“Quando alguém me diz que está triste é porque falta um santo em sua
vida. Mas os santos estão por aí... Os santos são aqueles que buscam fazer o
melhor de si, não é referente a uma pessoa que nunca cometeu um erro.”
Meus
queridos devotos e madres, um abraço de Montevidéu.
A meditação
desta manhã é a importância dos santos em nossa vida. Quando é humilde, se dá
conta da grandeza que são as personalidades que estão ao seu redor. Quando não
é humilde, pensa: “Os santos estão aí no altar” ou “Os santos apareceram há
2.000 anos” ou ainda “Eram mais generosos 500 anos atrás”.
A falta de
sentir a presença dos santos protetores nos faz triste internamente. Quando
alguém me diz que está triste é porque falta um santo em sua vida. Mas os
santos estão por aí... Os santos são aqueles que buscam fazer o melhor de si,
não é referente a uma pessoa que nunca cometeu um erro. Há um ditado que diz:
“Cada pecador tem um futuro e cada santo tem um passado”.
Krishna diz:
api cet
su-duracaro
bhajate mam
ananya-bhak
sadhur eva as
mantavyah
samyag
vyavasito hi sah
“Ainda que
um santo cometa um erro grave, se continuar servindo deve ser considerado um
santo.”
Mãe do céu!
Está difícil!
Não, não,
não é difícil, é bom, já que o Senhor é generoso com seus servos caídos.
Cometemos erros, mas há um erro que é maior que outros erros: o de ver erro
onde não há erro e divulgá-lo; este é o departamento da fofocaria, planos
mentais. Quem divulga algo que não é certo se responsabiliza por uma ofensa.
Por isso:
vaco vegam
manasah krodha-vegam
jihva-vegam
udaropastha-vegam
etan vegan
yo vishaheta dhirah
sarvam
apimam prithivim sa sishyat
“O impulso da
fala, da mente e da ira
O impulso
da língua, do estômago e do órgão sexual
Estes
impulsos devem ser tolerados pelo firme, ou dhirah
E assim
poderá no mundo ser mestre espiritual.”
Pregar é
nossa atividade principal. Se fecharmos a boca, então como vamos pregar? Mas ao
mesmo tempo devemos controlar a língua. Por isso Srila Rupa Goswami nos dá a
fórmula da felicidade, ele disse no Upadesamrta. Ele era um santo da
consciência de Krishna, ele sabe de todas as dificuldades que vamos passar, e
assim como Caitanya Mahaprabhu no Siksastakam, nos salva se dermos importância.
Lembro de outra
coisa, estamos no mundo dos territórios. O mundo material se chama “O mundo de
Maya”. Maya significa “medir”. Sobretudo queremos medir os lotes, os terrenos:
“esta é a medida”, ou a medida: “Eu sou supervisor, você é supervisionado”,
qual é a medida entre nós?
Por todo
lado há medida, não apenas medida no chão. Há medidas no banco, há medidas nos
privilégios: “Quem pode usar o carro do escritório?”, coisas assim. Há
privilégios, há medidas em todos lugares e onde há medida há Maya. Então, estamos
enfiados no mundo das medidas até a cabeça. O que fazemos? Temos que perder
tudo para nos dar conta que as medidas não são o que é.
Quando você
compra uma casa, qual é a medida? Primeiramente tem que escriturá-la. Se não
estiver escriturada, não é sua. Pois a escritura tem que ser registrada no
Cartório, certo? Se não tiver registrado no Cartório outra pessoa ainda pode
vender a casa. Quando você não registra, fazem toda uma bagunça. Muitas coisas
foram vendidas cinco vezes a cinco pessoas porque foram bobas, porque não
registraram. Não nos asseguram quem está registrado no Cartório, porque você
apenas pode comprar de alguém que esteja registrado no Cartório, caso
contrário, a venda é fictícia.
Eu te vendo
a praia de Montevidéu. E como sabe que me pertence? Alguém diz: “Eu gostaria de
comprá-la, e pronto”, quando for ao Cartório mandarão a polícia dizendo:
“Chegou um louco que diz ser dono da praia de Montevidéu”. Todo engano começou
assim. Como se chama isso? Ocupação. Ou também se chama a lei da conquista.
Quem ocupa
e registra é o dono. Isso é Maya, isso é a guerra dos territórios e nós fomos
treinados desde que nascemos na guerra dos territórios. Inclusive há
territórios que são mais sagrados, mais confidenciais, que são os territórios
do coração de cada um. Sabe como entrar aí? Esse é outro mundo. Sabe como se
chama o mundo? O mundo dos céus. Incrível!
