domingo, 8 de julho de 2012


Bem-estar Vaishnava

Kuruksetra Mandir, Berlim, Alemanha, 08/07

 
“Por favor, lhes peço que pensem sobre o que ocorre com a mente de alguém que não vai ao templo depois de ter sido iniciado, depois de receber o Brahma Gayatri Mantra ou depois de aceitar que supostamente deve viver para fazer felizes a outros. Neste estado não está fazendo feliz nem ao seu próprio Guru, então o que dizer de beneficiar a outros. Se alguém não visitar o templo ou não cantar o Maha Mantra, te asseguro que seu Guru estará chorando por isso.”



Queridos devotos, hoje vou lhes falar sobre algo muito importante: sobre o bem-estar Vaishnava.
Os devotos trabalham e logo projetam seu futuro através da concepção geral que foi transmitida por Srila Prabhupada. Socialmente, estamos falando de uma mudança dramática na vida, porque, de uma forma ou outra, temos sido removidos do “grupo médio”.
O materialismo tem se desenvolvido explorando o meio ambiente com sua mentalidade aproveitadora. Se todos quisermos viver no estilo Hollywood, nosso planeta não será capaz de fornecer os recursos necessários. Então, se quisermos ver as coisas com sabedoria, temos que olhar para aqueles que têm vivido sem prejudicar seu meio ambiente, um exemplo disso são os Khogis na Serra Nevada da Colômbia, que tem vivido na mesma montanha e na mesma floresta durante um período incalculável.
Um santuário, uma comunidade espiritual, um ashram, são lugares revolucionários de vida sustentável. Qual é a nossa maior opulência? O que temos para oferecer? Posso compartilhar alguns pontos aqui:

1.       O se satisfazer com muito pouco;
2.       O ser feliz, positivo, construtivo, generoso e entusiasta em todas as circunstâncias ou situações que encontre. A ambição por ter mais dinheiro e mais competência em uns e outros casos pode ser que persista em nosso interior, assim como um dragão dormente, mas pelo cantar do Hare Krishna e viver com os devotos, este dragão não terá muita oportunidade de entrar em ação. A condição santa de vida se destaca por aceitar tudo da maneira em que vem a nós. Para promover esta mentalidade devemos propor novos sistemas, referidos especialmente à formação de escolas, sistemas de saúde e outros tipos de elementos administrativos ou empresariais na sociedade. Há muitos anos atrás propus um conceito chamado “Veda way” e isso significa solidariedade e compromisso para todos aqueles que seguem o estilo de vida védico. Devemos incrementar a manufatura de produtos artesanais e não comprar nada da indústria de plástico. Este tipo de solidariedade é parte do impacto social dos “atos de bem-estar Vaishnava”;
3.       O ingressar a um Ashram é uma mudança revolucionária. Sua comida muda, sua forma de entretenimento muda, seus amigos mudam, sua música tende a mudar, sua vestimenta muda, inclusive seus deveres prescritos na vida mudam – me refiro ao primeiro passo que dão todas as pessoas que não estão casadas e se consagram ao Ashram em 100%. Claro, aqueles que estão casados também são parte do “ato de bem-estar Vaishnava” e se eles seguem de maneira apropriada o que Srila Prabhupada instruiu, podem ser amplamente beneficiados pelo próprio “ato de bem-estar Vaishnava”. 
     Os médicos conscientes são uma organização que representa muito bem isto. Em Buenos Aires, Argentina, recém abrimos uma clínica que é totalmente manejada por médicos Vaishnavas, combinando alopatia e ayurveda para resolver os problemas e assim fornecer um tratamento grátis a todos aqueles que são almas dedicadas no bem-estar de outros. http://www.medicinaconsciente.com.ar/ é o site de nossa nova clínica de médicos conscientes na Argentina. 
   Todos aqueles que são parte da vida comunitária de um Ashram devem buscar sempre médicos conscientes para o cuidado de sua saúde. Isso é cada vez mais importante, porque constantemente escutamos que o sistema de saúde secular promovido por grupos de hospitais e seguros de vida estão colapsando devido a suas atitudes corruptas e formas de administração desnecessárias;
4.       Outro ponto do “ato de bem-estar Vaishnava” é o que todos os Vaishnavas se organizem e cooperem na produção de comida orgânica. Isto é um benefício tanto para os Vaishnavas em geral como para as empresas orgânicas mantidas por Vaishnavas. Enquanto estejamos convencidos do estilo orgânico de vida, seremos agentes em evitar a contaminação da Mãe Terra. É o nosso dever também organizar, cultivar e distribuir os produtos gerados a partir de sementes orgânicas. Todas as glórias à Mãe Terra! Não a chamem de suja, pois ela não é suja por natureza;
5.       Agora vamos tomar um ponto muito importante: a influência de Maya na prática Vaishnava; este tema existe desde tempo imemoriável. Refiro-me àqueles devotos que estão de volta negligentes em sua prática. Eles conhecem os princípios regulamentares, conhecem os mantras, a filosofia, mas mesmo assim se afastam do processo e não passam na prova. Isto se manifesta a quem não vem ao templo. Por quê? Porque não estão praticando a filosofia de maneira correta;
6.       O ponto mais importante de toda esta reflexão é Vaishnava Aparadh – é sempre muito perigoso. A mentalidade Vaishnava Aparadh se traduz em pensar que “eu sou melhor que você”. Podemos encontrar alguns sintomas de Vaishnava Aparadh quando uma pessoa está agitada, encontra carência nos outros, não está feliz, está invejosa, ou por exemplo, quando vê a outro devoto que chega ao templo em um carro muito bonito, mas começa a pensar: “eu nem sequer tenho uma bicicleta”. Talvez isto soe como algo sem sentido, mas vivemos em um mundo sem sentido onde as coisas sem sentido podem afetar de maneira sem sentido. Os vaishnavas não são estúpidos, mas a mente sim é. Srila Harijan Maharaj disse: “Não se surpreendam com aqueles que deixam a Consciência de Krishna, melhor, surpreendam-se com aqueles que se mantêm ano após ano.”
7.       Na filosofia Vaishnava, qualquer distinção que um vaishnava recebe deve servir de inspiração para se tornar mais amável, mais humilde e mais inspirado no serviço. De outra maneira, isto se considera como uma caída e o fará perder o gosto pela associação dos devotos e pelo serviço. Quando se associa com um Sadhu, todos esses atritos desaparecem.
           
