domingo, 5 de julho de 2015

É importante reconhecer que neste mundo material tudo é passageiro apenas para nos treinar




 “Deve-se ter um sabor superior mesmo que tenha desejos pelas coisas materiais, renunciar e ocupar-se em algo espiritual, isso é o desenvolver de um gosto superior.”



Meus queridos devotos, um grande abraço de Miami Mandir.
Hoje estamos celebrando o sentido da nossa verdadeira independência já que nossa independência é tanto nosso problema como nossa solução. Temos que nos independer de nossos apegos materiais, de tudo que nos apega à luxúria. Quando nos apegamos a Krishna e nos esforçamos para fazê-Lo feliz, isso é prema. Então tem que descobrir como safar-se de um apego e apegar-se a outro.
Essa é a história do nosso apego material, enquanto ele existir, o bhakti não será manifestado totalmente. Por isso precisamos do sadhu sanga que é algo muito escasso nesse mundo. É algo muito além do que podemos entender racionalmente e manifesta-se como Gurukripa. Quando tem-se fé no mestre espiritual, a realização das escrituras manifesta-se.
A associação com um devoto é a essência dessa transição, é algo que surge, floresce. Minha teoria é que graças a Srila Prabhupada ter injetado sementes do bhakti com sua grande potência, a fé florescerá inclusive em pessoas que ainda não nasceram. Então, nós como seguidores de Srila Prabhupada estamos observando o nascimento do bhakti em lugares muito importantes onde esta fé está sendo manifestada.
Por exemplo, em minha visita a Cuba recente vi muitas pessoas com fé em Srila Prabhupada para servirem. Temos sido testemunhas de como esta semente do bhakti realmente flui e como manifesta-se o desejo de servir a Krishna. Então pode-se realmente entender que há uma semente do bhakti quando no coração das pessoas surge um forte desejo de servir a Krishna.
Assim, para mim foi muito gratificante a experiência de ir a uma ilha onde apenas o prabhu Esvara Desavaha havia ido, os demais só haviam escutado. O movimento de Swami Yoganandana foi a única coisa que chegou, e logo pela evolução do teísmo criou-se uma atmosfera muito linda de querer servir a Krishna.
Para mim foi realmente inesquecível estar nesse lugar observando as sementes que Srila Prabhupada havia regado ali. Tanta alegria, tanto desejo, devoção de que realmente podia-se conceber que havia um grande futuro, como em todas as situações onde Srila Prabhupada está.
Também em um caso particular nessa visita a Cuba, obviamente continuando o trabalho pioneiro de Srila Prabhupada, porque ele não aceitava nenhum lugar onde Krishna não pudesse chegar, ele sempre levava seus discípulos ao Paquistão, Arábia Saudita, Beirute, Marrocos, Irlanda do Norte em plena guerra, lugares totalmente difíceis, ele sempre estava pendente de mandar pessoas para que seguissem semeando sementes do bhakti.
Quando viaja-se pelos brahmandas para cima e para baixo e passa-se pelas diferentes circunstâncias desse mundo material, logo chega um momento cujo diz: “Já chega, não mais”. Mesmo que Maya seja sedutora, já não a quer, compreende e diz “já chega” e assim começa a levar a vida espiritual a sério.
Enquanto estiver intoxicado no mundo material com as coisas materiais, como a fama, a erudição e a beleza, não poderá levar a sério o chamado de Krishna e não escutará o chamado interno de Krishna, e Maya dará mais.
Maya é assim, quando está abatido, não dá nada, mas quando quer sair, dá tudo. É fácil renunciar, porque não tem nada, por isso dizemos: “É melhor você renunciar ao mundo antes do mundo renunciar você.”.
Renunciar quer dizer separação, não há desculpa, não há exceção. Aquele carrinho lindo que comprou há três dias, agora tchau, carro, casa, filhos. Sobretudo quando nasce uma criança, está liberando o pai. É algo espetacular até crescerem. Crescem e vão.
Claro que alguns pais hoje em dia dizem: “Melhor que vá”. Às vezes vão mal, desaparecem ignorando seu pai, sua mãe. Então é importante realizar que neste mundo material tudo é passageiro apenas para nos treinar.

