domingo, 17 de maio de 2015

Positiva e progressiva imortalidade





“Positiva e progressiva imortalidade é uma revelação da natureza da nossa alma. E como é a positiva imortalidade? Sankirtan yoga, a união com o infinito no som sagrado.”



Jay Radha Madhava Kunja Bihari
Gopi Jana Vallabha Girivaradhari
Yashoda-nandana braja-jana-rañjana
Yamuna-tira-vana-cari

Muito bom dia a todos.
O que quero compartilhar com vocês é um som curador. Não somente aos que vão curar senão aos que vão ocupar. A cura está na positiva ocupação. Não estamos aspirando o Nirvisesa, ou o vazio. O vazio nada mais é que a negação da frustração quando alguém tentou, tentou, tentou e disse: “Isso não serve mais, aqui não há nada”, então diz: “Não quero mais nada”. Isso chama-se Nirvisesa como o máximo anseio para a não percepção, mas o som que nos cura é o que nos leva a uma ocupação dinâmica, chama-se a positiva e progressiva imortalidade.
Isso já é um pouquinho exigente: positiva e progressiva imortalidade. Dizem: “O que é isso?” Imortalidade tudo bem, pode ser que aceitemos, mas positiva e progressiva? Pois claro, porque o ser consciente sempre é positivo e progressivo.
Se não fosse positivo e progressivo, seria uma tortura, uma prisão, ou algo assim. Quando diz-se que não quer mais nada, que não quer escutar nenhuma palavra, está acabado como sem liberdade, pode-se comparar como em um estado anestesiado. A anestesia é muito boa, porque quando alguém está anestesiado, pode ser tirado um tumor sem sentir, algo do tipo, podem arrancar um dente, mas felizmente não sentir nada. De certa forma, a anestesia nos oferece algum alívio, mas se na hora de comer lhe oferecerem comida, você dirá: “Não é o momento para comer, com anestesia não preciso comer.”
Positiva e progressiva imortalidade é uma revelação da natureza da nossa alma. E como é a positiva imortalidade? Sankirtan yoga, a união com o infinito no som sagrado. No som sagrado, no cântico e na dança, por isso se diz que o mundo espiritual é aquele lugar onde cada passo é uma dança e cada palavra uma canção, então você diz: “Ai, assim eu fico.”
Na positiva progressiva imortalidade, no cântico divino, o progresso é a continuação, o crescer está tudo dentro e não tem limites. Jay Sri Radhe, a mãe divina, a mãe cósmica, também chamada de facilitadora, e por ela sabemos de tudo isso. Se não houver um meio não há transporte, por isso é preciso de Radha que nos toca o coração, que nos leva até essas dimensões agora. Jay Radha Madhava.
Madhava é mais doce que o mel e Radha é a mais querida e é a conquistadora. Em sânscrito o Senhor se chama Madan Mohan. Madan é cupido, Mohan é o que encanta cupido. Quando o cupido atacou a Krishna ficou apaixonado, então Krishna é o conquistador de cupido, é Madan Mohan. Mas logo vem Radharani e aí acaba com Krishna, porque vem a conquistadora de Madan Mohan.
É dito que quando vem Radha, e Radha está muito vinculada a nós pelo idioma: “la enamorada, la añorada, la dorada, la morada”, Radha está sempre conosco, sabendo ou não sabendo isso é um assunto a parte. Mas esta Radha é a que nos dá a conexão com a divindade. Há uma canção da música curadora que também vou cantar:
Radha, glória a ti amada de Madhava
Radhe Radhe Radhe Radhe Radhe Syam
Jay Sri Radhe Jay Sri Syam
Jay Sri Vrindavan Dham

