.”
*Esta
conferência foi dada há algumas semanas em Imbadura, Equador.
Todos nós estamos buscando uma
aliança que facilite nos tornarmos guardiões verdadeiros da Mãe Terra e de
todos seus seres. Por meio da busca pelas respostas ao tema de como melhorar a
educação, podemos nos dar conta da realidade em que a sociedade atual está:
atormentada pelo consumo e materialismo que apenas geram sofrimento nas
pessoas. Aí é onde surge a proposta de uma educação consciente, holística, baseada
na fé das pessoas, pois a fé é o mecanismo básico para que a consciência
funcione corretamente. Se a fé de uma pessoa estiver mal encaminhada, também
estará sua consciência e assim suas ações. Um exemplo:
Para que o corpo possa viver, é
necessário ar, água. Se o ar e a água estiverem contaminados, a pessoa não pode
ter boa saúde. Da mesma forma, se a fé de uma pessoa estiver contaminada, é
impossível ter boa consciência. O ar e a água devem ser puros, devem se manter
protegidos em seu estado natural. Assim mesmo, a fé deve se proteger e se
manter pura. Não estamos falando de imposições fundamentalistas de alguma
crença religiosa senão que de apreciar o glorioso e lindo do que recebemos,
pois apenas por meio da apreciação podemos sentir o entusiasmo natural para nos
tornarmos bons cidadãos, pessoas responsáveis, guardiões do que nos rodeia.
Tudo dito anteriormente deve ser
considerado dentro dos aspectos básicos da educação das pessoas, e quando
houver falhas em algum nível, devemos nos deter e analisar ao que corresponde e
como nos limparmos ou nos “purgarmos” destas falhas. Para isso, a Oidaterapia
tem trabalhado em “Purgas da consciência” que são análises que as pessoas podem
fazer na finalidade de descontaminar a fé ou remover as distorções da fé. Essas
distorções da fé também se manifestam de maneira física, no estresse, por
exemplo, que é o resultado de uma mentalidade competitiva pouco saudável. Essa
mentalidade competitiva não é leal e a meta não é o bem-estar de todos, mas se
aplicarmos valores universais que buscam o benefício de todos os seres, poderão
começar a corrigir todos os erros que o sistema neocolonialista tem impregnado
na sociedade.
Aqui há um tema muito importante.
Alguém poderia se perguntar: “Como é possível medir a fé que temos?” É muito
simples, tem apenas que avaliar sua felicidade e a dos que te rodeiam. A
felicidade das pessoas ao seu redor quer dizer que é a felicidade que você
produz para as pessoas que estão ao seu redor. A base da nossa análise é como
melhorar de forma essencial a educação agora e no futuro. Pessoalmente, eu sou
apenas um humilde peregrino, mas me vi vinculado à educação de diferentes formas
ao longo dos últimos 40 anos.
Falar de educação não se refere
apenas às crianças pequenas nas escolas. Se bem que esta é a base, pois para
ter pessoas responsáveis no futuro, devemos pensar em educar às crianças hoje.
A educação também se aplica às diferentes etapas da vida, sobretudo em uma
sociedade como a atual onde podemos ver a carência de educação em valores
fundamentais e universais.
O conceito “educador” não
corresponde apenas ao perfil de um professor de escola, de história, geografia,
etc., senão a um mestre que seja capaz de guiar aos demais na aprendizagem
completa do ser. O educador é alguém muito importante. Os educadores deveriam
ter o máximo nível e equilíbrio espiritual e emocional, ser pessoas harmoniosas e coerentes.
O conceito “espiritualidade” é muito amplo e importante
de esclarecer, se refere a uma compreensão do meio e das interações do ser com
o entorno que está livre de materialismo e é onde o modelo de um ser espiritual
que cumpre com a vida de uma maneira harmônica, consciente, criativa e
construtiva, o que leva a apreciar tudo o que tenha.
O conceito “apreço” se baseia no princípio de ser capaz de
ver e valorizar tudo o que esse ser tenha ao redor, a beleza que inunda tudo: o
rio, a cachoeira, a montanha, tudo o que nos nutre com valores internos.
