Não é para entender, é para orar por essa misericórdia
“Comece a experimentar com tuas próprias realizações, isso não se
consegue com o raciocínio senão com dedicação ao ideal, à meta. Você é tua
própria garantia, você mesmo tem que experimentar o nome de Krishna e escutar é
o início de todo o processo.”
Queridos
devotos, o rei Bharata era extraordinário e praticamente sua dinastia
estabeleceu à cultura védica como uma das mais importantes. A Índia se chamava
Bharata no passado. Um exemplo de governante é Ranti Deva que se sacrificou
incrivelmente pelo bem-estar dos demais.
Praticamente
hoje em dia os governantes não têm ideais, esta é a razão pela qual eles
carecem de soluções para o mundo, não têm nenhum exemplo a dar nem ideais, é
por isso que este mundo carece totalmente de orientação e clareza. Assim, nós
devemos ter ideais e definir o que é correto, o que nós queremos fazer na vida.
Eu pergunto aos devotos: “Quais são suas metas?”, “O que querem fazer na vida?”
e geralmente não têm boas respostas.
Isto
é preocupante, porque na vida temos que saber o que fazer, talvez alguém faça
algo motivado pelos impulsos, três passo para cá, três passos para lá, depois
seis passos para lá, quatro de volta e fica parado. A cultura védica ensina que
temos que saber o que queremos, por exemplo, na cultura védica, aceitar um
mestre espiritual é fundamental, é algo que se faz, mesmo que não seja uma
obrigação. Tampouco é uma obrigação que um guerreiro ksatria se torne um
sacerdote brahmana, este passo não é uma invenção, é real e tangível, é uma
etapa do progresso natural. É como quando vamos por uma estrada, há muitos
caminhos, mas se não chegarmos ao destino então não tomamos o caminho correto.
Os
passos na vida espiritual são como os degraus de uma escada, estes passos no
progresso espiritual são tão reais como a visibilidade da estrada. As pessoas
que não aceitam uma autoridade pensam que não existe estrada nem destino,
assim, para elas não existe origem, causa, caminho nem destino. Chegamos a este
mundo e apenas nos dedicamos a enganar aos sentidos. As pessoas passam a vida
gozando e se tiverem um bom karma, conseguirão lindas mulheres. Desta forma,
pensamos que os sentidos são reais e os adoramos com diversos esforços. Assim
passa a vida e nunca nos perguntamos: “Para que nascemos e por que estamos
aqui?”
Um
devoto quer escalar até o máximo de realizações que exista e sabe que o máximo
das conquistas que existe em todo o mundo está na dimensão onde já não se pode
escalar. Podemos escalar com as modalidades, podemos escalar pelo karma-yoga,
pelo dhyana-yoga, podemos escalar até mesmo pelo yoga místico, mas no bhakti já
não há mais escalas, apenas misericórdia. No mundo do bhakti se progride por
misericórdia, não por ambição nem por cumprir apenas com certas técnicas.
No bhakti
não há escalas, apenas há abismo e dentro do abismo, quando chegamos lá em
cima, dizemos: “Já cheguei em cima e ainda não estou plenamente realizado.” Há
uma mística especial no bhakti... Quando se chega acima e ainda não se sente
plenamente realizado, vem um convite do bhakti e esse convite é:
- Pule!
- Mas onde
está a terra? Se eu pular, vou cair.
-
Tranquilo. Vamos te pegar.
- Quem vai
me pegar? Onde está a segurança?
- Não se
preocupe, apenas pule. Pule!
- Mas tenho
terra sob meus pés, estou bem, até cheguei aqui cima.
- Você
chegou à dimensão da fé e na dimensão da fé não há ninguém que te assegure de
nada, a única coisa que te guia é a estrela do teu coração sincero e os
comentários animadores dos bhaktas do Senhor. Eles falam do mundo que vai muito
além da visibilidade analítica, muito além do cortar e medir mayasicamente,
muito além do maltrato, dos puxa-saco e as falsidades. Lá no mundo do bhakti,
lá onde nos convidam, tudo está governado pelas mesmas regras divinas do amor,
e lá é onde se deve viver.
- Isto contraria
tudo o que já conheci até agora, sempre me falaram para me assegurar e agora me
dizem que abandone toda a segurança.
- O Senhor
Krishna mesmo pratica isto, Ele diz: “Abandone todo tipo de religião...”
- Senhor
Krishna, como me pede isto?