A verdade é que Radha está mais ansiosa para que cheguemos a Krishna do que a nossa própria alma. Nossa alma tem livre arbítrio e por isso nos tornamos exploradores dos samsaras. Alguns estão explorando por aí pela Venezuela, outros por Hollywood, outros por Bangcock, outros por outras galáxias, porque você vê na noite tudo o que há neste universo a explorar, muito.
Os samsaras são os facilitadores da exploração dos repetidos nascimentos e mortes, e agora nos encontramos irmãos e irmãs em meio desta exploração, em nosso anseio de encontrarmos com o sankirtan yoga, e isso é tudo manifestado por Ela.
A Ela foram compostas muitas canções. Vou compartilhar uma escrita de um grande poeta, Rupa Goswami, uma canção importante em seu aspecto transcendental. Por isso, Radha é a conquistadora de cupido e também é a inseparável do cupido. Em todas as culturas é Ati Senecun e Ati Serancua, são inseparáveis, sempre a manifestação da divindade.
Na invocação sempre nos traz a presença do casal divino, também existe a mãe com o filho, mãe Yashoda com seu filho. Quando vê-se a maternidade, não pode-se dizer nada, toda as teorias do mundo acabam diante desta imagem, sem mais especulação, é a mãe com seu filho, o que mais quer explicar? Nos homens não sai uma gota de leite, não acontece nada, é a Mãe Divina que faz isso, então são maneiras a serem pensadas. Isso também chama-se Vatsalia, o amor eterno divino, e o casal divino se chama Madhurya, e isso é muito interessante.
Na música divina é a união conjugal, a inseparabilidade do casal divino. E a inseparabilidade se manifesta através do vipralamba em sua máxima forma, ou melhor, no anseio da união é celebrado como o maior e isso está no Srimad Bhagavatam como sambhoga e vipralamba, no passatempo de Krishna.
Ontem tivemos uns círculos de canto à água como no canto congregacional, o círculo do amor onde todos pertencemos em união ao plano divino. Então, na dança do rasa, todos conhecem a imagem onde Krishna está dançando e ao redor estão todas as gopis.
Krishna expandiu-se, então Krishna expande-se em muitas jivas como nas gopis que querem estar com Ele, é algo para que não haja problema de excesso de cota. Se sentirmos que já é tarde, que já encheu, isso não é Vrindavan, Vrindavan é a terra do amor infinito. Por isso é tão linda, e é o amor de Radha que quer que todos cheguemos a Ele. E Ela vem até o samsara para divulgar o amor e o som que nos dá a medicina do amor.
Por isso, Rupa Goswami a glorifica de uma maneira muito especial:

És vista dando êxtase a Damodara
És a rainha de Hari e toda Vraja
Radhe, glória a ti
A mais querida menina de Gokula
De Vrisavanu nasces, qual lua nova
Lalita e Visaka de suas dotes se alegram
Radhe glória a ti, a amada de Madhava
Dá-me tua graça ou misericórdia
Sanaka e Sanatan, tuas glórias elogiam