Também os
céus fazem medidas. Não pense que medida é só um metro, um pé. Não, não, não, a
maya da medida vai por outro lado. A medida é: “Me quer ou não me quer? Me quer
ou não me quer?”, a medida é ver se me quer ou não. Um exemplo territorial: Eu
uma vez estive na Hungria, e uma madre, ainda minha amiga, me disse: “Você e o
swami pregam apenas às meninas jovens e bonitas, a nós não pregam, nos deixam
de lado.” Foi a medida, quando fala com A, quando fala com B, quando fala com
C., são novos e se não são devotos precisam que seja dedicado mais tempo a
explicar. Agora, “Você acredita que eu não te quero porque é mais velha de
idade ou porque elas são loiras?”, isso é mundano, isso é uma manifestação
territorial do medir.
É claro que
todos querem ser importantes e atendidos. Tranquilo, todos somos importantes,
porque somos parte de Krishna e todo mundo que é parte de Krishna é importante.
Não há ninguém que possa dizer “só ele ou ela é importante”, para Deus todos
somos importantes. Por aí a coisa caminha.
Medir é o
princípio de toda forma de engano, inveja ou ciúmes. Também medir é outra forma
que a autoestima se fere. A educação que recebemos nos fez pensar que aquele
que não conquistou terra não tem nada. Mas todos os territórios, todas as medidas,
não importam quais sejam, são derrotadas pelo tempo.
Os papéis
das notas não servem para nada em 500 anos. Um lugar já teve muitos donos
antes, ninguém saberá quem é o dono real de nenhuma casa. Ou melhor, se sabe
que ninguém é dono das terras. Inclusive o matrimônio é uma medida. “Bem, vamos
ao juiz agora e nos casamos”, o juiz pergunta “Todo dinheiro que ganhem
pertencem aos dois?”, e eles dizem “Não, não, não, isso não quero. Quero casar,
mas em separação de bens”, isso é outra medida. Está tomando outra medida para
saber se a medida favorece.
Todas as
medidas são cálculos e todas as medidas são ilusões que vão revelar um fracasso
no final. Por isso, uma pessoa devota tomará outra medida, e a medida do devoto
é a que ele diz:
- Tudo é de Krishna. E o que chegar em minhas mãos vou registrar em nome de Krishna, porque eu quero que seja de Krishna.
E registrar
algo em nome de Krishna não é fácil. Vá ao cartório e declare:
- Quero
doar esta casa ao Senhor Krishna.
- Quem é
Krishna? Me dê o número de passaporte. Qual é o seu mandato?
- Ah, não,
Ele é Deus.
- Ah! Aqui
Deus não registra nada, não é dono de nada.
Vê a
loucura das medidas? Não pode dar a Deus algo porque Deus não existe aqui legalmente.
Ele não é uruguaiano, sentimos muito.
Atenção: Na Índia você pode registrar
legalmente uma propriedade em nome de uma Deidade. E pode ter dois pais: o
biológico e o mestre espiritual.
O Guru é um
pai legal na Índia. Quando eu firmei meu nome na Índia: Paramadvaiti Swami,
filho de Bhaktivedanta Swami Prabhupada. Isso é legal porque é meu guru. Como ele
foi meu guru, eu tenho o dever de repetir o que ele ensinou. E se alguém vir a
Prabhupada hoje e dizer: “Quero doar uma casa a Prabhupada, a quem dou?
Paramadvaiti Maharaj, venha aqui... Você em tantos anos com Prabhupada, quero
que você ofereça isto a Prabhupada.” PLIM! Doa a casa. Então, a casa não é
minha, mas ao dar a casa a Prabhupada, tenho que garantir que será usada para
Prabhupada.
Quando o
absoluto e o relativo se encontram há choque, porque tenho que adaptá-los,
tenho que aprender como fazer isso. Como combinar o Absoluto com o relativo. O ensinamento
puro absoluto é perfeito, mas o relativo também é parte do Absoluto.
om purnam-adah
purnam-idam
purnaat
puranm-udachyate
purnasya
purnam-aadaaya
purnam-eva-avashishyate
Então, harmonizar
entre o relativo e o absoluto. Isso fazem os sábios, os santos. E quem são os
sábios? Vocês. Vocês são os sábios, e se forem sábios de pouca experiência, tem
que ajudá-los. Abrir sua visão, ampliar o horizonte. Assim, é uma escola de se
tornar brahmana, uma escola de se tornar santo. Esqueçam os territórios, tudo
pertence a Krishna. E todo aparente território está perdido.
