domingo, 29 de março de 2015

União na diversidade não é luxo, é uma necessidade.





“Não devemos perder a diversidade, pois diversidade é o poder do bhava (sentimento) da relação e é aí onde saranagati (rendição) toma lugar.”


Meus queridos devotos e madres, meus cumprimentos de coração a coração da Alemanha.
Quando Srila Swami Maharaj (Srila Prabhupada) veio à Índia com seus novos seguidores ocidentais, todos na Índia ficaram surpresos: “O que é isso? Como eles vieram parar aqui?”, “Como é possível que vistam-se com dhotis, usem tilak e japa malas?”, “Não, isso não é possível. Eles deveriam estar no exitoso mundo ocidental”, diziam as pessoas. Porque, vocês sabem, a Índia louca segue os exemplos do louco Ocidente.
A propósito, Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur Prabhupada disse: “Essa sociedade materialista do Ocidente deve ser esmagada”. Esse conceito de felicidade com dinheiro, fama, nome e desfrute, ou a ideia de que devemos ser exitosos e que a América é o Céu, é tudo uma grande mentira e devemos nos despertar disso. Porque a riqueza que recebemos dos rishis é de tanto valor que se observarmos muito o desfrute do Ocidente, perderemos tais joias dos rishis e consequentemente perderemos o alcance e as características das nossas futuras crianças no sistema educacional.
Por outro lado, união em diversidade não é um luxo, é uma necessidade. Sim, temos diversidade, temos muitas missões fantásticas, elas são conhecidas como uma aproximação pluralista do conceito de Guru Tattwa, os siksa gurus, os vartma pradaksaka gurus, os pita gurus e os sannyas gurus, variados gurus nomeados nas escrituras. Isso é completamente pluralista. Diz-se que não há somente um guru, que existem muitos gurus, mas que somente um é o guru supremo, e este é o Senhor Supremo.
O Senhor Supremo é o guru final de todos. Então, na união, esse é o momento no qual temos que nos reunir por uma causa comum, onde não podemos estar separados, porque enquanto nos mantivermos na diversidade, veremos que há eruditos, doutores, músicos, poetas, muitas pessoas grandiosas que chegaram a ter contato com Gaudiya Math, proveniente de diferentes missões.
Quando nos projetamos em nossa responsabilidade social, educacional, ambiental e espiritual, podemos ver que necessitamos de cada um deles. Precisamos de todos eles para enfrentarmos a atual situação do Ganges e Yamuna. Esses assuntos que nos competem, pois trata-se dos nossos rios sagrados. Necessitamos de todos para enfrentar essa situação na qual a saúde está em grande perigo devido à contaminação ambiental.
Vocês sabem, muitos devotos mais velhos têm doenças relacionadas com o açúcar. Muitos outros problemas existem também. O meio ambiente está afogado no plástico. Por exemplo, em Radha Kunda, em Govardhan ou Varsana, pessoalmente, passo a maior parte do meu tempo em Vrindavan e pude ver o Yamuna, pois pode-se apenas ir lá. Está cheio de lixo e contaminação, e a maioria desta contaminação provém dos próprios peregrinos, não dos agricultores vrajavasis.
Se você for aos campos de cultivos dos camponeses, poderá ver que estão completamente limpos, mas quando os peregrinos chegam lá, converte-se em um grande desastre ambiental. Nós como líderes na diversidade temos responsabilidade social nesses assuntos. Agora é que temos que nos unir, o anterior é apenas um de tantos outros temas.

yena tena prakarena, manah krsne nivesayet
“Antes de tudo devemos pensar em Sri Krishna, essa é a ordem suprema de Mahaprabhu.”