A Ela foram feitas milhares de canções, isso mostra a ternura que todos estamos aqui, velhinhos, meio gagás, cantando a uma pequena menina, porque ela é a que tem feito o universo inteiro e é a personificação da Mãe Universal, desta Mãe Terra, desta bondade infinita se manifesta esta conquista que nos traz o madhurya. Ela é a rainha do rasa. “Rasa” significa “os sabores do infinito amor”, isso é o que ela representa.
Então, no sankirtan yoga é um movimento dela, a música medicinal pertence a Ela completamente, todos os direitos reservados. Gostando ou não da música, todos os direitos são reservados para Ela, porque Ela pode levar do bom ao melhor. Aho!
De uma vez por todas acima onde o coração irá livre em seu amor. Então na terra de Vrindavan não fala-se de Deus, fala-se de Sua Radha, por isso ninguém diz em Vrindavan: “Jay Sri Krishna”. Pela Índia afora, em todo lugar, dizem “Jay Sri Krishna”, mas na morada dela dizem “Jay Radhe”, porque Krishna só quer escutar “Jay Radhe”. É algo que no amor sempre há esse desejo de que a glória seja dada ao outro, não um “sou eu, sou eu, sou eu”, por isso so ham, é realmente “sou teu, sou teu, sou teu”, é isso o que é.
Então, Ela é a personificação do “sou eu” e não me venha com outra coisa, porque eu sou teu, sempre sou teu, e é exatamente o oposto no samsara, “você é meu”.
Bem, há outros segredos por aí que não vou tocar agora que é no amor também de Radha e Krishna onde manifesta esse rasa lila, onde todo mundo tem acesso a ser parte deste divino círculo. Sankirtan yoga, é esse círculo divino cujo todos estão convidados.
Agora falamos de imagens e temos aqui grandes artistas conosco que sabem levar imagens à visibilidade, por isso a música medicinal combina com as imagens medicinais, como o yantra, isso é o mandala, é algo que vemos em diferentes formas.
Por exemplo, quando caminhamos daqui ao templo passamos pela pedra que sorri. Qual pedra que sorri? Essa é a pedra de Govardhan que representa a Ela e a Ele também. Radhe Krishna, é Radhe Krishna e o devoto, todos estão ali de uma forma maravilhosamente manifestada.
Então, esse som vem da colina de Govardhan que se expande, e ali no lago há outra e em Vrindavan está a maior, tem que visitar para conhecê-la, e nesta imagem Radha Madhava Kunja Vihari manifesta-se.
Uma irmã minha, Syamarani, fecha os olhos e saem umas coisas que ninguém pode acreditar. Destes artistas não há muitos, por isso ela pinta Radha Madhava. Na Alemanha temos um artista também chamado Ambaris. Os astaskyas, os asta manjaris e todo o Madhurya lila se manifesta ali.
Kunja Vihari significa isso, o mundo da alegria e as piadas ilimitadas, porque quando Krishna e Radha se juntam com os gopas, isso é pura risada. A única coisa que me faz pensar nisso neste mundo é a risada de Gurudeva Atulananda. Essa é a única, porque quando ele lança suas gargalhadas, você pensa “de onde saiu isso?”.
Vrindavan é uma terra de alegria sem limites, porque o amor é uma alegria sem limites. Kunja é floresta, agora estamos em uma, onde o sol entra, estamos no círculo dos devotos, isso se chama kunja e vihari, quer dizer a manifestação, esta manifesta-se, faz-se palpável onde estão todos os sabores imagináveis, pode-se dizer assim.
Girivanadhari, já expliquei que é quando o Senhor levanta a colina para proteger, é como se houvesse um perigo. Krishna disse “Eu estou aqui, não se preocupem”, mas no amor mesmo alguns vrajavasis pegam paus para cuidarem do pobre Krishna, isso é uma mostra do amor.
Por isso essas imagens chamam-se “imagens ao mundo espiritual” e podemos vislumbrar algo de lá, e a deidade é uma janela ao mundo espiritual. A deidade tem algo em particular. Um artista pode ver uma imagem ao mundo espiritual, contemplar e pintar ou esculpir, mas assim como uma canção, não é pelo que soa senão o que tem dentro. Quando manifesta-se isso, essa iconografia, quando faz-se visível através do artista, mas quando os vaishnavas explicam algo ou nos entregam algo, isso torna-se adorável até o ponto que podemos entrar no altar e nessa iconografia tendo contato divino direto. Podemos lhe costurar, cozinhar, massagear, por para dormir e de repente dizer “nãooo, isso é demais o que está acontecendo, uma janela ao mundo espiritual pode ser, mas poder entrar no quadro e participar?”.