            Algumas vezes os devotos vêm e dizem: “Oh, Gurudeva, é muito maravilhoso quando está aqui, mas quando se vai, todos os problemas voltam a aparecer.” Então eu lhes pergunto: “Por que quando estou aqui os problemas não saem à superfície, o que podemos entender disso? Que não são problemas realmente, mas por alguma razão em seu interior você acredita que eles existem.” Por exemplo, algumas pessoas sempre estão queixando-se de algo, inclusive podem acreditar que eles desfrutam ao se queixar, ainda mais eles podem chegar a se adoentar se não se queixam de algo. Assim, existem pessoas que sempre se mantêm nesta mentalidade.
            Por favor, lhes peço que pensem sobre o que ocorre com a mente de alguém que não vai ao templo depois de ter sido iniciado, depois de receber o Brahma Gayatri Mantra ou depois de aceitar que supostamente deve viver para fazer felizes a outros. Neste estado não está fazendo feliz nem ao seu próprio Guru, então o que dizer de beneficiar a outros. Se alguém não visitar o templo ou não cantar o Maha Mantra, te asseguro que seu Guru estará chorando por isso. Tenho tentado tirar as pessoas deste estado de Maya para lhes ensinar a importância da vida espiritual, mas muitas vezes eles voltam à forma de vida que tiveram em seu passado, se acabando em alucinações sem a associação dos devotos, mas muitos também têm voltado depois disso e agora temos seus sorrisos constantes e sua participação entusiasta. Srila Bhaktisiddhanta chorava quando alguém queria voltar ao mundo material. No seu livro é possível ler algumas dessas belas histórias, ele buscava entusiasmar a todos eles para voltarem ao templo, o que dizer de alguém que estava envolvido na intoxicação ou em alguma outra coisa sem sentido.
            Muitas vezes escutei alguém que dizia: “Eu estive doente e nenhum devoto veio me ver”, ou simplesmente dizer: “os devotos não são bons”, mas também tem que pensar pelo outro lado e pode ser que só tenha acontecido que há muitos poucos devotos e estão muito ocupados. Sempre há muito mais possibilidades e os devotos nunca são maus, nunca são cruéis ou indiferentes, simplesmente ocorre que às vezes não têm tempo e por isso podem esquecer algumas coisas. Muitas vezes também ocorre que os devotos não têm fundos suficientes para fazer tudo o que quiserem fazer. Podem ter certas limitações, mas o coração dos devotos nunca para. Isso é o que quero que se lembrem sempre. Devemos aprender a valorizar os devotos que temos ao redor e cooperar com eles. Atuar para o bem-estar Vaishnava, assim evitaremos as ofensas.
            Obrigado por ler esta mensagem de hoje. Jay Srila Prabhupada.

            Seu sempre bem-querente,
            Swami B. A. Paramadvaiti.

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