Um guardião é um ser espiritual afastado do conceito
materialista da vida que se interessa por tudo o que o rodeia e o aprecia, e
não só isso senão que trabalhar para proteger tudo isso: proteger às pessoas da
falta de consciência e educá-las para proteger o planeta do impacto de todos os
danos que são provocados hoje em dia: químicos, transgênicos, exploração, lixo,
assassinato inescrupuloso dos animais, etc. A educação é este modelo de
educação profunda baseada na observação do fenômeno mais generoso e grandioso
que recebemos e que se trata de ter uma conexão com o infinito por meio da fé.
Nós temos uma conexão com do âmbito físico através do ar,
como falávamos em um princípio, da importância que é o ar, pois nos permite ter
um contato com a vida, da mesma forma acontece com a água, com a terra,
elementos básicos para a vida física. Assim como o ar é essencial para a vida
física, a fé é essencial para o desenvolvimento da consciência. Sem fé é
impossível caminhar, sem fé um bebê não pode se alimentar do peito de sua mãe,
sem fé não posso aprender, sem fé não posso aceitar responsabilidades. Inclusive
as pessoas que dizem que não têm fé, elas têm fé no que não têm fé. É só um
mecanismo mental, nada mais, pois a fé é a ferramenta que permite te conectar
tanto com o relativo como com o racional e om o essencial.
A consciência racional, emocional e espiritual
corresponde aos três âmbitos que fazem uma pessoa estar cheia e ser
consistente. Um mestre ou docente que não desenvolve estes três aspectos não
pode educar completamente aos demais. Um docente que não tenha uma boa conduta oral,
que não se importa com os valores universais, não pode se chamar um educador. Alguém
que só busca valores materiais, no egoísmo, no dinheiro, etc., não pode
alimentar nas outras pessoas a alegria, a esperança, a confiança, o espírito de
sacrifício, etc.
A educação é um novo paradigma onde se busca tratar a fé
da mesma forma em que tratamos o ar e a água. O que quer dizer isso? Que a água
e o ar, como elementos vitais, devem se manter puros, pois a água e o ar
contaminados podem matar uma pessoa. Por isso usamos purificadores de água ou
de ar, não? Então, da mesma forma que nos asseguramos que o ar e a água estejam
limpos, devemos trabalhar para que a fé seja pura, limpa de influências
materialistas.
Existem muitas variações na fé contaminada: fé
distorcida, fé mal dirigida, etc., mas não por isso podemos dizer que a fé é
má, assim como não podemos dizer que o ar é mau porque está contaminado em uma
cidade. O ar, por natureza, é puro, mas o ser humano se encarregou de sujá-lo. A
fé por natureza é pura, é adorável.
A possibilidade de fazer um salto quântico da matéria ao
espírito se faz através da fé. Estamos falando da fé elemental: na Divindade
masculina ou feminina, na Mãe Terra (ou Pachamama, Bhumi mata) na sabedoria dos
nossos ancestrais. A Féducação surge como resposta a três correntes:
1. À educação secular que nasceu como a submissão ao sistema
materialista e consumista.
2. Ao fundamentalismo fascista que impôs uma ideologia do
temor, onde as pessoas não são capazes de pensar nem criar, pois devem se
adaptar a um modelo específico.
3. O sectarismo educativo e religioso que estabiliza: “Meu conceito
de Deus é o melhor de todos e aqueles que o seguem se salvam ou vão ao céu, e
os que não, vão ao inferno.”
Este é um estabelecimento que só divide até o ponto até
tal ponto que as pessoas decidiram viver sem religião, até o ponto de negar até
mesmo a fé, sem levar em conta o essencial dela para o desenvolvimento da
consciência muito além de qualquer tipo de religião.
A humanidade precisa encontra esse novo paradigma de
purificação da fé para que não seja fanática, não seja sectária, não seja
institucionalizada como conceito de poder senão que seja uma fé apreciativa dos
resultados. Assim como Jesus disse: “A árvore se reconhece por seus frutos”, da
mesma forma podemos pensar: Quais frutos queremos ensinar à humanidade? Quais devem
ser os objetivos de uma educação saudável, de uma fé saudável? O objetivo básico
da interação de uma pessoa com os demais e com seu entorno é atuar da mesma
maneira que deseja que os outros atuem com ela. Não fazer aos outros o que não
gostaria que fizessem conosco. O educador deve ser capaz de entregar aos demais
toda a sabedoria que recebeu da mesma forma que queria que alguém lhe
ensinasse. Este é o ponto que não existe em uma educação com interesses
fascistas, pois um educador ou docente em uma linha fascista só deve se remeter
a ensinar um currículo que recebeu e que de antemão está cheio de falhas e
erros essenciais.