Dou mais um
exemplo, falando do território matrimonial. Às vezes as pessoas se casam e a
esposa pensa: “Você agora é meu esposo, depende de mim, etc.”, ou o esposo
pensa o mesmo da esposa e a trata mais ou menos como uma prisioneira. E se a
outra pessoa não reage como quer, já começam as brigas. Isso sobre as medidas
do matrimônio são totalmente diferentes, na verdade, deve aceitar que Krishna
tem que ser posto no centro, Krishna deve ser o critério máximo.
As medidas
que você toma em seu matrimônio devem ser guiadas por um santo, não podem ser
resultado de como você mede as coisas com sua mente, isso é um risco. Se você
quiser saber o que está bem ou mal, tem que perguntar ao mestre espiritual, ele
te dirá o que é melhor e ambos no casal dizem: “Gurudeva disse isso, que felicidade
que nos deu uma instrução”. Um bom matrimônio é feliz com essa consciência e
asseguro que assim nunca haverá um choque entre vocês, pois o Guru é o melhor
amigo do casal.
Mas veja, quase
sempre todos os matrimônios têm conflitos territoriais. Territoriais financeiros,
territoriais de tempo, territoriais do departamento. Entre casados, entre
irmãos, o que dizer das pessoas que nem se conhecem.
Quando uma
mulher me diz:
- Eu
acredito que meu esposo está me enganando.
E eu
pergunto:
- É verdade
que ele está te enganando? Está segura?
- Sim,
estou segura.
- Tem
prova?
- Sim,
tenho prova.
Então ela
pensa que agora que vou me chatear, mas minha resposta é:
- Parabéns.
Por que eu
felicito uma pessoa que foi enganada por seu par? Qual razão eu tenho para
felicitar? É a seguinte: Este território que você pensava ser seu, acaba de se
romper, ele não é seu. E ele não respeita seu coração e é melhor que saiba
agora do que se dar conta só quando tiver 88 e perceber que foi enganada toda a
vida. É melhor um fim com susto que um susto sem fim.
Então, se
uma coisa for fraudulenta, se algo for falso, é melhor que se revele logo. Parabéns.
No fim se dá conta que a coisa não anda. Claro que é triste, eu também choro
quando me inteiro de histórias assim. Então, territórios, só Krishna sabe quem
é quem, todos os territórios são dELe, nós somos estudantes, aprendizes.
Krishna nos dá as oportunidades.
Para saber
como manejar...
- Aqui tem
US$10 mil, o que fará?
Como a história
do filho pródigo, o pai lhe dá dinheiro, ele investe e o aumenta. O pai diz:
- Muito bem.
Ao outro
filho dá o mesmo, e ele o desperdiça, se intoxica, faz toda a estupidez e
desaparece. Onde está? Não sabemos. Mas três anos depois volta ao pai:
- Eu fui o
maior estúpido, desperdicei tudo o que me deu.
O pai o
toma em seus braços, e o outro filho que investiu bem diz:
- Pai, como
o trata assim? Esse daí merece chicote!
- Não, mas
este é o meu filho.
Ensinamentos,
sabedorias...
Agora quero
dar a chave da felicidade na consciência de Krishna. Esta joia é o Upadesamrta,
texto 5:
“Devemos
honrar mentalmente ao devoto que canta o Santo Nome do Senhor Krishna. Ou qualquer
outro nome de Deus. Quem canta os Santos Nomes de Deus tem que ser respeitado.”
Inclusive
alguém que cante à Pachamama, a Pachamama não é Deus, mas é o aspecto da
misericórdia de Deus. Quem canta à Pachamama, também respeitamos. Se você não
respeitar as pessoas que cantam o Santo Nome, de alguma maneira estará semeando
a sua própria tristeza.
Depois,
deve oferecer humildes reverências – quer dizer com a cabeça no chão – ao devoto
que se submeteu à iniciação espiritual diksa e está ocupado em adorar a
Deidade. A quem adora a Krishna na manifestação da Deidade: minhas reverências
a você.
Não: “Olá, prabhu.
Dandavats. Me dá licença na passagem.” Devemos ser muito respeitosos e atentos.
As relações devem ser doces no tratamento, de muita convicção e apreço. Não pode
adorar a Goura Nitay se não adorar ao Seu devoto. O devoto pode cometer falhas,
está no processo, mas o que puder dar é muito mais valioso para ti.