Visaya vinivartante
Niraharasya dehinah
Rasa-varjam raso ‘py asya
Param drstva nirvatate

Deve-se ter um sabor superior mesmo que tenha desejos pelas coisas materiais, renunciar e ocupar-se em algo espiritual, isso é o desenvolver de um gosto superior.
Se aceitar tudo o que for oferecido para a gratificação, então nunca surgirá o desejo superior. Há muitas advertências nas escrituras, são realmente as que sempre vêm a nos recordar da essência: “Deixe a ilusão, deixe a fantasmagoria”.
Isso sim, em Cuba há muita bruxaria. São negócios lá. Não fala-se nada de amar a Deus, apenas fala-se de pedir a Deus, “força para superar problemas”, superar coisa ou outra em cerimônias tamásicas. Krishna diz: “Quem adora aos fantasmas, na próxima vida volta fantasma”.
Se perguntar a um líder barvabalao se ama a Deus, ele dirá: “Não, não está incluso no programa”. A verdade é que nem sequer está incluso em seu vocabulário, é triste porque são pessoas que apenas querem negociar com Deus.
Na Índia acontece o mesmo com o karma kanda, “devo negociar ali para que me deem bênçãos”. E as floridas palavras dos Vedas entusiasmam isso, “se quiser saúde, riqueza, bela esposa, adore tal”, mas no Bhagavad Gita diz que apenas os bobos adoram aos semideuses, e isso fica como um labirinto cujo é muito difícil encontrar o caminho puro a Deus. Não é fácil, se quiser negócio de Deus, ofereça-Lhe negócio.
O mundo material ensina com aspectos muito fortes, como o desapego, a separação e eu creio que hoje em dia as pessoas são mais sofridas e mais abatidas que nunca, porque a família acabou.
No fim das contas, a famílias era a coisa mais linda: esposa(o), filhos que crescem, netos, toda essa beleza que trabalha junto por uma causa, é muito lindo ter harmonia entre pai, mãe, avós, mesmo que hoje quase não exista.
O homem moderno mal cumprimenta, as mulheres sentem-se maltratadas. Ao não considerarem que é melhor as crianças não verem briga e não sofram vendo, então o homem moderno perdeu o matrimônio. É a maior perda e desculpa para pensar: “Oh, agora posso ter sexo com várias ou mudar de parceira”. Nesse sentido, até na declaração de matrimônio é dito: “Hoje em dia ela é minha companheira temporária de viagem”.
Não é raro apaixonar-se demais por uma mulher ou um homem, porque há muitas pessoas simpáticas, assim pensamos: “Por que não poderia ter relação com outros parceiros?”. O fato é que deve decidir por um parceiro se quiser ter lindos filhos e vê-los crescerem ao lado dos pais em uma atmosfera de amor, disciplina e união.
Sem a base da família, nossos filhos não têm muita esperança em formar um caráter de fé em uma autoridade, e por isso nunca estamos seguros, sempre nos sentimos desamparados.
O homem moderno é o mais renunciado de todos, porque perdeu a família. E o que fica então? Sexo, diversão, comprar uma casa e logo brigar com o parceiro para dividirem: “Como nos dividimos, o carro ou as crianças?”.
As crianças são as que pagam o drama, como os homens não são muito inteligentes, as crianças falam mal, falam mal da mãe porque não tem mais pai. Mesmo na Consciência de Krishna é dito: “Desapegue do parceiro e da família”, mas não mal interpretem isso, porque o desapego é para quando as crianças já estão grandes.
Alguns tolos o tomaram como justificativa. Temos que nos desapegar e nesse sentido nós vemos que o mundo não anda bem, e logo que a família estiver perdida, vem a droga, a degradação, a decepção quando não entendem que o mais lindo é ser membro de uma família espiritual.
