domingo, 13 de novembro de 2011

A Rainha Kunti


A Rainha Kunti

de Vrindavan, 13/11



“Meu Senhor, Tua Senhoria é facilmente acessível, mas unicamente para aqueles que estão exaustos do material. Aquele que está no caminho do progresso (material), tratando de melhorar com uma posição respeitável, grande opulência, educação elevada e beleza física, não pode aproximar-se de Ti com um sentimento sincero.”



Queridos devotos. Sri Vrindavan ki jay. Aceitem minhas saudações de Vrinda Kunja.

Estamos em dias de muito trabalho no jardim de Gopinath, tentando fazer um serviço para plantar e embelezar Vrindavan. Hoje de manhã lemos as orações de uma famosa rainha, a Rainha Kunti. Suas orações são muito famosas, pois são a inspiração de muitos místicos durante os últimos milhares de anos.

Por quê? Porque ela está ensinando os princípios do amor, ela ora a Krishna desta forma: “Oh, Krishna! Ofereço-Lhe minhas reverências, porque Tu és a Personalidade Original e as qualidades do mundo material não Te afetam. Tu existes tanto dentro quanto fora de tudo e, ainda assim, és invisível aos olhos de todos.”

“Estando muito além do alcance da limitada percepção dos sentidos, Tu és o fator eternamente inquestionável que está coberto pela cortina de energia alucinante. Tu és invisível para o observador tolo, da mesma maneira que um ator ao desempenhar um papel não é reconhecido.”

“Tu mesmo descendes a propagar a ciência transcendental do serviço devocional nos corações dos transcendentalistas desenvolvidos e especuladores mentais, os quais se purificam por serem capazes de discriminar entre a matéria e o espírito. Como, então, podemos nós, as mulheres, conhecer-Te perfeitamente?”

“Portanto, permita-me oferecer minhas respeitosas reverências ao Senhor, quem se converteu em filho de Vasudeva, o prazer de Devaki, a criança de Nanda e o pastor das vacas de Vrindavana, o que anima as vacas e os sentidos.”

krsnaya vasudevaya
devaki-nandanaya ca
nanda-gopa-kumaraya
govindaya namo namah

Esse é o sloka mais clássico que todos devem aprender.
O seguinte verso também é famoso:

namah pankaja-nabhaya
namah pankaja-maline
namah pankaja-netraya
namas te pankajanghraye

“Respeitosas reverências a Ti, Oh Senhor, cujo abdômen está marcado com uma depressão semelhante a uma flor de lótus, que sempre está adornado com colares de flores de lótus cujo olhar é tão fresco como a lótus, e cujos pés estão gravados com lótus.”

Logo segue:
“Oh, Hrsikesa, amo dos sentidos e Senhor dos senhores! Liberastes Tua mãe, Devaki, quem por muito tempo esteve encarcerada e atormentada pelo invejoso rei Kamsa, e a mim e a meus filhos nos liberou de uma série de constantes perigos.”

“Meu querido Krishna, Tua Senhoria nos tem protegido de um bolo envenenado, de um grande fogo, dos canibais, da assembléia viciosa, de sofrimentos existentes durante nosso exílio no bosque e da batalha em que lutaram grandes generais. E agora nos salvou da arma de Asvatthama.”

E este também é um sloka muito famoso, no qual se refugiam os grandes devotos:

vipadah santu tah sasvat
tatra tatra jagad-guro
bhavato darsanam yat syad
apunar bhava-darsanam

“Eu quero que todas essas calamidades ocorram uma e outra vez de maneira que possamos ver-Te uma e outra vez, pois ver-Te significa que já não veremos mais os repetidos nascimentos e mortes.”

Este verso é muito importante porque nós sempre oramos para não passar por calamidades. Como é possível que um devoto ore para ter mais calamidades? Quero calamidades! Por quê? Porque assim, como disse a Rainha Kunti, no momento das calamidades tenho o maior desejo de estar com Krishna, em quanto que, no momento de desfrute nos esquecemos de Krishna.