Um simples empregado não é um educador, um educador
verdadeiro é um servo da verdade, do amor, da lei, da espiritualidade, livre de
contaminações. Para isso, devemos ter o direito de questionar, analisar,
compreender, se não tivermos este direito, então apenas somos parte de um
sistema que é incapaz de nos satisfazer e quando a sociedade humana tem que
seguir paradigmas que não a enche, mas está obrigada (consciente ou
inconscientemente) a praticar, vêm os erros: as pessoas se intoxicam, se tornam
indiferentes, preguiçosas, criminais, etc. Precisamos educar as pessoas na
felicidade para que se deem conta que podem ser membros valiosos para o mundo,
para que as crianças saiam da escola cheias de expectativas positivas, alegres,
entusiasmadas, agradecidas, motivadas em ajudar aos que caíram, apoiar aos
aflitos para que todos se sintam membros reais e úteis da sociedade. Aí a educação
abre uma nova temática: O apreço do Amor Universal, ou, melhor dizendo:
Apreciar toda a beleza que existe. Educar com amor e não com temor para que as
pessoas apreciem o presente incrível que receberam com esta vida humana.
Os sábios da Índia dizem: “Athamo brahma jijnasa – Que esta
forma humana de vida seja dirigida para indagar sobre o conhecimento do
Infinito e pelo amor a todos os demais.” No conceito teísta, se diz que devido
ao amor por Deus, a pessoa ama inseparavelmente a tudo o que seja parte da criação
de Deus, caso contrário, tentar apreciar ou amar a cada pessoa individualmente,
segundo conceitos limitantes, só gera exclusivismo, competição e separação, não
existe apreciação de que somos uma grande família universal, muito menos falar
de identificação com as problemáticas dos outros.
A Féducação promove o crescimento e o avanço, mas nunca
prejudicando aos outros. O crescimento e avanço de uma pessoa a custo do
sofrimento de outros (chamem-se humanos, animais ou meio ambiente) é parte de
um conceito egoísta onde não importa nada mais que as conquistas materiais de
uns poucos. Devemos compreender profundamente o ponto mais importante da educação:
A responsabilidade de cada uma das pessoas para o bem-estar da humanidade. Como
educar aos outros nesta responsabilidade? Aprendendo a base da lei natural de
ação e reação, que toda ação que uma pessoa realiza tem um reação igual ou
oposta.
A responsabilidade frente às nossas ações e reações é
fundamental. Se alguém cometer uma má ação, é natural que a reação que provenha
dessa ação terá as mesmas características. Então, quando uma pessoa é educada
baixo os conceitos de concorrência desleal, oportunista e ignorante sobre a lei
de ação e reação, o resultado é notoriamente a perda de valores e da felicidade
dela mesma. A finalidade de toda concorrência é aumentar a irmandade, as
virtudes positivas das pessoas. Competir para ser mais limpo, mais bondoso,
para proteger mais os animais, para promover mais os valores.
As crianças são tão entusiastas e suscetíveis que
automaticamente podem ser envolvidas nas competições saudáveis onde elas se
sintam parte responsável para beneficiar à humanidade. A sociedade atual está
em grande perigo por todos os químicos que derramam na Mãe Terra em uma
competição desleal, materialista e egoísta. Só a educação e o desenvolvimento
da consciência quanto a essas problemáticas podem nos salvar das reações que
virão pelo dano a nossa Mãe Terra.
Nunca é tarde para começar a mudar o futuro, a base está
na educação que permite que reivindiquemos a fé em seu estado puro. Tudo está
em nossas mãos.
Agradeço a participação de todos vocês hoje, espero que
se sintam parte desta grande tarefa de alimentar a educação na fé das pessoas.
Jay Srila Prabhupada!
Seu sempre bem-querente,
Swami B. A.
Paramadvaiti.
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