É algo muito especial servir a um ishtadev que significa fazer templos, fazendas, festivais. Sobre uma adoração apropriada cresce nossa vida, porque o mundo material não tem nada equivalente nem especial, porque no mundo material apenas há grupos sociais, um partido político, mas isso não substitui a vida espiritual.
A deidade nos vincula com o mais importante da nossa vida, que é o Senhor Supremo, o único que pode nos levar a diante e a dimensões superiores. “Abandone todos os demais conceitos religiosos sociais fruitivos baseados em interesses sociais e refugia-se em minha instrução”, disse o Senhor. Toda a estrutura do mundo, as diferentes instituições que podemos considerar são todas secundárias ao lado da importância de Krishna em nossa vida.
Não é suficiente ser um bom pai, tem que fazer muitas coisas e refugiar-se totalmente em Krishna, apegar-se aos devotos. Isso soa bonito. No Bhakti Yoga há muitas etapas de confidencialidade, mas se não tiver uma família espiritual, não saberá onde praticar.
Praticando sozinho perde-se, fica oco, por isso a importância da associação. É como um pai que não pode dizer nem sequer por um momento: “Eu não sou pai”. É uma traição, em um compromisso de um sannyasi, de um brahmana, de um presidente de templo é igual, é uma consagração importante e por isso os devotos em grupo mantêm os templos.
Graças a isso queremos fazer um ashram em Cuba. O primeiro ashram chama-se Vrinda Kunja. É uma casa muito humilde, para seis devotos, quem lidera é o prabhu Radhanath, um yogi maduro de muitos anos, já tem netos, mas um espírito jovem. O lugar é pequeno, mas o grupo de devotos de Cuba são bons potenciais e maduros.
Foram poucos dias lá, fizemos uma grande puja em um cinema conhecido e importante na cidade, e também tivemos conferências no Charles Chaplin em pleno centro onde nos deram um espaço muito bonito. Então conhecemos também um grupo que chama “Om Meditación” cujo líder apreciava muito a Srila Prabhupada e com eles também fizemos contatos muito lindos.
Sinto-me muito positivo e creio que o Senhor Caitanya tem que me levar a todos os lugares e já está semeando o início, então, se alguém de vocês for a Cuba, permita-se treinar aqui sobre como ajudar lá.
Em Cuba dizem que não pode-se fazer nada sem fé, ou melhor, a Oida Terapia na Cuba está bem famosa. E sabem o que significa FE? Família no Exterior. J Então, nós também somos os amigos e familiares vaishnavas no exterior. Acredito que com um pouco de ajuda para lá, as coisas podem caminhar. Sendo assim, são bem-vindos a participarem no apoio a Cuba.
Miami é meio Cuba, alguns devotos mais velhos podem organizar uma visita para lá segundo as possibilidades. Já organizaremos na minha próxima volta, pois temos agora pouco tempo em Miami, apenas umas horas que encurtaram por essa odisseia técnica que atrasou muito meu voo em várias horas.
Então, muito obrigado. A independência que celebramos aqui hoje significa nos independermos de Maya e nos fazermos dependentes de Krishna. Essa é a verdadeira independência. Para ter novamente a independência para assumir responsabilidades para Ele e assim não podemos pensar por nós mesmos fora da ideia vaishnava, que é muito capaz de ser independente.
Nesse sentido, estamos todos sendo treinados para sermos independentes e capazes de resolver qualquer serviço, mas no coração devemos ser dependentes da essência da unidade do infinito.
Queria saudá-los um pouco. Obrigado por me esperarem tanto tempo.
Srila Prabhupada ki jay.

Seu sempre bem-querente,

Swami B. A. Paramadvaiti.

Nenhum comentário:

Postar um comentário