Quando estou com problemas, estou completamente Contigo, meu Senhor. Quando estou fora de problemas, então só penso no que posso desfrutar uma e outra vez. Esse é o problema principal no mundo:

Nós só desejamos desfrutar e não sofrer, mas o que conseguimos constantemente é sofrimento e não desfrute. Poderíamos dizer que enquanto estamos sofrendo somos conscientes de Deus, mas enquanto estamos desfrutando de algo, entramos na modalidade do esquecimento, então, prefiro o sofrimento.

O próximo verso diz assim:

“Meu Senhor, Tua Senhoria é facilmente acessível, mas unicamente para aqueles que estão exaustos do material. Aquele que está no caminho do progresso (material), tratando de melhorar com uma posição respeitável, grande opulência, educação elevada e beleza física, não pode aproximar-se de Ti com um sentimento sincero.”

Esse é outro verso clássico da Rainha Kunti que realmente está apontando com o dedo a modalidade deste mundo material. O original é assim:

janmaisvarya-sruta-sribhir
edhamana-madah puman
naivarhaty abhidhatum vai
tvam aki cana-gocaram

Do que está orgulhoso? De tua nacionalidade? De teu dinheiro? De tua beleza física? Se tiver todo esse orgulho, então a sinceridade espiritual não aparecerá. É uma declaração bem pesada, ela não está brincando. Diz: Sente-se devastado por muitas razões, por que sentir-se devastado pela beleza? E então qual é o uso da beleza? Ou por exemplo, qual é o sentido da opulência? Como quando vê as crianças brigando por dinheiro...

Quando eu era um menino, de uns 7 ou 8 anos, começávamos a ver todas essas fotos dos campos de concentração onde tinha alemães parados sobre montanhas de corpos e nós pensávamos, o que é isso? E logo compreendíamos que isso foi feito pelas gerações de nossos pais e avós, todo o orgulho nacionalista que é muito típico nos alemães que me deixou destruído. Fiquei como: O que é isso? E tinha vontade de sair correndo de tudo isso. Alguns de meus parentes mais próximos eram nazistas, mas eu não queria ter nada a ver com eles, e logo eles fizeram a guerra, eles invadiram a Polônia. Quem pensavam que eram? E eu estava supostamente orgulhoso de ser alemão. Na América, por exemplo, por qualquer pequena coisa todo mundo põe uma bandeira no carro ou em qualquer lugar e dizem: sou americano. Que consciência mais horrível!

Podemos aceitar uma pequena porcentagem do orgulho nacionalista, como estar feliz pelo lugar que nascemos, mas se nós nos orgulhássemos por isso então a sinceridade se afastaria. O terceiro nível é o orgulho pela educação ou conhecimento. Sentir-se mais que outros por ser um graduado nisto ou aquilo. Há muitos exemplos que mostram que tudo isso não dá felicidade real e que nos tornamos bem-sucedidos por tentar fazer um show de conhecimento.
Claro, não podemos rejeitar o conhecimento. Não estamos contra o conhecimento, mas o que acontece realmente no mundo dos estudos, das universidades, etc., é que as pessoas pensam que por obter um título são melhores que outros, mas Prabhupada disse que inclusive as pessoas que obtêm muitos títulos nem sequer tem idéia de que não são este corpo. Para eles a alma nem sequer existe. Quando perguntaram a Arthur Schopenhauer de onde vinha, ele disse que tinha que reconhecer envergonhado que provinha dessa parte do mundo onde as pessoas pensam que no momento da morte tudo termina. Essa era sua pobre condição. Essa é a pior condição, a mais ignorante. Mas nós somos muito afortunados porque podemos escutar o Bhagavatam todas as manhãs.

Seu sempre bem-querente
Swami B. A. Paramadvaiti

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