Vani e Vapuh

Praga, República Checa, 22/07

“Nem todo mundo está praticando yoga, mas alguns ocidentais estão voltados muito eloqüentes nesta atividade. Muitos falam de Deus, mas não muito tomam a Deus como O mais importante. Isto é um privilégio, uma misericórdia especial e com esta misericórdia especial você pode ir deste mundo ao planeta onde jamais terá que voltar.”

            Queridos devotos.

            Bom dia a todos os peregrinos presentes. Envio-lhes minhas saudações de Praga. Hoje nos reunimos aqui. É uma reunião muito importante pela graça de Sri Sri Gopinath, sannyasis, prabhus e mathajis.

Por que esta reunião é muito importante? Porque fomos reunidos por Vapuh e nós apreciamos muito isto.

            Nas encruzilhadas da vida, às vezes nos encontramos pelos incríveis arranjos cósmicos do Senhor. Todos somos unidades individuais nos movendo pelo planeta, por nossa respectiva missão, e se por alguma razão conhecemos uns aos outros e desenvolvemos todos unidos o desejo de permanecer juntos, este é um momento muito, muito especial. Mesmo fisicamente não poderíamos estar juntos por muito tempo. Até mesmo os filhos podem estar com seus pais, mas em algum momento eles começam a se mexer em sua própria direção.

            Às vezes conhecemos pessoas e nos sentimos muito conectados com elas, como um só coração, uma alma. Esta idéia de um coração e uma só alma significa que existe algo que conecta em um nível mais alto do que a associação física. Associação física é algo belo, é chamado “Vapuh”. Oh, e ai então posso te tocar e posso dizer que te amo! Há aproximação, somos muito afortunados de que existe esta proximidade, porque quando nascemos, vapuh estava ali... é incrível.

            Nós podemos beber leite do peito de nossa mãe, e agora estar sendo alimentado por ela, é um sistema fantástico. Sem dúvidas o filho é independente e quer ir ao seu próprio caminho, porque é um peregrino de coração.

            O que significa ser um peregrino? Ele vai ao redor do mundo, buscando algo, mas não só por comida, como fazem os animais.

Vani e Vapuh.

            O chat de domingo é um mela dominical e podemos realizá-lo todas as semanas. Reunimo-nos, lemos, nos perguntamos: “O que disse nosso Guru hoje? Qual é a mensagem para a vida?”. Nós estamos conectados através do coração e por isso recebemos a mensagem para viver a vida cheia de entusiasmo. Para fazer serviço, necessita muito entusiasmo para concentrar teus sentidos. Para fazer serviço necessitamos ser muito humildes. Nossa idéia é sermos humildes e obedientes, sermos voluntariamente felizes servos do Senhor.

            O “Vani” é a expressão verbal, a instrução que o siksa guru deu. A direção de nossa vida, que vem de uma fonte fidedigna. Então, quando dizemos “Goura-vani” significa a instrução que Sri Caitanya Mahaprabhu deu, e nosso vani-gurudeva disse: o que ele está fazendo e o que significa isso para nós. Talvez haja algumas instruções práticas, talvez ele tenha dito: quando estiver na Checa faça isso, quando estiver na América do Sul faça isso outro, por isso existe tempo, lugar e circunstância.

            Os acaryas têm que ensinar o que os vedas estão oferecendo, mas ele tem que aplicar numa situação local. Claro, muitas instruções podem ser aplicadas a muitos lugares e algumas não. Algumas podem ser aplicadas em um só lugar, por isso o acarya é muito importante, porque ele tem que se ajustar ao tempo, lugar e circunstância. Isso porque o acarya tem uma grande liberdade de acordo ao que ele encontra e não pode uma coisa ser válida para todas as circunstâncias.

Pregar nos países comunistas é uma coisa muito diferente do que pregar em Nova York ou em uma base militar, como é em um país mulçumano. Tem que encontrar uma maneira, pois é diferente pregar em diferentes cidades porque são diferentes comunidades. Então, onde quer que vá, tem que ajustar as coisas de acordo com cada lugar. Isto requer adhikari: viver o que estamos ensinando. Por exemplo, estamos buscando por uma espiritualidade que inspire, não estamos buscando uma espiritualidade ritualística, não estamos buscando uma espiritualidade estruturada por um propósito prático, mesmo que não tenha nada de mau nisso, se o motivo é correto. Estamos buscando uma espiritualidade feliz, nos tornarmos humildes e doces, nos dedicarmos a Deus e sermos compassivos com as almas condicionadas. Isto é o que queremos ver. Nós não queremos ver ditadores religiosos. De fato não há ditadores religiosos. Os ditadores não são religiosos, eles estão em um grande ego. Religioso significa amar e respeitar a todos. Dar um bom exemplo e não ser injusto ou violento. Como são nossas deidades, eles sempre estão ali e estão dançando. Como Krishna sempre está tocando sua flauta, às vezes está tomando um banho ou alguma outra coisa, mas Ele sempre é amável e está nos dando Seu darsan. Ele nunca muda Sua atitude, ele sempre está pronto para te receber, mas se não tem nenhum desejo em vê-Lo ou servi-Lo, está perdendo as bênçãos para poder servir, amar e representar a meta de servir ao teu Guru. E isto é o que pode te ajudar para atravessar tua vida com muita alegria. Pela graça do Veda, do Guru e dos Sadhus.