- Krishna
diz que quando há uma predominação de irreligião, o Senhor aparece para
estabelecer os princípios e depois diz para abandonar toda religião.
- Senhor
Krishna, o Senhor me confunde muito! Como vou entender algo assim? Sempre nos
ensinaram não apenas a segurança sobre os patrões e os degraus. Karma-kanda
expõe nitidamente que tal sacrifício te leva a tal resultado, tal exercício
traz tal consequência, tal aspiração pode te levar a experimentar tal coisa,
etc. E agora de repente me dizem que tudo o que consegui devo abandonar...
Lutei tanto para conseguir as coisas e agora tenho que deixá-las?! Imagine só
como é o amor? O amor é o oposto do racional, o oposto ao que fazemos. Todos os
nossos esforços foram em vão?
- Não, mas
tinha que passar por eles para abandoná-los.
- Mas como
é isto? Trabalhei tão duro para ganhar fama, dinheiro, posto, tantas coisas e
agora tenho que abandoná-las? E o que me dão em troca?
- Desqualificado!
Muito perguntão.
- Mas como
assim? Não posso sequer perguntar?
- Sim, pode
fazer perguntas, mas te ajuda mais se começar a praticar e as respostas chegam.
Comece a experimentar com tuas próprias realizações, isso não se consegue com o
raciocínio senão com dedicação ao ideal, à meta. Você é tua própria garantia,
você mesmo tem que experimentar o nome de Krishna e escutar é o início de todo
o processo.
- O que se
tem que escutar?
- O convite
do bhakti. Há uma coisa muito especial e esta é a razão pela qual estamos aqui.
Se não chegarmos lá em cima onde estou me referindo, podemos já pular ao
bhakti. Não faz falta chegar ao topo do Karma e Dhyana-yoga para pular ao
Bhakti. Bhakti é superior ao Karma e Dhyana Yoga. Krishna diz claramente: “A
Mim vão conhecer apenas com Bhakti, nada mais.” Ele mesmo recomenda Karma e
Dhyana para certas etapas, mas Ele mesmo diz: “A Mim não vão conhecer assim.”
Então, o mais espetacular disso é que você com teu karma ou por tuas atividades
pecaminosas, as mais baixas que sejam, pode pular ao Bhakti. Pode pular ao
Bhakti e se entregar à vontade de Krishna. Sabia que Krishna tem um plano para
você? Sabia que Deus tem expectativas pessoais para você? Sabia que Ele está na
busca do Seu servo perdido? Sabia que todas as coisas que te acontecem dia após
dia estão delicadamente arranjadas por Deus? Tua comida, tuas alegrias, tuas
experiências, a possibilidade de caminhar, abraçar, decidir, compartilhar,
ajudar e servir. Deus está muito, mas muito pendente de você e ao mesmo tempo
de todos. Não existe alma esquecida por Deus e aquele que entende isto não vê
diferença entre as almas. O Bhagavad Gita 6.29 diz: “O verdadeiro yogi Me
observa em todos os seres e também vê todos os seres em Mim. De fato, a pessoa
auto-realizada vê a Mim, o mesmíssimo Senhor Supremo, em toda parte.” E logo o
verso seguinte: “Para aquele que Me vê em toda parte e vê tudo em Mim, Eu nunca
estou perdido nem ele estará jamais perdido para Mim.” Este é um convite de
Krishna, Seu convite é o Bhagavad Gita, cada verso é uma esperança. Por isso,
aquele que prega ou dá aulas sobre o Gita está dando esperança ao mundo, o que
dizer em um mundo onde todos somos casos perdidos. Krishna vem e te diz: “Tem
outra oportunidade, para Mim não é um caso perdido.” Não merecemos outra oportunidade,
mas para a psicologia do Divino sim. Quando todos já nos julgam e castigam,
vem Krishna na forma de Sua misericórdia, assim, podemos realizar o infinito
amor de Deus para com Seus filhos. Não é para entender, é para orar por essa
misericórdia. Eu estou buscando isso e desejo a todos que também o façam com
seus próprios esforços.
Obrigado por
me acompanharem. Esta é a mensagem que queria compartilhar hoje com vocês. Agradeço
a Srila Prabhupada por este Chat.
Srila
Prabhupada ki jay!
Seu sempre
bem-querente,
Swami B. A. Paramadvaiti.
Nenhum comentário:
Postar um comentário