Mas por isso devemos evitar pensar no Yamuna e no Ganges que estão em uma condição desesperadora? O Senhor Shiva mesmo enviou a resposta a essa pergunta:
Há algum tempo atrás todo Kedarnath, todo o turismo dessa área foi arrasado por uma inundação. Essa foi uma resposta proveniente do céu: “Não façam isso! Não tornem este lugar sagrado um espaço turístico cheio de lixo.” Nesse tipo de lugar supõe-se ser espaço de adoração e vida sagrada. Assim como Vrindavan Dham, Puri Dham e Mayapur Dham. E qual é a situação de Mayapur Dham atualmente? Tristemente está cheio de comércio ilegal em toda rua de Srila Bhaktisiddhanta Thakur onde se consome carne. Não estamos dizendo nada extremo. Carne! Enquanto nos países ocidentais as pessoas lentamente tornam-se vegetarianas, na Índia, mais e mais pessoas começam a comer carne, inclusive nos lugares sagrados.
É nossa responsabilidade social reverter esses assuntos e tomar nota deles. Nossas crianças não sabem dos perigos de consumir carne, peixe e todos esses produtos. Podemos ver que todos esses problemas estão surgindo e, pela graça do nosso guruvarga, temos a informação de como resolver. Podemos ver que todos esses problemas existem e, pela graça do nosso guruvarga temos a informação necessária para enfrentar.
E graças à opulência da diversidade, temos muitos e muitos cientistas capazes, PhDs, líderes de templos, sannyasis circulando o mundo, etc. Quando todos eles se reúnem e estabelecem estatutos unificados ou se unem em um esforço comum, então converte-se em algo grandioso. Assim como o maha harinam que foi feito nas ruas de Kolkata um dia depois da reunião anual da Associação Mundial Vaishnava e um dia antes deste mesmo evento, ou como a decisão que tomaram os sannyasis na última reunião da Vishva Vaishnava Raj Sabha onde decidiram que iriam às ruas com seus seguidores limpar as ruas em frente aos seus templos, embelezando tudo ao redor para que o dham sagrado não parecesse uma lixeira.
Essas são algumas ideias de que podemos ter um monte de união em diversidade, mas que não devemos perder a diversidade, pois diversidade é o poder do bhava (sentimento) da relação e é aí onde saranagati (rendição) toma lugar. Isso é algo muito pessoal.
Outro tema é que nossos gurus nos ensinaram que um Mestre Espiritual não deve ter muitos discípulos, pois seria impossível cuidar apropriadamente de todos.
Sem dúvida, é necessário que todos trabalhemos juntos e estabeleçamos os pontos comuns para lutar. Uma causa comum. As escrituras confirmam isto sobre um mestre espiritual e seus discípulos. Ao mesmo tempo, nosso guruvarga nos mostrou diferentes exemplos em diferentes tempos, lugares e circunstâncias. Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur Prabhupada mesmo disse: “Minha missão é estabelecer templos nos corações de cada um”.

Portanto, Gaudiya Math significa Amor. Gaudiya Math significa amar a cada um, amar e cuidar é o que devemos ansiar hoje em dia, isso é o que estamos fazendo. Amar e apreciar que estamos todos cantando juntos hoje, inclusive acompanhados por pessoas com as quais nunca antes havia cantado. Todos juntos durante muitas horas celebrando dois dias de um alegre festival. Essa é a característica nova e não se deve deter, ou melhor, deve-se estabelecer o começo do que Srila Jiva Goswami idealizou quando mencionou a Vishva Vaishnava Raj Sabha, ou os ideais que Srila Bhaktivinoda Thakur e Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati abraçaram para entregar a todos nós a energia de nos reunir. O que hoje vemos de uma forma muito maravilhosa.
Aprecio muito todos os postos de literatura vaishnava que montaram aqui neste dia. Pois devemos chegar a ponto de ter estas feiras onde todos podem exibir o que conquistaram para a pregação de Sri Caitanya. Temos a presença nos filmes, na arte, em todos os diversos campos e devemos compartilhar os avanços que outras missões conquistaram nas diferentes áreas de responsabilidade social.
Por exemplo, a iniciativa da Iskcon de manter o Bhaktivedanta Hospice é algo destacável. Um dos meus discípulos deixou este mundo uns dias atrás nesse lugar e foi muito afortunado em poder compartilhar seus últimos momentos com a associação de devotos que o cuidaram muito bem e lhe deram acesso constante a Hari katha e Krishna prasada.
Assim, esse tipo de iniciativa tem se estabelecido e foram grandes conquistas para ajudar aos devotos a criarem um maravilhoso futuro, os quais chegam aos Pés de Sri Caitanya buscando ajuda e podem se converter em membros de Sua Audarya Lila, o lila mais magnânimo de  todos.
O Senhor Caitanya é Maha Vadanyaya, o mais magnânimo de todos e Ele veio até aqui para nos dar o que ninguém antes havia entregado, por isso nosso dever é tornar uma realidade a todo aquele que chega a este movimento, a todo aquele que contata-se com os gaudiya vaishnavas e ao sanatan dharma. É assim que convido a todos vocês do mais profundo do meu coração, a que sejam parte desta união na diversidade que provém de nossas necessidades comuns, considerando especialmente a situação de Sri Vrindavan Dham, onde necessitamos que todo o povo e o governo aceitem a importância do lugar sagrado e o protejam como um patrimônio mundial da humanidade.
Vrindavan não é uma simples aldeia, é um patrimônio mundial que nos foi entregue pelo próprio Senhor Krishna e Srimati Radharani, e é para proteger Sua terra que precisamos da misericórdia e participação de cada um de vocês.
Muito obrigado. Todas as glórias sejam a Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur Prabhupada e todos seus parsadas, entre os quais estão cada um de vocês.

Seu sempre bem-querente,

Swami B. A. Paramadvaiti.

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