Logo, o
verso continua:
“E devemos
nos associar e servir fielmente ao devoto puro que está à frente quando ao
serviço devocional, executando sem desvios e cujo coração está sempre livre da
propensão a criticar aos demais.”
Aos devotos avançados, devemos servi-los e
escutá-los. Aos que perdem tempo falando mal de outros: não perturbem, não
tenham tempo para eles. Para que você possa ser feliz na consciência de
Krishna, há três chefes:
Um: É o chefe menos avançado que você.
Por que ele é seu chefe? Porque é seu dever dar a mão para ele levantar, ele é
seu chefe porque ele te diz o que fazer. “Me ajude”, “Sim, sim, vamos. Pegue aqui
na minha mão”, essa é a primeira relação, ajudar as pessoas que sejam menos
avançadas que você.
Dois: Fazer uma amizade inabalável com
as pessoas que também estão na luta como eu. Vamos à realidade: todos estamos
aqui na luta. Não é que logo fechamos os olhos e os pés de Krishna se
manifestam em nós como uma lótus brilhando. Todos estamos na luta, não há dor
nem pena admitir que estamos todos aqui lutando. Mas os que estão na luta pela
causa da nossa missão em Montevidéu, os que estão identificados, com eles faça
uma amizade bem apegada que ninguém os separe. Super cola. Assim tem que ser
com todos que estão na luta.
Para que a
amizade possa amadurecer mais e crescer aumentando seu círculo de amigos. Sempre
há complicações, é natural, mas como eu sou amigo, busco ajudar quando me
pedem. E quando não me pedem, talvez eu não possa fazer nada. Mas se eu vejo a
um devoto avançado que está servindo ao meu guru seriamente, neste caso eu devo
oferecer minha plena colaboração. Não apenas: “Eu gosto de você, reverências,
Haribol”, mas “O que precisa? O que faço?”, chega na festa de domingo “Trouxe
uma preparação. Divulgo convites? Eu posso fazer o anúncio, o que você quiser”.
A todo
mundo tem que dar tempo, a todo mundo tem que dar consideração. Isso é
Consciência de Krishna. Todos os problemas na vida espiritual têm solução. Não existe
situação que não haja solução. Porque a medida do Senhor Krishna é de nos
resgatar da ilusão, por isso Prabhupada veio ao mundo, por isso o temos no
altar, por isso temos Gurupurnima, para celebrar.
Esperamos que
Gurupurnima traga muita luz, clareza e muita alegria para todos. Porque vamos
seguir lutando assim como é. Porque eu também venho lutar pelo Uruguai e por
seus devotos, aos santos mensageiros que seguirão em frente, porque repito: Estamos
acabando de começar.
Vocês não
sabem que alegria me dá ver aos devotos felizes no templo. Por exemplo, aqui,
na vez passada, faz um ano, éramos como cinco ou quatro recém fazendo a
primeira equipe. Então me dá muita alegria ao ver o progresso, e por favor:
União faz a força. Solidariedade e amor.
E poder nos
sentir felizes, porque não há território, porque todos os territórios pertencem
a Krishna. Reconheçam: Quem não reclama de território não tem problemas
territoriais. Por isso os renunciantes, brahmacaris, vishnupriyas, sannyasis
são tão felizes, porque não têm nada. Há grihastas renunciantes também.
Quando se
tem coisas, tem sua independência, faz sua própria economia, busca lutar
sozinho. Mas naturalmente disso temos um pouquinho cuidando dos espaços
conseguidos. Mesmo que tudo seja ilusão, porque no momento da morte não leva
nem sua kanti mala, enquanto isso se trai de tanto calcular quais são suas
coisas neste mundo.
Todo território
é de Krishna, essa é a sabedoria, tem que aprender aos bons modos: “Tem que
renunciar ao mundo antes que ele te renuncie”. Outro ditado: “Tudo o que não
der é o que perderá”.
Veja que
sabedoria é a que tinha Rupa Goswami ao escrever isso anos atrás. O Senhor
Caitanya também disse coisas, uma das mais importantes: Trinad api sunicena. Sem
trinad api sunicena não pode viver em um templo, sem humildade não se apaixona
pelos devotos.
Jay Sri
Krishna, Jay Sri Krishna!
Sri
Caitanya Mahaprabhu!
Srila
Prabhupada ki jay!
Com afeto.
Seu sempre
bem-querente,
Swami B. A. Paramadvaiti.
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