Por isso diz-se que a adoração à Deidade é o terceiro nascimento, por isso nossa amada devota Radha Tulasi não está mais conosco, ela já está em Vrindavan. Ela é uma devota que tínhamos aqui, Sri Krishna a levou, como levou Jhanava devi, mas isso é outro assunto longo.
Gopijanavalaba é o conquistador e o guardião das gopis. Neste sentido, algo muito importante. Apeguem-se a ler isso. Todos somos femininos ante a divindade. Algumas vezes alguém disse “eu sou Deus”, então o outro disse “é uma piada?”, “deixe-me ver, você fala chinês?”, há muitos chineses que precisam falar com Deus, essa é a grande diferença.
Sou parte da divindade ou sou parte da personificação da divindade, isso não veste bem. Isso não é bhakti, não é aí que está o sankirtan, pensar que sou Deus é como o ego-meditação. Nossa meditação é: “Sou parte de Ti”, e é assim que a devoção é o movimento do sankirtan, quando tiver o desejo: “sou teu, meu Senhor”, então o Gopijanavalaba fica firmemente estabelecido que somos parte dele, que somos gopis. Mas como funciona isso? Não vamos entender, eu tampouco entendo, não é assustador que não entendamos, é incompreensível. Isso chama-se em sânscrito Acintya, e se alguém puder conceber a janela do mundo espiritual, poderá fazer algo incompreensível também.
Agora vem Yashoda Nandana que já expliquei também que é uma iconografia, conquistador de cada átomo.
Yamuna tira vana cari. O Yamuna é o rio sagrado, há muitas histórias do rio sagrado. Dizem que é mais sagrado que o próprio Ganges e isso poucas pessoas entendem. O Ganges vem dos Pés de Lótus de Vamana deva, como pode haver algo mais sagrado? Inclusive no hino da Índia é mencionado Yamuna Ganga. De todos os rios, é o rio mais apreciado. Lá se manifesta a imagem divina de Vrindavan.
Vrindavan descende à Terra, mas o mais incrível é que Vrindavan é expansiva, e Varsana na Colômbia é uma parte desta Vrindavan. Meu Parama Gurudeva disse: “É minha missão estabelecer Vrindavan no coração de todos, essa é a ideia.” Se tiver uma fazenda, logo a transforme em Vrindavan. Tem uma casa? Transforme em Vrindavan. Se não tiver nada, transforme-se em Vrindavan.
Como na permacultura, se não tiver fazenda, plante algo na varanda, mas faça algo para conectar-se com a terra sagrada. Então, Vrindavan é um estado de consciência e o som divino é a conexão com esta terra. Que esta existência transforme-se em Vrindavan, essa é a medicina da nossa existência e onde manifesta-se o próximo verso.
Glória a Ti, oh Sri Caitanya. Sri Caitanya é Radha e Krishna que vêm a este plano. E para que vêm? Resumindo um pouco, realmente Vrindavan é para ser distribuída. Isso é chamado quando Madhurya torna-se Audharya, significa quando a doçura do contato íntimo divino torna-se a generosidade ilimitada. Quando não é feito discriminação: “você sim, você não”, a generosidade maior e absoluta chama-se Audharya, esse é o significado de quando se faz um ashram.
Os ashram são Audharya dham, os lugares onde a magnanimidade torna-se palpável, onde pode-se cantar, comer, consagrar, pode tornar parte disso. Como fazer? Isso é manifesto por Sri Caitanya, quando Madhurya torna-se Audharya, então descende Sri Caitanya.
A medicina que cura é aquela que invoca o agradecimento dentro de nós à infinita bondade, à existência da nossa família visível e invisível, porque muitas coisas são aparentemente invisíveis.
Krishna Nusandhana quer dizer quando a divindade faz-se visível. Quando manifesta-se é algo que não está sob nosso controle, por isso os devotos sempre estão chorando, por isso alguém disse: “Srila Prabhupada abriu uma escola de pranto”, por quê? Porque “quem não chora, não mama”, isso é algo que todo mundo sabe. As crianças já são especialistas, e as mulheres também. Aquele que não chora, não mama.
No Bhakti Yoga somos os chorões, mas é um pranto que se mistura com essa alegria que torna-se o sankirtan yoga, ou a união do pranto. Às vezes mais alegre ou mais triste, mas sempre intimamente conectado e por isso agradeço muito a todos vocês pela presença hoje no santuário da água que é um dos presentes mais lindos que já recebi na minha vida. Tão somente como ver, porque nem posso levar. Mas podemos adorar e assim levar a todos os lugares, pois quando adorar em sua casa, invocará e o terá em sua meditação.
A adoração nos conecta a qualquer hora de qualquer lugar, por isso a adoração é algo tão belo.
Srila Prabhupada ki jay.

Seu sempre bem-querente,

Swami B. A. Paramadvaiti.

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