domingo, 17 de novembro de 2013

Devemos aceitar nosso dever prescrito




Devemos aceitar nosso dever prescrito




“Se não formos felizes, então como faremos felizes aos outros? Essa é uma pergunta muito importante. Se não conseguirmos fazer aos outros felizes, então que valor tem o que estamos oferecendo? Se não tivermos a predisposição ou a capacidade de fazer felizes aos demais, então temos praticamente garantido o sofrimento.”




Queridos devotos. A ausência de clareza e amor em nossa vida é levada ao extremo quando as pessoas perdem o entusiasmo. Todos conhecemos um pouco dessa experiência de perder o ânimo, como estar animado um dia e no dia seguinte nem querer se levantar da cama. Por isso, o sacrifício deste kartik dá as mãos com a oração a Krishna de sempre nos permitir servir e também de poder “tolerar” aos devotos. Por que digo “tolerar”? Porque, na verdade, buscamos tolerar aos outros. Então, na vida vinculada com os devotos, buscamos aprender a tolerar tudo isso que a mente materialista não nos deixa compreender. Isso se torna inclusive uma necessidade, pois a única conexão que temos com Krishna são os devotos, sem eles não podemos fazer nada. Quando os devotos não estão em nossa vida, esta se torna vazia, pois sem eles só nos inclinamos ao sustento da nossa mente e assim permaneceremos sempre no caminho de Maya.
Por isso, a associação com os devotos é um presente, mas, como qualquer tipo de convivência, se faz algo complicado de levar às vezes. Isso nem sequer é culpa dos devotos, eles não são difíceis de aguentar senão que é a nossa mente que não aguenta nem a si mesma e não quer conviver com os outros. Desta forma, mais que aguentar ou não, devemos nos ajudar com os princípios básicos deste mundo, esse princípio é o temor.
Temor é o princípio e Amor é a solução. Por que temor? Porque dia após dia vivemos com temor, o mundo material está feito baseado no temor, temor a morrer, a adoecer, a que aconteça alguma coisa, mas o temor pode ser substituído pelo sentido do dever. É o dever que nos faz nos acalmarmos e nos darmos conta que temos que fazer coisas porque “buscamos”; “Busco alimentar aos meus filhos”, “busco levantar cedo”, “busco dar a aula do Srimad Bhagavatam”, é um dever. Manter o corpo limpo é um dever, fazer ekadasi e glorificar os dias sagrados de Krishna é um dever, cantar os Santos Nomes é o dever mais elevado. Ter boas relações com os demais também é um dever muito importante. Imagine, nós somos 70 pessoas aqui que passamos juntos um mês completo que termina hoje em Rasa Purnima e não brigamos em nenhum momento. Isso é um exemplo de que se podem manter relações de apreço e afeto constantemente.
Devemos aceitar nosso dever prescrito com muita alegria, por exemplo, este Braj Mandal Parikram com todos vocês é uma alegria fantástica, mas ao mesmo tempo é um dever, é algo que nos toca manter dia após dia: hoje é parikrama ali, amanhã em outro lugar, etc., etc.
Por confusão, podemos chegar ao ponto de nos sentir aborrecidos de realizar o dever prescrito. Por quê? Porque a mente me diz que há outra coisa melhor para mim, mas não devemos nos deixar perturbar pela mente. Por isso, quem aceita ao Guru de verdade, pode substituir a mente inquieta com essa conexão de sempre estar planejando e organizando baseado nos deveres prescritos, porque isso faz o Guru, ele planeja os deveres prescritos das pessoas, ele observa sua vida e projeta seus deveres prescritos segundo a posição na que se encontra: um sannyasi tem um tipo de dever prescrito, uma criança tem outro e assim cada um tem seu próprio dever prescrito. Por exemplo, para uma criança de 5 anos, seu dever prescrito é comer, se manter limpo e brincar, mas, na medida em que cresce já começa a escola e agora sim há deveres prescritos, tudo se torna sério. Agora tem que se levantar em um horário específico, se sentar na sala de aula de frente ao professor, ter boas notas, é uma pílula bem amarga.