Eu tenho algo valioso para oferecer a você e por isso minha vida tem um significado. Se eu não tiver nada valioso para te dar e venho a Praga e só trato de obter algo de ti, como tua comida, ou só desfrutar do teu cenário, isto não pode ser. E quando voltar depois de Praga e disser: “Veja, trouxe isto de Praga como os conquistadores, depois que chegam a um lugar e roubam todos eles, voltam para casa e mostram tudo o que obtiveram, como os turistas roubando pinturas.”

Os devotos não são peregrinos coletando coisas para eles mesmos, os devotos só vão ao mundo com esperança de dar algo e esperam somente amor. Quem dera possamos dar algumas instruções que possam ajudar às pessoas. Quem dera possamos dar algo às pessoas que possa aproximá-las de Krishna. Essa é a idéia, essa é a misericórdia que obtivemos de nosso Gurudeva. Ir aos planetas celestiais é como ir de turismo. No final se vão com as mãos vazias, porque não há nada realmente aqui em Praga. É uma cidade bonita, mas tem a mesma miséria que pode encontrar em qualquer cidade, os mesmos problemas, os mesmo erros, a mesma luxúria e cobiça. Então, temos que entender isto: o importante que é entregar algo e dar nossa vida por isso. Não importa aonde vá, pode ir a Indraloka, não é fácil de chegar, mas muitas pessoas vão. Não é fácil a um hindu estudar em uma universidade ocidental, mas alguns conseguem com trabalho duro. Eles podem ter esta oportunidade. Nem todo mundo está praticando yoga, mas alguns ocidentais estão voltados muito eloqüentes nesta atividade. Muitos falam de Deus, mas não muito tomam a Deus como O mais importante. Isto é um privilégio, uma misericórdia especial e com esta misericórdia especial você pode ir deste mundo ao planeta onde jamais terá que voltar. Dificilmente os turistas ficaram em Praga só uma semana ou um mês, mas todos têm que voltar a algum lugar. Os que vão a planetas celestiais não poderão ficar lá, podem ficar milhões de anos, mas terão que voltar. Não é um pouco aborrecedora a idéia?

Uma vez perguntaram a George Harrison quando estava doente: “O que obtém ao cantar Hare Krishna?” e ele respondeu: “Muito em breve eu verei pelo que estou rezando.” Quando você morre, você realmente vê o que obteve ao cantar Hare Krishna, então, se quiser viver dez mil anos, tem que esperar dez mil anos para ver o que obteve por cantar...

Só imagina alguém te dizendo que te promoveram 80 mil anos, mas que ao terminar vai obter uma posição pior da que tem agora. Muito confuso. É melhor encontrar a verdade agora e enfrentar os atos. E quais são estes atos? Tudo está conectado com Deus, então se tudo está conectado com Krishna é perfeito.

Somos viajantes, peregrinos, estamos buscando o mundo eterno e a conversa mais valiosa é perguntar: “O que encontrou sobre o mundo eterno? Há um livro secreto? Qual é este livro secreto que diz como voltar a Deus?” é como isso:

Todo o propósito da vida é perguntar como encontrar o Senhor do amor, e quando se inicia muda um pouco, você pergunta: “Como posso servir ao Senhor?”. Você pode usar seus talentos para servir: a pintura, o canto, o desenho, tudo só para ajudar a expandir a mensagem do Senhor.

Os devotos não perguntam: “Já viu Krishna? Onde está Krishna?”, não, eles perguntam: “Como posso adorá-Lo? Como posso ir com Ele?”. Temos que decifrar isto, isto é o que vai nos fazer sermos seres mais avançados.

Se puder entender que o oceano de amor está ao redor de nós, poderia nadar para o teu deleito e não estaria só se tiver um mestre espiritual. Ele te ensinará como viver, ele te ensinará como se relacionar com outros que encontrar nesta viagem. Então, este desejo de servir a Krishna juntos, isto é o que eu peço aos sannyasis ou a qualquer um que viaje na Missão Vrinda, leve o que aprendeu e compartilhe com outros, além de ser muito internacionais, também temos que ser locais. Favoreça aos do seu distrito, aos do seu bairro, não ignore aos que estão ao seu redor. Essa é uma tendência negativa, só desculpas. Claro, nossa mente é boa para dar desculpas, sempre encontra uma razão para dar uma desculpa. Eu penso que devemos ser muito entusiastas com nosso trabalho e muito generosos e admirar o trabalho que os outros estão fazendo para Krishna.

Trabalhe muito duro pelo o que faz e aprecie o que os outros fazem para Krishna. Não pense que meu trabalho é melhor que o dos outros, isto é o que estou pedindo a vocês, aos peregrinos da mãe natureza, todos os que não têm encontrado um mestre espiritual, é a missão da sua vida. E os que já encontraram, oro para que possam ser muito rendidos e meditativos para que Krishna os usem como mensageiros.

Muito obrigado e espero que as instruções os ajudem.

Srila Prabhupada ki jay!!!

Seu sempre bem-querente,

Swami B. A. Paramadvaiti.