Então, se não buscarmos estar entusiasmados enquanto cumprimos nossos deveres prescritos, há outra saída… É a saída do apego, o apego espiritual. Apego se transforma em amor quando realmente o tomamos de frente, quando levamos à sério. O que é o apego? É a capacidade de ver o dever prescrito não como uma obrigação senão como ações que podem se encher de amor. Isso torna tudo mais fácil, por exemplo, eu me apeguei tanto a estar com os devotos aqui em kartik compartilhando todo dia, que não posso pensar na ideia de deixarmos de estar juntos. Realmente não gosto da ideia, mas o dever prescrito me chama para viajar… a todos nos chama o dever prescrito e a única solução é se apegar a tudo o que tenha a ver com esse dever prescrito e fazer com amor, inclusive não sabemos se esta será a última vez que nos vemos. Assim é a vida, não?
Hoje estivemos em vídeo-chamadas com a madre Radha Tulasi Maharani, quem abandonou o corpo no dia de Rasa Purnima, algo tão auspicioso e belo. Ela foi pujari de Suas Senhorias Radha Vrajesvara por mais de 15 anos, deixou o corpo em Varsana junto aos devotos cantando os Santos Nomes todo o tempo. Uma Maharani muito linda que voltou ao mundo de Krishna. Eu até senti inveja de uma partida tão linda, eu gostaria de deixar o corpo desta forma. É uma experiência muito forte, mas também muito linda. A todos nos toca e tocará isso. Na Consciência de Krishna sabemos isso e estamos muito agradecidos em podermos nos preparar para partir, cheios de amor e zero ressentimentos.
Os ressentimentos são como ratos internos. Ressentimento significa que culpamos os outros pelas coisas que acontecem, se queixa dos demais que nem sequer entendem o que está acontecendo com a gente, por isso a frase “Ai de mim”, o se fazer de vítima, não serve de nada, não tem nenhum valor. Nós temos que compreender isto e converter nosso dever prescrito em algo sagrado, aceitar nosso destino e tudo o que Krishna dá e apreciar. Apegar-se ao que temos de fazer e com este apego nos animarmos constantemente para melhorar e fazer felizes aos que estão ao redor. Eu acredito que só quando temos apego pelo serviço, conseguimos fazer as coisas realmente bem. Se nos mantivermos apenas no dever prescrito, mas sem apego, então as coisas ficam meio vazias.
Quando estamos apegados ao serviço, nos mantemos agradecidos. Eu espero que quando vocês tenham algum problema na vida possam se lembrar destas palavras neste dia, ao término de kartik, e que possam concluir em seu coração que o único objetivo que temos é de nos apegarmos a Krishna, aos Seus devotos e ao meu serviço, porque neste apego vive a felicidade. Se não formos felizes, então como faremos felizes aos outros? Essa é uma pergunta muito importante. Se não conseguirmos fazer aos outros felizes, então que valor tem o que estamos oferecendo. Se não tivermos a predisposição ou a capacidade de fazer felizes aos demais, então temos praticamente garantido o sofrimento.
Há muito trabalho para fazer. Em todos os lados, na Colômbia, no Chile, em cada um dos nossos programas. Quando levantar algo, quando começa um serviço trabalha duro e nos apegarmos à beleza de fazer dia após dia, apreciando cada detalhe que Krishna nos manda para o desempenho disso.
Com estas palavras me despeço hoje, neste lindo dia de Rasa Purnima. Desejo a todos vocês que sejam encantados pela flauta de Sri Krishna e possam se apaixonar pelo seu serviço e de tudo o que Krishna lhes enviou. Envio todo o meu afeto de Vrinda Kuñja neste auspicioso dia. 
Srimati Tulasi Maharani de volta ao mundo espiritual ki jay!
Todo os lindos devotos e devotas que fazem serviço dedicado e estão lutando para se apaixonar do seu dever prescrito ki jay!
Srila Prabhupada ki jay!
Rasa Purnima ki jay!
Kartik Vrata ki jay!
Urja Vrata ki jay!
Damodara masa ki jay!

Seu sempre bem-querente,
Swami B. A. Paramdvaiti.

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